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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

abril 2024
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:: ‘Naomar Almeida Filho’

Crônicas de um Golpe na UFSB (3)

Naomar Almeida Filho

 naomarAmo as palavras. Respeito a palavra. A palavra compromisso, por exemplo. Uma promessa que se faz, com outros, para outros, a si mesmo. Prometemos algo com alguém para alguém: nos comprometemos, pode ser com um grupo para uma coletividade. A com-promessa implica confiança e uma palavra de honra. Desonrada fica a pessoa que não cumpre seu compromisso, não honra sua promessa. Isso vale para a vida pessoal e social, tanto quanto deveria valer para a política, principalmente a pequena política de cada dia.

A Carta de Fundação da UFSB foi escrita numa pequena pousada na estrada de Itacaré, ao norte de Ilhéus, entre 17 e 20 de setembro de 2013, por dezessete professores da UFBA, por mim convidados para compartilhar a construção da UFSB, nossa protopia de uma universidade socialmente referenciada. Foram quatro dias de foco quase total, imersão rica e produtiva, após um mês de reuniões preparatórias realizadas no escritório de Salvador. Andando cedo na praia de areia escura, no café da manhã, nos animados grupos de discussão, à noite no jantar, revendo as anotações do dia. Debates acalorados e entusiasmados, palavra a palavra.

Tínhamos consciência da importância de nossa tarefa de construir conceitos fundantes. Esgotávamos todos os argumentos, nos ouvíamos com paciência e respeito num processo tranquilo. Em nenhum momento foi necessário votar. Lembro-me especialmente da discussão para inclusão da palavra alegria, proposta por Denise Coutinho, que para alguns parecia pouco acadêmica; foram convencidos pela pressão carinhosa principalmente das mulheres, lideradas por Fátima Tavares. Os relatores trabalhavam com entusiasmo e dedicação: recordo e destaco Robson Magalhães, voluntário que não tinha cargo de gestão, atento, registrando todos os detalhes. Muita energia positiva, em suma. Poucas vezes em minha vida estive num ambiente tão fraterno, tão produtivo intelectualmente.

O primeiro Conselho Universitário da UFSB reuniu-se na sede provisória da reitoria, no Campus Jorge Amado, no final do dia 20 de setembro de 2013, uma sexta-feira que começou ensolarada. Na ampla convocação, propus uma pauta de puro simbolismo: instalação do Conselho Universitário Matriz para apreciação da Carta de Fundação da Universidade Federal do Sul da Bahia. Fomos direto da pousada, após os derradeiros retoques no texto e a checagem dos últimos detalhes do evento. Ao chegar, notamos centenas de carros estacionados dentro e fora do pátio, no acostamento da rodovia. O átrio estava lotado. As fotos do evento mostram uma multidão transbordando porta afora. Lideranças políticas, autoridades, militantes de movimentos sociais, muita gente do povo (como se diz no interior da Bahia).

O Governador Jaques Wagner presidiu a sessão, numa mesa solene composta por ele, pelo então Prefeito de Itabuna, Claudevane Leite, pela Senadora Lídice da Mata, pela Reitora Dora Leal Rosa (a UFBA era nossa instituição-tutora) e por mim. Os parlamentares eram tantos, de todos os níveis de representação legislativa, que estendemos simbolicamente a mesa solene, incluindo ainda prefeitos de praticamente toda a região grapiúna e reitores/as de todas as universidades baianas. O Governador me passou a “condução dos trabalhos” (acho bem engraçada esta expressão), fiz uma chamada nominal dos membros do Conselho Universitário Matriz e formalmente dei posse a cada um, listados nos documentos posteriormente publicados.

Coube a Sebastião Loureiro, militante da Reforma Sanitária Brasileira, ex-Presidente da Abrasco, a leitura da Carta. Professor emérito do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, meu mentor e companheiro de muitas lutas, fora convidado a colaborar com nosso projeto assumindo o primeiro decanato do Centro de Formação em Saúde. Visivelmente emocionado, com a voz embargada, mas segura e firme, Sebastião leu bem devagar o nosso curto documento-compromisso, palavra a palavra. Ainda mais elegante do que era sempre, o decano dos nossos decanos finalizou sua leitura. Nesse momento, o silêncio era profundo e denso; mesmo os cabos eleitorais, apoiadores das comitivas e curiosos que costumam ficar de pé no fundo dos eventos para tagarelar, calaram-se. Aplausos explodiram, por vários minutos, todos de pé. Fiquei arrepiado. Saí de onde estava, na ponta da mesa, e fui dar um abraço no meu professor Sebastião. O Governador Wagner veio junto e fez o mesmo. Recompusemos a mesa e submetemos uma moção de aprovação do documento por aclamação. A ata foi lida, assinada por todos os membros do Conselho, a sessão foi encerrada, as autoridades e suas comitivas se despediram, o Governador embarcou no helicóptero que aterrissara no campo ao lado da sede da Reitoria e nós, meio atônitos, no buffet que o cerimonial da governadoria havia instalado no pavilhão ainda vazio, ficamos conversando, sorrindo, alegres, empolgados, cheios de confiança, celebrando nosso primeiro e mais profundo compromisso.

A Carta de Fundação representa um compromisso de múltiplas dimensões. Primeiro, uma com-promessa pessoal mútua, de cada membro para a equipe fraterna, geradora deste projeto de Universidade. Segundo compromisso: uma com-promessa institucional, daquele coletivo inicial para o Conselho Superior matriz desta Universidade. E um terceiro compromisso: o de uma instituição social promissora que nascia, com-prometida à sociedade do território que a aconchegava. Por último, um compromisso histórico: com a transformação da educação superior brasileira, reafirmando a ideia-potência de uma universidade anisiana, de fato popular, mas sem perder a competência jamais.

Abordarei em mais detalhe a questão do compromisso social quando contar a história dos bloqueios ao Conselho Estratégico Social, dos boicotes ao Fórum Social e da sabotagem ao Congresso Geral da UFSB. O tema do compromisso histórico atravessará várias crônicas, algumas duramente críticas, outras docemente esperançosas, quando escrever sobre Diálogo, Recuperação, Luta e Esperança.

Adoro palavras. Acho até que inventei uma: mais que utopia, protopia (vejam no google). Além desse gosto, respeito muito a palavra. Respeito quem honra a palavra. Compromisso, é isso aí.

Crônicas de um golpe na UFSB

Naomar Almeida Filho

naomarNa Carta Aberta, afirmei que, reiterando um padrão pessoal de gestão pública, ao assumir a reitoria da UFSB, concentrei-me em aspectos conceituais, políticos e pedagógicos do projeto, delegando a dirigentes de minha confiança a dimensão administrativa, particularmente o gerenciamento do cotidiano e a gestão de pessoas.

A iniciativa de descentralizar a gestão administrativa foi sempre meu estilo de gestor público, desde a criação do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, no início dos anos 1990. Foi assim que cumpri dois mandatos de reitorado (2002-2006; 2006-2010) na UFBA, tendo Francisco Mesquita como Vice-Reitor. Em total confiança, na UFBA, o Vice-Reitor se responsabilizava pela gestão financeira, patrimonial e contábil da instituição, além do gerenciamento do cotidiano burocrático coordenando a equipe de gestores das pro-reitorias e assessorias.

Na UFBA, aprendi que o ofício de Reitor demanda uma agenda fluida e flexível, com certa dose de quase-ubiquidade, onde as janelas de oportunidades se abrem e fecham com rapidez, em cenários definidores que se apresentam borrosos em distintos lugares e tempos. Para exercer esse cargo com o mínimo de eficiência e criatividade, é absolutamente imprescindível a capacidade de delegar poderes e tarefas, desse modo dependendo, em todos os aspectos, do fator confiança. Somente dessa forma, poderia ficar mais dedicado à governança política e à liderança acadêmica, livre para realizar estudos preparatórios, prospecção de ideias, concepção de propostas, organização de eventos, elaboração sobre aspectos conceituais e pedagógicos do projeto institucional, soluções de gestão acadêmica, representação institucional, contatos externos, busca de apoios políticos, captação de financiamentos, diplomacia universitária etc.

Na UFSB, não foi diferente. Tão logo começamos a exercer algum grau de autonomia administrativa perante a instituição tutora (que era a UFBA), deleguei plenos poderes de gestão à Vice-Reitora Joana Angélica Guimarães. Vejam por exemplo, em anexo, a procuração registrada na Superintendência da Receita Federal no início de 2015, essencial para a gestão financeira da UFSB.

À medida em que recebia autorização de senhas e chaves (chamadas tokens) necessárias para acessar os sistemas de gestão da rede administrativa federal, descentralizava atribuições e competências para membros da equipe central de gestão. Como Pró-Reitor de Planejamento e Administração, Francisco Mesquita responsabilizava-se pela gestão financeira, patrimonial e contábil da instituição. Além de apoiar a dimensão administrativa da gestão e estar a postos para me substituir em impedimentos e eventualidades, a Vice-Reitora Joana Guimarães se responsabilizava pela gestão de pessoal, principalmente redistribuições, nomeações, contratações e movimentação de docentes e servidores técnico-administrativos. Os outros pró-reitores – Raimundo Macedo na PROTIC (Pró-Reitoria de Tecnologia de Informação e Comunicação), Rogério Quintela, Joel Felipe e Fabiana Costa na PROSIS (Pró-Reitoria de Sustentabilidade e Integração Social) e Tereza Barbosa, Ricardo Kalid, Jeane Almeida, Márcio Florentino e Daniel Puig na PROGEAC (Pró-Reitoria de Gestão Acadêmica) – igualmente gozavam de plena autonomia para montar suas próprias equipes, preencher cargos, gerir processos, produzir soluções e atender demandas em suas respectivas áreas de atuação. Num clima ideal de confiança, essa autonomia se relativizaria no compartilhamento da responsabilidade, sendo o Conselho de Gestão a instância competente para dar a necessária consistência e harmonia ao trabalho coletivo da equipe dirigente.

Antes de concluir esta primeira crônica, devo fazer um comentário que julgo pertinente. Confiança aqui não se refere somente ao registro subjetivo, no plano moral individual, como elemento de uma ética pessoal, de certo modo equivalente a honestidade e integridade. Para mim, trata-se mais de uma questão de ética social e política; ética social porque implica comprometer-se ativamente com a melhoria do vínculo social que nos une e viabiliza nosso bem-viver; ética política na medida em que faz da confiança um importante elemento de transformação social e institucional a partir de projetos coletivos, efetivamente compartilhados.

Na sociedade brasileira atual, marcada por relações sociais e humanas sobredeterminadas numa estrutura econômica e política de raiz escravocrata, definida por desigualdades e injustiças, infelizmente parece predominar uma cultura de violência e intolerância. Esse contexto social condiciona diretamente a organização do serviço público, submetido a mecanismos de controle institucional e jurídico fundados numa lógica perversa de suspeição e desconfiança. Na concepção de gestão que me orienta (e que eu acreditava que nos orientaria), confiança constitui fundamento de cultura institucional imprescindível a uma nova eficiência, necessária à instituição pública baseada em criação e inovação, sobretudo quando se trata de fomentar novos modelos de gestão para consolidar novos modelos de universidade, o que seria o nosso caso.

Mas, infelizmente, não foi isso o que ocorreu…

Centro para desenvolvimento do cacau é lançado no Sul da Bahia

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Para inovar e fortalecer a cadeira produtiva do cacau e chocolate no sul da Bahia, foi lançado nesta sexta-feira (10) o Parque Científico e Tecnológico do Sul da Bahia (PCTSul). Durante o evento no campus da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), localizado na rodovia Ilhéus-Itabuna, foi inaugurado o Centro de Inovação do Cacau, primeira iniciativa do Parque que surge para fortalecer a região cacaueira.

centro 2O parque é resultado da união de esforços da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), Universidade Federal do Sul da Bahia, Ceplac, IFBA, IFBaiano, secretarias estaduais de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e Desenvolvimento Econômico (SDE). Com foco na criação e inovação da cadeia produtiva do cacau e chocolate no sul da Bahia, a previsão é que a estrutura receba investimentos da ordem de R$ 6,5 milhões até 2019. Foram três anos de estudos para o desenvolvimento do projeto da unidade, que irá auxiliar ainda na qualificação dos ensinos técnico e superior da região.centro 3

As primeiras operações do PCTSul terão como foco a cadeia produtiva do cacau, através de um Centro Integrado de Inteligência e Inovação que se dedicará à realização de análises físico-químicas, com foco na melhora da produtividade, centro 4qualidade e rastreabilidade das amêndoas, viabilizando o fortalecimento da inserção do cacau baiano nos circuitos produtores de chocolates finos e de origem.

A reitora da Uesc, Adélia Carvalho, disse que “o Centro de Inovação do Cacau é um pontapé inicial para as atividades do parque. O Centro já está sendo um importante apoio para a cadeia produtiva do cacau, visando a sua qualificação e a inovação da cadeia como um todo.”

Para o reitor da Universidade Federal do Sul da Bahia, Naomar Almeida, o objetivo maior é redinamizar a economia da região, aplicando tecnologia para aumentar a produtividade.

Também presente ao evento, o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Jaques Wagner, destacou a importância do trabalho conjunto para a criação do empreendimento. “Acho importante registrar que o Parque é uma integração entre instituições públicas federais, estaduais, universidades e da iniciativa privada. O que muito me alegra é o fato de haver um conjunto de empresas privadas que se associam e sabem que esse é o melhor caminho. Somos o único país do mundo em condições de ir do fruto ao produto, então temos que agregar valor na produção do chocolate”. (Fotos: Daniel Thame/GOVBA)





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