:: ‘Chocolat Bahia 2017’
Chocolat Bahia 2017 reúne 60 mil pessoas e gera R$ 10 milhões em negócios na cidade de Ilhéus
Iniciado há nove anos com 13 expositores e apenas uma marca de chocolate regional, o Festival Internacional do Chocolate e Cacau, encerrado no domingo (23) em Ilhéus, possui, atualmente, números expressivos: 80 expositores e 40 marcas de chocolates premium do sul da Bahia. O Chocolat Bahia 2017, que teve o apoio do Governo do Estado, também bateu recordes de público e de negócios. Cerca de 60 mil pessoas visitaram o Centro de Convenções, gerando um movimento de R$ 10 milhões.
Um dos destaques do festival foi o lançamento, pelo Governo da Bahia, da Estrada do Chocolate, a primeira estrada temática do estado, que irá abranger os municípios de Ilhéus e Uruçuca. No roteiro, os turistas poderão conhecer a cultura do cacau e produção do chocolate, através de visitas a fazendas/fábricas de chocolate gourmet existentes ao longo da rodovia BA-262, com sítios históricos, rios, cachoeiras e áreas de preservação ambiental.
“O resultado é totalmente positivo, com a rede hoteleira ocupada, milhares de pessoas visitando os estandes, ampliação dos espaços do pavilhão de feiras, o que impulsiona a economia. Estamos consolidando Ilhéus como a capital brasileira do Cacau e do Chocolate de Origem”, destacou o secretário estadual de Turismo da Bahia, José Alves.
Além dos estandes para lançamento e comercialização de chocolates produzidos no sul da Bahia, o festival abriga eventos como o Fórum Brasileiro do Cacau e Chocolate, Cozinha Show, Cozinha Kids, Ateliê do Chocolate, Pavilhão da Economia Criativa e o Espaço Cultural do Cacau, com shows de artistas regionais, além de visitas a fazendas de cacau que fabricam chocolate.
Novos negócios
O produtor de cacau, Fernando Botelho, que investiu na elaboração de chocolates premium, disse que a cada ano, o festival ganha uma nova dimensão, com o surgimento de novas marcas e a expansão dos negócios, mostrando que o caminho é a verticalização da lavoura cacaueira. “Nosso chocolate foi lançado há três anos no festival e, além das vendas diretas durante o evento, captamos nossos negócios e nos consolidamos no mercado”, afirmou Cecília Gomes.
O idealizador e coordenador do Festival Internacional do Cacau e do Chocolate, Marco Lessa, ressaltou que o apoio do Governo da Bahia tem sido fundamental, não apenas na realização do evento, mas na transformação de uma região que só produzia amêndoas e hoje produz chocolates finos, com alto valor agregado. “O festival não se limita aos quatro dias do evento, ele tem desdobramentos durante todo o ano, nos negócios, no surgimento e crescimento de marcas, no estímulo ao empreendedorismo e na divulgação da região cacaueira no Brasil e no exterior. Essa é uma plataforma de fomento, de geração de emprego e renda, de estímulo à produção, de esperança na retomada do desenvolvimento em bases sustentáveis”, finalizou.
Sul da Bahia, do cacau ao chocolate
Do cacau ao chocolate. Essa é a nova realidade do Sul da Bahia, após décadas como região produtora de amêndoas. A cada dia, novos empreendedores passam a investir na produção de chocolates finos, apostando num mercado consumidor em expansão no Brasil e no Exterior. O Chocolat Bahia 2017, Festival Internacional do Chocolate e Cacau, que está sendo realizado em Ilhéus, com o apoio do Governo da Bahia, é uma oportunidade de apresentar novos produtos, adquirir e trocar conhecimentos e ampliar os negócios. São cerca de 40 marcas de chocolates regionais em exibição, cada uma com sua característica, mas com a marca do cacau de qualidade, fruto de investimentos na modernização da lavoura.
Hans Schaeppi é um pioneiro. Há 32 anos ele implantou a primeira fábrica de chocolate caseiro do Nordeste. “Foi um grande desafio, porque havia uma cultura de produzir amêndoas e percebi que era preciso investir no produto final. Hoje vejo com alegria a Região partindo para a verticalizado e se tornando a terra do Cacau e do Chocolate”, afirma. Atualmente, Hans produz cerca de duas mil toneladas/ano, comercializa os produtos em todo o país e busca atingir o mercado chinês.
O setor de chocolates premium cresce cerca de 10% ao ano no Brasil, enquanto o mercado tradicional cresce apenas 2%. Henrique Almeida é outro exemplo de produtor de cacau que apostou no chocolate. Da terceira geração de uma família de produtores de cacau, há 5 anos, ele começou a produzir chocolate. Investiu em amêndoas de qualidade, cursos de capacitação e hoje comercializa o chocolate premium em grandes redes da Bahia e do Sul/Sudeste do país. O próximo passo é o mercado árabe e os Estados Unidos. “Cacau e alimento e também e prazer. Nosso foco é a qualidade é esse é o caminho da região. O negócio Cacau só é viável se atrelado ao chocolate”,destaca
O mercado de chocolate também atrai jovens empreendedores como Leonardo Maia. Com pós graduação em Gestão de Negócios em Cacau e Chocolate ele está produzindo chocolates finos com 50% e 70% de cacau. “Na infância sempre tive muito contato com fazendas de cacau e sempre que podia acompanhava os trabalhadores nos tratos e colheita do cacau. E em minhas viagens para outros países tive a oportunidade de experimentar diversos tipos de chocolates e percebi que o nosso cacau do Sul da Bahia tem um potencial grande a ser explorado”, afirma.
AGRICULTURA FAMILIAR
A produção de chocolate também é incentivada na agricultura familiar, que responde por 90% da produção de cacau no Sul da Bahia. A Cooperativa de Serviços Sustentáveis da Bahia conta com 300 associados e produz chocolates caseiros e achocolatado com 30% de cacau. Beneficiados com recursos do Programa Bahia Produtiva, do Governo do Estado, os agricultores familiares pretendem investir na produção de cacau organico, que agrega valor ao chocolate e derivados. “Nossos produtos já são consumidos na merenda escolar e com o chocolate de origem vamos buscar novos mercados, gerando mais renda no setor rural”, destaca Carine Assunção, coordenadora da cooperativa.
Com 420 associados, a Cooperativa de Agricultores Familiares do Sul da Bahia, também atendida pelo Bahia Produtiva, produz chocolates finos e achocolatados e está criando uma linha exclusiva para os supermercados. “Com assistência técnica e capacitação vamos melhorar cada vez mais a qualidade e criar novos canais de comercialização” , diz o diretor da Coopesulba, Gildeon Farias.
Gerson Marques, presidente da Chocosul destaca que “a produção de chocolate é uma alternativa viável, num processo que está se consolidando. Dos 40 produtores, 38 produzem o próprio cacau. São empreendedores que foram para as fazendas, reorganizaram a produção, com uma nova mentalidade, investindo em amêndoas de qualidade superior”. “Essa é uma estratégia que terá impactos positivos na economia regional, com a melhoria da produtividade e consequentemente do preço final. O modelo antigo, de mero fornecedor de matéria prima, está superado. Hoje o caminho é a verticalização, valorizando principalmente a produção de chocolates fino, de cacau orgânico que tem alto valor agregado”.
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