A0 PÉ DA GOIABEIRA lopes

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imagem1Jânio caiuApós postar o tal Golden Shower, que aumentou o ridículo do Brasil no mundo inteiro, o Capitão reformado ganhou a primeira página dos grandes jornais que apoiaram sua campanha, em nome de uma reforma da Previdência que institucionaliza a miséria dos brasileiros mais pobres. O temor da grande mídia, a mesma que 3ndossou os golpes contra Jango (1964) e Dilma (2016) e elegeu Collor em 1989, é de que o cruel projeto da Previdência não seja aprovado, pois o twiter não deixa o presidente governar. Vamos às manchetes:

O Globo – “Não falta trabalho para Jair Bolsonaro”

A Folha – “Governe, presidente”

O Estadão – Quebrando louças

As duas maiores revistas semanais deram capa ao tuiteiro: a Veja destaca a alegada falta de decoro (outra vez o vídeo obsceno do Golden Shower), o que também é feito pela ISTOÉ, que destaca a mais recente série de sandices produzidas pelo Capitão reformado.

Além das chamadas de primeira página, o Estadão e O Globo pegaram pesado: o primeiro tratou o presidente como “incompetente, indecoroso, ignorante e autoritário”; já O Globo preferiu apresentar a fatura do apoio à reforma da Previdência: “Em vez de disparar tuítes para animar militantes, Bolsonaro precisa descer de vez do palanque, arregaçar as mangas e trabalhar com afinco para executar o que prometeu na campanha”, publicou o veículo da família Marinho.

Não sei quanto à leitora assaz otimista, mas, quanto a mim, digo que nunca vi com meus olhos um presidente receber esse tratamento nem no boteco da esquina. Será que, depois disso, aquelas pessoas que batiam suas panelas de teflon contra Dilma, em Curitiba/PR e nos Jardins/SP, encontram motivos de para voltar às ruas?

Tem mais: no domingo, dia 10, a GloboNews, pela voz de Diogo Mainardes, mandou um recado inquietante: “Se não aprovar a Previdência, ele cai e o vice, general Hamilton Mourão, assume a Presidência da República”, anunciou o namoradinho da classe média conservadora.

E não acabou: um dos mais importantes jornais do mundo, The New York Times (comunista, é claro!) insinuou em editorial que o chefe do Planalto poderá ter vida curta no cargo e o comparou ao ex-presidente Jânio Quadros: “Bolsonaro deveria prestar atenção às lições da história – os políticos brasileiros que atacam o Carnaval raramente triunfam”. TNYT lembra que, em 1961, o presidente Jânio Quadros “tentou regular o comportamento” no Carnaval, com o slogan “‘Jânio é a certeza de um Brasil moralizado'”, e deu tudo errado: “Quadros se demitiu depois de oito meses”, anota o veículo nova-iorquino. Jânio tentou, dentre outras pantomimas bolsonaristas (avant la lettre) proibir que as mulheres usassem biquíni.

Este Barão, testemunha ocular da história, acrescenta, com o olho rútilo de indisfarçável prazer, que Jânio caiu, mas o biquíni continua aí, apesar de, graças a Deus, cada vez menor.

Made in USP

imagem2 Apocalipse

O trocadilho, evidente, poderia ser meu, mas não é.  A honestidade manda dizer que ele é da lavra do professor Mário Sérgio Cortella, de percepção mais aguda do que a minha. Diz o filósofo da USP que o comportamento do clã Bolsonaro (grosseria, desumanidade, falta de solidariedade, crueldade, corrupção etc.) – que faz a turma se parecer com Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse (Fome, Peste, Guerra e Morte) – se espalha rapidamente e multiplica repetidores, os chamados “robôs bolsonaristas”. Daí a frase do pensador: “Gente lesa gera gente lesa”. Modestamente, confesso que eu não diria mais apropriadamente.

(Bddepd)

(As diatribes do Barão e sua equipe são publicadas às terça e sextas, quer chova, quer faça sol)

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PERFIL DO BARÃO

1111Todos mostram seu perfil, também vou mostrar o meu. Chamo-me Marcos Aparício Lins Machado de Guimarães Rosa, e, logo se percebe, não sou propriamente uma pessoa, mas uma homenagem: cada um desses nomes tem um significado para mim, mas não vou tirar de ninguém – se não o prazer, ao menos o exercício de identificá-los.

Atendo também por Barão de Pau d´Alho (e isto tem a ver com o cheiro de minha terra – aí uma pista para pesquisadores ociosos). Sou um jornalista modesto, se é que isto existe, pois escolhi esse título honorífico de menor impacto, quando bem me poderia autoproclamar Marquês da Cocada Preta, Conde de Macuco ou Duque Sei-Lá-do-Quê.  A propósito, os títulos de nobreza (tiremos daí os reis e príncipes, gente de outra classe) são, em ordem decrescente de importância, duque, marquês, conde, visconde e barão, caso não me engana e a história – e ao dizer isto já denuncio este como um espaço dedicado à informação…

Apesar do velho adágio “nobreza obriga”, não sou muito de frequentar as ditas rodas sociais, muitas vezes parecidas com rodas da malandragem: vivo um tanto isolado do lufa-lufa da cidade, envolvido com meus livros, um tabuleiro de xadrez e uns discos de jazz e MPB. Quando acometido da fadiga do tédio, ou se quero sofrer um pouco, ligo a tevê, assisto a um noticiário, registro um monte de agressões à língua portuguesa, me canso e retorno à  rotina. Novela, não vejo nunca, pois meu masoquismo ainda não chegou a tais extremos. Nada de telefone nem zap-zap, não sei bem o que é rede social, para  mim rede é aquela coisa que os pobres do Nordeste usam em substituição à cama, e que os ricos têm nas casas de praia.

Procuramos fazer aqui, semanalmente, uma coluna, erguida com  as coisas que nos derem na telha, deixando a eventuais leitores espaço para os devidos xingamentos, pois vivemos, formalmente, em regime democrático. Diga-se ainda que, por se tratar de um espaço politico-ecológico, escolhi para musa da coluna aquela moça chegada a encontros religiosos em altos de goiabeiras – e de cujo nome, graças a Deus, já esqueci.