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MULHERES DA LAGOA ENCANTADA PARTICIPAM DE OFICINA DE ARTESANATO
“Cipó caboco”, “imbé” e “baba de velho” são apenas alguns dos materiais da natureza, recolhidos da mata existente no entorno da comunidade de Areias, na Lagoa Encantada, em Ilhéus, por aproximadamente 30 mulheres que estão participando da Oficina de Artesanato que acontece regularmente desde fevereiro e com prazo para encerramento em setembro de 2012. A atividade é ministrada pela facilitadora Maria de Lourdes de Souza Barreto e tem o objetivo de aumentar a geração de renda familiar, além de conscientizar a população sobre a necessidade de reclicagem, como forma de promover o desenvolvimento sustentável local. A maioria das mulheres é mãe, esposa ou filha de pescador. Muitas são marisqueiras. “A renda da pescaria não é suficiente e nós temos que aprender a fazer alguma atividade que ajude no orçamento”, diz Ivonete Silva Santos. Ela já pensando alto e pretende formar, após a oficina, um núcleo de produção de artesanato local, aproveitando o potencial turístico da Lagoa Encantada.
“É justamente isso que queremos”, afirma a instrutora Maria de Lourdes. Segundo ela, existem outras alunas que também estão muito interessadas e “aprendendo rápido”. A oficina é promovida pela empresa AF Ambiental, por intermédio de um projeto socioambiental patrocinado pela Petrobras e que acontece, também, em outros municípios da Área de Proteção Ambiental da Lagoa Encantada e Rio Almada. Tem o apoio local da Associação Lagoa Encantada Cidadania e Turismo Sustentável – Lects. Joélia Sampaio, Coordenadora Técnica do Projeto ressaltou que todo o material produzido estará reunido numa exposição com data ainda a ser marcada, no próximo semestre. “Será um grande sucesso” garante.
PORTO NO SUL DA BAHIA OPÕE TURISMO E EXPORTAÇÃO
Por Daniel Rittner (Valor Econômico) | De Ilhéus
A construção de um megacomplexo portuário em Ilhéus, em Aritaguá (foto), com investimento estimado em R$ 3,5 bilhões e 1,8 mil hectares de área total, gera a esperança de redenção à cidade que há mais de duas décadas assiste ao desmoronamento da “civilização do cacau” e às tentativas fracassadas de recuperar a glória do passado. Mas o projeto do Porto Sul da Bahia também assusta uma parcela dos empresários e ambientalistas da região, que temem efeitos devastadores para o turismo e sobre um dos pedaços de mata atlântica mais preservados do litoral brasileiro.
O futuro do complexo, que tem a pretensão de transformar-se em ponto final da prometida Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e em estrutura de escoamento para a produção do interior da Bahia, está chegando a um momento decisivo. Seis audiências públicas para discutir seus impactos ambientais com a população local deverão ocorrer entre os dias 28 de maio e 2 de junho. À frente do pedido de licenciamento, o governo estadual percebeu os riscos de um veto do Ibama ao local originalmente escolhido para abrigar o porto e tenta agora viabilizá-lo em um ponto a cerca de dez quilômetros do centro de Ilhéus, com expectativa de dar o pontapé inicial nas obras até o fim deste ano.
Itacaré e Uruçuca apostam no Porto Sul para geração de emprego e renda
Itacaré, cidade de 25 mil habitantes, localizada no litoral sul da Bahia, é considerada um dos principais destinos turísticos do País. As belas praias e a natureza exuberante atraem turistas do Brasil e do Exterior. Mas a cidade não se mantém apenas com a atividade turística, o que resulta num número elevado de pessoas desempregadas e em ocupações irregulares nos morros, já que na última década houve uma forte migração para a cidade.
Para os moradores da cidade, a implantação do Porto Sul, projeto do Governo da Bahia que terá investimentos de R$ 3,4 bilhões é a oportunidade de gerar um novo ciclo de desenvolvimento regional.
O Porto Sul está em fase de licenciamento ambiental pelo Ibama e, após a realização de uma audiência pública que reuniu cerca de 3.700 pessoas em Ilhéus, terá novas audiências públicas entre os dias 28 de maio e 2 de junho nos municípios de Uruçuca, Itacaré, Itabuna, Itajuipe, Coaraci e Barro Preto. Com a concessão da licença ambiental, o Governo da Bahia e a Bahia Mineração, que terá um terminal de uso privado, poderão dar inicio às obras.
“Precisamos de novos empreendimentos e o Porto Sul vai beneficiar o município, na medida em que vai gerar emprego e renda em toda a região”, afirma o prefeito de Itacaré Antonio de Anisio, para quem a cidade, por estar localizada a mais de 50 quilômetros do porto, não sofrerá danos ambientais. “Vamos continuar tendo um turismo forte e podemos investir também no turismo de negócios”, diz o prefeito. “O Porto Sul trará benefícios para a cidade, já que o turismo é uma atividade sazonal e o maior empregador continua sendo a prefeitura”, diz o presidente da Associação de Moradores do Bairro Pituba, Luiz Quadros.
O presidente da Cooperativa de Pesca de Itacaré, Agnaldo Grem, afirma que “nós apoiamos a implantação do porto, porque ele irá gerar novos empreendimentos e aquecer a economia regional. Não podemos ser contra o desenvolvimento e acreditamos que a questão ambiental será equacionada com medidas compensatórias”. Para Claudia Cruz, do Instituto de Turismo de Itacaré, “o Porto Sul é uma necessidade para a região e é importante que o projeto seja debatido com a comunidade, para que se conheçam os impactos positivos e negativos. O Governo da Bahia tem agido com absoluta transparência e isso a gente tem que destacar”.
Antonio Eduardo Costa da Silva, operador de transporte e turismo diz que “investimentos como o Porto Sul, a Ferrovia Oeste-Leste e o novo aeroporto de Ilhéus vão dar um novo dinamismo à região, gerando emprego e renda. Para o nosso setor, será bastante positivo”. Para Fernando Costa Santos, da Associação de Cabaneiros de Itacaré, “o turismo é a nossa vocação natural, mas o Porto Sul vai beneficiar a região como um todo. Com a melhoria da renda, as pessoas irão gastar mais com atividades de lazer e entretenimento”.
URUÇUCA, DA CRISE À ESPERANÇA
Uruçuca, cidade de 23 mil habitantes no Sul da Bahia, sofreu um baque no inicio da década de 1990. Foi uma fazenda localizada na zona rural do município onde surgiram os primeiros focos da vassoura-de-bruxa, doença se alastrou rapidamente e que em duas décadas reduziu em cerca de 80% a produção de cacau, mergulhando a região numa grande crise econômica.
O prefeito de Uruçuca, Moacir Leite, afirma que “o Porto Sul é um projeto de grande importância para a região, pois vai impulsionar o desenvolvimento dos municípios, gerando emprego e renda”. Ele defende a realização de programas de capacitação, “para que os nossos jovens possam trabalhar no porto e nos empreendimentos que serão atraídos para o Sul da Bahia”.
A estudante Eliana Pereira dos Santos, de 17 anos, que trabalha como vendedora de salgados e refrigerantes, espera que “com o Porto Sul a gente tenha oportunidades de trabalho. Hoje é muito difícil conseguir empregos aqui”. A esperança de Eliana é compartilhada pela professora Leila Rosa, coordenadora das escolas da zona rural. “Hoje os jovens tem que sair em busca de emprego em outras regiões. O Porto Sul e a Ferrovia Oeste Leste vão reverter essa situação”, afirma.
Onildes Maria da Rocha, presidente da Ecovila de Serra Grande, que ocupa uma área de 99 hectares onde vivem 149 famílias, afirma que “somos favoráveis ao Porto Sul, para poder ampliar a produção, já que as coisas vão melhorar na nossa região”. A Ecovila produz feijão, milho, aipim, mandioca e hortaliças. Joval Pereira, da Associação dos Pescadores de Serra Grande diz que o turismo é importante “mas só gera empregos na alta estação, por isso nós defendemos o Porto Sul”. Segundo ele, “o porto não vai afetar a atividade pesqueira, porque temos um governo que se preocupa com as questões ambientais”.
“O Porto Sul vai atrair indústrias para a cidade, absorver mão de obra local e aquecer o comércio e a prestação de serviços. É uma obra que vai mudar a vida da nossa cidade”, ressalta Edelson Silva, presidente da Associação Comunitária de Uruçuca.
Encontros nos municípios mobilizam comunidade e destacam importância da implantação do Porto Sul
O Governo da Bahia está realizando durante esta semana reuniões preparatórias para audiências públicas para a apresentação do Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) do Porto Sul e do projeto do empreendimento. As audiências acontecerão entre os dias 28 de maio e 2 de junho, em Itacaré, Uruçuca, Itabuna, Itajuipe, Coaraci e Barro Preto, municípios na área de abrangência no Porto Sul.
As reuniões estão acontecendo nas seis cidades onde serão realizadas as audiências e além de apresentar o projeto a lideranças políticas, empresarias e comunitárias, mobilizam a sociedade organizada para as audiências públicas. Em Itabuna, o encontro, ocorrido na tarde de terça-feira (8), reuniu cerca de 150 pessoas na Câmara de Vereadores.
Em outubro de 2011, a audiência pública no Centro de Convenções de Ilhéus reuniu cerca de 3.700 pessoas, sendo considerada pelo próprio Ibama uma das maiores audiências realizadas pelo órgão em todo o Brasil.
O coordenador de Articulação Social da Secretaria de Relações Institucionais do Governo da Bahia, Roque Peixoto, afirmou que “as reuniões nos municípios, além de esclarecer sobre o projeto, ampliam a mobilização para as audiências públicas”. “As reuniões tem sido bastante representativas, o que demonstra o interesse da comunidade no projeto e cria uma ótima expectativa para as audiências públicas”, ressalta Roque.
GERAÇÃO DE EMPREGOS E DESENVOLVIMENTO
Walmir do Carmo, ambientalista e presidente do Grupo de Resistência às Agressões ao Meio Ambiente (Grama) destaca que “esses encontros servem para que a comunidade conheça o projeto do Porto Sul em toda a sua abrangência. A obra é muito importante para região, dada as garantias de que os impactos ambientais sejam compensados. Nesse processo, é fundamental a participação da sociedade organizada”.
Para a professora Marta Maria dos Santos, “ao tomar consciência do projeto, o cidadão passa a acompanhar todo o processo de implantação do empreendimento. Com certeza Itabuna e a região só tem a ganhar com o Porto Sul, superando um grande período de estagnação”.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Itabuna e coordenador estadual da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira, Eduardo Fontes, entende que “as audiências são fundamentais para dar transparência ao processo, mas esperamos que a obra seja agilizada com a obtenção do licenciamento do Ibama”.
Para ele, “Itabuna é uma cidade polo comercial e de prestação de serviços, e será diretamente beneficiada com a implantação do Porto Sul e da Ferrovia Oeste-Leste (Fiol), já que atrai consumidores de toda a região”. Cristiano Lobo, diretor da Faculdade de Ciência e Tecnologia em Itabuna, entende que “o Governo do Estado está oferecendo a oportunidade para que possamos conhecer o projeto do Porto Sul e o processo de licenciamento”. Lobo ressalta ainda que “Itabuna é um grande polo de ensino superior a preparada para a capacitação de mão de obra, através de cursos de graduação nas áreas de engenharia, logística e segurança no trabalho”.
Ruy Machado, presidente da Câmara de Municipal de Itabuna, afirma que “as reuniões preparatórias e as audiências públicas permitem que todos os segmentos da sociedade tomem conhecimento da dimensão do Porto Sul e de seu impacto positivo para o desenvolvimento regional”.
Ruy Machado destaca ainda que “a presidenta Dilma Rousseff e o governador Jaques Wagner estão dotando o Sul da Bahia dos maiores empreendimentos em logística e infraestrutura da Bahia, já que além do Porto Sul, serão implantados a Ferrovia Oeste-Leste, um novo aeroporto e a duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna”.
Encontros mobilizam para audiências públicas do Porto Sul
O Governo da Bahia realiza nesta semana uma série de encontros nos municípios onde serão realizadas as novas audiências públicas para a apresentação do projeto Porto Sul. O objetivo dos encontros, que reúne lideranças políticas, empresariais, comunitárias, sindicatos e clubes de serviço, é promover uma ampla mobilização para as audiências, que acontecerão entre 28 de maio e 2 de junho.
Durante toda a semana estão sendo promovidas reuniões em Barro Preto (dia 7), Coaraci (dia 8), Itabuna (dia 8), Itajuipe (dia 9), Uruçuca (dia 10) e Itacaré (dia 11). Além da apresentação do projeto do Porto Sul e seu impacto na economia dos municípios sul-baianos, os encontros mostram o andamento do processo de licenciamento ambiental do empreendimento pelo Ibama.
UM BRINDE À COMPETÊNCIA
O lançamento do projeto Amar Amado, que marca as comemorações do centenário do escritor Jorge Amado, mostrou o abismo que separa a maneira como a cultura é encarada pelo poder público em Ilhéus e Itabuna.
Enquanto Ilhéus transformou o Centenário de Jorge Amado num mega-evento, que terá repercussão nacional e internacional, atraindo milhares de pessoas para a cidade, com uma semana de atividades culturais em suas mais diversas manifestações, Itabuna deixa a data passar praticamente em branco.
Ou se deve levar em conta um galpão que é apenas um amontoado de paredes sem nada dentro e um cine-teatro tão virtual que até o prefeito lavou as mãos?
Lamentável, porque as duas cidades, a que Jorge nasceu e a em que Jorge passou a infância, poderiam estar juntas numa programação digna do Menino Grapiuna que Jorge sempre foi.
A diferença é que enquanto em Ilhéus a cultura é tocada por uma pessoa que está no cargo por competência e não por ser do PT, do PC do B, do DEM ou da PQP, em Itabuna a FICC primeiro esteve nas mãos de um ególatra e depois, pior ainda, virou moeda de troca para acordos políticos.
Simples assim.
UMA NOITE MÁGICA NO BATACLAN
Com o Bataclan respirando um clima dos velhos e bons tempos do cacau, a Prefeitura de Ilhéus e a Fundação Cultural de Ilhéus lançaram o projeto cultural “Amar Amado”, que celebra o centenário do escritor grapiuna. O projeto, que acontece em agosto, terá seminários, ciclos de palestras, festivais de musica e cinema, lançamento de livros e peças teatrais. O projeto foi apresentado pelo presidente da Fundaci, Maurício Corso.
Uma semana de celebração, que deve atrair cerca de 500 mil pessoas. A noite de lançamento do projeto reuniu empresários, políticos, artistas, produtores culturais e jornalistas do eixo Ilhéus-Itabuna, Rio, São Paulo, Brasil e de países europeus como França, Espanha, Itália e Portugal.
Uma noite mágica no Bataclan, com direito a personagens dos livros de Jorge e a um sósia do escritor circulando pelo lendário espaço onde reinou Maria Machadão.
Ilhéus dará a Jorge Amado uma festa à altura de sua importância.
ILHÉUS LANÇA PROJETO DO CENTENÁRIO DE JORGE AMADO
A Fundação Cultural de lhéus lança nesta quinta-feira, 3, às 19 horas, no Bataclan, o Festival Amar Amado, um evento multiarte que vai de 4 a 12 de agosto, em comemoração ao centenário de nascimento de Jorge Amado. As homenagens ao escritor mais popular do país incluirão atividades no teatro, cinema, música, dança, gastronomia e literatura.
O festival múltiplo será realizado em palcos e estandes instalados no Quarteirão Jorge Amado e em diversos outros espaços, como o Bataclan, Teatro Municipal, Centro de Convenções e Casa de Cultura. Envolve eventos como Beber Amado, Ler Amado, Ouvir Amado, Ver Amado e Amar Amado, numa promoção da Prefeitura de Ilhéus, em parceria com a Maná Produções.
O presidente da Fundaci, Maurício Corso, lembra que no dia 10 de agosto, quando Jorge Amado estaria completando 100 anos, a capital da Bahia será transferida para Ilhéus. “Nessa data, teremos aqui a presença de inúmeras personalidades ligadas aos mais diversos segmentos da sociedade brasileira”, completa.
Novas audiências públicas debaterão o Porto Sul
O Governo da Bahia, após um entendimento com o Ibama, realiza entre 28 de maio e 2 de junho, seis novas audiência públicas para a apresentação do Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) do Porto Sul, além de apresentar o projeto do empreendimento que, aliado à construção da Ferrovia Oeste-Leste, já em obras, dará um novo impulso ao desenvolvimento da região sul do estado, que há duas décadas sofre com uma grave crise provocada pela incidência da vassoura-de-bruxa na lavoura cacaueira.
As audiências públicas serão realizadas em Itacaré, Uruçuca, Itabuna, Itajuipe, Coaraci e Barro Preto, municípios na área de abrangência no Porto Sul, Em outubro de 2011, a audiência pública no Centro de Convenções de Ilhéus reuniu cerca de 3.700 pessoas, sendo considerada pelo próprio Ibama uma das maiores audiências realizadas pelo órgão em todo o Brasil. A exemplo do que ocorreu em Ilhéus, antes das audiências nas seis cidades, serão realizados encontros com vários segmentos da comunidade, para a discussão do projeto e mobilização popular. Cópias do EIA Rima estão disponíveis em espaços públicos, como prefeituras, câmaras de vereadores, escolas e bibliotecas.
De acordo com Eracy Lafuente, coordenador de Acompanhamento de Políticas de Infraestrutura da Casa Civil, “a participação comunitária imprescindível à consolidação do projeto”. “Sem compromisso social um projeto como esse não se sustenta e esse compromisso está apoiado na relação de transparência com a população”, afirma Eracy, destacando que “o Porto Sul é uma obra considerada prioritária pelo governador Jaques Wagner”.
DEUS CHEGOU TARDE
Uma historinha exemplar de como funcionam as coisas no Brasil
Ficção?
Está aí a obra do Porto Sul para provar que não.
Amém
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Um dia, o Deus abriu uma janela entre as nuvens do céu, chamou Noé que morava no Brasil e ordenou-lhe:
– Antes de 21 de dezembro de 2012 farei chover ininterruptamente durante 40 dias e 40 noites, até que o Brasil seja coberto pelas águas. Os maus serão destruídos, mas quero salvar os justos e um casal de cada espécie animal. Vai e constrói uma arca de madeira. Você tem seis meses para fazer isso.
No tempo certo, os trovões deram o aviso e os relâmpagos cruzaram o céu.
Noé chorava, ajoelhado no quintal de sua casa, quando ouviu a voz do Senhor soar furiosa, entre as nuvens:
– Onde está a arca, Noé?
– Perdoe-me, Senhor suplicou o homem. Fiz o que pude, mas encontrei dificuldades imensas: primeiro tentei obter uma licença da Prefeitura,
mas para isto, além das altas taxas para obter o alvará, me pediram ainda uma contribuição para a campanha de eleição do prefeito.
Precisando de dinheiro, fui aos bancos e não consegui empréstimo, mesmo aceitando aquelas taxas de juros …
O Corpo de Bombeiros exigiu um sistema de prevenção de incêndio, mas consegui contornar, subornando um funcionário.
Começaram então os problemas com o IBAMA para a extração da madeira.
Eu disse que eram ordens SUAS, mas eles só queriam saber se eu tinha um “Projeto de Reflorestamento ” e um tal de “Plano de Manejo “.
Neste meio tempo eles descobriram também uns casais de
animais guardados em meu quintal. Além da pesada multa, o fiscal falou em “Prisão Inafiançável ” e eu acabei tendo que matar o fiscal, porque, para este crime, a lei é mais branda.
Quando resolvi começar a obra, na raça, apareceu o CREA e me multou porque eu não tinha um Engenheiro Naval responsável pela construção.
Depois apareceu o Sindicato exigindo que eu contratasse seus marceneiros com garantia de emprego por um ano.
Veio em seguida a Receita Federal, falando em ” sinais exteriores de riqueza ” e também me multou.
Finalmente, quando a Secretaria Municipal do Meio Ambiente pediu o ” Relatório de Impacto Ambiental ” sobre a zona a ser inundada, mostrei o mapa do Brasil.
Aí, quiseram me internar num Hospital Psiquiátrico!
Sorte que o INSS estava de greve…
Noé terminou o relato chorando, mas notando que o céu clareava perguntou:
– Senhor, então não irás mais destruir o Brasil?
– Não! – respondeu a Voz entre as nuvens
– Pelo que ouvi de ti, Noé, cheguei tarde!