:: ‘poema’
Portrait
Sione Porto
Na memória, um rosto
Uma triste meia-lua
A energia megaton
Com sua breve passagem
Refletida num “Portrait”
Entre todos os pertences
E cansaços do meu rumo
Na cabeceira da cama
Estás num porta-retrato
Lembranças de frios risos
De ausências e descasos
E para sentir-me livre
Alço voo entre os ventos
Atropelando paisagens
Para encontrar a brisa
Que suaviza meus passos
E açoita longe o passado
De tristes experiências
Nos sinuosos percalços
Que venha o NOVO com risos
Em outro porta retrato
Itacaré
Cyro de Mattos
A Itacaré nada
pedi, mas um momento de
reconhecimento,
de amor e viver,
com prazer eu lá senti
pra nunca esquecer.
Na festa de livros
chamada de FLICARÉ,
radiante o sol
veio também ler
como se fosse um menino
querendo aprender.
No meio de todos se
metia, feliz, sorridente,
cheio de sentimentos.
Houve um sabiá
que veio cantar na manhã
bem perto de mim.
Perdão
Sione Porto
Nesta noite que abraça
O universo imenso
Aquela mágoa chorosa
Vem invadir o meu peito
Amargo e triste destino
Que ainda me assombra
Se põe entre o céu e a terra
Com marcas de desespero
São imagens que persistem
Pelo que te fiz sofrer
Consumindo meus dias
Sem dar trégua ao meu viver
Diz-me o que devo fazer
Para reverter esse mal
De forma definitiva
E acalmar meu coração
Errei e sei que fui cega
Mas hoje tudo conspira
Para alivio de minha culpa
Vim pedir o teu perdão
Êxtase
Sione Porto
És meu êxtase num profundo sopro
Éden exaltando meu corpo e minha alma
Natureza viril, meu sol de primavera
Que meu ser e minha vida acalmam
Gênese e essência do meu eu total
Como o som de harpas melodiosas
Que se espalha no ar com a beleza
E a pureza dos lírios e das rosas
Mais que vida, tua luz é quântica
Apaziguando meus cálidos desejos
Expondo anseios em tórridos beijos
Meu doce mel, és também
Meu desespero
Acaso
Sione Porto
Na tarde infindável
De desespero e brisa negra
Nada vejo e nada sinto…
Turbilhão de pensamentos,
Meus sonhos, meu acalanto
E o acaso
Na alma o desejo profundo
Floresce a ânsia de viver
Com teus abraços
Nessa paisagem outonal
Um aroma de rosas me aquece
Tua imagem feliz me enternece
E surge como um sonho
Ante os meus olhos
Traz de longe
Teu amor, doce pecado
Que explode em mim ardente
Como um beijo apaixonado!
Perfil da Imaginação
Sione Porto
Homem belo
de porte elegante,
possuis belezas
dos Deus do Olimpo
A natureza assim
quis te moldar
E com sopro de luz
te deu a vida
Com teu sorriso
iluminado de alegria
Fizeste em minha alma
tua morada
Porque és na terra
ideal de plenitude
em que meu amor
maduro se enclausura
Como eu te amo
Humana criatura!
Eu, Negro Sarraceno
Adroaldo Almeida
Quando fiquei muito rico
Virei um milionário das nuvens
Com os bolsos cheios de monstros
Tudo preso no zíper da calça
Uivando para as vagas do mar.
No colete do paletó
Levava o sol e a lua
As constelações estelares
Oprimidas na carteira de couro
Ao lados dos cartões, Cassiopeia
Ateia humanista da rua.
No porto azul do Mediterrâneo
Embaixo das falésias de Montecarlo
A princesa me esperava nua
Mas eu me lembrava de ti
No pátio do ginásio, recreio
Pirulito na boca, riso.
As lembranças atravessaram a praia
Peguei meu guarda-chuva de ouro
E voei para a África
Pendurado em seus lábios
E ancorado nos ancestrais
Berberes, marroquinos, mouros.