:: ‘Notícias’
Portos baianos ampliam fiscalização para evitar ebola
Autoridades da área de saúde na Bahia estão preocupadas com a possível entrada do vírus ebola no estado, via cargas desembarcadas nos portos de Ilhéus, Salvador e Aratu. Diversas ações estão sendo adotadas pela Vigilância Sanitária.
Entre elas o treinamento de profissionais e mais rigor na fiscalização dos navios vindos de países africanos, como Nigéria, Libéria e Serra Leoa. As embarcações terão que aguardar no mar antes de atracar nos portos baianos.
Os navios serão liberados para aportar em Ilhéus, Salvador e Aratu somente depois de vistoriados pelas equipes da Vigilância Sanitária. A abordagem será feita por técnicos com roupas especiais.
No Porto de Ilhéus são desembarcados principalmente amêndoas de cacau de países africanos. Alguns enfrentam o maior surto de ebola dos últimos 40 anos.
Pesquisa Bapesp: com apoio de Lula, Dilma e Wagner, Rui ´cola´em Souto
PESQUISA ESPONTANEA REVELA 80% DE INDECISOS. PALANQUE ELETRÕNICO SERÁ DECISIVO
A primeira pesquisa Babesp sobre a corrida sucessória na Bahia revela que os padrinhos políticos podem mexer com o cenário ao Palácio de Ondina, mas ainda sem o impacto previsto em sondagens eleitorais.
Rui Costa (PT) chega a 28% das intenções de votos quando associado ao governador Jaques Wagner, à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Lula. Paulo Souto (DEM) continua na liderança se associado ao prefeito de Salvador, ACM Neto, e ao presidenciável pelo PSDB, Aécio Neves, atingindo 38%. A diferença entre ambos cai a 10 pontos percentuais com os apadrinhamentos.
A socialista Lídice da Mata (PSB) fica com 11% quando o eleitor recebe a informação de que ela é apoiada pelo presidenciável e ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, também do PSB. Marcos Mendes (PSOL), Da Luz (PRTB) e Renata Mallet (PSTU) atingem 1% cada um ao serem associados aos presidenciáveis por suas respectivas legendas. O percentual de nulos, brancos e indecisos atinge 21%.
Quando os candidatos ao governo baiano aparecem sem a força dos padrinhos políticos, o democrata Paulo Souto vai a 40% e o petista Rui Costa atinge 16%. Lídice da Mata vai a 13%. Marcos Mendes alcança 2%, enquanto Da Luz e Renata Mallet chegam a 1% cada um. Neste cenário na estimulada, votos em branco, nulos e indecisos somam 29%. Como a soma dos adversários é inferior aos 40%, Souto estaria eleito no primeiro turno.
A pesquisa Babesp ainda revela que o universo de eleitores sem voto definido chega a quase 80% a menos de dois meses da eleição na pesquisa espontânea, quando não são apresentados nomes dos candidatos ao eleitor. Nesta modalidade, Souto tem 6,95% das intenções de voto ante 2,25% de Rui Costa e 0,6% de Lídice da Mata. Os demais candidatos têm menos de 1%.
A pesquisa consultou 2.000 eleitores em 84 municípios no período de 5 a 11 de agosto. O levantamento foi encomendado pelo presidente da Assembleia Legislativa baiana, Marcelo Nilo (PDT) e está registrado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob o número BA-00008/2014. (com informações do Pimenta na Muqueca)
Militares fogem e Comissão Nacional da Verdade ouve parentes de desaparecidos na Guerrilha do Araguaia
A audiência pública sobre a Guerrilha do Araguaia (1972-74) realizada nesta terça-feira (12), em Brasília, pela Comissão Nacional da Verdade, foi marcada pela ausência de militares convocados, como o coronel reformado Sebastião Rodrigues de Moura, o Curió, um dos chefes da repressão aos esquerdistas no combate. Curió avisou que estava internado por problemas de saúde e não poderia comparecer. Ele ainda pode ser ouvido no Hospital das Forças Armadas da capital federal nesta terça.
Outros três militares – Leo Frederico Cinelli, Thaumaturgo Sotero Vaz e José Conegundes do Nascimento – também não respeitaram a convocação da Comissão Nacional da Verdade.
O coordenador da Comissão, Pedro Dallari, afirmou que estuda requisitar à Polícia Federal a condução coercitiva de militares para depoimentos. “Vou usar, mas no último limite -já que não é confortável para ninguém. Antes eu quero esgotar todas as possibilidades. Tomo muito cuidado para não ter uma postura odiosa”. Na opinião de Dallari, a ausência dos militares em audiências públicas da Comissão já afeta a imagem das Forças Armadas.
Críticas
Apesar de tratar sobre um dos mais importantes capítulos da resistência a ditadura militar (1964-1985), a audiência não revelou, até início da tarde, novidades sobre o episódio de perseguição a militantes esquerdistas.
Todavia, colheu depoimentos de presos políticos que afirmam ter sofrido torturas nos quartéis após serem presos na Guerrilha. Criméia Schmidt de Almeida contou que sofreu torturas físicas, grávida de sete meses. “Depois que o meu filho nasceu usaram ele para me torturar. Sumiam com ele por três dias. Com um mês ele pesava 2,7 kg”, disse.
Criméia detalhou torturas psicológicas, como demonstrações por dias seguidos de imagens de colegas mortos da Guerrilha. Eram as chamadas “salas de cinema”.
Danilo Carneiro, ex-guerrilheiro que também denunciou tortura na audiência pública, aproveitou o depoimento para criticar, entre outras coisas, os trabalhos do colegiado. Para ele, a Comissão Nacional da Verdade “é uma farsa” e não chegará a um resultado satisfatório.
Áudios
Durante a audiência foram transmitidos três áudios de militares da reserva que atuaram no combate aos guerrilheiros do PCdoB.
Além do depoimento do general reformado Nilton Cerqueira, antecipado nesta terça-feira pela coluna Painel da Folha de S.Paulo, foram transmitidos outros dois. Os depoimentos somam provas já conhecidas de que o Exército executou presos políticos no combate. Cerqueira, que atuou na fase final do conflito, falou ao órgão em novembro passado. Questionado sobre combatentes que foram capturados com vida e desapareceram, afirmou: “Prender os terroristas não era uma opção”.
Um segundo áudio transmitido foi o do sargento João Santa Cruz. Além de reconhecer a atuação na Guerrilha do Araguaia e participação nas prisões de militantes esquerdistas, Santa Cruz afirmou que eles eram mortos após as prisões. Segundo ele, o “único [que tem a] chave disso é o [Major Sebastião] Curió. Ele tinha acesso de tudo. Nós não tínhamos.”
A voz do general Álvaro de Souza, que também depôs à Comissão, também foi ouvida após em áudio transmitido durante a audiência. Ele disse que os militantes não eram trancados em algum lugar. Souza mostrou orgulho de ter participado do combate aos guerrilheiros. “Eu não sei se vocês tem conhecimento de combate de selvas […]. Não existe tiro pra ferir. Isso é uma coisa maravilhosa. Fico feliz de ter [tido] essa oportunidade”, disse.
Histórico
Implantada pelo PCdoB, a guerrilha do Araguaia tinha o objetivo de formar, com a infiltração gradual de militantes armados e integrados à comunidade local, uma área militarizada na região que hoje abrange o norte do Tocantins e o sudeste do Pará.
O plano foi descoberto e a guerrilha foi dizimada pelo Exército em três operações entre 1972 e 1974.
A Comissão Nacional da Verdade promete trazer um capítulo sobre o a Guerrilha do Araguaia no relatório final que deve ser divulgado em 10 de dezembro deste ano.
Mandante de cachina que matou seis na Bahia é preso
Daniel Pereira dos Santos, o “Cominho”, 29 anos, suspeito de liderar a chacina de seis pessoas, na noite de sábado (9), no Subúrbio de Periperi, em Salvadir, foi interrogado no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba, na tarde desta terça-feira (12), poucas horas depois de se apresentar no Conjunto Penal de Lauro de Freitas, de onde saiu no sábado (9), beneficiado pelo indulto do Dia dos Pais.
O titular da Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM), delegado Odair Carneiro, que preside o inquérito, apresentou o criminoso à imprensa, às 17 horas, antes de recambia-lo para o sistema prisional, onde cumpre pena por estupro. “Cominho” também responde por homicídio, ocultação de cadáver e associação ao tráfico. Outros dois participantes da chacina, identificados como Jean Jorge Gonçalves dos Santos, o “Papel”, e Diego de Souza Gonçalves, o “Bide”, continua foragidos, e são procurados.
No depoimento prestado no DHPP “Cominho” revelou a motivação e as circunstâncias do ataque à casa, na Rua Guiné, onde acontecia uma festa de aniversário de familiares de seu ex-comparsa e atual rival, Leno Reis Menezes, com o qual tem uma rixa. Depois que “Cominho” foi preso, Leno associou-se a traficantes rivais, daquela região.
Alvos do ataque, Leno e outro traficante, de prenome Bruno, deixaram o local da festa minutos antes do ataque, mas Amanda Reis dos Anjos, Alessandro Reis dos Anjos, Ricardo de Carvalho Silva e Adoniran Reis dos Santos, foram alvejados com vários tiros. Marcos Antônio Silva Santos e Edmilson Santos dos Anjos foram mortos em via pública. Alessandra Reis dos Anjos e Leilane Reis Menezes foram baleadas nas pernas e socorridas no Hospital do Subúrbio.
Apontado como mandante e executor da chacina, “Cominho” foi indiciado por homicídio qualificado e deverá ser transferido para o Complexo Penitenciário da Mata Escura.
E o palhaço quem é? É estuprador de meninas

será que ele vai achar graça da recepção na cadeia?
O palhaço de um circo do sudoeste baiano é acusado de estuprar uma adolescente de 13 anos. Segundo o plantonista da delegacia de Polícia Civil Brumado, que investiga o caso, o acusado se apresentava como palhaço e começou um relacionamento com a menina enquanto o circo onde ele trabalhava passou uma temporada no município de Malhada da Pedras.
O palhaço, que completou 18 anos em maio, nega que forçou a jovem a manter relações sexuais com ele e apresentou uma carta supostamente escrita pela vítima, na qual ela “se desmanchava de amores”, disse o investigador.”A família da vítima era contra o envolvimento dos dois, e a mãe da garota deu queixa depois que eles deixaram a cidade”, conta o delegado Orlando Quaresma.
A mãe da adolescente alega que o casal manteve relações dentro de uma barraca do circo Palhaço Guli-Guli. “Ela não aprovava porque a garota estava matando aula para ficar com ele”, relata o delegado Orlando. Ela procurou a delegacia no domingo (10), e o palhaço foi localizado no dia seguinte em uma fazenda na cidade de Lagoa Real. (do Correio)
Crise Russia-Ucrânia: os EUA empurram a Europa e o mundo para uma nova guerra?
Conflicts Forum, Comentários, semana 25/7-1/8/2014
9/8/2014, http://www.conflictsforum.org/2014/conflicts-forum-weekly-comment-25-july-1-august/
“Há nova guerra começando na Europa” – disse ele. –
“Você realmente pensa que [a sentença de Haia no caso Yukos] tenha alguma importância?”
(Financial Times, 28/7/2014, citando fonte próxima do presidente Putin)
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O governo dos EUA anda expressando profunda satisfação. Afinal – contra as dúvidas, que persistiam semana passada – conseguiu empurrar uma relutante Alemanha a aceitar as sanções setoriais contra a Rússia e a unir-se à política para, claramente, isolar o presidente Putin. Sim, escrevi mesmo “Putin”, não “Rússia” – porque os políticos norte-americanos estão (outra vez!) convencidos de que, como resultado da ‘dor’ das sanções e de uma economia sob sítio, eles conseguirão induzir o povo russo a trocar o presidente Putin por algum outro presidente mais confortável e mais pró-ocidente. O presidente Obama chegou a manifestar abertamente o pervertido prazer de estar “desmontando décadas de genuíno progresso” na Rússia, e de ter tornado “uma já fraca economia russa, ainda mais fraca”.
E se Putin não cai, nesse caso uma ‘contenção’ de estilo iraniana tornará ‘impuro-intocável’ o presidente russo, e limitará a capacidade dele para desafiar a ordem global. E a Europa persistirá ancorada a Washington.
A liderança na UE, combinada aos seus profundos laços com a Rússia, significava que a Alemanha era o único estado que poderia reduzir ou conter a fúria dos anglo-saxões para impor sanções à Rússia e demonizar Putin. Em sentido importante, sancionar a Rússia tem tanto a ver com o futuro da Europa (particularmente com o futuro da Alemanha e de seu relacionamento com os EUA) e a manutenção da hegemonia dos EUA sobre a ordem internacional – quanto tem a ver com a Ucrânia e o voo MH17. Mas, sobretudo, é reafirmação do poder dos EUA, num momento de fraqueza visível – como a campanha de Suez o foi para Grã-Bretanha e França.
A vitória sobre a Alemanha (pelo menos, por enquanto), a imposição de sanções e de fato o gerenciamento de toda a imprensa-empresa sobre o caso da Ucrânia e a derrubada do MH17 (uma catarata de emoção ‘humanitária’ de horror, como meio de ação psicológica para impedir que algum eventual verdadeiro jornalismo investigasse o que realmente aconteceu ao avião malaio); e o uso desse contágio emocional para demonizar Putin como ‘bárbaro sem qualquer limite’ – é nada além de espetáculo-show do poder norte-americano, assumidamente ‘para impressionar’. Nada, aí, tem a ver com ‘realidades’ – como já foi deixado abundantemente claro na carta de ex-oficiais de inteligência dos EUA ao presidente Obama. Ainda não se sabe (oficialmente) o que aconteceu ao MH17.[1] É um espetáculo-show de poder: simplesmente isso.
O período mais recente, essencialmente, foi focado numa discussão profunda na Alemanha sobre sua alma germânica. Inicialmente, Alemanha adotou posição contra saltar depressa demais na trilha das sanções; mas pressões diretas dos EUA, e a matrix de influência indireta dos EUA que contamina tudo, sob a superfície europeia, afinal (por enquanto) prevaleceu. A questão e se isso marca algum ponto de virada na política europeia: Essa vitória dos ‘atlanticistas’ no caso das sanções contra a Rússia é vitória de valor meramente tático; ou tem valor verdadeiramente estratégico?
A questão envolve a alma germânica: imediatamente depois das duas guerras europeias, a Alemanha buscou desesperadamente reduzir-se, como um Gulliver – grudar-se naquele novo eixo ‘euro’ entre França e Alemanha — de tal modo que aquele conflito nunca mais voltasse e irromper. Consequência disso, o centro de gravidade da Europa depois da Guerra mudou-se claramente para os litorais atlânticos. Nem poderia ter sido diferente: a Alemanha emergiu da guerra como nação derrotada, com a indústria em ruínas e sob ocupação pelos Aliados.
Os anglo-saxões tendem a ver esse resultado (uma centricidade atlanticista) como nada além de seu direito legítimo como ‘vitoriosos’. Mas os alemães sabem – no fundo da alma – que a verdade é outra: que foi o Exército Vermelho quem, ao longo dos três anos antes do desembarque na Normandia, lutara contra a Wehrmacht e a derrotara. Os alemães perderam a 2ª Guerra Mundial na Batalha de Stalingrado – quando a maior parte dos sobreviventes do poderoso 6º Exército Alemão renderam-se aos russos, inclusive 22 generais.
19 meses antes, a maior força de invasão jamais organizada invadiu a Rússia por uma fronteira de 1.600 km. 3 milhões de soldados alemães; 7.500 unidades de artilharia; 19 divisões Panzer com 3 mil tanques; e 2.500 aeronaves deslocaram-se por território russo durante 14 meses. Em junho de 1944, três anos adiante, pouco restava desse exército descomunal. O Exército Vermelho mastigara os nazistas.
É essa história terrível partilhada de milhões de mortos dos dois lados que uniu Alemanha e Rússia, depois do fim do Muro (além da presteza com que a Rússia aceitou a reunificação da Alemanha). A Alemanha queria (ainda mais do que quisera em relação à França) unir as duas grandes potências da Europa de tal modo que aquela guerra nunca mais voltasse a ser possível.
A partir dali, a Alemanha deu-se trabalho gigantesco e sofreu muitas dores para cortejar os russos. Ofereceu sua força industrial e seu know-how para ajudar a Rússia em importantes projetos russos de infraestrutura e construção industrial. A Rússia aceitou e valorizou tais aberturas. Os dois estados, com a infraestrutura industrial dizimada pela guerra, compreenderam também o imperativo de que qualquer estado industrial tem de ter recursos energéticos – e compreenderam também que os EUA, depois da primeira Guerra Europeia, haviam-se assenhoreado das principais fontes de recursos de petróleo (e, claro, da política internacional muscular que vem com elas).
O relacionamento russo-alemão cresceu como massa indivisa, de fato, em torno dessa perspectiva partilhada da importância de a Europa não se prender em relações de dependência energética: quando o presidente Putin concebia a estratégia para a empresa Gazprom, concluiu que, se os EUA efetivamente controlavam as principais fontes de petróleo, então a Europa – a Rússia – tentaria controlar as principais fontes de suprimento de gás (a nova fonte de energia e de influência política). A Gazprom então se pôs agressivamente a comprar as principais fontes de fornecimento de gás na Ásia.
O ponto aqui foi que esse projeto que foi concebido como parte da ‘ligação’ que tornaria inconcebível a guerra – foi iniciativa conjunta russo-alemã. Veio à luz graças à cooperação de Hans-Joachim Gornig, um dos ex-vice-presidentes da Empresa Alemã de Petróleo e Gás Industrial, e que supervisionou a construção da rede de gasodutos da Alemanha Ocidental; e o primeiro presidente foi Vladimir Kotenev, ex-embaixador da Rússia na Alemanha (e o chanceler Gerhard Schroeder passou a trabalhar na Gazprom quando deixou o governo alemão em 2005). Todos esses laços, por sua vez, garantiram a segurança energética da Alemanha, mediante a conexão direta com o gás russo pelo gasoduto Ramo Norte [orig. Nord Stream].
Em resumo, ali o centro de gravidade da Europa inexoravelmente se moveu para o leste, na direção contrária aos litorais atlânticos. Na verdade, a jornada da Alemanha poderia ter parado ali (Rússia); mas a jornada manteve sempre a perspectiva (na mente dos russos, como na dos alemães) de que se poderia estender pela Rússia até Pequim e para uma aliança euroasiática que, pelo menos, ‘equilibraria’ o poder dos EUA.
O ‘pivô da história’ é conceito velho (proposto pela primeira vez por Mckinder em 1904), segundo o qual quem controla o ‘pivô’ (que se estende do Volga ao Yan-Tsé, e das montanhas Himalaias ao Ártico) controla mais de 50% dos recursos mundiais e assim, portanto, controla efetivamente o mundo. (Os EUA têm sido hostis há muitos anos a qualquer controle sobre as terras do continente eurasiano por qualquer desses dos países; também têm se oposto a a Alemanha depender de fontes russas de energia. Os EUA sempre preferirão que a Europa importe o caríssimo gás liquefeito, dos EUA).
Como, então, poderia a Alemanha, agora, esquecer uma Stalingrado inscrita para sempre em sua alma mais profunda, e embarcar num curso de ação que – com a extensão inevitável, até o fracasso, da missão já em curso – pode empurrar a Europa para muito perto da guerra?
Pyotr Akopov, importante analista russo, também está intrigado com isso:
“Moscou esperava que o ‘jogo’ dos EUA, de isolar a Rússia, acabaria por [paradoxalmente] catalisar a emancipação da Alemanha [da hegemonia dos EUA]. Com certeza, ninguém [na Rússia] contava com rompimento rápido – o objetivo de Putin era, de fato, obter uma neutralidade condicional da Alemanha (e também da UE como um todo), no conflito entre Rússia e EUA [pela Ucrânia]”.
“Para facilitar [o não alinhamento da UE], a Rússia estava pronta para fazer concessões substanciais – limitadas, é claro, ao interesse nacional russo. Mas [por essa via], ambas, a paz e uma Ucrânia não alinhada, poderiam ter constituído a base da cooperação russo-europeia nos próximos anos. Bastaria que a Europa estivesse preparada para abster-se de ‘pular dentro’ da Ucrânia, enfiando-se sob o guarda-chuva atlântico. Infelizmente, nem Bruxelas nem Berlin quiseram admitir o simples fato de que a Rússia em nenhum caso admitirá a secessão de parte do mundo russo – golpe que apareceu sob a mascarada de uma eurointegração”.
Quer dizer então que o jogo acabou? A Europa terá sido ‘puxada’ com sucesso para a iniciativa nos EUA para instalar em Kiev um regime pró-Europa, pró-OTAN e furiosamente anti-Rússia? Só o tempo dirá; mas não se trata de os europeus estarem apenas ‘desentendidos’, sem saber do que se trata.
Um importante intelectual norte-americano, Professor Wallerstein, escreveu que “o problema básico é que os EUA estão, já há algum tempo, em rota de decadência geopolítica. A coisa não agrada aos EUA. De fato, os EUA não ‘aceitam’ essa realidade, não sabem como lidar com ela e tendem sempre a minimizar o que os EUA estão perdendo. Assim, tentam restaurar o que já é irrestaurável: a ‘liderança’ norte-americana (leia-se: a hegemonia dos EUA) no sistema-mundo.”
Os resultados dessa resistência a ver a realidade, dessa negação dos fatos (veja-se, por exemplo, o discurso de Obama em West Point sobre o excepcionalismo norte-americano) têm sido muito visivelmente confusos; e não raras vezes perigosamente desestabilizatórios: os europeus, sim, estão ‘entendendo’ o que se passa – e veem, sim, que a Ucrânia pode ser, sim, mais uma aventura sem sentido, sem justificativa e muito perigosa.
Os EUA estão em declínio e a ordem global está com problemas: Nos anos 1990s, ainda poderia ter sido possível para os europeus convencerem-se eles mesmos de que a ‘ordem liberal’ reinava na maior parte do mundo; hoje, não mais. Na realidade, a ordem global está muitíssimo distanciada dos valores ‘liberais’. Foi gerenciada a golpes mais ou menos declarados e com revoluções ‘coloridas, ou por ações da habilidade unilateral dos EUA para excluir estados, expulsando-os do sistema financeiro global, ou pela manipulação da dívida. Isso é simplesmente impossível de manter, como mecanismo para o longo prazo; e Rússia, China e os BRICS já estão construindo um sistema paralelo.
Em outras palavras, a mudança do centro de gravidade no rumo da Eurásia tem sua própria dinâmica, seja em termos de política global seja como locus das últimas fontes de recursos energéticos de baixo custo. Está acontecendo. Está em aceleração. E a Ucrânia acelerará o processo, ainda mais. A Alemanha ter concordado com Washington, portanto, é mais evento tático, que estratégico: o mais provável é que a Alemanha mantenha, inalterado, seu jogo de longo prazo.
Putin já deve ter alertado Angela Merkel de que seus movimentos podem levar à guerra – guerra real em plena Europa, outra vez; mas evidentemente ela crê que a guerra será evitada e que conseguirá reencontrar a via para retomar o engajamento com o presidente Putin. (Até aqui, não se vê ainda como.)
E aqui está o ponto: Obama tem suas duras sanções; mas ficará nisso? As sanções obrigarão Putin a aceitar deixar-se ficar, impotente, enquanto Kiev vai suprimindo a ferro e sangue a resistência no Donbass (e em outras províncias)? E se Obama obtiver isso, ficará por aí? Ou, ou as sanções e exigências voltarão a morder, insistindo, então, que a Rússia tem de desistir da Crimeia? É possível que o presidente Obama suponha que as coisas não chegarão até lá. Angela Merkel talvez também suponha que não. Mas alguns no (e fora do) governo querem que as coisas cheguem precisamente até lá.
Será que alguém realmente crê que sanções porão de joelhos o presidente Putin, ou dobrarão a Rússia e a forçarão à submissão? Por que Obama mudou tão radicalmente, de posição em relação a quando, ainda candidato, “ridicularizou seu oponente Republicano Mitt Romney, que dissera que a Rússia seria a maior ameaça geopolítica para os EUA no século 21”?Será tudo, só, politicagem doméstica?
A seguir, ouve-se o que disse o Conselheiro Econômico do presidente Putin, avaliando os perigos. Absolutamente não significa que Sergei Glazyev falava em nome do presidente Putin; seus comentários, que são visivelmente pessoais e refletem perspectiva russa de raízes profundas, foram feitos durante uma mesa redonda sobre temas econômicos noMoscow Economic Forum dia 10/6. Aqui, foram parafraseados [o vídeo tem legendas em inglês e foi comentado longamente também no blog Vineyard of the Saker (NTs)]:
“Quanto às políticas de Kiev, permitam-me dizer o seguinte: Kiev está claramente perseguindo uma política de genocídio para eliminar a população do Donbass. Está destruindo a infraestrutura social; já destruiu o melhor e mais moderno aeroporto de toda a Europa (importante projeto de infraestrutura); destruiu hospitais, jardins de infância e escolas. O destino que estão preparando para o povo do Donbass é servidão – objetivo do qual não fazem segredo. Basta ouvir os ideólogos de Kiev, como Liashko. A posição de Poroshenko não é significativamente diferente. O pessoal está sendo furiosamente explorado também economicamente – o que visa a forçar condições para que o povo do Donbass deixe a região, que se transformem em refugiados.
Obviamente, os EUA controlam completamente Kiev, controlam Poroshenko pessoalmente e estão forçando o governo a prosseguir nessa guerra contra o Donbass – e até o fim. Sem limites. Usando todos os meios, até que toda a resistência tenha sido eliminada.
Por que o tempo não está do nosso lado? Os norte-americanos definiram um curso de militarização da Ucrânia, a construção de uma ditadura dócil e uma total mobilização do povo da Ucrânia contra a Rússia. Embora a população não abrace entusiasmada essa mobilização, analisem essas dinâmicas: em dezembro de 2013, havia 2 mil milicianos fascistas em Kiev; em fevereiro, 20 mil; em maio, 50 mil; no verão, haverá 100 mil. Em breve, haverá meio milhão de soldados armados. Estão distribuindo equipamento militar tirado dos quartéis. A Ucrânia já possuiu um grande exército, o qual está sendo ressuscitado. Tanques e blindados foram retirados de depósitos e estão sendo restaurados (não é trabalho difícil); o mesmo está acontecendo com os aviões: estão sendo restaurados em Odessa.
O objetivo deles é guerra contra a Rússia. Não é coisa a que possamos só assistir sentados. Ao perder o Donbass, teremos perdido também a paz. O alvo seguinte será a Crimeia. Não estou brincando: a Ucrânia será brutalmente empurrada para uma guerra contra a Rússia, sob o pretexto da Crimeia. Poroshenko já disse isso. Nuland disse claramente em Odessa que esperam que a Ucrânia entre em guerra para recuperar a Crimeia[negritos nossos]. Essa Armada de meio milhão de soldados invadirá a Crimeia. Disso, não há dúvida. Churchill disse certa vez: “Tiveram a chance de escolher entre guerra e desonra. Escolheram a desonra – e terão guerra.”
Falo aqui de guerra moderna – que não significa mandar nossos tanques contra Kiev. Mas temos o direito, nos termos da lei internacional de pelo menos deter o genocídio. Para tanto, basta fechar o espaço aéreo e usar o mesmo mecanismo para deter armas pesadas, que estão sendo usados contra o povo: como os norte-americanos fizeram na Líbia. Resultado daquela ação, o regime líbio não pode defender-se.
Ainda temos a chance de fazer isso. Dentro de meio ano, essa chance já não existirá. Lugansk e Donetsk estabeleceram dois parlamentos e autoridades que unem as duas repúblicas. A recusa de Kiev a negociar com elas é efeito de Kiev não ter qualquer independência. É vassalo dos EUA e, assim, é importante que identifiquemos claramente a Ucrânia como território ocupado – ocupado pelos EUA. Tão logo passemos a usar o quadro de referências correto, torna-se fácil ver o que temos de fazer. Temos de encorajar as outras regiões, não só a unir-se à Federação, mas, também, a se autolibertar da ocupação”.
A conclusão de Glazyev é que tudo sugere que os EUA estão deliberadamente tentando provocar um confronto militar entre as forças armadas da Ucrânia e a Rússia. Isso terminará em guerra. “Guerra europeia” – como ele prevê.
Depois que esses comentários foram redigidos, a resistência no Donbass conheceu vários sucessos na luta contra as operações militares de Kiev. Desde julho as forças de Kiev nada têm a exibir como sucesso militar (além de ter assumido o controle de Slavyansk, de onde as milícias da resistência fizeram uma retirada tática); consequência disso, estão recorrendo a armamento cada vez mais pesado, contra alvos civis. *******
[1] Mas extraoficialmente, sim, já se sabe de tudo [NTs].
Servidores da Prefeitura de Ilhéus devem comprovar compatibilidade de cargos
Os 415 servidores da Prefeitura de Ilhéus, vinculados às secretarias municipais de Administração (Sead), Saúde (Sesau) e Educação (Seduc), devem apresentar os documentos de compatibilidade de cargos até está quinta-feira, dia 14. Os convocados devem comparecer à Gerência de Recursos Humanos da Sead (2º andar do Anexo das Secretarias, Rua Santos Dumont, Centro), sempre no período das 8h30 às 17h30. Até a manhã desta terça-feira, dia 12, 159 profissionais compareceram ao chamamento. É necessário levar declaração constando cargo, função, data de admissão, carga horária e a distribuição semanal, bem como a situação funcional atual. Os documentos devem estar impressos, com o visto da chefia imediata.
Também é preciso apresentar cópia da declaração de acumulação de cargos públicos, as portarias e decretos estaduais e/ou da prefeitura concessivas de licenças médicas, com ou sem vencimentos, e demais documentos para verificação. Os servidores que não comparecerem ao chamamento ou não apresentarem a documentação exigida poderão ser penalizados com a suspensão temporária dos vencimentos e com a abertura de inquérito administrativo. Aqueles que por quaisquer motivos não puderem comparecer, deverão ser representados por procurador devidamente constituído na forma da lei.
Lendas, bruxas e fadas
Conta a lenda que há duas décadas, uma bruxa, invejosa de tanta fartura, que fazia do Sul da Bahia uma ilha de prosperidade em meio ao Nordeste subdesenvolvido, lançou uma praga mais voraz do que as sete pragas do Egito.
A bruxa pode ser uma lenda, mas a praga não.
Os efeitos da vassoura-de-bruxa, devastadores, são mais do que conhecidos, descapitalizando e endividando produtores, levados a planos de recuperação da lavoura equivocados; e lançando ao desemprego milhares de trabalhadores rurais, que sem outra opção, criaram imensos bolsões de miséria nas periferias abandonadas de Itabuna e Ilhéus..
Houve choro e ranger de dentes, e em meio à vã esperança de que a crise fosse passageira e que o cacau voltasse aos míticos tempos dourados, as dívidas foram se tornando impagáveis e a inadimplência explodiu.
Entrou-se naquele círculo vicioso em que, sem dinheiro para quitar as dívidas, o produtor se viu impedido de obter novos créditos para investir em clones de cacaueiros resistentes à vassoura-de-bruxa. Milhares de propriedades rurais foram relegadas ao abandono e a produção de cacau, devastada pela doença, foi reduzida a inacreditáveis 90%.
Como era previsível, a questão da dívida se tornou a ´pedra de toque´ que praticamente engessou o Sul da Bahia nesse período sombrio, em que só não chegamos ao fundo do poço, graças a algumas ações em áreas como turismo, comércio, prestação de serviços e a criação de pólos de saúde e ensino superior.
Quanto ao cacau, de exportador o Sul da Bahia passou a importador, o que dá a exata dimensão do tamanho da crise.
Pois bem, num desses raros momentos em que todos os segmentos regionais de unem em torno de um único objetivo, a questão da dívida dos produtores rurais recebeu um tratamento especial, criando condições efetivas para que ela fosse equacionada.
Após exaustivas negociações, o equacionamento da dívida atende 98% dos 13 mil produtores de cacau inadimplentes, com vantagens que da remissão (perdão) do débito para micro-produtores a descontos que podem chegar a 90% do valor do débito, além da inclusão do cacau no FNE Verde, que amplia o prazo de pagamento para 20 anos, com 8 de carência.
Mesmo com todas essas vantagensainda há os que resistem em renegociar os débitos, na velha mania de continuar vertendo lágrimas enquanto a vida segue ou à espera de um absolutamente impossível perdão do valor total da dívida.
Chega de choro.
A hora é de virar a página e a partir da renegociação das dívidas e da obtenção de novos créditos, iniciar a retomada da produção de cacau resistente à doenças e de alta produtividade e a verticalização, que inclui a fabricação de chocolate, agregando valor ao nosso principal produto, além de programas de diversificação como dendê, seringueira, pupunha e fruticultura.
Quem sabe se, a partir dessa mudança de paradigma, daqui a duas ou três décadas, se conte a lenda de uma fada redentora que derrotou a bruxa e nos recolocou num novo e duradouro ciclo de desenvolvimento sustentável.
Esqueçamos, por ora, fadas, bruxas e lendas.
O nome dessa nova página que precisamos escrever a partir de agora atende pelo nome de trabalho, aliado a uma elevada dose de união e de espírito empreendedor.
Daniel Thame
Agora é lei: drogarias devem ter presença de farmacêuticos
Foi publicada ontem (11), no Diário Oficial da União, a Lei 13.021, que torna obrigatória a presença de um farmacêutico em drogarias, durante todo o horário de funcionamento. Com a norma, as farmácias deixarão de ser apenas estabelecimentos comerciais e passarão à condição de prestadoras de serviços de assistência à saúde. Segundo o Conselho Federal de Farmácia, medir pressão, glicemia, aplicar soro e vacinas estão entre os exemplos de serviços que a norma permite que sejam prestados nas farmácias. Outra função que caberá ao profissional é notificar os profissionais de saúde, órgãos sanitários e o laboratório industrial sobre efeitos colaterais, reações adversas, intoxicações e dependência de medicamentos.
A nova lei, que entra em vigor em 45 dias, prevê ainda que as drogarias devem ter instalações adequadas sob o aspecto sanitário. Elas deverão ter equipamentos necessários à conservação de imunobiológicos, como vacinas e outros equipamentos exigidos pela vigilância sanitária. Há 20 anos no Congresso Nacional, a nova lei altera a Lei de Controle Sanitário do Comércio de Drogas e Medicamentos (Lei 5.991/1973), que atualmente exige a presença de “técnico responsável, inscrito no Conselho Regional de Farmácia”, o que permitiu a interpretação de que os técnicos podem ser profissionais de nível médio. Além disso, admite a substituição por “prático de farmácia” ou “oficial de farmácia”, em localidades sem o profissional exigido. (da Agência Brasil)
Um coral com 50 vozes para o Jubileu de Dom Ceslau Stanula
Formado por 50 participantes de grupos de cantos e corais de três paroquias de Itabuna, o coro “Voz que Clama” está ultimando os preparativos para sustentar os cânticos litúrgicos da Solene Concelebração Eucarística que marcará, no próximo dia 22 de agosto, os festejos pelos 50 anos de Ordenação Sacerdotal (Jubileu de Ouro) e 25 anos de Ordenação Episcopal (Jubileu de Prata) de Dom Ceslau Stanula, bispo diocesano itabunense.
Sob a coordenação das musicistas Maria Tereza Oliveira e Maria da Conceição de Sá Neto, uma rotina de ensaios tem feito parte da vida dos coralistas nos últimos 45 dias. Durante a celebração, serão entoados cânticos litúrgicos focados na temática sacerdotal, inclusive composições inéditas da Irmã Miria Terezinha Kolling, uma das mais expressivas compositoras sacras do Brasil.
Os 50 componentes do coro “Voz que Clama” estão divididos entre mulheres e homens – sopranos, contraltos, tenores, barítonos e baixos. A nomenclatura adotada pelo coral também foi uma forma de homenagear o bispo Dom Ceslau, cujo lema estampado no brasão episcopal é um fragmento do versículo 23 do capitulo 1º do evangelho de João: “Eu sou a voz que clama no deserto”.