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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

maio 2024
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:: ‘Antonio Lopes’

O general, o capitão, a emenda e o soneto

A0 PÉ DA GOIABEIRA lopes

 

moro LulaEu já sabia (seus eleitores, talvez não) que o presidente da República é incapaz de escrever com o mínimo de correção. Talvez por isso ele escolheu comunicar-se pelas redes, território onde se escreve pouco e com baixo índice de exigência com a chamada língua culta.  Quando fala, é aos arrancos, sem coerência, repetindo expressões batidas (“acabar com isso aí”, “mudar isso daí”). Essa falta de preparo já envergonhou os brasileiros em Davos, quando, na busca de investidores para o Brasil, o presidente teve de encerrar o discurso após rápidos cinco minutos.  “Faltam-me as palavras”, poderia ter dito. Mas não disse, porque não tinha nem estas.

 

Este meu conhecimento empírico agora ganha uma referência técnica: o economista Gabriel Brasil, por amor à precisão científica, analisou os textos do presidente no tweetter e concluiu: “praticamente um em cada quatro tweets de Jair Bolsonaro tem erro de português.” O pesquisador pegou como amostra todas as postagens do Capitão entre 1º de janeiro e 11 de março de 2019, constatando uma fartura de erros gramaticais ou ortográficos. No período, o tuiteiro-geral da República publicou 381 mensagens, sendo que 86 (22,5%) delas continham, pelo menos, um pontapé no traseiro da gramática.

 

“O juiz federal Sérgio Moro aceitou nosso convite para o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Sua agenda anti-corrupção, anti-crime organizado, bem como respeito à Constituição e às leis será o nosso norte!” – escreveu o presidente de extrema-direita.

 

O pesquisador viu erros na hifenização (o correto é “anticorrupção” e “anticrime”) e na pontuação (a explicativa “bem como o respeito à Constituição e às leis” deveria estar entre vírgulas).

 

Como o homem é tão ruim de escrita quanto de fala, arrumaram-lhe, para evitar que ele desse tanta pedrada, um porta-voz (general, é óbvio). Pois saiba a inocente leitora – e quem mais se der à perda de tempo de ler as diatribes deste Barão – que o general, dito Otávio Rego Barros (abaixo, no traço de Aroeira), que fala pelo Capitão reformado, se mostra à altura do “patrão” (parece um caso raro, em que a emenda, se não é pior do que o soneto, também não lhe fica devendo em estupidez). Se duvidam, vejam a pérola que o homem divulgou, na segunda-feira, 25 (pérola que vai aqui entre aspas, pra que nenhum desavisado pense que este Barão perdeu de vez o juízo e é autor de tal sandice):

 

“Nosso presidente já determinou ao Ministério da Defesa que faça as comemorações devidas com relação ao 31 de março de 1964 incluindo a ordem do dia, patrocinada pelo Ministério da Defesa, que já foi aprovada pelo nosso presidente”.

 

Em outro momento, o porta-voz “explica” como a patacoada deve ser feita, uma oportunidade aproveitada para dar um rabo de arraia na já sofrida gramática portuguesa:

 

“Aquilo que os comandantes acharem, dentro das suas respectivas guarnições e dentro do contexto, que devam ser feitas”, cravou o porta-voz – inaugurando um modelo próprio de concordância (“aquilo que…devam ser feitas”).

 

Estamos, portanto, com um presidente analfabeto funcional que tem como porta-voz um general analfabeto funcional. No mínimo, adequado.

 

E mais não digo, nem preciso dizer. Apenas conclamo os alunos da 8ª série a que tapem o nariz e peguem o lápis vermelho, antes de ler esta coisa. Talquei?

 

 

 

(As diatribes do Barão e sua equipe são publicadas às terça e sextas, quer chova, quer faça sol)

 

PERFIL DO BARÃO

 

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A República das aflições

A0 PÉ DA GOIABEIRA lopes

Fiquemos no exercício da ficção, já que a realidade nos aflige. Como o governo do Capitão reformado, ao que tudo indica, já terminou (espécie de realismo fantástico, pois tem fim sem ter começo!), façamos com ele não um necrológio decente, que ele não merece, mas aquilo que a velha mídia pouco imaginativa faz a cada final de ano: uma retrospectiva. Vamos a alguns episódios, sem graduá-los em importância ou data, todos comprometedores da decência nacional:

 

RepúblicaDurante a campanha, o então juiz Sérgio Moro, elevado pela classe média conservadora a guardião da lei e da ordem no Brasil, além de paladino da moral e dos bons costumes políticos nacionais, interrompeu as férias e voltou ao tribunal, para julgar um recurso de Lula.

 

Nesse período, os robôs a serviço do Capitão reformado destampam as redes sociais e de lá emerge uma lama fervente e malcheirosa que se espalha pelo País, tendo como mote o kit gay e a mamadeira erótica que o PT reservara para as crianças em idade escolar. O eleitores passam a conviver com mais um anglicismo: fake News, a mentira com nome sofisticado, base  do discurso de ódio que se espraiou pelas terras de Cabral (o Pedro, não o Sérgio.

 

A eleição, marcada para 7 de outubro, foi decidida um mês antes, no dia 6 de setembro, com uma facada mal aplicada (e mal explicada) no candidato dos evangélicos fundamentalistas, militares, milicianos e “baleiros”. Um doido chamado Adélio Bispo de Oliveira entrou na história como o mais influente eleitor de todos os tempos.

 

Apurados os votos, o Capitão reformado reuniu um grupo de seguidores, à frente os pastores Malafaia e Malta, promovendo um ato religioso típico de países do Oriente Médio, como se o Capitão reformado fosse o aiatolá  Khomeini  e não fosse o Brasil um Estado Laico.

 

 

Dias antes da posse, o eleito das elites brasileiras bateu um recorde negativo, dentre muitos que se seguiriam: criou uma crise, antes de receber a faixa – ao falar um amontoado de bobagens sobre Cuba. Resultado? Os médicos cubanos deixaram o Brasil e, até hoje, algumas comunidades (a exemplo de Melgaço/PA – o mais baixo IDH do País) estão sem a minimamente adequada assistência médica.

 

Em 10 de outubro, o Capitão reformado visitou os EUA e prestou continência à bandeira do país, num ato de explícita subserviência. Em 29 de novembro, presta continência a John Bolton um assessor do governo dos Estados Unidos, o que fez viralizar na interrnet o comentário maldoso de que o presidente do Brasil era capaz de prestar continência até à logomarca das Lojas Americanas.

 

Naquele outubro (dia 21), o filho-deputado federal, numa pregação de golpe ao estilo dessa gente, ameaçou fechar o STF: “Não manda nem um jeep. Manda um soldado e um cabo, não desmerecendo o soldado e o cabo…!” – disse o filho do Capitão. O STF, normalmente muito sensível, absorveu o insulto, em ensurdecedor silêncio.

 

Ainda em outubro, o filho-senador, dito “chanceler informal” do Brasil, passou a usar um boné da campanha “Trump 2020”

 

Por fim, o homem toma posse, com seu filho-vereador rompendo o protocolo, refastelado no carro presidencial, numa antecipação do que ele e os outros “garotos” seriam capazes de fazer nos tempos que viriam.

 

Empossado, ele passa a detalhar seu plano de maldades: nomeia ministra dos direitos humanos uma pastora que, logo em seguida, se fez famosa por uma estranha conversa com Jesus Cristo, no alto de uma goiabeira; o Capitão reformado anuncia que o agro negócio iria administrar as terras dos índios, mas, pressionado, desiste da maluquice.

 

Em seguida, Murilo Rezende, diretor do Inep (responsável pelo Enem), declarou-se favorável a uma “queima lúdica” dos livros de Rodrigo Constantino (um blogueiro de direita) e Vasques da Cunha (escritor, autor de A Poeira da Glória/Record, que sustenta serem os intelectuais brasileiros todos estúpidos, incluindo ele).

 

Em 26 de fevereiro, este Barão foi aclamado (à boca pequena, é verdade) presidente do Brasil, tendo como plataforma de governo “acabar com a pouca vergonha que se instalou em Brasília”; no mesmo dia, o ator José de Abreu se lançou à Presidência, e o Barão, sacrificando seus interesses no altar da Pátria – e com medo de enfrentar o poderio da Globo, renunciou, contentando-se com o rendoso cargo de ex-presidente autoproclamado do Brasil. Fui presidente por algumas horas, o que, certamente me dá direito a aposentadoria proporcional.

 

Enfim, para não gastar vela boa com defunto ruim, não detalhamos todas as trapalhadas do clã presidencial, apenas algumas das mais gritantes (e vergonhosas para a soberania do País).

 

Ficam o patriótico leitor e a sensível leitora convidados a aumentar a lista dos fatos e pessoas que definem a era do clã Bolsonaro e seguidores, a exemplo do mote carnavalesco  “Hei, Bolsonaro! VTNC!”, as manifestações das escolas de samba,  Queiroz diretor-financeiro do laranjal, a deputada Joyce Não-Sei-das-Quantas (especialista em fake News e pregação de golpe), o buzinaço em comemoração ao incêndio numa favela de São Paulo, o regozijo de uma menina pelo assassinato de Marielle  Franco, as homenagens a milicianos, o ataque de bolsonaristas raivosos a Dilma Rousseff no aeroporto de Madri, Janaína Paschoal (a desmiolada Musa do Golpe de 2016), o depósito bancário na conta da primeira-dama, elogios a Pinochet pelo “banho de sangue” que deu no Chile, ordem para comemorar o aniversário do golpe militar de 1964, plano de  invadir a “nossa” Venezuela, nação sob o olhar de russos e estadunidenses – o que fará do Brasil o marisco na luta dos rochedos, e não deixem de incluir o golden shower, popularizado pelo Capitão reformado.

 

Se você discorda de que este governo já acabou e não deixou saudade, ou morreu e esqueceu de cair, queixe-se ao editor Daniel Thame.

 

bddepd@gmail.com       –       Barão de Pau d´Alho

 

 

PERFIL DO BARÃO

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O reinado da barbárie

 

A0 PÉ DA GOIABEIRA lopes

Valho-me do aval do jurista Afrânio Silva Jardim, da Universidade Federal do Rio de Janeiro , para traçar um triste quadro do que se pode chamar, com toda a ironia cabível, de “politícas publicas” do governo do Capitão reformado:

* Para “curar” filho gay, porrada

* Para deputado gay, ameaça de morte

* Para vereadora negra e lésbica  execução

* Para mulher que “merece”, estupro

* Para a patrulhada, fuzilamento  sem delongas

* Para doente mental, choque elétrico

*Para divergência política, tortura

* Para meninos  azul

* Para meninas, rosa

* Para Paulo Freire, perseguição

* Para ganhar eleição, kit gay e mamadeira erótica

* Para Trump, continência

* Para Lula, que apodreça na prisão

* Para Dilma, que sonhe com Ustra e tenha câncer.

O leitor está convidado a acrescentar itens que ajudem a definir o quadro de atraso em que o País se vê mergulhado. Por exemplo: Para os Estados Unidos, tudo; Para o trabalhador brasileiro, a semi-escravidão..

E por ai segue e segue….

 

(As diatribes do Barão e sua equipe são publicadas às terça e sextas, quer chova, quer faça sol)

 

PERFIL DO BARÃO

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Fogueira de livros com música “sertaneja universitária”

 

A0 PÉ DA GOIABEIRA lopes

 bddepd@gmail.com

 

Faz tempo que está em pauta a discussão sobre o fim do livro, posto a correr por “plataformas” mais “modernas”, erguidas na interrnet. Agora, o governo federal – cujo comandante, tudo faz crer, leu apenas as orelhas do Manual de Conduta do Exército, e não entendeu! – parece disposto a pôr fim à questão. É que um de seus tresloucados representantes,  chamado Murilo Resende, tido como “responsável pelo Enem” (depois, “rebaixado” a assessor do MEC), declarou-se favorável a uma “queima lúdica” de livros. Como “lúdico” vem do latim  ludus (significando “jogo”, “diversão”, “brincadeira”, concluo que esse governo de parvos fará uma espécie de festa com a queima de livros, algo assim como uma fogueira de São João, com casamento caipira, canjica, milho assado e muita música “sertaneja universitária”. E se não incluo quadrilha é por total desamor ao mau trocadilho.

Capitão B., que nunca teve uma ideia que prestasse, também não se mostrou original desta vez: a queima de livros marcou vários momentos de vergonha na história da civilização: o regime nazista  e a inquisição se destacam.

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No Brasil, o governo Vargas fez uma grande fogueira em Salvador, alimentada por mais de 1.600 volumes de Jorge Amado e alguns de Anísio Teixeira (creio que é chegada a vez de Paulo Freire); no regime verde-oliva de 1964 (cujas iniquidades o Capitão B. tanto louva), nós mesmos destruíamos ou escondíamos certos livros, evitando que eles fossem encontrados  pelos cães de fila da ditadura. Ser flagrado com algum volume de O Capital, por exemplo, era certeza de pau-de-arara e unhas extraídas sem anestesia. “Bons tempos aqueles, em que se podia fazer isso daí com os vermelhos” – diria o Capitão B., com seu linguajar tosco.

 

De Buerarema para o mundo reverbera a voz de José Delmo:

 

“Se não vigiarmos a vida

Eles escreverão a história”

 

A idade da pedra fica logo ali

 

Nestes tempos estranhos, quando a inteligência em Brasília parece muito rarefeita, pode ser que alguém ache “charmoso” ter um ministro da Educação falando portunhol, ministro ‘importado”, o que, para essa gente lesa, deve ser prova de qualidade.

O grande homem, tem em sua agenda (ditada pelo Capitão B.), dentre outras prioridades,  “extirpar das escolas o método Paulo Freire” e “limpar todo o entulho marxista que tomou conta das propostas do MEC”. É a essa sumidade (sumidade apavorada,a tropeçar, mesmo ao sol do meio-dia, em seguidores de Paulo Freire e fantasmas de marxistas em cada esquina) que está entregue um setor de fundamental importância estratégica para o Brasil, a Educação.

De prático, ele acaba de anunciar (em portunhol, é claro!) que pretende reintroduzir nos currículos da escola infantil e fundamental a disciplina Educação Moral e Cívica, um dos ícones doutrinários da ditadura de 64, retirada do currículo escolar no governo Itamar Franco.

Apesar de minha declarada simpatia pelo ministro, penso que ele faria melhor se tentasse olhar para professores que andam quilômetros para dar aula a jovens paupérrimos, em

escolas caindo aos pedaços; se mostrasse planos de treinamento desses professores, com resultados em justiça salarial; se acordasse para a insegurança em que vivem, nessas escolas, professores e alunos. Professores, aliás, que, na douta opinião da deputada bolsonarista Joyce Não-Sei-das-Quantas (aquela que quer fechar o STF), “não sabem ensinar”, pois foram doutrinados nos princípios ideológicos em  boa hora combatidos pelo ministro de estranho sotaque.

Enfim, el maestro faria melhor se avaliasse o presente pensando no futuro do Brasil, não com esse olhar parado num mau momento da história. Nesse passo, daqui a pouco ele ressuscita a velha palmatória dos nossos avós e, em seguida, troca o computador pelo ábaco.  Estamos indo, de rota batida, para la edad de  la piedra.

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I

 “Em lugar do Minha casa, minha vida, vamos ter agora o Minha arma, tua vida, o

programa armamentista do samba do capitão enlouquecido”

 (Ricardo Kotscho, jornalista)

 

(BddePD)
     
     

(As diatribes do Barão são publicadas neste espaço, às terças e sextas, quer chova, quer faça sol).

 

 

 

 

Brasil tem maior concentração de renda do mundo

A0 PÉ DA GOIABEIRA lopes

Quase 30% da renda do Brasil está nas mãos de apenas 1% dos seus habitantes – o que dá ao País  a maior concentração do tipo no mundo. Quem o diz é a Pesquisa Desigualdade Mundial 2018, feita por centenas de estudiosos, sob a coordenação do economista francês Thomas Piketty – autor de O capital no séc. XXI, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos.

Enquanto isso, dentre as bobagens que o governo do Capitão B. tem anunciado (e registradas aqui pelo nosso querido chefe, o Barão), nenhuma contempla as pessoas mais pobres – até de reduzir aposentadorias a menos do salário mínimo se cogita, além da maldade mais recente, uma tal de “carteira verde-amarela” (aliás, a OAB já anunciou que pedirá ao STF que nos livre desta penúltima excrescência bolsonarista)

Trocando em miúdos: Jorge Paulo Lemann (da AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Antônio Ermírio de Morais (Votorantim), as seis pessoas mais ricas do Brasil, têm o equivalente ao capital de uns 110 milhões de brasileiros, de acordo com a revista Forbes, especializada em medir fortunas.

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O mais “pobre” do grupo é Ermírio de Morais, com “apenas” R$ 3,9 bilhões –  muito longe do “riquinho” da turma, José Paulo Lemann, que fechou 2017 com um patrimônio de R$ 29 bilhões e uns quebrados.

Tal diferença se percebe também nos salários, com um cruel componente de racismo: os negros recebem salários menores do que os brancos (apesar de negros e pardos formarem mais de metade do total dos habitantes do País), independente da escolaridade e da experiência,  evidenciando a prática discriminatória e racista presente em nossa sociedade. O estudo aponta para uma ferida crônica muito preocupante: a equiparação salarial, baseado nos registros das últimas décadas, ocorrerá somente em 2089, quando uma criança nascida hoje terá 70 anos – e, se ainda viva, estará à beira da aposentadoria, segundo as regras do Capitão B.

Destaca o estudo que “O Brasil tirou 28 milhões de pessoas da pobreza nos últimos 15 anos, mas os super-ricos continuam sendo os mais beneficiados: entre 2001 e 2015, o grupo dos 10% mais ricos abocanhou 61% do crescimento econômico

Acrescente-se à discriminação salarial um sistema tributário injusto, que pune os pobres e beneficia os ricos: o grupo dos 10% mais pobres gasta 32% da sua renda em impostos, enquanto os 10% mais ricos pagam 21%.”

Tem mais: “Nossa arrecadação fiscal – e, portanto, o orçamento federal – poderia aumentar em mais de R$ 60 bilhões ao ano, o equivalente a duas vezes o orçamento federal para o Programa Bolsa-Família, quase três vezes o orçamento federal para a educação básica e quase 60 vezes o que se aloca para a educação infantil, só com o fim da isenção de impostos a lucros e dividendos.” \quer dizer: se os rentistas, não apena os trabalhadores fossem taxados.

No Brasil, inverte-se a lógica social: contribuem mais os que têm menos, num sistema que cada vez mais identifica e distancia a casa grande e a senzala.

Recentemente, em Davos (aquele lugar onde o Brasil, pela voz aos solavancos do Capitão reformado, deu mais um vexame internacional), o Relatório “Bem Público ou Riqueza Privada?” mostrou que o patrimônio dos 26 bilionários mais ricos do mundo é igual ao dos 3,8 bilhões mais pobres. Cruel aritmética: 26= 3.800.000.

Voltando ao “Clube dos Seis” do Brasil, informar que Monsieur Piketty já fez o cálculo que os despeitados pobres gostariam de saber: como gastar tanto dinheiro? Os pobres, todo mundo sabe, adoram gastar dinheiro, se, por acaso, o têm: diz o relatório que “gastando R$ 1 milhão por dia, os seis maiores ricaços brasileiros, juntos, levariam 36 anos para esgotar todo seu estoque de reais.” É muito trabalho para esses sofridos bilionários. Ainda bem que o Capitão B. já se condoeu dessas pessoas e pretende “tirar o Estado de cima delas”, isto é, tratar de que os ricos fiquem cada vez mais ricos.

(Líliam Porcão, a Independente)

Na visão o cartunista Aroeira (“desenhado pra todo mundo entender”), o "gesto da arminha" (espécie de símbolo dos bolsonaristas) nos encaminha a tragédias como a de Suzano/SP.

Na visão o cartunista Aroeira (“desenhado pra todo mundo entender”), o “gesto da arminha” (espécie de símbolo dos bolsonaristas) nos encaminha a tragédias como a de Suzano/SP.

Punição para a maldade: Jânio caiu; o biquíni, não

A0 PÉ DA GOIABEIRA lopes

bddepd@gmail.com

 

imagem1Jânio caiuApós postar o tal Golden Shower, que aumentou o ridículo do Brasil no mundo inteiro, o Capitão reformado ganhou a primeira página dos grandes jornais que apoiaram sua campanha, em nome de uma reforma da Previdência que institucionaliza a miséria dos brasileiros mais pobres. O temor da grande mídia, a mesma que 3ndossou os golpes contra Jango (1964) e Dilma (2016) e elegeu Collor em 1989, é de que o cruel projeto da Previdência não seja aprovado, pois o twiter não deixa o presidente governar. Vamos às manchetes:

O Globo – “Não falta trabalho para Jair Bolsonaro”

A Folha – “Governe, presidente”

O Estadão – Quebrando louças

As duas maiores revistas semanais deram capa ao tuiteiro: a Veja destaca a alegada falta de decoro (outra vez o vídeo obsceno do Golden Shower), o que também é feito pela ISTOÉ, que destaca a mais recente série de sandices produzidas pelo Capitão reformado.

Além das chamadas de primeira página, o Estadão e O Globo pegaram pesado: o primeiro tratou o presidente como “incompetente, indecoroso, ignorante e autoritário”; já O Globo preferiu apresentar a fatura do apoio à reforma da Previdência: “Em vez de disparar tuítes para animar militantes, Bolsonaro precisa descer de vez do palanque, arregaçar as mangas e trabalhar com afinco para executar o que prometeu na campanha”, publicou o veículo da família Marinho.

Não sei quanto à leitora assaz otimista, mas, quanto a mim, digo que nunca vi com meus olhos um presidente receber esse tratamento nem no boteco da esquina. Será que, depois disso, aquelas pessoas que batiam suas panelas de teflon contra Dilma, em Curitiba/PR e nos Jardins/SP, encontram motivos de para voltar às ruas?

Tem mais: no domingo, dia 10, a GloboNews, pela voz de Diogo Mainardes, mandou um recado inquietante: “Se não aprovar a Previdência, ele cai e o vice, general Hamilton Mourão, assume a Presidência da República”, anunciou o namoradinho da classe média conservadora.

E não acabou: um dos mais importantes jornais do mundo, The New York Times (comunista, é claro!) insinuou em editorial que o chefe do Planalto poderá ter vida curta no cargo e o comparou ao ex-presidente Jânio Quadros: “Bolsonaro deveria prestar atenção às lições da história – os políticos brasileiros que atacam o Carnaval raramente triunfam”. TNYT lembra que, em 1961, o presidente Jânio Quadros “tentou regular o comportamento” no Carnaval, com o slogan “‘Jânio é a certeza de um Brasil moralizado'”, e deu tudo errado: “Quadros se demitiu depois de oito meses”, anota o veículo nova-iorquino. Jânio tentou, dentre outras pantomimas bolsonaristas (avant la lettre) proibir que as mulheres usassem biquíni.

Este Barão, testemunha ocular da história, acrescenta, com o olho rútilo de indisfarçável prazer, que Jânio caiu, mas o biquíni continua aí, apesar de, graças a Deus, cada vez menor.

Made in USP

imagem2 Apocalipse

O trocadilho, evidente, poderia ser meu, mas não é.  A honestidade manda dizer que ele é da lavra do professor Mário Sérgio Cortella, de percepção mais aguda do que a minha. Diz o filósofo da USP que o comportamento do clã Bolsonaro (grosseria, desumanidade, falta de solidariedade, crueldade, corrupção etc.) – que faz a turma se parecer com Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse (Fome, Peste, Guerra e Morte) – se espalha rapidamente e multiplica repetidores, os chamados “robôs bolsonaristas”. Daí a frase do pensador: “Gente lesa gera gente lesa”. Modestamente, confesso que eu não diria mais apropriadamente.

(Bddepd)

(As diatribes do Barão e sua equipe são publicadas às terça e sextas, quer chova, quer faça sol)

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PERFIL DO BARÃO

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Vamos trocar o saci-pererê pelo Dia das Bruxas?

A0 PÉ DA GOIABEIRA lopes

bddepd@gmail.com

 

saci (1)Corramos todos à aula de inglês, pois o pensamento de colonizados nos mostra que a língua portuguesa-brasileira está com os dias contados. E se isso era algo subjetivo, agora se torna explícito, após a eleição de um indivíduo de baixo nível cultural e altíssimo grau de subserviência aos Estados Unidos. Por via das dúvidas, é conveniente aprendermos todos a bater continência (military continence?) a todo tipo de pessoa ou coisa que nos lembre aquele país (presidente topetudo, bandeira, assessores de terceiro escalão, copos americanos, lojas americanas etc.), para sermos coniventes com a pantomima que se instalou no governo federal.

É claro que alguns colonizados já se anteciparam à destruição do patrimônio cultural que é a língua portuguesa e falam torcendo a boca, em feitio de gângsters de filmes B: em vez de treinador, dizem coach; gerente agora é manager; orçamento é badget; presidente (de empresa) virou chair man; pessoas importantes não têm cachorro, têm pet; bicicleta dessa gente é chamada de byke, documento é paper, centro é center, loja não mais dá desconto, tem preço off. E nada mais é grátis, agora é free. O (nem sempre) inocente intervalo do cafezinho passou a chamar-se cofee break, enquanto o velho molho de churrasco foi rebatizado como molho barbecue. Essa gente, que tem dinheiro mas não tem juízo, desconhece o que seja saci-pererê, mas comemora uma coisa chamada halloween. Não demora, vão trocar alguma de nossas festas típicas (o São João, por exemplo)  pelo Dia de Ação de Graças (que será dito, com a língua devidamente enrolada, Thanksgiving day). Se algum desses lesos aparecesse em outros tempos em Buerarema e chamasse a Barbearia de Mestre Alcides de Barber Shop seria posto pra fora a ponta-pés, pra aprender a respeitar nossas raízes culturais… Durante o Carnaval, a relação de anglicismos teve um acréscimo, feito pelo Capitão reformado: Golden Shower. “E o que é Golden shower” – perguntaria a ingênua leitora. Não digo. Além de cultivar um grande desamor pela baixaria, este é um blog familiar, que não pretende deixar coradas suas leitoras. Quem insistir em saber o que é Golden shower que consulte a enciclopédia de aberrações sexuais do clã Bolsonaro.

Resistir é preciso (e possível!)

ChicoA Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSC-SP) e a USP tiveram no Vestibular deste começo de ano, realizado, como de hábito, pela Fuvest – questões sobre textos de Karl Marx e Chico Buarque. De acordo com o Estadão, jornal sabidamente comunista, alguns dos temas das perguntas de Português foram patriarcado, ditadura militar e racismo. O texto de Karl Marx foi usado para discutir a figura histórica da mulher no capitalismo. Os candidatos também tiveram que analisar o gênero discursivo da letra da música “Meu Caro Amigo”, de Chico Buarque, que retrata um momento da ditadura militar. Trata-se de uma “carta-canção” ao teatrólogo Augusto Boal (um que, perseguido pela ditadura, vagou, exilado, pela Argentina, Portugal e França, voltando aqui só em 1984, com a redemocratização), em que Chico, a propósito de dar notícias do Brasil, tece um panorama da mesmice em que se encontra o País: “Aqui na terra estão jogando futebol/Num dia chove/Noutro dia bate o sol”- Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta.”

Curiosamente, o mesmo Estadão publicou, há cerca de um mês, entrevista com o professor Vahan Agopyan, reitor da USP, e lhe perguntou sobre a implantação de uma excrescência chamada  “Escola sem partido”, uma das ideias medievais da extrema-direita brasileira que o prefeito João Dória quer transformar em lei. Respondeu o mestre:

 

Na USP, é impossível. Obedecemos às leis, mas coisas que ferem nossa autonomia a USP não precisa seguir. E isso fere. A universidade é um locus de debate. Formamos cidadãos.

 

“Mas, e se houver denúncias de alunos?”  – perguntou o Estadão. Resposta:

 

Denunciar para quem? Não vou criar um mecanismo de controle ideológico na USP…

 

Enquanto houver atitudes corajosas como estas da  Fuvest e do reitor da USP, estará viva a resistência contra o retrocesso que querem impor à população brasileira.

(Bddepd)

(As diatribes do Barão e sua equipe são publicadas às terça e sextas, quer chova, quer faça sol)

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A verdade vive escondida no fundo do poço

A0 PÉ DA GOIABEIRA lopes

bddepd@gmail.com        Barão de Pau d´Alho

 
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Um dia, a Verdade e a Mentira se encontram. A Mentira diz à verdade: “Hoje está um dia maravilhoso”. A Verdade olha para o céu, desconfiada, suspira e concorda, pois o dia estava realmente lindo. Elas andam algum tempo juntas, chegando, finalmente, a um poço. A Mentira diz: “A água está muito boa! Vamos tomar um banho!” A Verdade, mais uma vez desconfiada, testa a água e confirma que, de fato, está ótima para o banho. Elas se despem e entram no poço. De repente, a Mentira sai  da água, veste as roupas da Verdade e foge.

A Verdade, furiosa, sai o poço e, com um chicote, persegue a Mentira, para castigá-la e pegar as roupas de volta (v. quadro de Jean-Leon Gérôme “A verdade saindo do poço”, de 1896), mas ninguém colabora com ela nessa busca: as pessoas, vendo-a nua, desviam o olhar, com desprezo  e raiva. A pobre Verdade volta ao poço e desaparece para sempre, escondendo ali sua vergonha. Desde então, a Mentira viaja pelo Mundo, vestida como a Verdade, satisfazendo a conveniência  da sociedade, que não nutre o menor desejo de se deparar com a Verdade nua.  (Trecho de um conto judaico – há  versões ligeiramente diferentes desta)

O jornal The Washington Post assumiu, desde 20 de janeiro de 2017, uma estranha função: contabilizar as afirmações mentirosas do Topetudo presidente  Donald Trump. Passados cerca de 420 dias da administração, o mentiródromo do jornal já crava, por dia, mais de 11 declarações falsas ou enganosas. No Brasil, o Capitão reformado segue o padrão do seu líder estadunidense desde a campanha, com invenções do tipo kit gay e uma tal mamadeira erótica, que a oposição usaria para perverter as crianças – o que, para além da mentira para convencer incautos, parece uma perversão sexual das mais abjetas. Freud, que muito sabia das aberrações humanas, botaria esse maluco no divã e só o tiraria de lá com a suave terapia da camisa de força.

 O Barão se proclama ex-presidente do Brasil

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Esta semana, vocês lembram, lançou-se aqui na resistente goiabeira danielina a feliz ideia de fazer este Barão presidente interino do Brasil. Tal providência era uma resposta ao ridículo de um cara ridicularmente chamado de Guaidó, e também ao clamor das ruas contra a pouca vergonha instalada em Brasília, num governo formado por paramilicianos, fundamentalistas religiosos, milicos aposentados e variados gêneros de malucos, tendo ao centro da pantomima o clã Bolsonaro. Eis que, horas depois, o ator José de Abreu (não por imitação, como querem meus puxa-sacos, mas por coincidência – não restou provado que ele seja leitor desta coluna) apresentou-se devidamente enfaixado presidente, dando entrevista e já com ministério escolhido. Até mesmo a divisa do novo presidente (ecologicamente correta!) coincide com a minha, conforme registro do jornalista (comunista, é óbvio!) Leonardo Attuch:

…Zé de Abreu já declarou que “nossa bandeira jamais será laranja” e prometeu acabar com aposentadorias e pensões especiais das mais variadas castas da sociedade – incluindo filhas casadas que fingem ser solteiras, como Maitê Proença. Também prometeu indultar o ex-presidente Lula, que, em condições democráticas normais, hoje seria presidente da República. Afinal, o país que prende opositores para impedi-los de disputar eleições é o Brasil – não a Venezuela.

A propósito, já hipotequei meu nobre e irrestrito apoio ao novo presidente da República do Brasil, abdicando do desonrado cargo e assumindo minha modesta condição de ex-presidente, candidato a administrar apenas o recém-criado IPAD – Instituto Pau d´Alho de Assuntos Difusos.

E mais não digo, a não ser que, do jeito que  coisa anda, a moda pega e vamos ter muitos dirigentes autoproclamados. Por enquanto, além de Abreu (Brasil) e aquele Gauidó (venezuelano de enorme vocação para o patético – e que já está sendo “destituído” por Trump, pois prometeu levantar o povo da Venezuela e não conseguiu), são dados como certos o ator Alexandro Munhoz, autoproclamado presidente da Colômbia, já anunciado, e o Cacique Babau, prefeito de Buerarema – proposta ainda em análise no Conselho de Anciãos dos Tupinambás.

Em Itabuna, devido à fadiga do atual prefeito, os biriteiros do ABC da Noite pretendem que o município seja dirigido pelo Caboco Alencar, cidadão sabidamente acima de qualquer suspeita, mas a escolha é discutível: há quem diga que O Caboco, patrimônio da cidade, não dispõe de maldade suficiente para sobreviver  no Centro Administrativo.

 

(As diatribes do Barão e sua equipe são publicadas às terças e sextas, quer chova, quer faça sol)

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Jânio e Collor tinham mais juízo do que o Capitão reformado

A0 PÉ DA GOIABEIRA lopes

bddepd@gmail.com

Desde a campanha de 2018, tenta-se comparar um improvável (hoje, infelizmente, real) governo o clã Bolsonaro a períodos cinzentos de nossa história. Para uns, ele era Collor, para outros, Jânio, para outros tantos (versão ainda mantida), uma reedição do golpe de 1964, que, estranhamente, nos chegava pelas urnas.  Eram comentários de bastidores ou de blogs nanicos, pois a grande mídia, TV Globo à frente, e (em segundo lugar, mas não menos impotantes), os tribunais jamais se preocuparam com a louvação que o candidato fazia ao assassino Brilhante Ustra, os BOs a propósito de roubo de joias na própria família (denúncia da ex-esposa), os ataques frontais a minorias desamparadas ou o desrespeito às famílias de opositores executados pelo Exército. A omissão (às vezes, a clara conivência) da mídia foi muito importante em todo o processo de ascensão da extrema-direita, hoje no poder.

Foto.1Entretanto, pouco tempo passado de um presidente que não tem a mínima aptidão (ou dignidade) para o exercício do cargo – que cogita até entrar numa guerra contra país vizinho e amigo, para que os Estados Unidos se apropriem do petróleo venezuelano – não resta dúvida de que Collor e Jânio Quadros, irmãos em trapalhadas, tiveram muito mais juízo. E digo, (porque vi Jânio, Collor e  a ditadura) que o governo desse clã é moralmente pior do que Castelo Branco e os militares seguintes: à época, tínhamos alguns generais atrabiliários (isto é inevitável!), mas a ditadura tinha apoiadores do valor intelectual de Lacerda, Nelson Rodrigues, Delfim Neto, Mário Henrique Simonsen, Reis Veloso e outros (a Globo se mantém coerente: apoiou a ditadura, Collor e Bolsonaro).

Hoje, além do Capitão reformado – que nunca dirigiu, sequer, uma cavalariça  do Exército – temos a cota habitual de generais atrabiliários (nenhum deles mais do que o Capitão B., diga-se, a bem da verdade) e três filhos do presidente, todos enlameados (ou “enlaranjados”?) até a medula, mais uns desqualificados do padrão Alexandre Frota, Damares Alves, Silas Malafaia, Joyce Não-Sei-do-Quê e Vélez Rodriguez (o ministro da Educação que não fala português!). Não vai dar certo, porque não pode dar certo.

Cordão dos puxa-sacos

A partir de hoje, este Barão passa a contar com mais um puxa-saco (em verdade, uma puxa-saco, que chamaremos eufemisticamente de “colaboradora”, a sra. Líliam Porcão, dita “a Independente” – até parece!) metida a analista de economia, política e temas difusos. E em seu primeiro texto, LP já diz a que veio. Sua bajulação (prontamente aprovada por mim!) é tão explícita que, de imediato, dei-lhe uma promoção salarial: ia ganhar 30 dias por mês, agora vai ganhar 31, livre de impostos. Eis sua primeira intervenção:

 

“O Barão para presidente

Foto.2Penso na possibilidade de fazer meu querido chefe, o venerável Barão de Pau d´Alho,   presidente da República, pra acabar com a pouca vergonha que se instalou em Brasília. Em que me baseio? Baseio-me na “nova” interpretação que o Brasil, seguindo as ordens de Trump, o Topetudo, dá hoje às relações internacionais. Se antes a inteligência mundial defendia a autodeterminação dos povos, agora qualquer Capitão reformado, seguido de uma trupe de malamanhados, se acha no direito de, combatendo o governo da Venezuela, reconhecer como legítimo um oportunista que se declarou “presidente interino”.

Se um cara chamado Gerardo Guaidó pode se dizer presidente da Venezuela, por que alguém de nobre estirpe e proprietário de barba vasta e grisalha como o Barão não poderia? Além do mais, meu querido chefe é intelectualmente mais qualificado do que essa gente lesa que ocupa o Planalto: o Barão já leu até as orelhas de Guimarães Rosa (enquanto o Capitão reformado parece ter lido apenas o Manual de Procedimentos do Exército – e não entendeu bem aquilo dali). Como se isso fosse pouco, meu querido chefe fala português, neste Brasil enlouquecido em que o ministro da Educação fala portunhol e o presidente não fala coisa com coisa.

Com mais meia dúzia de trapalhadas desses velhacos civis, fardados e fundamentalistas religiosos,  anuncio – por absoluta falta de paciência com a estupidez oficial – o Barão de Pau d´Alho como presidente interino do Brasil.

Já escolhi até a divisa, ainda dependendo do sábio referendum do querido chefe: “Nosso Brasil jamais será laranja”.

(Líliam Porcão, a Independente)

 

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A0 PÉ DA GOIABEIRA lopes

Considerações em torno do segundo mandamento

 

O Brasil era um Estado laico. Era. Deixava a prática religiosa para os templos e outros espaços adequados, enquanto a política se exercia nos territórios dos poderes executivo e legislativo. Agora, misturam tudo, enfiam-nos religiões garganta adentro, com uma nefasta influência no nosso dia a dia. Uma gente fanática, fundamentalista,  usa, a qualquer propósito ou sem propósito algum, o nome de Deus e Seu filho, numa agressão ao saber religioso primário que todo aluno obtém já na primeira semana do curso de catecismo: o segundo mandamento. Está no ar uma perniciosa influência de grupos ditos “evangélicos”, trazendo à cena política “exorcistas”, milagreiros e outros vendilhões de felicidade e do templo, alguns com fichas policiais muito maiores do que os livros de Teologia que deveriam ter lido.

estado laicoSão, em geral, indivíduos sem suficiente instrução ou cultura capaz de qualificá-los para impor conduta moral à população – e se algumas dessas pessoas veem Jesus subindo em goiabeiras isto será apenas detalhe. Não seria calunioso  dizer que muitos desses fanáticos sequer sabem interpretar corretamente as parábolas,  metáforas e simbolismos em que a Bíblia é rica. Estamos, para usar uma expressão cara ao meio, na Era do Anti-Cristo – porque contrário à mensagem cristã é o discurso desse governo e sua trupe de paramilicianos e militares reformados: em vez de amor, ódio; em vez de compaixão, crueldade; em vez de mansidão, violência; em vez de verdade, mentira, em vez de proteção aos mais fracos, perseguição. Mais fácil é uma entrar uma corda pelo fundo de uma agulha doque entrar um pobre no reinsdo dessa gente malvada.    Jesus Cristo não reconheceria esses celerados como Seus seguidores – e, como nunca gostou de más companhias, não subiria  numa goiabeira com nenhum deles.

A diversidade de crença e pensamento é democrática, não se discute. Não democrático é que me queiram impor, via bancada “evangélica” ou pelo próprio Capitão B., com seus “slogans” pouco inteligentes e repetidos aos arrancos, crenças e valores morais do tempo da Inquisição, heranças da Idade Média. Decididamente, isso daí não me representa.

A OAB em tempo de teatro shakesperiano

Sempre que, neste meio, comentamos algum fato, corremos o risco de perder o “gancho”, a motivação, a oportunidade, tal comentário envelhecer e, precocemente, adquirir cara de pão dormido. Mas, creio, a sorte (seja lá como se defina isto) é fundamental. Em casos tais, Nelson Rodrigues diria que “sem sorte, você não pode nem chupar um picolé, pois corre o risco de engasgar-se com o palito ou ser atropelado pela carrocinha”.

Estes prolegômenos (dicionário Priberam, urgente!) politicamente incorretos (o reacionário Nelson Rodrigues, se vivo fosse, estaria tecendo loas ao Capitão B. e demais trogloditas do governo) são para dizer que, no texto sobre “Primeira coisa a fazer: matar todos os advogados” (um citação bebida no teatro de Shakespeare), contei, de imediato, com a ajuda inesperada da OAB nacional.

Eis que, no dia seguinte à publicação do meu textinho, o presidente da Ordem, Felipe Santa Cruz, declarou: “Nas últimas 24 horas tenho sido alvo de furiosos ataques nas redes. Robôs pagos por movimentos extremistas e pessoas levadas por falsas manchetes simplesmente ocupam a rede com violentas mensagens, algumas verdadeiramente preocupantes, como aquela que diz que “as redes sociais querem o meu FIM”.

Obrigado, presidente, pelo “aval” à coluna. E resista, conforme a tradição da OAB, pois o céu e a terra passarão, mas a Justiça há de sobreviver.

(BddePd)

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