:: ‘Joelson Ferreira’
Documentário ‘2 de Julho: A Retomada’ estreia no Youtube da TVE
Na Alemanha, Teia dos Povos promove articulação para a Teia Internacional
Representantes da Teia dos Povos, do Sul da Bahia, participaram de atividades na Casa da Cultura do Mundo em Berlim , na Alemanha, estabelecendo um diálogo sobre as lutas dos povos e articulando estratégias para o desenvolvimento sustentável.
Os dirigentes da Teia dos Povos, Cinezio Peçanha (Mestre Cobra Mansa) e Joelson Ferreira (Mestre Joelson) debateram com o representantes de movimentos sociais de diversos países questões sobre sustentabilidade e impacto das mudanças climáticas.
“ Buscamos dialogar para dialogar a construção de uma unidade entre os povos sem perder a nossa diversidade, preocupados com as comunidades ancestrais como os quilombos, comunidades originárias, os indígenas, e comunidades de terreiros”, disse Joelson Ferreira, liderança do Assentamento Terravista, do MST, em Arataca.
“Queremos estabelecer projetos junto aos parceiros europeus para que possamos construir forma de conviver na casa comum sem destruí-la, dentro desse diálogo confluente o acesso à terra, a água, foram pontos importantes para mitigação dos problemas dos povos do campo, da floresta e das águas, defendemos uma articulacão estratégica que torne a agroecologia premissa em toda produção da nossa gente, seja na arte, agricultura sobretudo na educação, mostramos que nosso objetivo é transformar nossos territórios em modelos a serem seguidos por nós mesmos e pelos povo do mundo” finalizou Joelson.
UFMG diploma 15 novos doutores por ‘notório saber’
Cacique Babau Tupinambá e Nailton Pataxó e Joelson Ferreira, do MST,
estão entre os agraciados com o titulo
Pioneira entre as universidades federais, a Universidade Federal de Minas Geras-UFMG entregou títulos de Doutor por Notório Saber a 15 artistas e mestres de saberes populares e tradicionais de Minas Gerais e da Bahia. Cerimônia na noite desta segunda-feira, 17, no campus Pampulha, reuniu membros da comunidade acadêmica e de grupos quilombolas e indígenas, que celebraram a ocasião com cânticos rituais.
“Hoje reconhecemos e legitimamos formalmente, por meio de um título acadêmico, a entrada na UFMG de outras epistemes e formas de pensamento, filosofias, práticas e valores. Essa medida decorre da compreensão de que compartilhar saberes plurais que induzem a políticas inclusivas é também uma função da universidade pública”, afirmou a reitora Sandra Goulart Almeida. Ela lembrou que os titulados têm relação antiga com a UFMG e relatou que o processo que culminou na entrega dos diplomas teve início em 2014 e passou por diversas etapas, da produção de memoriais à aprovação unânime do Conselho Universitário.
A cerimônia abriu a programação do evento Encontro com mestras, mestres e artistas do Notório Saber, organizado pela Pró-reitoria de Cultura e pela Formação Transversal Saberes Tradicionais, que integra a Semana do Conhecimento UFMG, realizada nesta semana.
Sueli Maxacali, uma das novas doutoras, disse que o reconhecimento da UFMG “abre novos caminhos para todos nós, mestras e mestres, e faz nossas culturas ainda mais fortes. É preciso manter a luta dos mestres viva para os nossos povos”.
Assentamento Terra Vista celebra 30 anos e anuncia Universidade dos Povos da Floresta do Cacau e do Chocolate
O Assentamento Terra Vista, em Arataca, está celebrando 30 anos de implantação. Por conta da pandemia, a data foi comemorada no CEEP da Floresta Milton Santos, num evento simples mas marcado pela emoção, que reuniu assentados e parceiros. Nos depoimentos, lembranças da luta pela posse da terra e o processo de transformação, que fez do assentamento do MST um referencial na área de educação e agroecologia.
O Terravista, onde vivem 55 famílias, ocupa uma área de 910 hectares, sendo 300 hectares de cacau orgânico e 313 hectares de Mata Atlântica preservada. Parte do cacau é destinado à produção de chocolate na fábrica escola do assentamento, que já foi apresentado no Salon du Chocolat de Paris. Também são cultivados frutas verduras e hortaliças, que garantem uma renda média de 25 salários mínimos/mês para cada família.
Priorizando a educação, o CEEP Milton Santos oferece cursos profissionalizantes de Agroecologia, Meio Ambiente, Agronidústria, Agroextrativismo, Informática, Zootecnia e Segurança no Trabalho.
“Não basta apenas ocupar a terra, e preciso investir em Educação. Quando iniciamos o assentamento a área estava completamente destruída pela vassoura de bruxa e pelo desmatamento desenfreado”, disse Joelson Ferreira, liderança do Terra Vista. “O trabalho de recuperação foi calcado na prática da agroecologia, ou seja, o manejo da terra com sua preservação, aliada a uma integração do homem com o meio ambiente” ressaltou Joelson.
Durante a celebração dos 30 anos, ele anunciou a criação da Universidade dos Povos da Floresta do Cacau e do Chocolate, que reunirá professores da Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Sul da Bahia, Universidade Federal do Recôncavo Baiano, Universidade Estadual de Santa Cruz, Universidade do Canadá e outras instituições.
Airton Baltazar o Capixaba, 21 anos de Terra Vista, 82 anos, é um exemplo desse processo. Alfabetizado aos 62 anos, ele se formou em tecnologia de agroecologia no sistema ambiental. “A educação abriu caminhos para desenvolver novas tecnologias que aumentam a produção com respeito a natureza. Valeu a pena lutar pela posse da terra, hoje tenho o meu lugar”, diz.
“O assentamento é uma referência nacional, o desejo de um visionário como Joelson tornado realidade. O caminho é a agroecologia e a transformação pela educação contextualizada, gratuita e popular”, destaca Nego Elder vereador em Pau Brasil e articulador do Instituto EcoBahia.
Assentamento Terra Vista: cacau e chocolate sustentáveis, educação como ferramenta de transformação e foco na agroecologia
Joelson Ferreira e relação com a terra: parceria e não exploração
Coordenador do Assentamento Terra Vista, em Arataca, projeto de reforma agrária reconhecido como referência nacional, fundador da Teia dos Povos, que reúne comunidades tradicionais, Joelson Ferreira é uma das principais lideranças surgidas no MST nas últimas décadas.
A luta pela posse da terra, a garantia de uma vida digna para dezenas de família, a aposta na educação como ferramenta de transformação social, a produção de cacau e de chocolate de origem dentro de um sistema agroecológico fazem parte de uma história do qual Joelson Ferreira é condutor e protagonista.
Durante o Chocolat Festival em Ilhéus, Joelson Ferreira conversou com o jornalista Daniel Thame, que acompanha toda a trajetória do Assentamento Terravista, no estande da TV Cacau.
Confira a entrevista em
Líder do Assentamento Terra Vista, Joelson Ferreira faz palestra sobre agroecologia na Universidade de Oxford
Liderança do Assentamento Terra Vista, Joelson Ferreira recebe título de Notório Saber da UFMG
Joelson Ferreira de Oliveira, liderança do Assentamento Terra Vista, de Arataca, no sul da Bahia, recebeu o título de notório saber da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na última quinta-feira (9).
O título de Joelson equivale ao de doutor em Arquitetura e Urbanismo. Na mesma cerimônia, Sueli Maxakali, cineasta, escritora e educadora da Aldeia Verde, de Minas Gerais, ganhou o título de doutora em Letras – Estudos Literários. Já Dirceu Ferreira Sérgio, capitão regente da Guarda de Moçambique da Irmandade do Quilombo Nossa Senhora do Rosário de Justinópolis (MG), foi intitulado doutor em Estudos do Lazer.
Segundo o comunicado da Universidade, a titulação dos mestres de saberes tradicionais é um gesto descolonizador e de inclusão dos modos de ser e de criação não-eurocêntricos. (Pimenta)
Lideranças sulbaianas dialogam com o Senador Jacques Wagner sobre o desenvolvimento regional
Aconteceu hoje (17) pela plataforma virtual uma reunião entre o Senador Wagner, o Vereador de Pau Brasil Nego Elder, Joelson Ferreira do Assentamento Terra Vista em Arataca e Eliomar (Xixa). As lideranças dialogaram sobre o desenvolvimento regional, demonstrando ao senador a necessidade de uma força política para que se possa fortalecer ainda mais a discussão do cacau, na perspectiva da sustentabilidade, discussão sobre ATER, sobre o manejo do cacau e da cabruca.
“Sou oriundo das classes sociais, estamos defendendo que a nossa pauta seja incluída em planos de governo e se torne política de Estado, não ações compensatórias, queremos fazer parte do orçamento do nosso Estado da Bahia e da União”, disse Joelson, Segundo ele, “é imensurável a riqueza material, cultural e histórica dos nossos territórios, o povo no orçamento não é problema, muito pelo contrário”. O debate com o senador Jacques Wagner foi no sentido de buscar ampliar as conquistas, corrigir e avançar na agroecologia, e recuperar 400 mil hectares de cacau com manejo agroflorestal.
O vereador Nego Elder declarou como positiva a reunião, segundo o edil a maior política pública é a geração do trabalho, emprego e renda nessa região que é eminentemente agrícola, são as políticas para o desenvolvimento rural, disse o vereador que está em seu segundo mandato e tem atuação forte no campo e entre movimentos sociais.
Investimentos em qualidade e sustentabilidade impulsionam produção de cacau no sul da Bahia
O sul da Bahia sedia, de 18 a 22 de julho, a 10ª edição do Festival Internacional do Chocolate e Cacau, evento que tem o apoio do Governo do Estado. Realizado no Centro de Convenções de Ilhéus, o Chocolat Bahia simboliza uma nova realidade na região, que durante décadas produziu amêndoas de cacau apenas para commodities, com baixo valor agregado e venda para as grandes indústrias processadoras.
Com a introdução de tecnologias modernas e práticas de manejo inovadoras, aliadas à verticalização da cadeia produtiva, pequenos, médios e grandes produtores e agricultores familiares estão produzindo cacau de qualidade. O produto é utilizado na fabricação de chocolates finos, com certificado de origem, contribuindo para a conservação da Mata Atlântica. Exemplos dessa mudança de modelo produtivo podem ser observados na Fazenda Leolinda, em Uruçuca, e no Assentamento Terra Vista, em Arataca.
Na Fazenda Leolinda, de 700 hectares, com 340 hectares de cacau cabruca e 190 hectares de mata nativa conservada, João Tavares colhe cerca de 12 mil arrobas de cacau premium por ano, o que garante um valor de mercado até 100% superior ao cacau comum. Toda a produção é destinada ao mercado externo.
Os cuidados começam no cultivo, com plantas selecionadas, passam pela colheita no período e por um processo de fermentação e secagem que garantem uma amêndoa de alta qualidade, com aromas e sabores diferenciados. A fazenda já foi premiada duas vezes no Salão do Chocolate de Paris como o melhor cacau do mundo e cacau de excelência.
O Chocolate Q, produzido a partir de amêndoas da Leolinda e vendido até a R$ 500 o quilo, foi a primeira marca brasileira premiada no Chocolat International Awards, nos Estados Unidos. “É preciso agregar valor ao cacau e isso se dá através de produtos de qualidade, conquistando mercados diferenciados. Nesse processo, o apoio do Governo do Estado é fundamental na difusão de tecnologia, assistência técnica, obtenção de crédito e apoio à agroindústria”, afirma Tavares, que é da terceira geração de produtores rurais.
Assentamento modelo
O Assentamento Terra Vista, criado em 1994, foi uma das primeiras áreas de reforma agrária no sul da Bahia, surgido no auge da crise provocada pela vassoura-de-bruxa, doença que dizimou 80% da produção de cacau na região. Hoje, é exemplo de que um projeto de agricultura familiar com foco na sustentabilidade e na educação.
No Terra Vista, que possui 910 hectares, sendo 300 hectares de cacau e 313 hectares de Mata Atlântica, 55 famílias produzem cerca de 5 mil arrobas por ano de cacau 100% orgânico, cerca de 70 arrobas por hectares, que aliados ao cultivo de frutas, verduras e hortaliças, garantem uma renda média de 2,5 salários mínimos por família. Dez por cento do cacau é destinado à produção do Chocolate Terra Vista, um produto premium que já foi apresentado no Salão do Chocolate de Paris.
A educação é uma prioridade no assentamento. Funcionam no local o Centro Integrado Florestan Fernandes e Centro de Educação Profissional Milton Campos. O primeiro oferece o Ensino Fundamental I e II e atende alunos de 11 municípios, enquanto o segundo oferece os cursos profissionalizantes de Agroecologia, Meio Ambiente, Agroindústria, Agroextrativismo, Informática, Zootecnia e Segurança do Trabalho, além de um curso de nível superior em Agronomia, com especialização em Agroecologia. Os universitários são oriundos de assentamentos de todas as regiões da Bahia.
“A produção de cacau e a conservação da natureza são práticas indissociáveis nesse novo modelo de desenvolvimento”, explica o coordenador do Terra Vista, Joelson Ferreira. “O cuidado com a terra, a melhoria das amêndoas a produção orgânica e um modelo educacional focado nas necessidades do setor rural estão contribuindo para que os assentados tenham uma vida digna, sem necessidade de migrar para as incertezas dos centros urbanos”, diz.
Relato de um brasileiro índio, negro e sem terra de uma viagem a Portugal, depois de 517 anos da invasão portuguesa ao Brasil
Joelson Ferreira
Essa foi a condição na qual eu, Joelson Ferreira de Oliveira, viajei a Portugal. Tratava-se de numa missão do Governo do Estado Bahia, organizado pela secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, para conhecer o Parque Tecnológico de Óbidos e, ao mesmo tempo, participar do Festival de Chocolate, que acontece anualmente no Castelo Medieval.
Foi uma experiência incrível! Depois de 517 anos, um preto brasileiro miscigenado, misturado, vai ao País que colonizou o Brasil. Eu não era o único a visitar aquela terra, mas, eu sabia que estava ali na condição de homem que tem na sua trajetória as marcas e o sangue dos seus antepassados.
Eu tenho profundo conhecimento dos primeiros povos que habitaram este país, pois, eu sou um deles. O sangue deles corre nas minhas veias. Eu sei que quando os portugueses chegaram aqui, os povos originários já habitavam esta terra há mais de doze mil anos.
Esses povos tinham conhecimento profundo dessas terras. Em harmonia com a natureza, eles viviam no verdadeiro jardim do Éden. Eram povos lindos, munidos de conhecimentos e saberes científicos e tecnológicos extraordinários. Eles domesticaram uma rama altamente venenosa chamada mandioca. Possuíam conhecimento da navegação e eram excelentes pescadores artesanais, caçadores e extrativistas. Além disso, eram corajosos guerreiros.
A essas nações os portugueses trataram de apelidar de “índios”. De acordo com relatos e documentos históricos, aqui viviam mais de cinco milhões de povos originários. Ao chegar ao Brasil, em 1.500, os portugueses foram bem recebidos. Apesar da boa recepção, tempos depois, eles voltaram e invadiram nossas terras. Os portugueses cometeram um dos maiores genocídios da nossa história. Eles violentaram as índias. Eles aprisionaram e escravizaram o nosso povo. Eles implantaram uma guerra bacteriológica sem precedentes e quase exterminaram os povos originários. Com diferentes armas, os portugueses mataram os nossos povos.
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