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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

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:: ‘Bolsonaro’

Bolsonaro e o impeachment que vira aspirina

A0 PÉ DA GOIABEIRA lopesO Brasil, para desespero dos tantos que não queremos banalizar os recursos legais de exceção, volta a falar em impeachment, ainda não assentados os traumas do golpe institucional contra a presidenta Dilma Rousseff. Periga, ao se utilizar esse remédio jurídico contra o atual ocupante do Palácio Central (verdadeiramente um presidente de fancaria, eleito de forma suspeita), transformar o impeachment em falsa panaceia para todas as crises de governo, uma espécie de aspirina que faz baixar a febre institucional, e que pode ser comprada em qualquer farmácia.

Mas, é importante dizê-lo, baseado em opiniões de juristas, jornalistas não comprometidos e “brasilianistas” em geral, que esse Bolsonaro é diferente de tudo o que se viu no país antes e depois da democratização: é um celerado, ligado diretamente a bandidos do Rio de Janeiro (chamados “milicianos”) e comanda um bando de alucinados cuja única preocupação, ainda que usando o nome de Deus, é destruir todas as conquistas do povo brasileiro nos últimas duas décadas. Há de se perguntar se parar o tresloucado presidente neste momento reverterá danos já praticados: alguns desses danos são irreversíveis e projetam reflexos nas futuras gerações. De imediato, a visão Brasil no panorama internacional é do mais absoluto ridículo.

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Sem freios, essas pessoas exercem o poder à sua maneira, tentam esmagar quem pensa de forma diferente delas, subvertem o conceito de democracia. Daí, pregam esses analistas, justifica-se o impeachment, pois “À democracia cabe o direito de defender-se” – com a arma definitiva da própria democracia: o impeachment.

Um Ministro já condenado pela Justiça procura desmontar o sistema de defesa do meio ambiente, escondendo mapas ambientais, indispondo o país com o mundo civilizado, gerando prejuízos ao agronegócio (grande financiador da campanha do capitão), afasta fiscais que ousaram multar Bolsonaro por pesca ilegal. É o absolutismo nas mãos de pessoas sem qualificação para o exercício do poder político,  com comportamento de bandidos.

Na Educação, um despreparado anuncia cortes de verbas das universidades, como punição às que não se aliam ao pensamento oficial, ações de combate a um vago marxismo cultural e, em vez de programas educacionais consistentes, o incentivo  ao conflito entre professores e alunos. Adiante-se que, segundo os reitores dessas universidades, pelo menos metade dos alunos do terceiro grau são de baixa renda – portanto, o bloqueio das verbas é, no fundo, mais um ataque contra os pobres.

Na Economia, um banqueiro que parece desconhecer o Brasil real, guiando-se apenas pela ideologia, desmontando instituições como o BNDES (matando, assim, um instrumento importante de financiamento), desqualificando o trabalho do IBGE e ameaçando os grupos democráticos de proteção social.

Estes exemplos, apenas, para não falar das derrapadas patológico-religiosas da ministra Damares Alves, ela própria um espécie de musa desse governo atípico.

Na presidência, uma família de desequilibrados, com ligações diretas com as milícias e, agora, estimulando a guerra no campo, criminalizando movimentos sociais e interferindo em rebeliões internas de países vizinhos, expondo não apenas os vizinhos, mas o próprio Brasil, às consequências de uma guerra, que comprometeria um século e meio de tradição diplomática.

Junto com governadores irresponsáveis, como Wilson Witzel, do Rio, e João Dória, de São Paulo, amplia a já de si excessiva violência policial, deixando no ar a noção de que o direito de matar está assegurado ao braço armado do governo.

lopes fim 2

Enquanto isso, no Palácio, Carlos morde Mourão, Mourão diz que não doeu nada, Bolsonaro censura propaganda do Banco do Brasil, o general Santos Cruz censura Bolsonaro, Olavo de Carvalho diz que o general Santos Cruz é um M., o general Vilas-Boas diz que Olavo é um “Trotsky de direita” e… o vice escova o terno da posse, esperando o momento em que algum desses lunáticos jogue gasolina no manicômio e risque um fósforo.

 

Parece lícito afirmar que a desesperança de hoje tem futuro garantido: a manter-se essa maluquice, só restará aos brasileiros pobres (nada de mal vai aos ricos) o desalento, a miséria crescente, a escola desmontada em todos os níveis, os criminosos cada vez mais organizados como empresa – a única coisa “boa” a ser tirada desse cenário será a explosão social, com cabeças rolando e outras consequências “desagradáveis”.

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NOTA DO BLOG: Antes de ser ´reformado` pela Previdência e trabalhar até depois da morte, o Barão apela à Providência e recolhe-se. Sem choro nem vela, sem missa da capela. Rimou, mas e daí?

 

 

“Educassão” nota zero

Nova York diz que Bolsonaro é perigoso: racista, homofóbico e uma ameaça para a Amazônia

A0 PÉ DA GOIABEIRA lopesEis que o ridículo internacional do Brasil, promovido pelo capitão Bolsonaro, parece não ter fim: a mídia não chapa-branca noticia que, até agora, o País foi motivo de chacota por parte de veículos da Argentina, Holanda, França, Itália, Estados Unidos, Inglaterra, Suíça e Alemanha, pelo menos.

Tudo começou quando o governo divulgou, pelos seus robôs, coisas do tipo “na Holanda, masturbam as crianças a partir dos sete meses”, o que, por certo, não tornou os holandeses mais simpáticos ao Brasil. Depois, no encontro de Davos, na Suíça, novo constrangimento: ao tentar se dirigir aos grandes investidores ali reunidos, não conseguiu articular além duas frases – habituado ao twitter.

davosHoras mais tarde, almoçou sozinho, numa espécie de bandejão, como símbolo do isolamento em que encontrava. Para a imprensa internacional, um o prato cheio, com trocadilho e tudo.

Internamente, o capitão tem sido protegido, por paradoxal que pareça, pela sua própria insegurança e desqualificação (além da grande mídia, que faz vistas grossas às derrapadas do presidente e seus ministros: publica pela manhã uma coisa no twitter, e à tarde, depois de ter as orelhas puxadas por algum general, desmente-se. No dia 1º de maio, ele tuitou que o governo tem um projeto de “naufrágio induzido” – e até agora eu espero que algum general mais inteliugente um pouquinho explique que diabos isto quer dizer. Na mesma linha de raciocínio, entram “decisões” como fazer alunos da escola pública declamarem slogans de campanha – coisas do tipo “Deus acima de todos” – queimar livros de autores não simpáticos ao governo, tirar do ar um anúncio do Banco do Brasil, censurar previamente as provas do Enem, bloquear verbas das universidades  que não apoiaram as sandices do MEC (UFBA, UFF e UnB) e até, em nome de Trump, querer invadir a Venezuela. Quase todas essas maluquices já foram desautorizadas pelos generais, que, surpreendentemente, se mostram mais sensatos do que o presidente. Lembrar que, à sombra de uma frustrada tentativa de golpe na Venezuela, o desmiolado mandatário brasileiro voltou a falar, de olhos esbugalhados ao estilo Jânio-Collor, em “declaração de guerra” àquele país, expressão que não se usa por aqui desde os tempos de Getúlio-Segunda Guerra.  A insanidade é tamanha que nosso governo parece mais preocupado com a Venezuela do que com o Brasil de 13,4 milhões de desempregados.

davos 2

O último dos vexames, até o momento em que redigíamos esta doce notinha, dá conta de que duas empresas dos Estados Unidos (a Delta Airlines e a Bain & Company) retiraram o apoio a uma homenagem que seria prestada ao capitão Bolsonaro, marcada para 14 de maio em Nova York: elas não querem ter o nome ligado a um dirigente tido como homofóbico, racista e perseguidor das minorias. É bom lembrar que dita homenagem (“Personalidade do Ano”, ou coisa assim, criada por comerciantes brasileiros para afagar o ego do capitão) já foi cancelada pelo Museu de História Natural de Nova Iorque; tentaram o Restaurante Cipriani Hallaaa (um dos melhores da cidade), que também não aceitou o abacaxi (ou batata quente?). Por enquanto, o evento está programado para o hotel Marriott Marquis –  alvo de intensos protestos – o que torna possível mais uma desistência. O prefeito de NY, Bill Blasio, afirmou que Bolsonaro não é “bem-vindo”, definindo o visitante como “um homem perigoso: racista, homofóbico e uma ameaça para a Amazônia”. Vejam a que ponto o Brasil foi rebaixado pelos .Bolsonaros.

Injustiça

Tanta gente boa de morrer, e quem morre é Beth Carvalho…

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(As diatribes do Barão são publicadas às terças e sextas, quer chova, quer faça sol)

 

A caminho da caverna…

bolso escola

Deus: “Ninguém está acima da lei. Nem eu.”

A0 PÉ DA GOIABEIRA lopes

O jurista Lenio Streck (professor da Universidade Vale do Rio dos Sinos), mesmo não integrando a equipe deste modesto Barão, produziu o texto abaixo (propósito da censura à participação das Editoras Boitempo e Contracorrente em Feira de Livros organizada pela Universidade Mackenzie, tradicional  centro reacionário paulistano). Trata-se de um diálogo entre Deus e Jesus Cristo, que reproduzimos aqui, em respeito à qualidade e atualidade do comentário, um excerto em que Pai e Filho se encontram e o Todo-Poderoso sabe das iniquidades na Terra e mostra que já está “por aqui” com essa gente malvada:

“Vendo que cristãos fuzilam, ofendem e odeiam em Seu nome (um dos prováveis matadores de Mariele tinha no WhatsApp o lema Deus acima de todos; os meninos assassinos de Lorena disseram que iam ao Seu encontro; o assassino da Nova Zelândia, idem; políticos O usam para provocar discursos de ódio; um senador, que tem o lema Deus acima de todos, diz que as professoras, se estivessem armadas, poderiam evitar os assassinatos, a deputada Joyce Não-Sei-das-Quantas diz que os professores não sabem ensinar…e o resto cada leitor preenche), Deus resolveu passar a régua. Irritado, deu um berro e disse: F….-se!

Mas Ele, que já havia expulsado Adão e Eva sem lhes dar o devido processo legal e ter uma participação dúbia no episódio que aumentou a taxa de homicídios em 100% (quando Caim matou Abel), sabia que tinha de usar critérios, não podia ser discricionário.

Mas como? E Jesus, com fala pausada, mostrou-Lhe um livro de Amoz Oz e disse: Pai, eis um livro de um conterrâneo meu. Ganhou o Nobel. Ele lembra de uma conversa que o Senhor teve com Abraão. Lembra disso, Pai?”. “Sim, lembro; afinal, Deus não esquece (risos). E Deus relembrou: Abraão, gente boa ele, discutiu comigo o destino de Sodoma. Quantos justos lá haveria? Cinquenta? Vinte? Dez? Quando se percebe que não havia nem mesmo cinco justos em Sodoma, Abraão, em vez de pedir perdão, com os olhos voltados aos céus, perguntou-me: Não agirá com justiça o Juiz de toda a Terra?. Atrevido esse Abraão, não meu filho?” Jesus respondeu: É, Pai. Mas ele era o cara, pois não?

Sim, disse Ele. Abraão, em outras palavras, me disse: o Senhor é realmente o juiz de toda a Terra, mas não está acima da lei. O Senhor é realmente o legislador, mas não está acima da lei. Você é o senhor de todo o universo, mas não está acima da lei”.

“Veja, meu filho, eu não joguei nenhum raio fulminando Abraão como castigo por insolência ou ofensa aos céus. Por que não fulminei? Simples: porque ninguém está acima da lei. Nem eu.”

Jesus disse: Bingo, Papai!

Deus 1

E Deus continuou: Vou fazer um novo dilúvio, uma versão 1.0, mais light, com critérios bem definidos. Pouparei, preliminarmente, todos os ateus. Meu fundamento, segundo o artigo 93, IX, da Constituição brasileira (gosto muito dela, meu filho) é: em regra, não se encontra ateus que odeiem, que matem, que praguejem ou façam qualquer barbárie em Meu nome, invocando-me e quejandos!

“E os cristãos, Pai?”, perguntou Jesus. Poxa, tanta gente se esforçando…

Deus diz: Para os que me invocam a todo momento, e que dizem “se Deus quiser” ou “Deus me livre” ou “em nome de Deus, mato” ou “em nome de Deus, afasto de ti este demônio” ou “em nome de Deus, me pague 10% de seu sal-diário”, Deus acima de…, etc., farei seguinte”.:
Deus 2

Pegou uma xícara de café fumegante feito com grãos brasileiros de exportação (porque o resto dos grãos são consumidos nos bares e restaurantes), deu um longo suspiro e disse: Examinaremos, Eu, Você, Pedro e alguns estagiários, o WhatsApp e o Twitter e o Face (essa praga que o diabo jogou na terra) de cada um. Alguma coisa dali que seja ódio ou idiotice (sim, os idiotas e néscios não serão perdoados; também não serão poupados os que dizem que a terra é plana, que Newton estava errado, que a terra só tem 6 mil anos e que Kelsen era um positivista exegético), e, bingo, dilúvio neles!.

E Ele continua: Os que escaparem desse teste e aqueles que não têm WhatsApp (deve ser 0,0001% de pessoas), darei o benefício da dúvida e os excluirei do neodilúvio. E, é claro, se alguém que tenha postado no WhatsApp e alega que foi brincadeira, terá direito a efeito suspensivo no recurso e não irá direto para o inferno. Talquei?

Ele faz outra pausa para mais um gole da infusão de rubiácea e completa: Desde que não tenha postado nada dizendo ser contra a presunção de inocência e/ou dito frases como garantias constitucionais incentivam a impunidade, Ferrajoli é marxista, que a editora Boitempo é nome de frigorífico etc – bem, a lista é grande). Nesses casos, os réus não se ajudam…

E conclui: Portanto, serei criterioso. Não agirei sobre violenta emoção”, e parpadeó (piscou) para Jesus e Pedro, fazendo o gesto de quem faz aspas em uma palavra…

Ah: Deus foi à biblioteca e pegou um livro da Boitempo (O homem que amava os cachorros) e um da Contracorrente (Revolta e Melancolia). Pegou um vinho Petrus safra 1961 e uns acepipes – e se pôs a ler.

E começou a chover…”

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(As diatribes do Barão e sua equipe são publicadas às terça e sextas, quer chova, quer faça sol)

 

 

A reforma dos pesadelos; tira dos pobres e dá aos ricos

A0 PÉ DA GOIABEIRA lopes

Por estes dias, se não houver um golpe militar e fechamento do Congresso, os parlamentares vão votar a Reforma da Previdência. Os argumentos para “convencer” a população, puxados pelo governo e apoiados pela grande mídia comprometida com o “mercado”, misturam paraíso e inferno: com a aprovação, promete-se um Brasil melhor para todos (promessa vã, desde o golpe contra Dilma), com pleno emprego, grandes investimentos etc.: em caso contrário, acena-se com um cenário da falência total, a terra arrasada, a miséria absoluta. Segundo o banqueiro Paulo Guedes – o que tudo sabe, “o Posto Ipiranga do governo”, nas palavras do capitão Bolsonaro – se a reforma não promover o corte de R$ 1 trilhão nas despesas é porque “esse pessoal [o Congresso] não ajudam (sic) nem os próprios filhos”, e ele, Paulo Guedes, “herói incompreendido”, renunciaria ao cargo, uma perda irreparável para a Nação.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           Grande parte desse R$ 1 trilhão sairia dos direitos do grupo de baixíssima renda, formado por idosos e pessoas com deficiência. No meio disso, como para botar a discussão ainda mais impenetrável para o cidadão comum, surgem expressões obscuras como “focalização do abono salarial”e “assistência fásica”. Vê-se que dessa linguagem codificada nada há de sair que preste, a não ser para os de sempre, que o governo defende. Vejamos:

“Focalização do abono salarial”, segundo a proposta Guedes-Bolsonaro, significa, simplesmente, a extinção do 13º salário pago ao grupo mais carente da sociedade, que é o de beneficiários de assistência social, idosos e deficientes, bem como a restrição do abono anual do PIS, hoje pago a quem receba até dois salários mínimos. Pela pcote e bondades oficial, o abono do PIS seria pago apenas aos que recebem até um salário mínimo.

Já com a tal “assistência fásica”, o governo pretende cortar direitos do idoso muito pobre, com idade entre 60 e 70 anos, pagando-lhe um valor menor do que o do salário mínimo. Ou seja, o idoso começará ganhando a metade do salário mínimo aos 60 anos e esse  valor será aumentado ano a ano até o total aos 70 anos. Durante o período transitório, até que a lei complementar crie o “novo sistema”, a PEC estabelece a primeira fase em R$ 400,00 aos 60 anos de idade.

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O 13º salário, é bom lembrar, nasceu como “abono de Natal”, pago por alguns empregadores a seus empregados ao final do ano, para que pudessem ter um Natal “mais tranquilo”, com a possibilidade de uma ceia festiva e presentes para a família. A prática foi reivindicada como “geral” pelo movimento operário, que a conquistou (na forma da lei 4.090/1962). Hoje, o 13º salário faz parte da vida dos assalariados e dos aposentados/pensionistas, sendo importante fator de incremento das vendas do mercado lojista. Aos idosos e deficientes pobres, a proposta do governo soa como uma espécie de penitência pelo fato de não poderem trabalhar, pois serão excluídos desse momento da vida brasileira. Lembrar que o dedicado banqueiro Paulo Guedes (chamado “O Tigrão do excluídos”) anunciou que, se as coisas não acontecerem desta forma, ele renuncia. Por mim, já vai tarde!

Palavra dos juristas: A proposta de benefício abaixo do salário-mínimo é flagrantemente ilegal, ainda que venha embrulhada numa emenda à Constituição. Isso porque tal emenda viola a cláusula pétrea que garante o “direito e garantia individual” que não pode ser abolido por nenhuma manobra: o salário-mínimo como “mínimo existencial”, capaz de garantir a dignidade da pessoa humana. Estabelecer um valor que substitua a renda do trabalhador inferior ao salário-mínimo significa estabelecer que a própria Constituição admita em lei a existência nacional da “dignidade da pessoa humana pela metade”, dizem esses estudiosos. É uma contradição da Proposta que nenhum parlamento minimamente decente aprovaria.

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A Proposta oficial, todos sabem, entrega a Previdência, em médio prazo, à rede bancária. De imediato, rebaixa à miséria absoluta as pessoas mais frágeis – especialmente idosos muito pobres e deficientes – que hoje dependem desses direitos sociais para enfrentar a vida com o mínimo de dignidade.

Nosso atual estilo de Previdência é solidário, com o trabalhador ativo “financiando” o benefício do inativo, o chamado modelo Robin Hood, ou de Repartição. A dupla Bolsonaro/Paulo Guedes pretende mudar “isso daí”, para um tipo em que, no longo praz o contribuinte financia sua própria aposentadoria, não a de terceiros, o dito sistema de Capitalização (e aqui entra a rede bancária), como se pobre pudesse se capitalizar! E, para chegar a esse mar de rosas (para os banqueiros!), o governo não terá escrúpulos de promover uma leitura invertida da divisa robinhoodiana: tirar dos pobres para dar aos ricos.

Para encerrar, uma notinha não de todo impertinente: deu na Folha de São Paulo, famoso jornal comunista, que a indústria de armas não letais aposta que o capitão Bolsonaro vai reprimir o povo durante a reforma da previdência e, por isso, projeta crescimento em seus negócios este ano.

De acordo com o jornal, a Condor, que domina esse mercado, está feliz, ante a possibilidade de vender mais granadas de efeito moral, gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha. É isso daí.

 

(Líliam Porcão, a Independente)

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(As diatribes do Barão e sua equipe são publicadas às terças e sextas, quer chova, quer faça sol)

É bom já ir se acostumando: Breve notícia sobre o golpe no Brasil (1/2)

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Em não sendo este Barão qualificado para a prática de profundos exercícios de sociologia e história, nada o impede, porém, de externar suas impressões da viuda nacional, anotadas ao longo do tempo. E tal reflexão leva ao óbvio: o Brasil é um país de extraordinária vocação para o golpe (tomado aqui o termo “golpe” como atitude de força, ilegal, à margem da Constituição). Dito assim, é possível catalogar, da Independência (1822) até hoje, nada menos do que dez atentados contra a legalidade democrática, contados apenas os efetivados, não as tentativa frustradas – e enquanto não se configura o próximo, que já mostra seus inquietantes sintomas.

golpe.1O quadro que está ainda na retina desta geração é o produzido em 1964, uma farsa chamada “Revolução Democrática”, que custou ao País 21 anos de trevas, de corrupção, tortura, perseguição e assassinato de opositores. O roteiro foi, mais ou menos, este: os militares derrubaram o presidente constitucional, João Goulart, o Congresso empossou Castelo Branco (1964-1967); Castelo Branco empossou Costa e Silva (1967-1969); Costa e Silva deu posse a Garrastazu Médici (1969-1974); Médici deu posse a Ernesto Geisel (1974-1979); Geisel deu posse a João Figueiredo (1979-1985), todos sem voto popular, que tinham tomado o poder pela baioneta.

Em seguida a Figueiredo, José Sarney, que também não foi eleito presidente, recebe o governo. Na visão de alguns constitucionalistas, com a morte de Tancredo Neves, presidente eleito, masm não empossado, o caminho legal era realizar outra eleição. O “sistema” escolheu empossar Sarney, sem mais discussãoconversa. Desse ângulo, nossa lista de dez golpes passaria a onze; não esquecer que, com a morte de Costa e Silva, deveríamos ter, por qualquer grau de razoabilidade, a posse de José Maria Alkmin, o v vice civil na chapa verde-oliva. Os militares decidiram empossar Costa e Silva, que, até então, nada tinha a ver com o processo sucessório – e vamos chegamos, rapidamente, apara uma dúzia de golpes.

Deixando esses dois casos, dos quais não encontro muitas referências na mídia, vamos relembrar aos dez mais citados, pela ordem de ocorrência:

1823 – Um ano após a Independência, D. Pedro I inaugura nossa série de atentados à lei: ordena o cerco policial da Assembleia Constituinte e, dissolve o parlamento. Os opositores foram presos e, em seguida, exilados. O episódio passou à posteridade como “Noite da agonia”

1840 – O segundo golpe, de novo, envolve o Imperador. Com a abdicação de D. Pedro I, seu filho “Segundinho”, uma criança de seis anos, herda o trono do Brasil. Puxa daqui, estica de lá, nove  anos depois, ele é coroado, ilegalmente, por ser menor de idade. A Constituição, como hoje, fixava a maioridade em 18 nos, e o herdeiro tinha só 15. “E daí?” – disseram, como sempre dizem, os golpistas.

1889 – “Proclamação da República”, é o nome pomposo que a história dá ao golpe militar que pôs abaixo a  Monarquia. O principal articulador do golpe foi o tenente-coronel Benjamim Constant. O marechal Deodoro da Fonseca assume o poder executivo da Primeira República

1891 – Com a nova Constituição, Deodoro, “herói” da República, é eleito presidente, pelo Congresso, tendo como vice outro marechal, Floriano Peixoto. Mas o respeito com a lei durou muito pouco: em seu primeiro ato como presidente eleito, Deodoro assinou um decreto, dissolvendou o Congresso, por decreto. Em seguida, com outro decreto, estabeleceu o estado de sítio, adquirindo o direito de jogar a polícia em cima de quem a ele se opusesse.

1891 – Com menos de um mês dos decretos, a Marinha dá um ultimato ao presidente: ou renuncia ou o palácio do go verno será bombardeado, com presidente, cidade do Rio de Janeiro e tudo. Deodoro entrega o cargo, pega o quepe e svai de cena embora. O evento é conhecido como  “Primeira Revolta da Armada”.

1891 – Floriano Peixoto assume, com a Constituição mandando convocar nova eleição presidencial. O marechal alega que tal exigência constitucional  só valeria se Deodoro tivesse sido eleito diretamente, não pelo Congresso. Envolvido neste argumento, o Marechal de Ferro aboleta-se na Presidência. Floriano ainda teve contra si a “Segunda Revolta da Armada”, quando usou mão pesada, justificando o título de Marechal de Ferro.

1930 – As eleições daquele ano foram, como de hábito, fraudadas, para que saísse vencedor o candidato da situação, Júlio Prestes.

Só que, desta vez, a oposição não aceitou o resultado e partiu para o enfrentamento físico, com o apoio de  setores  das polícias de Minas, Rio Grande do Sul e Paraíba, bem como algumas áreas do exército. Uma junta militar formada  por dois generais e um almirante decidiu depor o presidente da República e passar o governo ao chefe do movimento revoltoso, o candidato derrotado Getúlio Vargas, da Aliança Liberal. Caía, sem maior pompa, a Primeira República, com apenas  41 anos de idade.

Voltaremos ao assunto, se não houver um golpe até a próxima sexta-feira.

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Aroeira, no Brasil 247

Aroeira, no Brasil 247

Quem não sabe se comunicar, se trumbica

 

Luciano  Veiga

luciano veiga (2)O velho guerreiro Chacrinha já dizia “quem não se comunica, se trumbica”. No mundo midiático em que vivemos, o nosso querido Guerreiro, se aqui estivesse, talvez acrescentaria ao seu jargão a frase “Quem não sabe comunicar, se trumbica”.

A comunicação no universo político viveu nos últimos tempos forte influência do marketing. Quem não se lembra que as últimas eleições foram marcadas com um modelo, que podemos denominar candidato produto. Os marqueteiros acostumados a trabalhar com produtos, tornando-os conhecidos e desejados pelos consumidores, fizeram o mesmo com os candidatos. Pesquisas qualitativas davam o contorno das propostas, do vestir, do falar, do agir, construindo um slogan “eu faço, eu quero, eu posso”.

No período Donald Trump, a mídia social ganha espaço, que seja pela universalização destes veículos de comunicação, do linguajar do pessoal às redes sociais, criando seguidores e devotos em um sistema que chega a todos, quebrando barreiras. Denominada como comunicação direta, foi também protagonizada no Brasil nas últimas eleições.

O que virou cartão de visita, tem-se transformado no cartão de saída.

No Brasil, dizemos quando o candidato é eleito, o mesmo precisa descer do palanque. Hoje, nos tempos modernos, podemos dizer que o mesmo precisa deixar de twittar e dar espaço à comunicação institucional, afinal, a sua comunicação passa a ser inerente ao cargo que ocupa e à instituição que representa.

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Brasil tem maior concentração de renda do mundo

A0 PÉ DA GOIABEIRA lopes

Quase 30% da renda do Brasil está nas mãos de apenas 1% dos seus habitantes – o que dá ao País  a maior concentração do tipo no mundo. Quem o diz é a Pesquisa Desigualdade Mundial 2018, feita por centenas de estudiosos, sob a coordenação do economista francês Thomas Piketty – autor de O capital no séc. XXI, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos.

Enquanto isso, dentre as bobagens que o governo do Capitão B. tem anunciado (e registradas aqui pelo nosso querido chefe, o Barão), nenhuma contempla as pessoas mais pobres – até de reduzir aposentadorias a menos do salário mínimo se cogita, além da maldade mais recente, uma tal de “carteira verde-amarela” (aliás, a OAB já anunciou que pedirá ao STF que nos livre desta penúltima excrescência bolsonarista)

Trocando em miúdos: Jorge Paulo Lemann (da AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Antônio Ermírio de Morais (Votorantim), as seis pessoas mais ricas do Brasil, têm o equivalente ao capital de uns 110 milhões de brasileiros, de acordo com a revista Forbes, especializada em medir fortunas.

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O mais “pobre” do grupo é Ermírio de Morais, com “apenas” R$ 3,9 bilhões –  muito longe do “riquinho” da turma, José Paulo Lemann, que fechou 2017 com um patrimônio de R$ 29 bilhões e uns quebrados.

Tal diferença se percebe também nos salários, com um cruel componente de racismo: os negros recebem salários menores do que os brancos (apesar de negros e pardos formarem mais de metade do total dos habitantes do País), independente da escolaridade e da experiência,  evidenciando a prática discriminatória e racista presente em nossa sociedade. O estudo aponta para uma ferida crônica muito preocupante: a equiparação salarial, baseado nos registros das últimas décadas, ocorrerá somente em 2089, quando uma criança nascida hoje terá 70 anos – e, se ainda viva, estará à beira da aposentadoria, segundo as regras do Capitão B.

Destaca o estudo que “O Brasil tirou 28 milhões de pessoas da pobreza nos últimos 15 anos, mas os super-ricos continuam sendo os mais beneficiados: entre 2001 e 2015, o grupo dos 10% mais ricos abocanhou 61% do crescimento econômico

Acrescente-se à discriminação salarial um sistema tributário injusto, que pune os pobres e beneficia os ricos: o grupo dos 10% mais pobres gasta 32% da sua renda em impostos, enquanto os 10% mais ricos pagam 21%.”

Tem mais: “Nossa arrecadação fiscal – e, portanto, o orçamento federal – poderia aumentar em mais de R$ 60 bilhões ao ano, o equivalente a duas vezes o orçamento federal para o Programa Bolsa-Família, quase três vezes o orçamento federal para a educação básica e quase 60 vezes o que se aloca para a educação infantil, só com o fim da isenção de impostos a lucros e dividendos.” \quer dizer: se os rentistas, não apena os trabalhadores fossem taxados.

No Brasil, inverte-se a lógica social: contribuem mais os que têm menos, num sistema que cada vez mais identifica e distancia a casa grande e a senzala.

Recentemente, em Davos (aquele lugar onde o Brasil, pela voz aos solavancos do Capitão reformado, deu mais um vexame internacional), o Relatório “Bem Público ou Riqueza Privada?” mostrou que o patrimônio dos 26 bilionários mais ricos do mundo é igual ao dos 3,8 bilhões mais pobres. Cruel aritmética: 26= 3.800.000.

Voltando ao “Clube dos Seis” do Brasil, informar que Monsieur Piketty já fez o cálculo que os despeitados pobres gostariam de saber: como gastar tanto dinheiro? Os pobres, todo mundo sabe, adoram gastar dinheiro, se, por acaso, o têm: diz o relatório que “gastando R$ 1 milhão por dia, os seis maiores ricaços brasileiros, juntos, levariam 36 anos para esgotar todo seu estoque de reais.” É muito trabalho para esses sofridos bilionários. Ainda bem que o Capitão B. já se condoeu dessas pessoas e pretende “tirar o Estado de cima delas”, isto é, tratar de que os ricos fiquem cada vez mais ricos.

(Líliam Porcão, a Independente)

Na visão o cartunista Aroeira (“desenhado pra todo mundo entender”), o "gesto da arminha" (espécie de símbolo dos bolsonaristas) nos encaminha a tragédias como a de Suzano/SP.

Na visão o cartunista Aroeira (“desenhado pra todo mundo entender”), o “gesto da arminha” (espécie de símbolo dos bolsonaristas) nos encaminha a tragédias como a de Suzano/SP.





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