Patrimônio histórico de Cachoeira é atração durante a Flica
Os participantes da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), que acontece na cidade do Recôncavo Baiano até o próximo domingo (18), podem aproveitar para conhecer o patrimônio da cidade tombada como Monumento Nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1971. Durante o evento que oferece uma extensa programação de debates, feiras e lançamentos de livros, entre outras atividades. Para possibilitar a visita de baianos e turistas, os principais monumentos e museus da cidade heróica funcionam em horários especiais com conforto e segurança garantidos.
A Igreja da Ordem Terceira do Carmo, a Igreja da Matriz, o Memorial da Boa Morte, o Museu Hansen Bahia e o Memorial da Câmara de Vereadores tiveram os horários de funcionamento ampliados – das 9h às 12h e das 14h às 17h, incluindo o sábado e o domingo.

Sede da Irmandade da Boa Morte, CachoeiraFoto: Camila Souza/GOVBA
A oportunidade de aliar literatura à riqueza histórica de Cachoeira surpreendeu a historiadora paulista Fernanda Trindade, que veio à Bahia pela primeira vez para a Flica com a família. “Está sendo uma surpresa incrível conhecer está história e o papel da cidade na independência”.
A segurança nos pontos turísticos e em toda cidade conta com o reforço de 75 policiais militares do Batalhão Especializado em Policiamento Turístico (Beptur). O efetivo é treinado para atender à população do município e aos turistas e tem policiais fluentes em inglês. A ação foi articulada pelas secretarias estaduais do Turismo (Setur) e da Segurança Pública (SSP), com apoio da Guarda Municipal de Cachoeira.
Cachoeira reúne importante acervo arquitetônico em estilo barroco com casas, igrejas, prédios históricos que preservam a imagem do Brasil Império quando foi a vila era uma das mais ricas e populosas do Brasil nos séculos XV.
Para o professor Heitor Gomes, a Flica traz a oportunidade de conhecer a própria história. “Conhecer a arquitetura, a história do povo e das religiões que compõem o povo de Cachoeira é fantástico”.
Major Curió confessa à Justiça que matou prisioneiros na Guerrilha do Araguaia
Em um depoimento inédito à Justiça Federal, Sebastião Rodrigues de Moura, 77 anos, o Major Curió, revelou que matou dois prisioneiros da Guerrilha do Araguaia no início da década de 70, durante o regime militar. A audiência em segredo de Justiça ocorreu ontem na 1ª Vara Federal de Brasília, sob comando da juíza Solange Salgado. Curió enviara atestado médico para não comparecer, mas a juíza recusou e expediu mandado de condução coercitiva e a Polícia Federal buscou Curió em casa.
Com a restrita presença de advogados e de familiares das vítimas, o depoimento foi longo, ocorreu entre 13h30 e 23h. Só tarde da noite o militar confessou os crimes.
O militar, que era capitão à época, mas tido como o principal algoz da Guerrilha, confessou ter matado os subversivos Antônio Theodoro Castro, codinome Raul, e Cilon Cunha Brun, o Simão. Mandou um capataz enterrar os corpos e indicou à juíza a localização atual. No depoimento, Curió alegou que a dupla tentou fugir e foi abatida a tiros – na sua tese, não houve execução.
Embora o militar esteja amparado pela anistia, as revelações do depoimento vão nortear várias decisões da Justiça a respeito das buscas de desaparecidos e desencadear mudanças editoriais nas obras já publicadas até agora. A audiência foi tensa em alguns momentos, com acareações, bate bocas e intimidações.
Curió foi o mais temido militar atuante na região do Araguaia durante o regime. Era capitão das tropas que aniquilaram a guerrilha. Ganhou fama desde então, e ascendeu na hierarquia militar chegando às patentes de major e tenente-coronel. Com esta patente controlou na década de 80 o garimpo de Serra Pelada (PA) e fundou uma cidade que leva o seu nome, Curionópolis (PA).
Vigilância Sanitária amplia fiscalização na fabricação de sorvetes em Ilhéus
A Vigilância Sanitária de Ilhéus vai intensificar, a partir de novembro, a fiscalização em fábricas e distribuidoras de sorvetes e picolés no município. O objetivo é garantir que tenham bom nível de qualidade.
Além disso, visa eliminar ou minimizar a possibilidade de ocorrer efeitos nocivos à saúde provocados pelo consumo, diz o coordenador da Vigilância da Saúde, Antonio Firmo.
Ele ressalta que, por meio de relatórios periódicos, as Vigilâncias Sanitária e da Saúde do município constataram que os produtos de empresas já cadastradas apresentam boa qualidade.
“Já o consumo de gelados provenientes de fábricas clandestinas é perigoso”. Outra questão é que as irregularidades encontradas no início do programa de monitoramento foram corrigidas nas indústrias.
Dentre elas, Antonio Firmo cita a melhoria das instalações físicas, modernização dos equipamentos, adequação do processo de produção, identificação de matérias primas inadequadas e substituição destas por produtos isentos.
‘A literatura desautomatiza a nossa percepção’, diz autora durante a Flica
Autora do livro Divã, que virou filme, a escritora Martha Medeiros bateu um papo descontraído com Veronica Stigger, autora da obra que recebeu o nome polonês Opisanie Swiata (Descrição do Mundo, em português). O debate com o tema “Paisagens Múltiplas” encerrou a programação desta quinta-feira (15) da Festa Literária Internacional de Cachoeira.
Martha disse que é preciso desmitificar a chamada “inspiração” atribuída aos escritores. “Essa palavra inspiração é uma armadilha. Não existe isso. É um trabalho diário”, definiu a autora, que também escreve em colunas de grandes jornais do país. “Eu estou escrevendo todos os dias. Tem dias que tenho branco, então sempre preciso ter textos reservados para não deixar o jornal sem texto. Quando acho que tem uma qualidade mínima eu arrisco, mas acho que é algo instintivo”, explica.
“Ficção não é o enredo em que me saio melhor. Eu só tento escrever. Os personagens são descritos, mas nunca tem cenário. Descrevo o que os personagens estão sentindo e é um cenário emocional”, contou Martha. Ela diz que, apesar de o fato de ter muitos livros publicados dar a impressão que é uma escritora de sucesso, ainda se sente amadora. “Eu continuo tentando e aprendendo”, completou a autora.
Verônica também compartilhou que o processo criativo é fruto de histórias que ouve das pessoas que conhece. “As pessoas me contam histórias e acabo transformando isso em ficção. Tem várias coisas que me chamam atenção e acabam ingressando nas histórias. Todos os meus livros são textos que assumem formas diferentes, seja de conto ou romance. Vai depender da ideia que eu tenho, de que forma é melhor para contar essa história”, contou.
“Acho que a literatura, assim como a arte em geral, nos ajuda a ver melhor as coisas. A literatura ‘desautomatiza’ a nossa percepção. A arte nos ajuda a perceber as coisas mais efetivamente. Chama atenção para algo que está ali e nos faz perceber pela primeira vez. O livro nos inquieta por outras razões e abre um mundo paralelo, não no nosso plano cotidiano. É quase como viajar”, compara a autora.
Martha ainda falou sobre a dificuldade em lidar com a disseminação de textos da sua autoria na internet, o que acaba fazendo com que sua escrita seja compartilhada como se fosse de outro autor ou que sua autoria seja atribuída a textos de outros escritores. “Eu sei que a internet me ajudou a divulgar demais, mas fico feliz quando sou lida nos livros e jornais, porque sei que as pessoas estão lendo na fonte. É muito melhor”, admitiu. (do G1)
“Os Dez Mandamentos” bate Jornal Nacional no Rio

Pela primeira vez na TV brasileira, um programa concorrente derrotou o “Jornal Nacional” em pleno Rio de Janeiro. Dados do Ibope consolidados, obtidos por esta coluna, mostram que a novela “Os Dez Mandamentos”, da Record, derrotou ontem o “Jornal Nacional” e a Globo em todo o tempo de confronto.
O Rio de Janeiro é o segundo maior e mais fiel público do “Jornal Nacional” em todo o Brasil (só menor que Florianópolis, SC). Entre 20h28 e 21h07, ontem, no confronto direto, a novela bíblica da Record marcou 22,3 pontos contra 20,4 pontos do “JN” — quase dois pontos de diferença, um feito inédito.
Em todo o seu horário de exibição, a novela também bateu a Globo por uma diferença ainda maior: 23,5 contra 20,9 pontos. Cada ponto de ibope no Rio equivale a 42,2 mil domicílios (em São Paulo vale por 67 mil). A novela ontem foi assistida por quase 3 milhões de cariocas. (do Uol)
Servidores terão que fazer recadastramento presencial
Os servidores ativos do Estado que não se recadastraram até o último dia 12 devem procurar o quanto antes a Coordenação de Recursos Humanos do órgão a que pertencem para evitar a suspensão também dos próximos salários. Amplamente divulgado, o prazo oferecido pela Secretaria da Administração (Saeb) foi calculado justamente para que houvesse tempo hábil de se manter na folha de pagamento vigente.
Uma vez no RH, a atualização dos dados funcionais, a partir de agora, é feita presencialmente, de forma manual. Recadastrados e validados, os servidores precisam aguardar a análise das áreas competentes, que decidirão se haverá a regularização dos vencimentos ou, em caso de necessidade, a abertura de processo administrativo.
Dentre os cerca de 30 mil servidores envolvidos na segunda fase do recadastramento de ativos, 255 deixaram de se recadastrar, sendo que apenas 187 estavam dentro da folha. Confira a lista no Portal do Servidor.
Show abre espaço para música instrumental em Ilhéus

A edição de outubro do Encontro Grapiúna de Compositores e Compositoras que acontece nesta sexta-feira, na Tenda Teatro Popular de Ilhéus (Tenda TPI)tem uma novidade. Além de canções, o público poderá presenciar as criações instrumentais de Zezo Maltez, saxofonista-compositor. Além de Zezo, apresentam-se também Cris e Marcelo, Sérgio Nogueira e Chico Augusto Dias (Chiquinho), cada um com um estilo diferente, compartilhando músicas inéditas em um único show.
Esta é a 6ª Edição do Encontro e vem consolidar esse movimento de criadores musicais na região. “Mais uma vez, o projeto assume a tentativa de não excluir criadores ou criadoras por conta de questões pessoais, de gosto ou preconceituosas. Compositores e compositoras, sejam eles cantores ou não, podem compartilhar músicas inéditas e se expressar, independente da idade, gênero ou gênero musical”, explica a compositora e produtora do projeto, Eloah Monteiro.
O evento tem o apoio do Teatro Popular de Ilhéus; da Tenda Teatro Popular de Ilhéus; d’O Criadouro – Comunicação Visual; da Bem Bolado Brasil; da Livraria Papirus; da Jack Arts; de Gil Lucas Sonorização; e do Hospital de Olhos Elclin.
João Paulo Cuenca e Lima Trindade debatem a profundidade da literatura
O que há entre o profundo e o superficial na literatura foi tema de debate entre os autores João Paulo Cuenca e Lima Trindade nesta quinta-feira (15), na Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica). Os escritores discutiram sobre o aprofundamento de temas na literatura, através da mediação do poeta Cristiano Ramos, no palco do claustro do Convento do Carmo. A quinta edição da Flica acontece até o domingo (18), na cidade do Recôncavo Baiano.
Na discussão, Cuenca citou um dos seus livros preferidos, “O Brasil é bom”, do autor André Sant’Anna. “No livro ele pega discursos loucos, superficiais, que, no discurso literário dele, ganha profundidade tremenda. Ele faz caricatura usando uma linguagem, uma construção verbal e imagética superficial, tosca e vagabunda. A maneira que ele faz isso é genial. Isso é colagem. Você pode usar coisas muito superficiais e simples e transformar em um labirinto de signos”, defende.
O romancista carioca, que também publica crônicas em jornais, apontou que a crônica é um gênero aparentemente superficial, mas que tem o poder de aprofundar assuntos e provocar questionamentos. “O cronista vê as coisas superficiais e consegue transmitir o profundo através delas de uma forma muito elegante. É muito comum ler textos dito profundos que são superficiais, que têm uma linguagem acadêmica e não diz nada de forma muito profunda”, exemplificou Cuenca.
Lima Trindade defendeu que para o texto alcançar profundidade não é necessário apresentar dificuldade para ser entendido. “O texto profundo nem sempre é incompreensível. A gente escuta sobre o que é superficial ou profundo de uma maneira muito senso comum. Você pegar um clichê e deslocar o sentido é muito difícil. A gente tem que tomar cuidado com o que diz que é profundo e superficial”, afirmou o escritor brasiliense.
Trindade acredita que não há uma tendência de superficialidade nos livros mais vendidos. “Acho que há espaço para tudo. Mas acho que querem que pensem que o leitor quer o mais fácil. Cabe ao leitor dizer que quer outros livros e comprar não apenas pela propaganda. Ele deve partir para uma experiência estética e vital”, aponta o autor. (do G1)
Flica debate história e desdobramentos da escravidão no Brasil
Na segunda mesa literária da Flica 2015, realizada da manhã de hoje, os historiadores Tâmis Parron e Cacau Nascimento falaram sobre a temática Etnias, resistências e mitos rememorando o período escravagista brasileiro e seus desdobramentos na sociedade atual. O curador da Flica e mediador, Aurélio Schommer, começou a conversa trazendo à tona a obra do historiador baiano João José Reis, referência da historiografia brasileira sobre os conflitos de resistência negra no Recôncavo Baiano.
De Cachoeira, Cacau Nascimento, lembrou a formação singular da cidade no período escravagista. Com território pequeno em relação às regiões vizinhas, Casa Grande e Senzala estavam muito próximas em Cachoeira, assim, as frequentes revoltas de escravos marcaram a história da cidade, com participação de segmentos específicos da sociedade, como as irmandades religiosas católicas.
Para Tâmis Parron, os ciclos de revoltas escravas influenciaram a forma como se definiu pela primeira vez a cidadania desracializada na constituição brasileira. Todo aquele que tinha carta de alforria e, portanto, podia ser negro, mulato ou mestiço, era considerado cidadão.
Que (não) descanse em paz
O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra morreu nesta quinta-feira (15), aos 83 anos, em um hospital de Brasília. Ele tratava um câncer e estava internado desde 23 de abril com suspeita de infarto depois de sofrer um mal-estar. Segundo a família, sua imunidade estava baixa por causa da quimioterapia. Ustra foi o chefe do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), órgão de repressão política durante a ditadura militar.
Em 2013, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, ele afirmou que a presidente Dilma Rousseff participou de “organizações terroristas” para implantar o comunismo entre 1960 e 1970. Segundo Ustra, se os militares não tivessem lutado, o Brasil estaria sob uma “ditadura do proletariado”. Em dezembro, o relatório final da Comissão da Verdade incluiu o nome de Brilhante entre os 377 responsabilizados por mortes na ditadura.











