WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia
hanna thame fisioterapia animal

prefeitura itabuna sesab bahia shopping jequitiba livros do thame




Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

maio 2024
D S T Q Q S S
 1234
567891011
12131415161718
19202122232425
262728293031  


:: ‘Dr. Juca’

Ato Político reúne centenas em condenação ao golpismo e contra política de apaziguamento

Mais de 300 pessoas presenciaram o contundente ato Ato Político Nem esquecer, nem apaziguar: condenar o golpe militar ontem e hoje!, realizado pelo grupo A Nova Democracia,  no dia 25 de abril, no Salão Nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ. No YouTube, por transmissão simultânea, centenas de pessoas assistiram, somando mais de 1 mil visualizações. O Ato remarcou a condenação aos golpistas e criminosos de guerra de 1964 e do regime militar que se seguiu, e demarcou contra a política de apaziguamento, exigindo a imediata reinstalação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos do regime militar.

O diretor-geral e editor-chefe de AND, Victor C. Bellizia, sintetizou assim o Ato: “Este ato não é apenas uma contundente resposta ao golpismo. É isto também, porém é mais. Pensamos que aqui se demarca um campo político daqueles que se unificam na ideia de que é preciso barrar o crescimento e a ação da extrema-direita e do intervencionismo dos altos oficiais das Forças Armadas na vida política nacional”.

Ao longo de todo o evento, foram recolhidas dezenas de assinaturas de movimentos, entidades e personalidades presentes para a Moção Política Pela Reabertura da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos do regime militar.

Mesas discutiram o golpismo ontem e hoje

:: LEIA MAIS »

Ditadura Militar: lembrar sempre, pra não esquecer nunca

Depoimento de Sonia Haas, irmã do médico João Carlos Haas Sobrinho, o Dr. Juca, desaparecido na Guerrilheira do Araguaia, durante a Ditadura Militar.

O corpo de Juca nunca foi encontrado.

Setenta e cinco noites frias: João Carlos Haas Sobrinho

Sonia Haas

Rio Grande do Sul, São Leopoldo, 1941. Noite fria de São João. Nossa mãe, ansiosa, enfrentava a madrugada à espera da chegada do segundo filho.

Na rua Primeiro de março, número 514, a janela se entreabria e os raios da lua banhavam a sala pequena do sobrado dos Haas. Nosso pai, Ildefonso, católico que sempre foi, rezava para que a esposa Ilma Linck tivesse uma boa hora do parto. Contou-me ele, nos idos de 1980, quando conseguiu expor seus sentimentos em relação à história do filho desaparecido na ditadura, que nos primeiros momentos do ecoar do choro de João Carlos, uma luz forte entrou pela vidraça embaçada do quarto alertando: “Cuida bem deste teu filho, pois ele é especial.”

jocaJoão Carlos foi um menino alegre, tinha no olhar o brilho da liderança. Jogava futebol, organizava festas, brincava com os animais, ajudava a mãe a cozinhar, escrevia poemas e artigos no jornal da escola – um aluno nota dez, cheio de medalhas no peito. Fez-se homem e seguiu firme em busca de seus ideais, atitude difícil para a família entender. João Carlos escolheu a Medicina e ao longo do curso percebeu que esta escolha poderia conduzi-lo a algo maior: dedicar sua vida ao próximo. E assim seguiu, se afastando das ruas de nossa cidade.

Ficamos nós, familiares e amigos, navegando em um vazio de obscuridade.

Em 1966 ele deixou o nosso convívio, rompeu os limites de seu horizonte e pisou firme nos trilhos de um novo mundo, onde o homem estaria no centro, como majestade, livre e forte. Assim ele quis, assim sonhou e lutou, até tombar em 1972, na região do Araguaia.

As noites de 24 de junho sempre foram frias, porém, para nossa família, após 1966, foram ficando gélidas, carregadas de saudade e tristeza.

Na infância da rua Primeiro de março, havia bandeirinhas e fogos na noite de São João: era a comemoração da vida. Recordo o profundo silêncio que ficou após termos ciência de seu desaparecimento, em 1979, 7 anos após a sua morte. Em cada canto da casa parecia haver uma oração a acalentar a esperança de que era tudo um sonho, não era verdade. Mas a realidade veio batendo à nossa porta aos poucos, a cada notícia: o reencontro não aconteceria.

Nossa mãe silenciava sua dor na tristeza do olhar, em todos estes aniversários passados. Até 2001, quando nos deixou, sempre fazia uma encomenda: “Já mandei rezar a missa para o João, vamos?”, com voz embargada me ligava sempre, a cada ano, numa nostalgia ritmada pelo vazio sem respostas.

24 de junho de 2016: 75 anos de nascimento de um amigo do povo que não mediu esforços para cumprir sua missão. Seu Ildefonso e Dona Ilma partiram sem poder sepultar o filho que tanto amaram. Talvez porque, na verdade, ele esteja mais vivo do que nunca, entre nós. Não só na memória dos que com ele conviveram, como também em tantas homenagens que vieram depois. João Carlos Haas Sobrinho: Presente!

 Sônia Maria Haas  é  publicitária e  irmã de João Carlos

Para João Carlos

joao chão

Por Sonia Haas

joão“43 anos de desaparecimento

Este lugar carrega a tua história no seu próprio silencio, nas folhas paralisadas e nas raízes que invadem a terra.

O pó que vem do chão parece querer falar comigo, dizer o que não foi dito.

O Rio Araguaia baila com suas margens ao redor do tempo, e não nos deixa esquecer cada pedaço de vida que por ali ficou.

Cada raio de sol vem querer afagar meu rosto e dar o conforto que tanto espero.

E com esta saudade vou seguindo, carregando as histórias e juntando forças para lutar em honra aos nossos heróis, pela verdade e pela justiça.

JOÃO CARLOS HAAS SOBRINHO
* 24/06/1941 São Leopoldo-RS +30/09/1972 Xambioá Tocantins”

(*) Sonia é irmã de João, o Dr. Juca, um dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia, assassinado pela ditadura militar. O corpo do médico-guerrilheiro nunca foi encontrado.

Aos domingos, na esquina

Curta-metragem produzido por Sônia Maria Haas e integrante do filme colaborativo Um Golpe, 50 Olhares. O projeto organizado pelo grupo Criar Brasil e fomentado pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, por meio do Projeto Marcas da Memória, resgata a memória das vítimas e o horror da Ditadura Militar.

Sonia Haas é irmã do médico João Carlos Haas Sobrinho, o Dr. Juca, assassinado pelos militares durante a Guerrilha do Araguaia.

DOUTOR DO ARAGUAIA: UMA HISTÓRIA DE AMOR AO PAÍS E AO POVO





WebtivaHOSTING // webtiva.com.br . Webdesign da Bahia