Pobre Rio Cachoeira
Sione Porto
Menina, vi o Rio Cachoeira,
Belo e veloz, descer
Em busca do mar
Com seu verde e ondas vertiginosas,
E brilhar perto das margens,
Nos fazendo encantar!
Então, comigo pensava,
Quão magnífico, ó Rio Cachoeira,
Cheio de vida e amplexos,
Trazendo cardumes nas redes,
Peixes se multiplicando,
Para os pobres, alimentarem.
Menina, vi o Rio Cachoeira
Banhando as lavadeiras,
Que, após lavarem roupas tão alvas
Entoando sonoros cantos ribeirinhos,
Saíam com suas trouxas na cabeça,
Nos fazendo sonhar e sonhar.
Hoje, procuro o Rio Cachoeira,
De tanta beleza de outrora,
Mas apenas vejo sujeira
Dentro e nos seus arredores.
Povoado de garças sorrateiras,
Que triste é o Rio Cachoeira!
Será que ninguém ver o seu penar?
Antes tão absoluto e majestoso,
A deslizar nas ondas fortes,
Na sólida terra grapiúna,
Que hoje geme e sangra,
Querendo se recuperar.
Bravo Rio Cachoeira,
Estrela brilhante
Daqueles que o amam.
Certamente uma voz
Falará mais alto para salvá-lo,
E, como aquele que não foge à luta, sobreviverá!