:: ‘Edvaldo Brito’
“Manoel Carlos passa a emprestar à ALI o brilho atestado em suas atuações”, diz Edvaldo Brito ao dar boas-vindas ao novo acadêmico
Ao dar as boas-vindas ao novo membro da Academia de Letras de Ilhéus (ALI), em ato ocorrido na última sexta-feira (25) à noite, o jurista Edvaldo Brito destacou o papel de liderança de Manoel Carlos de Almeida Neto e o dever que ele passa a ter de emprestar à academia o brilho atestado de suas atuações em tantos setores da vida social do País. A solenidade de posse de Manoel Carlos foi considerada um “evento memorável” e as boas-vindas de Edvaldo Brito, que foi professor do homenageado, ganharam contornos de emoção e de reconhecimento ao novo ocupante da Cadeira 39, antes pertencente ao fundador da ALI, ministro José Cândido de Carvalho Filho.
No seu discurso, Edvaldo Brito lembrou a trajetória profissional do novo membro da academia, tanto como professor universitário, quanto membro de importantes esferas jurídicas do País, autor de livros e, agora, também, como vice-presidente da Comissão Nacional de Estudos Constitucionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). E destacou o papel de liderança que ele sempre exerceu, desde quando aluno no curso de Direito, promovendo eventos acadêmicos culturais destacados, prestigiados por ministros de tribunais superiores. “Acompanhei a vida deste menino desde que alisou os bancos da universidade e, agora, o vejo brilhando e dando seu brilho a esta casa”, disse.
Um dos momentos mais emocionantes da homenagem foi quando o professor e tributarista Edvaldo Brito destacou sua satisfação de poder contar, hoje, com dois livros do jurista Manoel Carlos entre os que fazem parte da bibliografia do plano de curso da disciplina Jurisdição Constitucional, que leciona no programa de pós-graduação da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde o próprio Manoel Carlos foi seu aluno. “A transversalidade de nossas vidas é histórica”, destacou, acrescentando que a Academia de Letras de Ilhéus é a casa de diálogo e a imortalidade dos seus membros nada mais é que a imortalidade da alma.
O imortal Edvaldo Brito – O encontro da Academia de Letras de Ilhéus com a Academia de Letras da Bahia
Efson Lima
As estórias começam assim: era uma vez, no interior da Bahia nasceu um menino, precisamente, no Recôncavo. De família humilde, cuja mãe tinha como “profissão lavadeira de ganho”,” Edvardo” tinha tudo para ser domado pelas regras do determinismo. Sendo negro, parecia já ter nascido com o sonho proibido e o destino traçado. Mas como dito “era uma vez” e em algum instante a história pode não se repetir, possibilitando assim o sujeito fugir das amarras e o círculo vicioso imposto a milhares de crianças brasileiras.
Fé, superação, apoio coletivo, esforço pessoal… uma palavra só explica? Um só fato evidencia? Talvez não. Só Sabemos que, no dia 29 de novembro de 2019, a Bahia ganhou seu mais novo imortal. Edvaldo Brito passou a fazer parte do seleto clube do Estado da Bahia. Foi pertencer à Academia de Letras da Bahia, fazendo parte da centenária Casa de Arlindo Fragoso. Somou-se a homens e mulheres que nos apresentam caminhos, contam-nos fantasias e nos impõem o à realidade combalida. A cadeira n.°3 ocupada por Guilherme Radel será reverenciada pelo jurista.
Salvo melhor juízo não é a cadeira que torna uma pessoa imortal, mas a obra, a caminhada… e o advogado, professor, escritor e intelectual Edvaldo Brito possui uma carreira formidável. Ele integra o conjunto de grande juristas do Brasil. Seguiu a tradição baiana de excelentes juristas: Rui Barbosa, Teixeira de Freitas, Orlando Gomes, Aliomar Baleeiro… Oh, céus! Para nossa honra e glória.
Com a vênia, chamá-lo-ei de professor, tive a honra de ter sido seu aluno no mestrado da Faculdade de Direito da UFBA em 2013, cuja disciplina Jurisdição Constitucional tinha sido feita para acompanhar as mobilizações de ruas, os embates sobre o controle das decisões do STF em face das ações constitucionais concentradas, o (não) monopólio das investigações pela polícia. Foi oportuno aprender com o mestre o quanto é imperioso o cumprimento do programado academicamente, o compromisso com a docência e o sacerdócio diário da retidão, a pontualidade e a persistência com o compromisso intelectual. Verdade seja dita: sofri, confesso, mas a admiração permanece.
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