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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

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:: ‘crítica’

Cinema “Eu Receberia As Piores Notícias Dos Seus Lindos Lábios”

Por Raquel Rocha

 


“Santa é a carne que peca”

Baseado no livro homônimo de Marçal Aquino “Eu Receberia As Piores Notícias Dos Seus Lindos Lábios” é tão intenso quanto a obra que o originou. O filme narra um triângulo amoroso no interior do Pará envolvendo um pastor (Zécarlos Machado), sua esposa (Camila Pitanga) e um fotógrafo (Gustavo Machado).

Lavinia, ex-prostituta e usuária de drogas foi encontrada pelo pastor Ernani nas ruas do Rio de Janeiro. Através da palavra de Deus, numa espécie de sessão de exorcismo, o pastor a resgata do mundo das drogas e da prostituição. Depois faz dela sua esposa. Eles se mudam para o interior do Pará, onde ele, além de pregar sua fé, também luta contra poderosas madeireiras. Nesse cenário belíssimo e perigoso Lavínia conhece o fotógrafo Cauby, com quem acaba se envolvendo e vive um romance arrebatador.

Lavínia se torna uma musa para Cauby que a fotografa obsessivamente. Ela é uma personagem divida entre o olhar de Cauby e as palavras do marido, que ela não tem coragem de abandonar.

-Vamos embora comigo Lavínia, Vamos embora daqui.

-Não posso, não posso…

-Você não pode ou você não quer?

-Eu não posso, eu não quero.

Eles não podem ficar juntos mas também não conseguem se abandonar. A química entre os personagens é avassaladora, as cenas sensuais que ambos protagonizam não tem maquiagem, são cruas,  densas. Mas se entregar a esses dois amores é algo que a frágil e confusa Lavínia  não consegue aguentar, essa divisão parece fazê-la sangrar e perder suas forças.

Dirigido por Beto Brant e Renato Ciasca, Eu Receberia As Piores Notícias Dos Seus Lindos Lábios não é um filme convencional. A forma como a história é narrada chega a causar estranheza em alguns momentos. Um dos pontos fortes do filme é a atuações dos personagens, Zécarlos Machado, Gero Camilo, Gustavo Machado e Camila Pitanga, esta se desnuda de roupas, vaidades e estrelismo, para se entregar de corpo a alma a esse papel que ela classificou como o maior da sua vida.

O filme foi lançado em 2012 é  o sexto da parceria entre Beto Brant e Marçal Aquino, anteriormente outras adaptações haviam feitas, em  “Os Matadores” , “Ação Entre Amigos”, “O Invasor”, “Crime Delicado” e “Cão Sem Dono” (2007).  Nenhum deles um blockbuster, como Eu Receberia As Piores Notícias Dos Seus Lindos Lábios também não o é. Mas é um filme marcante para quem tem a oportunidade de assistir, uma história forte, com poucas palavras, cores saturadas e uma honestidade perturbadora.

 Classificação Indicativa: 16 anos

Trailer

Trechos Livro

“Lembrei dos dias que passei sem ela. Dias em que encontrar, por acaso, um fio de seu cabelo preso na fronha do travesseiro bastava para me encher de angústia e dor. Estive a ponto de rastejar. Atire a primeira pedra aquele que não estremeceu ao recuperar, nos lençóis encardidos da cama em que dorme solitário, o cheiro da mulher ausente. 

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“Falamos, falamos, falamos. E mesmo assim faltou dizer tanta coisa. E escutar também. Ela nunca disse que me amava. Jamais ouvi de seus lindos lábios a sentença que pronunciei algumas vezes.”

—————–

“O que acontece é que, quando estou com você, eu me perdôo por todas as lutas que a vida venceu por pontos, e me esqueço completamente que gente como eu, no fim, acaba saindo mais cedo de bares, de brigas e de amores para não pagar a conta. Isso eu poderia ter dito a ela. Mas não disse.

Filme: Nuovo Cinema Paradiso


Por Raquel Rocha

Salvatore Di Vita é um famoso cineasta que mora em Roma. A primeira cena do filme mostra sua mãe tentando ligar para ele para avisar que alguém havia falecido enquanto sua irmã diz que é inútil, que ele não se importa pois há 30 anos não retorna a Sicília, cidade em que nasceu. Seria Salvatore Di Vita um boçal que renega suas raízes? A noite o cineasta, ao deitar, recebe o recado que sua mãe havia deixado, comunicando o falecimento e o funeral de alguém chamado Alfredo. A câmera vai se fechando lentamente no rosto desse homem e acontece a magia do cinema.

Salvatore é então Totó, um o coroinha na igreja da pequena cidade. Após a missa o padre vai até o cinema assistir o filme do dia e censurar as cenas de beijos antes da exibição para o púbico. Totó vai junto escondido e se enfia na sala de projeção onde o projetista Alfredo exibe os filmes para o padre. Alfredo o expulsa mas ele sempre volta. Alfredo briga com ele mas ele sempre rebate. Ele olha Alfredo retirar os pedaços de filmes com as cenas dos beijos e pede-as para si. Alfredo não dá, diz que é material inflamável, perigoso. Mas Totó sempre rouba alguns pedados que encontra no chão.

Totó é um menino difícil, não se encaixa bem nos papeis que deveria desempenhar, como coroinha, como aluno e como filho. Seu pai não havia voltado da guerra e sua mãe vivia com dificuldade com duas crianças. A única forma de felicidade de Totó estava no mundo dos filmes, onde tudo era possível. Por isso não conseguia ficar longe da sala de projeção do Cinema Paradiso, mesmo quando foi terminantemente proibido após provocar um incêndio em sua casa com os pedaços de película que tinha furtado. A teimosia do pequeno cinéfilo é maior que a resistência do projetista e aos poucos Alfredo aceita aquele menino e divide com ele sua grande paixão.

Alfredo o ensina a projetar filmes mas sempre o incentivando a estudar, pois ele precisava ser alguém, se livrar do vício do cinema, para não acabar como ele, que passou a vida numa sala de projeção esquecido. Uma belíssima amizade nasce entre essas duas figuras tão diferentes, o menino e velho, unidos pelo amor aos filmes que são exibidos no Cinema Paradiso.

O filme conta uma história simples, sem grandes viradas, mas o roteiro é construído com tanta sensibilidade que o expectador fica duas horas encantado diante da tela, sentindo-se exatamente como Totó quando fugia para a sala de projeção.

A força do filme talvez decorra do fato de se tratar de um retrato autobiográfico do diretor Giuseppe Tornatore (La leggenda del pianista sull’oceano, La domenica specialmente) que conta sua história de vida com sutileza rara. O filme fala sobre amizade, sobre destino, sobre paixão e sobre o quanto uma pessoa pode se importar com outra. A cena final é umas das mais belas da história do cinema. Não só a cena, Cinema Paradiso é um dos filmes mais belos de todos os tempos, uma declaração de amor, uma verdadeira obra de arte.

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“Alfredo: Vivendo aqui dia após dia, você acha que é o centro do mundo. Você acredita que nada vai mudar. Então você sai: um ano, dois anos. Quando você voltar, tudo mudou. O fio está quebrado. O que veio a encontrar não está lá. O que foi o seu está desaparecido. Você tem que ir embora por um longo tempo … muitos anos … antes que você possa voltar e encontrar o seu povo. A terra onde nasceu. Mas agora, não. Não é possível. Agora você é mais cego do que eu.

Salvatore: Quem disse isso? Gary Cooper? James Stewart? Henry Fonda? Eh?

Alfredo: Não, Toto. Ninguém disse isso. Desta vez é sou eu. A vida não é como nos filmes. A vida … é muito mais difícil.”

 

 

FICHA TÉCNICA
Gênero: Drama

Direção: Giuseppe Tornatore

Roteiro: Giuseppe Tornatore, Vanna Paoli

Elenco: Agnese Nano, Antonella Attili, Enzo Cannavale, Isa Danieli, Jacques Perrin, Leo Gullotta, Leopoldo Trieste,Mario Leonardi, Philippe Noiret, Pupella Maggio, Salvatore Cascio

Produção: Franco Cristaldi, Giovanna Romagnoli, Mino Barbera

Fotografia: Blasco Giurato

Trilha Sonora: Andrea Morricone, Ennio Morricone

Filme: Tão Forte, Tão Perto

 

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“ARE YOU THERE? ARE YOU THERE? ARE YOU THERE?

Por Raquel Rocha

Oskar Schell (Thomas Horn) é um menino antissocial, que tem dificuldade em falar com as pessoas e ir a certos lugares. Seu pai é o único que o entende e ambos compartilham um mundo próprio, cheio de fantasia, investigação e descobertas. É uma forma do pai estimular o filho a pensar, tomar iniciativas e ter contato com o mundo.

Mas o pai de Oscar morre no atentado de 11 de setembro. O menino não aceita a perda do pai e vive como se sua vida estivesse suspensa.

Quase um ano após a tragédia, sentindo-se afundar num grande vazio Oscar decide buscar algo a que se agarrar. E encontra. Trata-se de uma chave, dentro de um envelope que por sua vez está dentro de um jarro azul onde está escrito “Black”.

O menino guarda essa chave como se ela fosse a única forma de sentir seu pai perto e resolve descobrir qual fechadura ela abre. Para isso ele planeja visitar 472 pessoas em Nova York que possui o sobrenome Black.

Extremely Loud And Incredibly Close  é um filme comovente sem ser piegas, um filme sobre a dedicação de um pai, a lealdade de um filho, o amor de uma mãe e uma grande busca.

Quotes

“Se o sol explodisse você nem perceberia por oito minutos. Esse é o tempo que demora para a luz viajar até nós. Por oito minutos o mundo estaria claro e ainda sentiríamos o calor. Fazia um ano da morte do meu pai e eu sentia que meus oito minutos com ele estavam se esgotando.”

Trailer

 

Ficha Técnica

Diretor: Stephen Daldry
Elenco: Tom Hanks, Sandra Bullock, John Goodman, Max von Sydow, James Gandolfini, Jeffrey Wright, Thomas Horn, Adrian Martinez, Zoe Caldwell, Gina Varvaro, Joseph McKenna, Griffin Newman, Chloe Elaine Scharf, Summer Valentine
Produção: Scott Rudin
Roteiro: Eric Roth
Fotografia: Chris Menges
Trilha Sonora: Nico Muhly
Duração: 129 min.
Ano: 2011
País: EUA

Quanto Mais Quente Melhor

 

 Por R@quel Rocha

Dois músicos desempregados (Jack Lemmon e Tony Curtis) acabam testemunhando uma chacina comandada por um gangster. Jurados de morte eles se travestem de mulheres e, utilizando os nomes de Josephine e Daphne, embarcam num trem para Miami junto com uma banda feminina. Na viagem eles conhecem a cantora Sugar Kane interpretada por Marilyn Monroe. Ambos se apaixonam por ela, mas precisam disfarçar o desejo e manter a postura feminina.

Dirigido por Billy Wilder, Some Like It Hot é uma comédia simples, mas espirituosa. Cenas hilárias de dois marmanjos tentando agir como damas e de Marilyn inocentemente íntima deles sem ter noção do quanto sua sensualidade os afeta. E eles repetem pra si mesmo “I’m a girl, I’m a girl, I’m a girl”. No período da lei seca, bebem juntos a noite na cama, brincando como meninas com a loira fatal debaixo dos lençóis. Para completar a comédia, um milionário (Joe E. Brown) se apaixona por Daphne e eles acabam encontrando o gangster do qual fugiam em Miami, exatamente no hotel em que vão tocar.

O filme é de 1959, mas ainda hoje funciona utilizando receitas que depois foram repetidas ao longo desses 50 anos. “Quanto Mais Quente Melhor” é um exemplo da capacidade mágica do cinema de provocar as mesmas sensações ao longo de décadas e claro, de eternizar a beleza de uma das atrizes mais deslumbrantes da história da sétima arte.

Meia Noite em Paris

 
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Por Raquel Rocha
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Um dos melhores filmes de Woody Allen. Midnight in Paris é encantador, nostálgico, culto, irretocável. Um filme que fala diretamente a alma humana, afinal quem nunca sentiu a estranha sensação de não pertencimento ao seu tempo e espaço? Quem nunca assistiu a um filme ou leu um livro antigo e não desejou ter vivido naquela época? Nesse filme Allen, um dos diretores mais psicanalíticos de todos os tempos, consegue mexer com o inconsciente, suas inquietações e vontades de forma absurdamente poética.

Gil Pender é um roteirista hollywoodiano frustrado que anseia por mergulhar fundo na literatura. Ele viaja a Paris com sua noiva e a família dela mas aos poucos ele vai se distanciando dessas pessoas e se aproximando cada vez mais da Paris dos seus sonhos e encontrando assim a oportunidade de entrega total a grande arte. No filme Wood Allen magicamente conduz seu personagem a Paris do passado e seu impossível encontro com Pablo Picasso, Salvador Dali, com os escritores Ernest Hemingway (Por Quem os Sinos Dobram), Scott Fitzgerald, Gertrud Stein, o músico Cole Porter, o cineasta Luis Buñuel e com sutis detalhes da arte de cada um.

Um mergulho na história que só seria possível numa cidade como Paris que preserva seu passado em cada rua, cada esquina, cada tijolo, cada cheiro No retrocesso tudo muda: os carros, os figurinos, a música. Somente Paris continua a mesma. Allen consegue transportar o personagem no tempo com uma sutileza incomum de forma que não causa nenhuma estranheza o personagem entrar num carro, voltar quase um século atrás e parecer que não tinha como ser diferente.

Allen e Paris combinam divinamente, em Meia Noite em Paris o diretor conseguiu fazer um recorte estético da cidade luz ainda mais incrível que em Todos Dizem Eu Te Amo. As primeiras cenas do filme constroem um cartão postal dos lugares mais lindos da capital francesa. Em uma das cenas o personagem lê num livro “Que Paris exista e que alguém possa escolher viver em qualquer outra parte do mundo será sempre um mistério para mim.”

A trilha sonora é perfeita, a atuação de Marion Cotillard é encantadora, aliais tudo no filme se encaixa lindamente.  Midnight in Paris é uma celebração à beleza, à literatura e, sobretudo, à arte de fazer cinema.

Trailer

 

Ficha Técnica
Diretor: Woody Allen
Elenco: Owen Wilson, Rachel McAdams, Kurt Fuller, Mimi Kennedy, Michael Sheen, Nina Arianda, Carla Bruni, Maurice Sonnenberg, Thierry Hancisse, Guillaume Gouix, Audrey Fleurot, Marie-Sohna Conde, Yves Heck, Alison Pill, Corey Stoll, Tom Hiddleston, Sonia Rolland, Daniel Lundh, Laurent Spielvogel, Thérèse Bourou-Rubinsztein, Kathy Bates, Marcial Di Fonzo Bo, Marion Cotillard, Léa Seydoux, Emmanuelle Uzan, Adrien Brody, Tom Cordier, Adrien de Van, Serge Bagdassarian, Gad Elmaleh, David Lowe, Yves-Antoine Spoto, Laurent Claret, Sava Lolov, Karine Vanasse, Catherine Benguigui, Vincent Menjou Cortes, Olivier Rabourdin, François Rostain, Marianne Basler, Michel Vuillermoz
Produção: Letty Aronson, Jaume Roures, Stephen Tenenbaum
Roteiro: Woody Allen
Fotografia: Darius Khondji
Trilha Sonora: Stephane Wrembel

Marnie- Confissões de uma Ladra

 

 

 

Por Raquel Rocha

Uma mulher caminhando de costas numa estação de trem, cabelos pretos, roupas sérias, uma mala e uma bolsa amarela.

Um banco que acaba de ser roubado por uma mulher que desapareceu.

Uma mulher num quarto de hotel. Ela coloca roupas novas dentro de uma mala, abre a bolsa amarela que está cheia de dinheiro e joga também dentro da mala. Em seguida ela troca a identidade e tira a tintura do cabelo, revelando ser loira. Nesse momento vemos o rosto dela pela primeira vez.

A mulher chega em um hotel fazenda todos a reconhecem e a tratam bem. Ela deixa as malas no quarto e sai para montar o seu cavalo, feliz com os cabelos soltos ao vento.

A mesma mulher chega na casa de sua mãe. Cabelos presos como uma boa moça. Demonstra ciúmes de uma garota de 10 anos da qual sua mãe toma conta. A mulher tenta agradar a mãe que se mostra fria e indiferente. Ela chega chega a sentar o chão e colocar a cabeça no colo da mãe, como um animalzinho carente mas sua mãe a repele.

É dessa forma que Hitchcock vai revelando aos poucos quem é Marnie, a protagonista de “Confissões de uma Ladra”. Uma mulher mistériosa, fascinante e cheia de problemas psicológicos.

Marnie (Tippi Hedren), com a nova identidade, começa a planejar mais um golpe e procura emprego nas empresas Rutland. O que ela não sabe é que o proprietário da empresa Mark (Sean Connery) era cliente do banco do golpe anterior e a reconhece. Ainda assim ele a contrata: “Sou um expectador interessado no show que vai se desenrorar.”

Ela se torna sua funcionária e ele se apaixona por ela. Ela rouba sua empresa, ele a captura e a obriga a se casar com ele caso não queira ir para a cadeia. O predador se rende a sua presa. Ele a prende mas também se torna prisioneiro pagando um preço alto para tê-la ao lado pois ele descobre que Marnie é frígida, é incapaz de sentir prazer em estar com um homem e se enoja com qualquer tentativa de carinho do marido.

Além de ladra e frígida Marnie também tem algumas fobias: ela não suporta a cor vermelha e entra em pânico quando começa uma tempestade. A noite tem pesadelos e chama pela mãe.  Além de marido, Mark tenta ser uma espécie de psicanalista da esposa, ele sabe que há algo errado com ela, por isso ler livros de psicanálise e tenta fazer com que ela fale do seu passado.

O que fez Marnie se tornar tão enigmática e perturbada? O que há por trás da cor vermelha? e dos trovões? e da sua cleptomania? E por que sua mãe a trata com tanta frieza? Essas perguntas não saem da cabeça do expectador, que quer descobri, assim como Mark quem é e o que aconteceu com Marnie.  É filme genial, desses que a gente não consegue parar de assistir e depois quer assistir de novo e de novo.

A produção do filme carrega consigo muitas histórias. Quem ia interpretar Manie era Grace Kelly mas ela acabou desistindo do papel. O roteirista foi demitido por se recusar a escrever uma cena de estupro e Hitchcock teve uma série de desentendimento com Tippi Hedren por quem ele mantinha uma paixão obsessiva desde Os Pássaros. Talvez por todos esses problema é que Marnie Confissões de uma Ladra seja tão fascinante.

Trailer 

 

 

Diretor: Alfred Hitchcock
Elenco: Tippi Hedren, Sean Connery, Diane Baker, Martin Gabel, Louise Latham, Bob Sweeney, Milton Selzer, Alan Napier, Henry Beckman, Edith Evanson, Mariette Hartley, Bruce Dern, S. John Launer, Meg Wyllie
Roteiro: Jay Presson Allen
Fotografia: Robert Burks
Trilha Sonora: Bernard Herrmann
Duração: 130 min.
Ano: 1964
País: EUA
Gênero: Suspense

Candelabro Italiano (1962)

 “Quanto se pode ser feliz?”

 Por Raquel Rocha

Prudence Bell é uma bibliotecária de New England que vive uma vida pacata e solitária. Ao emprestar um livro seu a uma aluna acaba sendo chamada atenção pela direção da escola que considera o material obsceno. Diante da situação Prudence se demite e declara: “Irei para onde sabem o que é o amor, para a Itália.” Embarca então em um navio para Roma, disposta a viver lá um grande  romance.

O filme não conta uma grande história. O óbvio acontece: em Roma ela encontra Don, um homem que acaba de ser abandonado pela namorada, está sozinho e sofrendo. Juntos eles exploram Roma e o interior da Itália, as artes e falam sobre seus sentimentos. É uma história romântica, inocente e bela na sua singeleza.

 O filme vale pelas lindas paisagens da Itália, pelos diálogos e pela música que nunca mais vai sair da sua cabeça “Al di la”. Por isso diferente do tradicional trailer, hoje deixo aqui a cena do filme que toca essa música e claro, a declaração a uma das cidades mais lindas do mundo.

 

“Roma não pode ser vista num dia, numa semana, num mês ou num ano”

 

 

Diretor: Delmer Daves
Elenco: Angie Dickinson, Troy Donahue, Suzane Pleshtte, Rossano Brazzi, Chad Everett, Hampton Fancher, Al Hirt, Constance Ford
Duração: 120 min.
Ano: 1962
País: EUA
Elenco

Troy Donahue ……. Don Porter
Angie Dickinson ……. Lyda Kent
Rossano Brazzi ……. Roberto Orlandi
Suzanne Pleshette ……. Prudence Bell
Constance Ford ……. Daisy Bronson
Al Hirt ……. Al Hirt
Hampton Fancher ……. Albert Stillwell
Iphigenie Castiglioni ……. Condessa

Amour

 

                                                                                                                                                                                                                 

 Por Raquel Rocha

Anne (Emmanuelle Riva) e Georges (Jean-Louis Trintignant) são um casal de aposentados. De gosto erudito, conservam o hábito de frequentar teatros e óperas. A história começa justamente no teatro Campos Eliseos com a câmera de frente para uma grande plateia. As pessoas chegando, se sentando, assistindo a apresentação, e não vemos o palco, somente a plateia e o casal octogenário em meio a todas aquelas pessoas.

Eles têm uma filha, mas vivem sozinhos, são independentes e tem uma relação de intensa cumplicidade. Tudo corre bem na rotina deles, até que Anne sofre um AVC e precisa fazer uma cirurgia. Vários planos do apartamento vazio à noite mostram que a vida de ambos nunca mais será a mesma.

Ao voltar do hospital, ela está com a parte direita do corpo paralisada, mas tenta conservar sua autonomia, fazer suas coisas sozinha e repetir o tempo todo que não está inválida.  Tendo consciência de sua condição degenerativa ela faz um pedido um tanto cruel pro marido: ”Prometa-me uma coisa. Por favor, nunca me leve de volta ao hospital.”

A partir desse momento vemos a personagem definhar, corpo e mente. Seu orgulho sendo ferido a cada agravamento da doença, a perda da capacidade de cuidar de si mesma, de controlar suas funções fisiológicas.  Anne não quer viver assim, o desejo de morrer está estampado em seus olhos e em seus gestos. Depois de perder o controle sobre seus movimentos, Anne perde também a lucidez. A filha quer interná-la, levá-la para um lar de idosos, mas Georges não permite, ele respeita a vontade da esposa mesmo quando ela não tem mais vontade. O casal tem uma dignidade peculiar.

O filme é de uma sensibilidade poucas vezes vista. É uma história triste, mas sentir a morte chegar aos poucos também é triste. Tem muitos momentos de silêncio, mas às vezes simplesmente não há o que ser dito. Planos longos, sequências arrastadas, mas é assim a velhice, a doença… ao nos sentirmos impotentes parece que o tempo teima em não passar.

“A história que eu conto é uma forma estética de ver esta promessa de amor”, declarou Michael Haneke, que também dirigiu “A Fita Branca” (Das weiße Band) e sempre se recusou a explicar seus filmes. Em Amour as palavras são mesmo desnecessárias.

 Amour (em português Amor, tradução altamente desnecessária) é um filme velho, um filme angustiante, mas é verdadeiro, dolorosamente verdadeiro, um filme que nos faz pensar, nos faz sentir, nos ensina a amar. É uma obra-prima.

“As coisas vão continuar, e um dia tudo vai acabar.”

 

O filme concorre ao Oscar nas categorias de melhor direção, melhor filme, melhor filme estrangeiro, roteiro original e melhor atriz. Emmanuelle Riva é a atriz mais velha a ser indicada a estatueta. Ela tá realmente espetacular no filme, mas acho que a interpretação máxima de Amour  é a de Jean-Louis Trintignant. As vezes ver o outro sofrendo é pior que sentir a dor.

 

Trailer

 

 

As aventuras de Pi

 

 Depois de Razão e Sensibilidade, O Tigre e o Dragão, Hulk, O Segredo de Brokeback Mountain e Aconteceu em Woodstock o cineasta Ang Lee mostra que sua versatilidade não tem limites com Life of Pi.

A história de Pi é contada por ele próprio a um escritor em busca de uma história para seu próximo livro. Pi é um garoto indiano que cresce em uma família diferente, com uma nova mentalidade: pais que acreditam mais na ciência que na religião. Para o pai de Pi religião é escuridão mas apesar disso ou por causa disso Pi é religioso. “Os deuses eram meus super-heróis enquanto eu crescia” ele conta para o escritor.

Pi não é apenas hindu, ele conhece o cristianismo ao entrar em uma igreja e ver a imagem de Cristo pregado na cruz. O padre explica: “Deus fez seus filho semelhante a nós humanos, para podermos compreendê-lo. Não podemos compreender Deus em toda sua perfeição mas podemos compreender o filho de Deus e seu sofrimento como se fosse nosso irmão.”  Não satisfeito o garoto se envolve com a religião muçulmana e diz sentir uma paz no contato com Alá. Durante o jantar o pai reclama que o filho não pode ter 3 religiões “Porque acreditar em tudo ao mesmo tempo é como não acreditar em nada.” Mas Pi tem uma personalidade singular, uma determinação incomum e uma vontade de vida que vamos descobrir no decorrer do filme.

Ao relatar o episódio do jantar para o escritor Pi conclui.

Pi- “A fé é uma casa de muitos quartos

Escritor- “E nenhum quarto para dúvida?”

Pi- “Claro, em todos os andares. A dúvida é útil, ela faz com que a fé fique viva.

No meio de tantas histórias fascinantes, inclusive a que explica o nome de Pi (que eu não vou contar pra não estragar a surpresa) uma crise bate a porta do jovem. A família de Pi tem um  zoológico por conta de algumas dificuldades o pai decide se mudar para o Canadá, embarcando num navio de carga com a família e todos os animais do zoológico. O navio naufraga numa grande tempestade e Pi consegue sobreviver em um pequeno barco junto com alguns animais. Um tigre, um orangotango, uma zebra de perna quebrada e uma hiena. A hiena mata a zebra a despeito das tentativas de Pi de impedir o ataque, em seguida a hiena mata também o orangotango e por último o tigre mata a hiena.

Restam no barco Pi e o tigre. Pi tem que descobrir como sobreviver, manter o tigre vivo e principalmente não ser devorado por ele. Nessa parte o filme se arrasta um pouco com uma sequência interminável de episódios de Pi fugindo do tigre, Pi tentando dominar o tigre, Pi alimentado o tigre e Pi fugindo do tigre novamente.  Pi passa a maior parte do tempo em uma jangada que é presa ao barco através de uma corda para poder se a distanciar da embarcação em que o grande animal carnívoro faminto se encontra.  Os acontecimentos se arrastam um pouco mas nós somos compensado com a fotografia é primorosa, nessa parte do filme encontramos as imagens mais bonitas do filme,  uma verdadeira obra-de-arte. De todos os concorrentes ao oscar esse é trabalho mais belo que eu vi.

Se Ang Lee se faz um tiquinho cansativo em meados na narrativa, depois ele consegue retomar todo caráter envolvente do início e fechar com chave de ouro. O final é surpreendente, desses quem nem todo mundo entende, mas quem entende se sente maravilhado com a experiência de ter assistido a essa obra surreal.

“Obrigado, Vishnu, por me apresentar a Cristo”

Trailer

Ficha técnica: Diretor: Ang Lee  -Elenco: Tobey Maguire, Irrfan Khan, Gérard Depardieu, Suraj Sharma, Adil Hussain, Ayush Tandon – Produção: Ang Lee, Gil Netter, David Womark – Roteiro: David Magee, baseado na novela Yann Martel- Fotografia: Claudio Miranda -Trilha Sonora: Mychael Danna – Duração: 129 min – Ano: 2012

  • Life of Pi recebeu 11 categorias no Oscar 2013, incluindo melhor filme, melhor direção, melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor fotografia.
  • Há uma discussão de que o filme é um plágio  a história  “Max e os Felinos”, do brasileiro Moacyr Scliar. As obras são bem semelhantes realmente.

A Indomável Sonhadora

 

Por Raquel Rocha

Na corrida para assistir todos os filmes indicados ao Oscar antes da grande cerimônia de premiação me deparei com Indomável Sonhadora (Beasts of the Southern Wild). Filme de baixo orçamento, do diretor estreante Benh Zeitlin.

O filme é narrado sob o olhar de uma menina de 6 anos Hushpuppy (Quvenzhané Wallis) que vive isolada numa ilha com o pai alcoólatra Wink (Dwight Henry). O lugar, que eles chamam de banheira, corre o risco de ser inundado a qualquer momento mas os moradores se recusam a sair de lá. Para piorar o pai de Hushpuppy está doente e não quer se tratar. Sabendo que vai morrer ele tenta explicar a filha o quanto a vida é dura e que ela precisa ser forte para sobreviver, ser forte quase como um selvagem. Mas a menina não ouve só as palavras duras do pai, ela tenta interpretar o mundo a sua maneira ouvindo os animais, as pedras e as plantas. “Sempre e em todo lugar, todos os corações batem e bombeiam e conversam de formas que não entendo.”

A ilha acaba sendo alagada numa referência a destruição provocada pelo furacão Katrina. Pai e filha permanecem lá, navegando num barco feito com a carroceria de uma camionete, a procura de outros moradores. Eles não pensam em sair da ilha alagada, nem se revoltam diante da catástrofe, simplesmente aceitam os fatos. Não era permitido chorar, apenas lutar para sobreviver.

É um filme surpreendente que foge do lugar comum das grandes produções mainstream. Denso na maior parte da narrativa com a câmera quase sempre em movimento dando ares de documentário a obra. Personagens reais, humanos até na desumanização provocada pela adversidade. Frequentemente vemos na TV notícias de regiões alagadas e junto com elas, notícias de saques a estabelecimentos comerciais, pessoas que não podem sair de suas casas por medo de roubarem suas coisas mesmo estando tudo embaixo da água. Em Indomável Sonhadora existe uma solidariedade incomum entre o moradores da banheira, que se ajudam e comemoram juntos a vida, por mais difícil que ela seja. Aliais, tudo nesse filme é incomum, principalmente a relação entre pai e filha, que por vezes parece rejeição, descaso, crueldade, mas que na verdade é uma relação de amor e proteção. “Todos perdem aquilo que os fez. É a lei da natureza. Os fortes ficam para ver, não fogem”

O filme recebeu quatro indicações ao Oscar 2013: melhor filme, diretor, atriz e roteiro. A pequena Quvenzhané Wallis agora com 9 anos é a mais jovem atriz a receber uma indicação ao Oscar, quebrando o recorde de Tatum O’Neal que foi indicada ao Oscar em 1973 com apenas 10 anos pelo filme Lua de Papel (Paper Moon) no qual ela contracenava com seu pai Ryan O’Neal. A diferença é que Tatum O’Neal levou a estatueta pra casa, coisa difícil de se repetir com Quvenzhané mas não impossível. De qualquer forma, com ou sem estatueta, a atuação da Indomável Sonhadora já é inesquecível.

Mais quotes/citação

“Os animais fortes sabem quando estão com o coração fraco.”

Ficha técnica: DIREÇÃO: Benh Zeitlin/ DURAÇÃO: 93 min /ROTEIRO: Lucy Alibar, Benh Zeitlin/ EDIÇÃO: Crockett Doob, Affonso Gonçalves/ FOTOGRAFIA: Ben Richardson

Elenco: Quvenzhané Wallis (Hushpuppy), Dwight Henry (Wink), Levy Easterly (Jean Battiste); Lowell Landes (Walrus); Pamela Harper (Little Jo)

 

 

Trailer

 

 





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