Ato Político reúne centenas em condenação ao golpismo e contra política de apaziguamento

Mais de 300 pessoas presenciaram o contundente ato Ato Político Nem esquecer, nem apaziguar: condenar o golpe militar ontem e hoje!, realizado pelo grupo A Nova Democracia, no dia 25 de abril, no Salão Nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ. No YouTube, por transmissão simultânea, centenas de pessoas assistiram, somando mais de 1 mil visualizações. O Ato remarcou a condenação aos golpistas e criminosos de guerra de 1964 e do regime militar que se seguiu, e demarcou contra a política de apaziguamento, exigindo a imediata reinstalação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos do regime militar.

O diretor-geral e editor-chefe de AND, Victor C. Bellizia, sintetizou assim o Ato: “Este ato não é apenas uma contundente resposta ao golpismo. É isto também, porém é mais. Pensamos que aqui se demarca um campo político daqueles que se unificam na ideia de que é preciso barrar o crescimento e a ação da extrema-direita e do intervencionismo dos altos oficiais das Forças Armadas na vida política nacional”.
Ao longo de todo o evento, foram recolhidas dezenas de assinaturas de movimentos, entidades e personalidades presentes para a Moção Política Pela Reabertura da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos do regime militar.
Mesas discutiram o golpismo ontem e hoje
A primeira mesa Os crimes e a impunidade do regime militar, presidida pela presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo) Maria de Fátima Siliansky, trouxe depoimentos dos familiares de desaparecidos políticos durante o regime militar. Estiveram presentes Sônia Maria Haas (irmã de João Carlos Haas Sobrinho), Léo Alves (neto de Mário Alves), além de importantes denúncias da atuação dos altos oficiais militares com Ana Paula Goulart (jornalista e professora da UFRJ), Joana D’arc (professora da UFF e representante do grupo Tortura Nunca Mais – RJ) e, por vídeo, a participação do João Carvalho (historiador e membro do Conselho Editorial do AND). O Sindicato dos Trabalhadores da Construção de BH (STIC-BH/Marreta) e a Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia fizeram exposições sobre a luta popular conduzida pelos movimentos populares nos anos do regime.
A segunda mesa Situação política, o golpe e a tutela militar hoje tratou da necessidade de denunciar os crimes dos militares golpistas no País nos dias de hoje. Participaram Vladimir Safatle (professor da USP, por vídeo), Pedro Marín (editor-chefe da Revista Opera), Tatiana Merlino (importante jornalista e sobrinha de Luiz Eduardo Merlino, assassinado durante o regime), Ana Paula Oliveira (representando o movimento Mães de Manguinhos) e a Comissão Nacional da Liga dos Camponeses Pobres. Siro Darlan (ex-desembargador e integrante do Conselho Editorial de AND) esteve acometido por uma doença e, por isso, não pode estar presente.
Victor C. Bellizia foi responsável por presidir a segunda mesa. Em sua fala de abertura, destacou que além de ser uma dura resposta aos 60 anos do golpe militar de 1964, o Ato Político é também “a demarcação de um campo político daqueles que entendem que é preciso fazer uma barreira à ameaça que representa a extrema-direita e o golpismo hoje no País”. Ele afirmou que, na situação atual, “é necessário dar uma resposta séria através da mobilização dos estudantes, trabalhadores, camponeses, de todas as massas populares, para efetivamente impor uma resistência à ofensiva contrarrevolucionária movida pela extrema-direita, que até pouco tempo ocupava a presidência da republica, e também ao intervencionismo abjeto e escandaloso do Alto Comando das Forças Armadas sobre a política nacional”.
Destacando os episódios de novembro de 2022, de 8 de janeiro de 2023, além do intervencionismo dos altos oficiais militares a partir de 2015, o diretor-geral de AND afirmou que é preciso reconhecer que “a chamada redemocratização de 1988 foi absolutamente incapaz de enterrar o golpismo, que na história do país é norma, como comprovam os seis golpes militares desde a ‘proclamação da república’, como comprova a atribuição dada às Forças Armadas em todas as constituições de ‘restaurar a ordem interna’, pressupondo que a desordem interna é o ‘povo’”. O diretor-geral do AND criticou o consenso das classes dominantes ao fim do regime responsável por não fazer o necessário acerto de contas com os torturadores e golpistas de 1964, defendendo que isso é “responsável por reproduzir, nos dias de hoje, tanto o golpismo como os dispositivos presentes durante o regime, que são as forças policiais responsáveis ainda hoje pelo massacre do povo nas favelas e periferias do País”. Encerrando, destacou que é preciso defender as liberdades democráticas como condição de levantar as massas populares no objetivo de impor uma barreira contra o golpismo.
(do site A Nova Democracia)











