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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

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:: ‘João Carlos Haas Sobrinho’

João Carlos Haas Sobrinho, Presente!

Sonia Haas

Era inverno, noite fria de São João.

24 de junho de 1941, nascia João Carlos Haas Sobrinho, na rua Primeiro de Março, em São Leopoldo.

Hoje, 83 anos de seu nascimento, celebro sua vida, com muito orgulho do ser humano bonito que ele foi, que ele é.

Até hoje seu nome faz lembrar a integridade, o profissionalismo e a solidariedade com que ele sempre se postou diante da vida.

Brindo por sua coragem, sua garra de viver e de pensar sempre no próximo, com amor e dedicação.

Esta cartinha veio de Porto Franco, escrita nos seus primeiros dias na região.

Lá em São Leopoldo, nós nem imaginávamos onde ele estava.

Era o ano de 1967 e ele já havia deixado o Rio Grande do Sul em janeiro de 1966.

Já li e reli esta cartinha dezenas de vezes, leio linhas, palavras, traços…interpreto a saudade e o afeto postos em letras.

Neste período tudo estava iniciando e aos poucos o João ficava mais distante de nós.

Longe daquele meu sonho de correr pro seu abraço, no próximo encontro.

Hoje, quando completa 83 anos de seu nascimento, só tenho a agradecer por sua vida, seu legado e pelas sementes plantadas.

As flores já se abriram e os frutos estão espalhados por aí.

P.S.: ele lembra da madrinha Olívia Linck e da Ema, que cuidava da nossa casa.

Ato Político reúne centenas em condenação ao golpismo e contra política de apaziguamento

Mais de 300 pessoas presenciaram o contundente ato Ato Político Nem esquecer, nem apaziguar: condenar o golpe militar ontem e hoje!, realizado pelo grupo A Nova Democracia,  no dia 25 de abril, no Salão Nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ. No YouTube, por transmissão simultânea, centenas de pessoas assistiram, somando mais de 1 mil visualizações. O Ato remarcou a condenação aos golpistas e criminosos de guerra de 1964 e do regime militar que se seguiu, e demarcou contra a política de apaziguamento, exigindo a imediata reinstalação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos do regime militar.

O diretor-geral e editor-chefe de AND, Victor C. Bellizia, sintetizou assim o Ato: “Este ato não é apenas uma contundente resposta ao golpismo. É isto também, porém é mais. Pensamos que aqui se demarca um campo político daqueles que se unificam na ideia de que é preciso barrar o crescimento e a ação da extrema-direita e do intervencionismo dos altos oficiais das Forças Armadas na vida política nacional”.

Ao longo de todo o evento, foram recolhidas dezenas de assinaturas de movimentos, entidades e personalidades presentes para a Moção Política Pela Reabertura da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos do regime militar.

Mesas discutiram o golpismo ontem e hoje

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Lançamento de revista “Dr. Araguaia” marca 50 anos do desaparecimento de João Carlos Haas Sobrinho

 

 

No dia 30 de setembro, às 20 horas, vai ocorrer a transmissão ao vivo: João Carlos Haas Sobrinho, 50 anos de saudades, 50 anos sem respostas. O evento marcar a data do desaparecimento do médico e guerrilheiro do Araguaia. Nesta data também será lançada a pré-venda da revista de história em quadrinhos “Dr Araguaia”, de Diego Moreira e Gabriel Kolbe, pela editora Alameda.

A live terá convidados especiais e poderá ser assistida no canal de Sonia Maria Haas e da TV Grabois, no Youtube.

A história do médico João Carlos Haas Sobrinho ou “Dr. Juca”, conta da coragem do jovem que integrou a guerrilha do Araguaia para combater a ditadura militar. Morto e desaparecido, sua história está viva na memória da região.

Os familiares de desaparecidos não esquecem seus parentes guerrilheiros e vivem esta ausência sem respostas e sem poder enterrar seus mortos. Eles protestam contra o desmantelamento dos órgãos e das iniciativas ligadas à justiça de transição e aos direitos humanos no atual governo.

O evento tem o apoio do PCdoB de São Leopoldo, da Fundação Maurício Grabois/RS, da Editora Alameda e da Associação de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD).

Vakinha virtual arrecada para revista em quadrinhos com a história do Dr. Juca

A trajetória do médico gaúcho João Carlos Haas Sobrinho será contada numa Revista em Quadrinhos com o nome de Dr. Araguaia. O projeto é de autoria de Diego Moreira, 38anos, nascido na mesma cidade em que o jovem médico, morto aos 31 anos pela ditadura militar, também mereceu um busto em praça pública.

A irmã de João Carlos, Dr Juca na Guerrilha do Araguaia, Sonia Haas está organizando uma arrecadação no site vakinha: ID 21 83 170, para viabilizar todo o projeto gráfico e acabamentos. Diego se inspirou na figura forte do médico e no seu papel comunitário exercido na região da Amazônia, e desde 2011 traça seu sonho.

https://www.vakinha.com.br/vaquinha/projeto-revista-quadrinhos-dr-araguaia

De Sonia para João..

 

joao carlos

Meu irmão,

Teu olhar me transporta a um tempo que não vivi, a sonhos que não sonhei, a horizontes que não vislumbrei.

Teu sorriso me traz serenidade, me diz que cada passo teu deixou pegadas inesquecíveis e que jogaste as sementes no lugar mais fértil que havia.

Teu exemplo deixou para todos nós a lição do amor ao próximo e a esperança de um mundo melhor.

Tua história é vida e assim se multiplica. E segues vivo em cada um de nós.

Sônia Haas

João Carlos Haas Sobrinho, Presente!!

Busto em frente à prefeitura de São Leopoldo  (RS),  feito pelo escultor Frasson.(Foto by Suzi Whonghon.)

Busto em frente à prefeitura de São Leopoldo (RS), feito pelo escultor Frasson.(Foto by Suzi Whonghon.)

Estar ao lado do João, é me sentir mais forte e saber que estou no caminho certo.

 

 

A cada abraço, sorriso e palavra de cumplicidade que recebo, sinto que ele deixou marcas indeléveis por onde passou.

 

 
Hoje completaria 78 anos, nasceu no dia de São João, o que minha mãe sempre achou muito bonito.

 

 
Depois que tivemos certeza de seu desaparecimento e morte, ocorrida por volta do dia 30 de setembro de 1972, segundo relatos, todo dia 24 de junho ela mandava rezar uma missa, era um momento de conforto para aquele vazio que a cada ano fica maior.

 

 
Nossos pais faleceram sem poder sepultar dignamente o filho que tanto amaram, eles se foram sem ter respostas. E assim seguimos até hoje.
Escrevo sobre nossa dor porque ela se iguala a tantas outras dores de famílias que perdem filhos, filhas, pais, mães nas violências que nos rondam pela vida de hoje. É duro, meus amigos.

 

 
Escrevo para que todos lutem por mais igualdade, por justiça, por não preconceito, por não fobias, por não racismo!

 

 
Pela vida dos que já se foram lutando, lutemos também.

 

 
João Carlos Haas Sobrinho, Presente!!

Ditadura Militar: lembrar sempre, pra não esquecer nunca

Depoimento de Sonia Haas, irmã do médico João Carlos Haas Sobrinho, o Dr. Juca, desaparecido na Guerrilheira do Araguaia, durante a Ditadura Militar.

O corpo de Juca nunca foi encontrado.

Setenta e cinco noites frias: João Carlos Haas Sobrinho

Sonia Haas

Rio Grande do Sul, São Leopoldo, 1941. Noite fria de São João. Nossa mãe, ansiosa, enfrentava a madrugada à espera da chegada do segundo filho.

Na rua Primeiro de março, número 514, a janela se entreabria e os raios da lua banhavam a sala pequena do sobrado dos Haas. Nosso pai, Ildefonso, católico que sempre foi, rezava para que a esposa Ilma Linck tivesse uma boa hora do parto. Contou-me ele, nos idos de 1980, quando conseguiu expor seus sentimentos em relação à história do filho desaparecido na ditadura, que nos primeiros momentos do ecoar do choro de João Carlos, uma luz forte entrou pela vidraça embaçada do quarto alertando: “Cuida bem deste teu filho, pois ele é especial.”

jocaJoão Carlos foi um menino alegre, tinha no olhar o brilho da liderança. Jogava futebol, organizava festas, brincava com os animais, ajudava a mãe a cozinhar, escrevia poemas e artigos no jornal da escola – um aluno nota dez, cheio de medalhas no peito. Fez-se homem e seguiu firme em busca de seus ideais, atitude difícil para a família entender. João Carlos escolheu a Medicina e ao longo do curso percebeu que esta escolha poderia conduzi-lo a algo maior: dedicar sua vida ao próximo. E assim seguiu, se afastando das ruas de nossa cidade.

Ficamos nós, familiares e amigos, navegando em um vazio de obscuridade.

Em 1966 ele deixou o nosso convívio, rompeu os limites de seu horizonte e pisou firme nos trilhos de um novo mundo, onde o homem estaria no centro, como majestade, livre e forte. Assim ele quis, assim sonhou e lutou, até tombar em 1972, na região do Araguaia.

As noites de 24 de junho sempre foram frias, porém, para nossa família, após 1966, foram ficando gélidas, carregadas de saudade e tristeza.

Na infância da rua Primeiro de março, havia bandeirinhas e fogos na noite de São João: era a comemoração da vida. Recordo o profundo silêncio que ficou após termos ciência de seu desaparecimento, em 1979, 7 anos após a sua morte. Em cada canto da casa parecia haver uma oração a acalentar a esperança de que era tudo um sonho, não era verdade. Mas a realidade veio batendo à nossa porta aos poucos, a cada notícia: o reencontro não aconteceria.

Nossa mãe silenciava sua dor na tristeza do olhar, em todos estes aniversários passados. Até 2001, quando nos deixou, sempre fazia uma encomenda: “Já mandei rezar a missa para o João, vamos?”, com voz embargada me ligava sempre, a cada ano, numa nostalgia ritmada pelo vazio sem respostas.

24 de junho de 2016: 75 anos de nascimento de um amigo do povo que não mediu esforços para cumprir sua missão. Seu Ildefonso e Dona Ilma partiram sem poder sepultar o filho que tanto amaram. Talvez porque, na verdade, ele esteja mais vivo do que nunca, entre nós. Não só na memória dos que com ele conviveram, como também em tantas homenagens que vieram depois. João Carlos Haas Sobrinho: Presente!

 Sônia Maria Haas  é  publicitária e  irmã de João Carlos

Para João Carlos

joao chão

Por Sonia Haas

joão“43 anos de desaparecimento

Este lugar carrega a tua história no seu próprio silencio, nas folhas paralisadas e nas raízes que invadem a terra.

O pó que vem do chão parece querer falar comigo, dizer o que não foi dito.

O Rio Araguaia baila com suas margens ao redor do tempo, e não nos deixa esquecer cada pedaço de vida que por ali ficou.

Cada raio de sol vem querer afagar meu rosto e dar o conforto que tanto espero.

E com esta saudade vou seguindo, carregando as histórias e juntando forças para lutar em honra aos nossos heróis, pela verdade e pela justiça.

JOÃO CARLOS HAAS SOBRINHO
* 24/06/1941 São Leopoldo-RS +30/09/1972 Xambioá Tocantins”

(*) Sonia é irmã de João, o Dr. Juca, um dos desaparecidos na Guerrilha do Araguaia, assassinado pela ditadura militar. O corpo do médico-guerrilheiro nunca foi encontrado.

Guerrilha do Araguaia: lições de João Carlos Haas Sobrinho

Por Osvaldo Bertolino, na revista Grabois

joão 6

Porto Franco, no Sul do Estado do Maranhão, é uma cidade singular. Foi essa a impressão que tive ao chegar lá na tarde ensolarada do domingo (30/05/2011) para acompanhar as homenagens ao guerrilheiro do Araguaia João Carlos Haas Sobrinho, o médico que morou ali por quase dois anos no final da década de 1960. Situada a mais de cem quilômetros de Imperatriz, a cidade pólo da região, Porto Franco impressiona pela organização, limpeza e hospitalidade.

Instalado em um modesto hotel — onde já estavam Sônia Haas, irmã de João Carlos, e Nelson Sales, presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em São Leopoldo (RS), a cidade natal do médico —, fui recepcionado pelo secretário de Cultura, Vaner Marinho. A primeira visita foi à rua onde o “doutor João Carlos” — como é conhecido em Porto Franco e região — morou, em frente à antiga residência de Maurício Grabois (seu Mário), Elza Monnerat (dona Lúcia), Gilberto Olímpio (Gilberto) e André Grabois (Zé Carlos).

A vizinhança logo começou a descrever passagens em que o “doutor João Carlos” se destacou pela solidariedade e dedicação ao povo da região. Os relatos deram conta de um jovem desprendido, ousado e educado, que rapidamente conquistou a confiança de todos. Em duas residências que visitamos, os vizinhos se revezam para responder às perguntas do ansioso repórter e dos demais visitantes que queriam saber detalhes da convivência com os que seriam guerrilheiros do Araguaia.

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