:: 1/out/2015 . 20:12
Ritmos, harmonias e dissonâncias das palavras em Cachoeira, na Flica 2015, a festa literária do Brasil
Aurélio Schommer
Escritores desejavam parecer músicos, que os limites das palavras fossem estendidos a distâncias tais que pudessem alcançar os ritmos e harmonias da suprema arte dos sons. Para tal nobre fim, sentiam-se limitados menos pelas palavras do que pela inevitável dissonância das ideias.
Pobres autores, desconsolados por tal incapacidade, tal inferioridade, agonisticamente seguem tentando vencê-la. Alcançarão alguma harmonia, algum ritmo digno de nota entre tantas notas dissonantes? Bem, a programação da Flica 2015 foi pensada para esse nobre fim, sem ilusões, pois as marcas das dissonâncias também são caras a essa festa literária, sempre o foram, agora mais.
Há ritmo, ditado pelo homenageado, prosador exímio em espichar o alcance das palavras às alturas, jornalista atento às dissonâncias próprias da verdade. Antônio Torres, o imortal brasileiro, orgulhosamente baiano, cosmopolita por vocação de berço e senso estético adquirido em longa e admirável trajetória. Na mesa de abertura, estará ao lado de um jornalista virtuose na captação do excruciante nos fatos, Igor Gielow, quanto ritmo na narrativa de Ariana, tragédias e redenções entrelaçadas.
Nos mitos, a representação plástica obtida do mosaico de palavras de resistência e fantasia, os “signos da cultura”, expressão “não sei que” da filosofia vertida em prosa afiada, para fins de narrativa histórica ou fantástica, mais cedo de Cacau Nascimento, signo da terra cachoeirana, e de Tâmis Parron, garimpeiro dos sinais e simbolismos da escravidão; mais tarde, já no sábado, André Vianco e Ana Beatriz Brandão, virtuoses do imaginário estendido, dos mitos “não sei nada”, mas se nada sei tudo posso criar.
Professar no sentido de “tomar o hábito”, vestir-se de prosador, no dia do professor (15) é ofício para os devotos das palavras, tão devotos quanto reconhecidos como tais. Num dia só Verônica Stiger, João Paulo Cuenca, Lima Trindade e Martha Medeiros. Professemos, no sentido de “fazer uso público de”, esses encontros devocionais, em duplo sentido, devotos eles do professar, devotos à mancheia na plateia.
Do lirismo dos sentimentos ao lirismo da guerra, do choque entre ressentidos irreconciliáveis, a sexta-feira vai de Clarissa Macedo e Rita Santana, a declamar em prosa falada ou poesia escrita na tradicional mesa de poesia by Flica, a Kamila Shamsie e Rodrigo Gurgel, dois prosadores que preferem o romance povoado de sentimentos aos piores sentimentos, mas não fogem da arena do argumento reto, na guerra entre Islã x Ocidente, ressentimentos de treze séculos ora agudizados, em mais uma mesa tradicional by Flica: choque de opostos.
Entremeando a sexta de opostos e harmônicos, a homenagem by Flica, que já celebrou de forma original Nelson Rodrigues e Jorge Amado (em 2012), ao exímio retratista baiano dos conflitos da saga grapiúna, uma das mais fantásticas sagas de todos os tempos, Adonias Filho, com especialistas (Carlos Ribeiro, Silmara Oliveira, Adonias Neto) na obra do imortalíssimo itajuipense, da terra da guerra do Sequeiro do Espinho, que faz parecer os atuais conflitos étnicos das periferias das capitais europeias coisa de gente mimada.
O sábado da Flica já era uma maratona: quatro mesas. Agora, são cinco, maratona pouca é bobagem. O fim dela já casamos no início deste texto: o encontro inédito da revelação Ana Beatriz com o experiente Vianco, de pai para filha? Veremos. O dia começa mesmo com Hansen Bahia, homem do mundo e de Cachoeira, um dos tantos a descobrir que em Cachoeira reside o mundo. Apresentam Hansen xilogravurasliteraturas Rubem Grillo, Antônio Costella e Evandro Sybine.
O Estado, esse monstro que nossa imaginação não só criou como implantou, se quer benfazejo. Benfazejo? Mariana Trigo acha que sim; Bruno Garschagen, que não. Ah, sim, eles acabam invertendo as posições, como Portugal e Brasil tantas vezes inverteram na história multissecular dos diálogos lusófonos. Em seguida, diálogos africanos para dizer das pontes entre Estado e globalismos étnicos, com Helon Habila, nigeriano que fala de perto aos americanos, e José Carlos Limeira, a avaliar as interações entre etnicidades brasileiras, africanas e americanas.
Retomando o tema da música, é a vez de John Philip Sousa. Não, o compositor de marchas nascido em Washington e morto em 1932, não estará na Flica. Mas é no seu ritmo, dissonâncias, instrumentos, harmonias, tudo tão vasto, com tantas influências, que se apresentam as americanas Sapphire e Meg Cabot, ao lado das brasileiras Lívia Natália e Paula Pimenta, tradição Flica do encontro dessas duas Américas a disputar mitos de criação (evocando Pocahontas e Caramuru, tema da edição 2011).
Sapphire, além de dramas de adolescentes abandonadas por qualquer sorte (quem não leu “Preciosa”?) e questões de gênero, estabelece com Lívia Natália uma das tantas pontes cachoeiranas afro-baianas-americanas, sem perder de vista a eleição metropolitana de 2016. Meg Cabot talvez tenha algo a dizer sobre isso também, mas Paula Pimenta há de chamá-la, para fechar a Flica, já no domingo, com o tema do amor, esse “não sei que” indefinido que faz os escritores alcançarem as alturas da música, ritmo, harmonia, em meio a dissonâncias sem fim, tudo muito by Flica.
(*)Aurélio Schommer é escritor, crítico literário, titular do Conselho Estadual de Cultura da Bahia curador da Flica,
Festival Multiarte mostra força cultural de Itabuna
A noite de abertura do VIII Festival Multiarte Firmino Rocha, que está sendo realizado pela Prefeitura de Itabuna, através da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC) foi marcada, principalmente, pelo alto nível de qualidade dos competidores. O festival se configura numa competição artística e com o propósito de promover o intercâmbio entre artistas e entusiastas da cultura de Itabuna e de outras cidades, nas modalidades Música, Fotografia, Dança, Artes Plásticas, Cinema, Poesia e Teatro. A primeira noite do festival esteve reservada para as apresentações musicais e essas chamaram muito a atenção do público e dos jurados, justamente pela excelência tanto dos cantores, quanto do repertório, quanto dos demais músicos. Uma das características do festival desse ano é a premiação das melhores apresentações (1º e 2º lugares) de cada categoria.
Ao fazer a abertura oficial do evento, o presidente da FICC, o professor Roberto José da Silva, destacou que o Festival Multiarte é um dos grandes impulsos culturais existentes em Itabuna, tal qual os outros projetos mantidos atualmente, a exemplo da Casa das Artes, do programa Viv-à-rte, o Arte Itinerante e o projeto Letras que Voam. Para ele, “o Multiarte é hoje o maior e mais completo evento cultural do Sul e do Extremo-sul da Bahia, pois coloca a cidade num diálogo direto com expressões artísticas de todo o estado e do Brasil. A tendência do Multiarte é evoluir e se transformar num dos festivais mais democráticos do país”, ratificou.
Também na abertura, o festival contou com a participação especial da Banda Municipal Falcões de Itabuna, fanfarra que também é mantida pela FICC e regida pelo maestro Vilobaldo da Conceição. A competição de música propriamente dita foi iniciada com a apresentação de Aldeni Araújo & Sexteto de Metais (Itabuna), que foi procedida pela de Eugênio Nobre (Itajuípe) e logo após pela de Júnior Alves (também de Itabuna). Todas as apresentações na perspectiva da Música Popular Brasileira (MPB).
Artes Plásticas
Além das apresentações musicais, já a partir da primeira noite das apresentações o público do Multiarte pode apreciar, admirar ou mesmo adquirir obras primas de artistas plásticos da região. Entre os expositores, submeteram-se ao crivo do festival artistas como Geilto Conceição, Deri Júnior, Nadja Alves, Letícia Leal, Aragão, Olga Natuchack e Cris Sena.
O Festival Multiarte prossegue nesta quinta-feira, 1, a partir das 16horas no Centro de Cultura Adonias Filho, com entrada franca. A programação oficial do evento pode ser conferida no site oficial da FICC: www.ficc.com.br
Governador discute ações com servidores da Polícia Civil

Uma reunião de trabalho na manhã desta quinta-feira (1) marcou a primeira visita do governador Rui Costa à sede da Polícia Civil do Estado da Bahia, em Salvador. No auditório da instituição, localizada na Praça da Piedade, Rui se reuniu com delegados, coordenadores de Regiões Integradas de Segurança Pública (Risp), representantes de departamentos de policiamento do interior e investigadores, com o objetivo de discutir questões ligadas à prevenção da violência e combate à criminalidade.
“Fiz questão de solicitar essa reunião para que todos envolvidos com as ações da Polícia Civil se apropriem e compartilhem o que está acontecendo nas cidades baianas. Estamos buscando melhorias na secretaria [da Segurança Pública], e para isso é importante que todos tenham clareza do anseio da população que é a garantia de segurança. Estamos no caminho certo”, afirma o governador.
Na oportunidade, Rui ouviu as principais demandas dos servidores, conferiu o contexto do policiamento na capital e no interior e conheceu os projetos de ações futuras de segurança pública.
Policial Militar propõe que namorada dope filhas para serem estupradas como “prova de amor”
Um policial militar da Paraiba foi afastado após assumir que propôs a namorada, em conversa pelo watshapp, que ela dopasse as duas filhas de e e 14 anos, para que ele pudesse estupra-las, como “prova de amor”.
A adolescente de 14 anos, ao ver as mensagens no celular da mãe, fez um print screen (cópia da conversa) e enviou para uma amiga, que colocou a denuncia das redes sociais.
O comandante do 14º Batalhão de Polícia Militar, major Rômulo Ferreira de Araújo lamentou o caso de disse que o policial pode ser excluído da corporação. O nome do PM e da namorada não foram divulgados.

Para João Carlos

Por Sonia Haas
“43 anos de desaparecimento
Este lugar carrega a tua história no seu próprio silencio, nas folhas paralisadas e nas raízes que invadem a terra.
O pó que vem do chão parece querer falar comigo, dizer o que não foi dito.
O Rio Araguaia baila com suas margens ao redor do tempo, e não nos deixa esquecer cada pedaço de vida que por ali ficou.
Cada raio de sol vem querer afagar meu rosto e dar o conforto que tanto espero.
E com esta saudade vou seguindo, carregando as histórias e juntando forças para lutar em honra aos nossos heróis, pela verdade e pela justiça.
JOÃO CARLOS HAAS SOBRINHO
* 24/06/1941 São Leopoldo-RS +30/09/1972 Xambioá Tocantins”
(*) Sonia é irmã de João, o Dr. Juca, um dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia, assassinado pela ditadura militar. O corpo do médico-guerrilheiro nunca foi encontrado.
Proposta orçamentária da Bahia para 2016 prevê aumento de 6,5%
O Projeto de Lei Orçamentária Anual da Bahia para 2016 prevê um aumento de 6,5% em relação ao orçamento deste ano. O documento foi entregue na tarde desta quarta-feira (30) pelo vice-governador e secretário do Planejamento, João Leão, ao presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo. A proposta orçamentária fixa as despesas para 2016 em R$ 42,6 bilhões, enquanto o valor para 2015 é de R$ 40 bilhões.
“Esta proposta reflete uma expectativa para a economia, tendo como base a conjuntura de 2015 e as possibilidades de crescimento para o próximo ano”, explicou João Leão. A previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) baiano para 2016 é de 1,9%, enquanto a estimativa brasileira é de 0,7%.
Essa expectativa de crescimento da economia baiana, de acordo com a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia vinculada à Secretaria do Planejamento do Estado (Seplan), é projetada com base na perspectiva de recuperação do nível de emprego, do crescimento de renda da população e do aumento dos investimentos em atividades importantes para o estado, a exemplo de mineração, energia eólica e infraestrutura, e também os investimentos em ferrovias, portos e aeroportos e agroindustriais, intensificando o processo de desconcentração territorial da renda.
CEEP AMEV Ilhéus promove III Feira de Saúde

O Centro Estadual de Educação Profissional em Gestão e Tecnologia da Informação Álvaro Melo Vieira (Ceep), em Ilhéus, a 460 km de Salvador, realizará nesta sexta-feira (02), a III Feira de Saúde. Vários serviços serão prestados à comunidade local, servindo para que os estudantes dos cursos técnicos aliem teoria e prática, podendo vivenciar situações da futura profissão.
A atividade terá como tema: “Plantando conhecimento, colhendo vida saudável”. Esta ação também faz parte do Educar para Transformar – um Pacto pela Educação que visa integrar escola-família e escola-comunidade.
O evento acontecerá na área de convivência do Ceep, localizado na Avenida Canavieiras, centro de Ilhéus. Dentre os serviços que serão prestados gratuitamente, estão orientações sobre higiene bucal, tipagem sanguínea, verificação de pressão arterial e glicemia, verificação do Índice de Massa Corpórea (IMC), orientação nutricional para hipertensos e diabéticos e palestra sobre prevenção sobre doenças sexualmente transmissíveis (DST/Aids).
Nova versão do aplicativo do Detran amplia serviços ao cidadão
Já está disponível para download a nova versão do aplicativo do Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran-BA), que amplia a oferta de serviços aos usuários dos sistemas operacionais Android e iOS. Pelo app Detran.BA Mobile, o cidadão pode solicitar a Permissão Internacional para Dirigir (PID) e a segunda via da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e do Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo (CLRV). Atendendo a sugestões de usuários, o Detran disponibiliza ainda a consulta a veículos suspeitos de roubo e com outras restrições, que estão na base de dados do Estado.
Lançado em agosto, o aplicativo do Detran registra a marca de quase 80 mil downloads. Além da solicitação de documentos do veículo e do condutor, o usuário pode consultar informações sobre a pontuação de multas, gravame, resultado de exames e simulado de prova teórica da Escola Pública de Trânsito. Para quem baixou o app e se cadastrou, o órgão envia avisos sobre o vencimento da habilitação, a situação do licenciamento anual do veículo e ocorrência de multas.
O órgão tem recebido por e-mail mensagens sobre o uso do aplicativo. “Sou comerciante aqui em Irecê e achei incrível acompanhar pelo smartphone os meus pontos na carteira. O Detran se modernizou”, escreveu André Oliveira. “Moro na periferia de Salvador e tenho dificuldade em me deslocar até o Detran. Agora ficou bem mais fácil, podendo acessar os serviços pelo celular”, contou Rita Maria Souza.
Segundo o diretor-geral do Detran, Maurício Bacelar, o app será atualizado periodicamente, com o objetivo de reduzir o atendimento presencial nos postos do órgão. “Vamos continuar investindo em tecnologia para que, em breve, o cidadão só precise ir ao Detran para fazer a biometria com foto e a vistoria do veículo”











