:: ‘Pawlo Cidade’
“A invenção de Santa Cruz” será lançado na Academia de Letras de Ilhéus
A Academia de Letras de Ilhéus e a Editora do Teatro Popular de Ilhéus estão promovendo o lançamento e noite de autógrafo do livro A invenção de Santa Cruz, de autoria do escritor e acadêmico Paulo Cidade, no Salão Nobre da Academia de Letras de Ilhéus neste 25 de julho, às 19 horas.
Às vésperas de completar 500 anos, Santa Cruz, a cidade que ainda insiste em ser chamada de povoado, vive dias de calamidade e corrupção: seca, pestes e eleições. Habitada por personagens que parecem ter saído do Auto da Barca do Inferno, cada um com sua iniquidade e sua alegação, em seu jeito e trejeito, em sua cor e costume, sem tirar nem pôr, moradores de um povoado que um dia o mar haveria de engolir. Mas até lá — repetia Mariazinha Linguado — a gente vira peixe!
No povoado onde peixe tem nome de homem e homem tem nome de peixe, repleto de indivíduos de alta estirpe, que dizem possuir valores firmados na verdade, personalidade, hospitalidade e autenticidade, paradoxalmente o absurdo se faz cotidiano quando alguém é capaz de gastar dois reais apenas para evitar que o outro ganhe um. É o local onde nem todo filho de peixe, peixinho é, onde as lições de hereditariedade não se aplicam à índole e ao caráter.
Nesse espaço ímpar, descobrimos que as más influências estão por toda parte, quase palpáveis, como o odor forte do mercado de peixe da Central de Abastecimento, ao qual, inacreditavelmente, todos vão se acostumando. É o ar que respiramos, uma realidade que imperceptivelmente se entranha na gente.
Esse é, portanto, o principal enredo de A Invenção de Santa Cruz, mais novo livro na trajetória exitosa do maduro escritor e atual presidente da Academia de Letras de Ilhéus, Pawlo Cidade.
Pawlo Cidade lança “A Invenção de Santa Cruz” na Academia de Letras de Ilhéus
A Invenção de Santa Cruz, mais novo livro do escritor Pawlo Cidade, será lançado no próximo dia 25 de julho ,às 18h30, na Academia de Letras de Ilhéus. O enredo do livro narra que as vésperas de completar 500 anos,
Santa Cruz, a cidade que ainda insiste em ser chamada de povoado, vive dias de calamidade e corrupção: seca, pestes e eleições. Habitada por personagens que parecem ter saído do Auto da Barca do Inferno, cada um com sua iniquidade e sua alegação, em seu jeito e trejeito, em sua cor e costume, sem tirar nem pôr, moradores de um povoado que um dia o mar haveria de engolir. Mas até lá — repetia Mariazinha Linguado — a gente vira peixe!
No povoado onde peixe tem nome de homem e homem tem nome de peixe, repleto de indivíduos de alta estirpe, que dizem possuir valores firmados na verdade, personalidade, hospitalidade e autenticidade, paradoxalmente o absurdo se faz cotidiano quando alguém é capaz de gastar dois reais apenas para evitar que o outro ganhe um. É o local onde nem todo filho de peixe, peixinho é, onde as lições de hereditariedade não se aplicam à índole e ao caráter.
Pawlo Cidade lança ´A última Flor Juma`
Em meados de 1960, seringueiros, caucheiros, madeireiros e pescadores em Canutama, Amazônia, às margens do rio Assuã, quase exterminaram o povo juma. Aruká Juma era um dos sobreviventes da sua etnia. O indígena morreu aos 86 anos, vítima de complicações da coronavírus, no dia 2 de fevereiro de 2021. Foi a partir deste acontecimento que Pawlo Cidade (55), autor ilheense, membro da Academia de Letras de Ilhéus, ficcionou “A última flor juma”. A história é dedicada a Aruká Juma e todos os povos originários.

Pawlo Cidade
“A última flor juma” narra a saga de um pai e três filhas vivendo a beleza e as agruras da vida na Amazônia. Aruká Juma, remanescente da etnia Juma, e suas meninas Estrela D’água, Filha Branca e Menina do Rio lidam com um mundo em contradição.
De um lado, a exuberância da floresta, a harmonia da natureza e a magia das histórias. Do outro, a violência e a opressão de contrabandistas, seringueiros, grileiros e madeireiros que se apossam da terra e do trabalho de indígenas, ribeirinhos e pequenos agricultores. A última flor juma é uma história de amadurecimento, uma crítica social contemporânea e uma ode às tradições populares da região amazônica.
Pawlo Cidade (55) é também pedagogo, dramaturgo e gestor cultural. Autor, dentre outros, de “O colecionador de lembranças” (TPI Editora), “O tesouro perdido das terras do sem-fim” (A5/Via Litterarum Editora) e “Rio das Almas (Chiado Books). “A última flor juma” é também um manifesto contra todos os que querem sufocar, matar as cantigas, a história e a voz dos povos originários”, afirma o autor.
O livro, exclusivamente em e-book, está disponível à venda na Amazon desde o dia 26 de agosto, ao preço de R$ 24,99. Para os assinantes da kindle unlimeted o acesso é gratuito. Não é necessário ter um kindle para baixar o livro. Você pode lê-lo através do celular, tablet ou notebook. Basta baixar o aplicativo Amazon Kindle gratuitamente no Play Store. “A última flor juma” concorre ao Prêmio Kindle de Literatura.
“O Colecionador de Lembranças”, novo livro de Pawlo Cidade, será lançado na Academia de Letras de Ilhéus
A Editora Teatro Popular de Ilhéus e o escritor Pawlo Cidade lançam o livro “O Colecionador de Lembranças”, na próxima sexta-feira, dia 07 de outubro de 2022, às 19 h, na sede da Academia de Letras de Ilhéus. A edição é a mais nova produção da editora literária ilheense, que vem promovendo nos últimos anos nomes de renome nacional a exemplo de Sosígenes Costa e Jorge de Souza Araújo, assessorando novos escritores com equipe para serviços de edição, diagramação e impressão e que possui um catálogo composto por mais de 30 obras publicadas. Em breve, o livro será lançado também nas localidades de Barra Grande e Taipu de Fora, na Feira Literária de Serra Grande e na Feira Literária do Sul da Bahia.

Pawlo Cidade
Pedagogo, especialista em gestão cultural pela UESC, Pawlo Cidade atualmente preside as atividades da Academia de Letras de Ilhéus, na qual ocupa a cadeira de número 13, que pertenceu ao seu fundador, Jorge Amado, e posteriormente a escritora Zélia Gattai. Com 20 livros publicados, o autor ilheense que vem se destacando no cenário literário baiano e nacional lança agora sua vigésima-primeira ficção “O Colecionador de Lembranças” que aborda o cotidiano dos moradores da Vila de Santa Maria, lugarejo “situado historicamente na primeira década do século passado em terras ilheenses, numa leitura profunda e agradável, bem ao estilo do autor e seu realismo mágico”, segundo o historiador e poeta André Luiz Rosa Ribeiro.
Na opinião do escritor e tradutor Ivo Korytowski, “Pawlo Cidade é um cultor contemporâneo do realismo fantástico ou mágico, gênero de que a América Latina de língua espanhola foi pródiga na segunda metade do século XX (autores como Júlio Cortázar, Gabriel Garcia Márquez, Isabel Allende alcançaram fama internacional) e que, no Brasil, cujo ambiente literário foi dominado por mais de meio século pelo modernismo, manifestou-se sobretudo na teledramaturgia, em novelas de enorme sucesso como Saramandaia, Roque Santeiro, O Bem Amado. Mas conquanto a obra tenha muito de ficção, obras de autores contemporâneos como Eliezer Moreira e Pawlo Cidade mostram que, em pleno século XXI, nosso velho “regionalismo” continua vivo. Podemos afirmar que O colecionador de lembranças já nasce um clássico da literatura ilheense!”.
Pawlo Cidade lança “Rio das Almas”, seu mais novo romance
Na história do Brasil, 1968, foi o ano que não terminou por uma série de motivos políticos e civis. Para o pequeno povoado de Rio das Almas, que pertence à cidade de Betânia, o final da década de sessenta foi testemunha de uma série de ressurreições públicas que colocou em xeque os limites entre a vida e a morte. Rio das Almas, também conhecido como o povoado dos “Santos”, mais novo livro do escritor e dramaturgo Pawlo Cidade, (Editora Chiado, 2020), que conta, entre outras histórias, sobre a família dos olhos violetas e de Deocleciano Pimenta, o filósofo suicida que tentou tirar a própria vida milhares de vezes. “Rio das Almas” retrata a história de um lugar que conheceu seu apogeu nos tempos áureos da mineração e da ferrovia, mas foi sucumbindo aos poucos desde a fatídica tragédia de 1949.
Pawlo Cidade diz que “uns dirão que Rio das Almas é uma história de pecados; outros, que se trata de uma alegoria da morte. Para mim, que a escrevi, é a vida de um velho apaixonado e seu inimigo desequilibrado; de uma Maria que virou bicho, de muitas Marias de muitos segredos, e de um excomungado. É uma história de mil contos, três assombrações e um monstro. O rio das almas vivas, das almas peregrinas e das almas penadas é, do mesmo modo, o rio de Zé Romão Batista e Miguel Cervantes, o andarilho; Deocleciano e Maria Eunice, Pedro e Garcia, Jorge Baraúna, Tonho Deveras e dos gêmeos Avelino e Ariovaldo, filhos de Jason e Josué, mas nascidos de uma única mulher”.
E ele completa: “É uma absurda história de uns santos Demônios e de uns demônios Santos. Quisera eu esquecer dos redemoinhos, da
chegada dos pardais e do misterioso sumiço do menino invertido”. Para o escritor, Rio das Almas é, definitivamente, a passagem do que já foi, de dois burrinhos pedrês, uma mulher pombinha que virou uma joaninha e um padre holandês, que ao desembarcar em terras tupiniquins, se encantou com as nativas de ancas largas e seios volumosos. “É aqui que eu quero morar!”, e caiu de joelhos, beijando o chão, num gesto que foi repetido por muitos religiosos que vieram depois dele.
LANÇAMENTO. A tarde de autógrafos será no dia 13 de novembro, das 17h às 19h, no café-restaurante de Ilhéus, a Emporium Goumert, rua Ernesto Sá, 22, atrás do Teatro Municipal de Ilhéus. O livro será vendido ao preço de R$ 50,00.
No Dia do Escritor live debate Literatura e Meio Ambiente
Neste sábado, dia 25, é o Dia Nacional do Escritor e para marcar a data, ocorrerá a live “ Literatura e meio ambiente “, o objetivo da live é dialogar sobre meio ambiente e literatura. A live será medida por Pawlo Cidade e Efson Lima, às 17 horas.O escritor Pawlo Cidade é gestor cultural, educador ambiental, membro da Academia de Letras de Ilhéus, ocupando a cadeira 13, que pertenceu a Jorge Amado. Tem 18 livros publicados e já tem um livro no prelo a ser publicado ainda neste ano.
Por outro lado, Efson Lima é professor universitário e advogado. Tem pesquisado sobre a Academia de Letras de Ilhéus e os autores que nasceram na região. Efson nasceu em Itapé e foi morar em Ilhéus aos 11 anos de idade, atualmente, mora em Salvador, inclusive, trabalha no contexto da economia solidária. Nas palavras do escritor Pawlo Cidade a “Literatura e meio ambiente estão essencialmente imbricadas quando falamos da natureza. Difícil separar esta daquela”. Na sequência, Efson Lima complementa que o debate ambiental tem sido um tema instigante no Brasil, inclusive, teve recentemente forte repercussão em Ilhéus.
RAIO X DA LIVE:
DATA: 25/07/2020
Horário: 17 horas
Perfis no Instagram: @pawlocidade @efsonlima
Os livros e seus fazedores – uma ode a liberdade
Efson Lima
Dia 23 de abril se comemora o Dia Mundial do Livro e também dos Direitos do Autor. Poderia ser mais uma data, mas lembrar o dia do livro se tornou uma data obrigatória para quem cultiva a liberdade. Para além da liberdade, também é uma data muito especial para a cadeia do livro, para o processo criativo, para a economia, para a cultura… A importância é enorme, desde quando Gutemberg inventou a imprensa, certamente, o fato possibilitou uma proliferação de informação sem precedente, então, os interessados podiam consultar as fontes. Por óbvio, a oralidade continuou, mas os registros foram sendo feitos e difundidos na sociedade. O homem não seria o mesmo, encontrava outros ares. Os limites passaram a ser a capacidade de imaginação.
É natural que as rupturas com o passado nem sempre acontecem com um passe de mágica. É um fazer, é um construir permanente com idas e vindas. As transformações decorrem dos valores que são cotejados pela sociedade. Nem sempre a transfiguração é momentânea. O bom (nem sempre) é que essas modificações nos atingiram com o passar do tempo, alcançaram também as terras sul baianas com o colonizador.
Uma mudança pode levar a outra. Assim, alcançamos o século XX, que foi fértil para as tipografias, para o surgimento de livros. E nas terras do cacau, elas ajudaram a consolidar a expressão “nação grapiúna”. Deram vozes aos escritores regionais, permitiu que Adonias Filho informasse ao mundo que além de cacau, aquela civilização dava frutos em forma de escritores. Afinal, a terra era fértil de escritores ( continua), mesmo os não nascidos eram/são contaminados pela fecunda literária. Portanto, sempre que posso insisto na terminologia da região literária e/ou em Ilhéus como uma cidade literária.
Estou a ler, neste período, “ Terras do sem -fim “ e “Tocaia Grande” para desenvolver melhor essa ideia das terras da literatura, afinal, temos a literatura do cacau. Estas são apenas duas obras de Jorge Amado, que sem dúvida, foi o nosso escritor maior. Mas temos tantos outros que moraram ou passaram por essa região: Milton Santos, o já evidenciado Adonias Filho, Sosígenes Costa, Hélio Pólvora, Telmo Padilha, Valdelice Pinheiro e Euclides Neto – este com diversos livros sobre o homem do campo. Fazedores de livros. Temos também os atuais: Cyro de Matos e Aleilton Fonseca, ambos pertencente à Academia de Letras de Ilhéus e da Academia de Letras da Bahia. Escritores que ultrapassam as barreiras desta região, possuem a capacidade de transportar nossas ideias, nossas identidades por meio dos livros. Somos gratos! Eleva-nos a categoria de civilizados.
Temos escritores mais novos, tais como Geraldo Lavigne, Luh Oliveira, Pawlo Cidade, este por sinal, abrilhantou-nos com uma live no Facebook sobre processos criativos ao narrar sobre seus processos, estimulando mais de uma dezena de pessoas a se lançarem ou aperfeiçoarem a escrita. Não só basta escrever, desperta a solidariedade mesmo que a escrita tenha um traço de produção individual. Pawlo tem 17 livros publicados e alguns no forno. Em breve, vamos saboreá-los. Afinal, ler é um ato gastronômico contínuo. Vão também nesta senda e brilhando: Marcus Vinicius Rodrigues que estar sempre a nos abraçar com o mar; Tom S. Figueiredo – um escritor premiado e com uma produção diversificada; e Fabrício Brandão com a Revista Diversos Afins e com as suas levas, ficamos curiosos, periodicamente, por elas. Certamente são muitos outros escritores. É uma mina constante o sul da Bahia.
Se o início do Século XX possibilitou as nossas caminhadas com a literatura impressa, foi também no final daquele século que surgiu a Editus, no berço da UESC. Por vezes, essa editora pode passar despercebida até mesmo entre os sul baianos. Não sei exatamente quantos escritores e autores regionais já foram publicados por ela, mas sem dúvida alguma, foi importantíssima, pois, mesmo diante da crise do cacau, ela conseguiu manter viva a chama da escrita. Foram textos científicos, ensaios… literários, textos sobre a história regional, foi esse ambiente que permitiu a ideia circular. Estimulou a escrita. Lembremos que o acesso massivo à internet só veio acontecer de forma tardia no Brasil e no sul da Bahia não foi diferente [sou um daqueles que só consegui pilotar um computador já em Salvador (2007), mesmo assim, coletivo, na Residência Universitária].
Portanto, reconhecer o trabalho da EDITUS é primordial. Sabemos também que as instituições podem surgir, mas pessoas precisam liderar, ser jeitosas, responsáveis e acreditar naquilo que estar a gerenciar sem deixar de olhar a bússola que, por vezes, parece não nos levar a lugar algum. Então, tem-se uma figura feminina, a senhora Maria Luiza Nora, conhecida como Baísa. Não a conheço e o que sei dela são pelos livros e por sua produção. Mas posso dizer que é a “fazedora de livros”, a fazedora de escritores regionais.
Estava a ler sobre o professor Ruy Póvoas, eis que encontro o artigo “A Obra de Ruy Póvoas: Percurso Editorial” da fazedora de livros sobre o papel que exerceu para que conhecêssemos as produções do professor Ruy, especialmente, a partir de 1996. Lendo o livro“ Crônica da Capitania de São Jorge dos Ilhéus”, de João da Silva Campos, na semana passada, verifiquei que lá estava como Diretora da Editus, Maria Luiza Nora; e Maria Schaun, assessora na Editus e responsável por cuidar da 3ª edição do título em tela. Papéis importantes no processo de editoria. A capa do livro é primorosa. Então, os livros também permitem resgatar nossas histórias. Refletir é uma das condições humanas. Assim, verificamos acertos e erros. Avancemos!
A publicação de autores regionais e as temáticas da região contribuíram para consolidar a produção literária; a produção científica e a sua difusão. Tão cara aos dias atuais e tão exigível pelas as agências de pesquisa. Pouco se falava, mas já se cumpria a missão na UESC ao seguir as diretrizes da professora Renée Albagli, reitora na época, quando criou a Editus e traçou como um dos objetivos: publicar e incentivar autores regionais e novos autores.
Assim sendo, temos a EDITUS que vai brilhando com outras lideranças e cumprindo com sua missão institucional, fomentando e apresentando novos escritores. A EDITUS com a Academia de Letras de Ilhéus promovem o concurso literário Sosígenes Costa, permitindo que os escritores baianos se inscrevam e passem pelo processo de editoração, sem falar na premiação em espécie e a promoção do Festival Literário de Ilhéus.
Vivam os fazedores de livros: os autores, as editoras, os revisores e toso o pessoal que trabalha com esse ofício. Temos as livrarias e seus livreiros. Surgiram as plataformas virtuais que continuam a massificar e a aproximar mundos tão distantes e grandes, que parecem pequeno.
Os livros transportam ideias, pensamentos. Eles são feitos porque somos livres para pensar, para idealizar. Cultivar boas imaginações. Os livros carregam ideias políticas, defendem igualdade, semeiam a fraternidade. Permitem florescer rosas, apesar de os espinhos nascerem também. Mas, vamos tomando os cuidados que não nos machucam. O libertário consegue conviver com os diferentes, com o que pensa o ditatorialmente. Mas aquele que pensa ditatorialmente não consegue conviver com o libertário e muito menos com o diferente. Quando os libertários assim não fazem, recebem críticas e considerações irrepreensíveis são feitas. É o demarcador da democracia. Afinal, no papel e nas artes podem caber tudo, mas os nossos atos e gestos não comportam atitudes intolerantes, não permitem o cultivo dos atos antidemocráticos. Os livros são luzes, mesmo que alguns insistam em pôr fim a claridade.
Penso que o excerto do discurso de posse de Adonias Filho, na Academia Brasileira de Letras, sintetiza o culto pela liberdade e pelos valores de um Estado Democrático de Direito: “Seria imperdoável não mover o tempo, fazendo-o recuar, retomando o passado como a demonstrar que a infância não morre. O menino está deitado na terra, sombras na roça de cacau, os homens cortam os frutos. O agreste de Ilhéus, Itabuna e Itajuípe, em todas as aventuras do povo do sul da Bahia, chega pelas vozes que narram. Heróis que se isolam, o sangue escorre na fala, o menino escuta. A saga é violenta, guerra e ódio, também piedade e amor, a carga humana pesa como o chão de árvores. Ouviu, o menino ouviu. E quando o romancista se debruça para escrever – sem reinventar a fábula regional, sem trair as vozes, sem esquecer as figuras – é o menino quem na verdade escreve. Esses livros, porém, tempo imóvel em minha vida, não se fariam em um país sem liberdade.”
No mundo cada vez mais virtual o suporte para o livro tem mudado bastante. Temos sido seduzidos pelo ebook, mas os processos de criação continuam com traços assemelhados. Não se busca o papel, mas carecemos de suportes como notebooks, desktops, smartphones. Além dos autores entram em ação outras pessoas que são importantíssimas pela qualidade e estética do livro: o designer, os diagramadores, os revisores… é uma cadeia de profissionais que vai se somando.
O cultivo aos livros em uma sociedade pode dispor sobre o grau de evolução desta civilização. Pode se verificar o acesso desta nação aos recursos culturais. Meu amigo e minha amiga, pode também dizer a respeito de como valoramos o Estado Democrático de Direito. Defender a existência de livros, a circulação e o acesso deles é assegurar a vida humana na sua completude de liberdade. É possibilitar o pleno funcionamento da República de Cidadãos. Vivam os fazedores de livros! Viva a liberdade! Nenhum livro a menos!
OBS: A ideia para escrever esse texto partiu da live feita por Pawlo Cidade, escritor, realizada no domingo, 19/04/2020, iniciada às 15 horas, com duração de uma hora
Efson Lima – doutor em direito/UFBA. Coordenador-geral da Pós-graduação, Pesquisa e Extensão da Faculdade 2 de Julho e do Laboratório de Empreendedorismo, Criatividade e Inovação ( LABECI). Escritor. Das terras de Itapé/Ilhéus. efsonlima@gmail.com
Pawlo Cidade lança “O Povoado das Onze Mil Virgens”
O escritor Pawlo Cidade acabou de finalizar seu mais recente romance: “O Povoado das Onze Mil Virgens”. O livro narra a história de um povoado, palco de causos fantásticos, como a vinda dos peixes-voadores, os cavalos flutuantes do Rio Vermelho, a volta do inferno da mulher da boca suja, o dia em que a luz comeu o sol e uma série de outros acontecimentos protagonizados pelos personagens Maria do Rosário, o Comprador de Almas, Janina da Ressurreição dos Últimos Dias, Seu Ananias (o homem que tudo vê), Mestre Virgílio que quase foi aluno do Mestre Vitalino e um menino que virou anjo mas caiu do céu, entre outros. As ilustrações são do artista gráfico, premiado mundialmente, Jô Oliveira. A revisão é da escritora Lucília Garcez.
“A escolha de Jô para ilustrar este novo trabalho se deu a partir dos seus traços e de sua sensibilidade. Ambos dialogam com o romance. Jô capta a alma da história e viaja com a gente na trama. E a vinda de Lucília Garcez, escritora renomada, foi uma benção. Lucília é uma dama da literatura”, disse Pawlo Cidade. “O livro ainda trás duas contribuições em versos de Carlos Silva e Piligra. O primeiro ilustra a passagem do personagem Zé Domingos e segundo da professora de canto, Berenice Tanajura. O nome da personagem já traz uma característica de uma de suas partes mais abundantes”, finaliza Cidade. A edição é da Editora Teatro Popular de Ilhéus.
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