:: ‘Terreiro Ilê Axé Ijexá Orixá Olufon’
Ruy Póvoas, um pai, um acadêmico, uma instituição sulbaiana
Efson Lima
Tive a oportunidade, em 2013, de ser destacado para oferecer suporte jurídico a uma equipe da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, que estava cuidando de um edital, que mais tarde seria conhecido por Edital de Matriz Africana no contexto da economia solidária. Foi uma oportunidade ímpar para voltar ao Sul da Bahia, agora, como profissional formado, melhor ainda encontrar os povos de terreiros com suas diversas lideranças entre elas, um pai, um acadêmico – Ruy Póvoas, constituindo-se em uma autoridade e responsável por colaborar com parte da identidade sul baiana.
Ruy Póvoas, generosamente e de forma acolhedora, abriu a porta do Terreiro Ilê Axé Ijexá Orixá Olufon, para nos receber, cuja sugestão de local para reunião partiu do professor Wenceslau Júnior. Abençoada sugestão. Foi uma rica escuta com várias pessoas presentes. Para além de nos receber, Pai Ruy exalava seu sorriso e a simplicidade, mesmo com sua vasta formação e tradição, ouvia atentamente aquelas pessoas que mal balbuciavam. Eu era uma delas.
Certamente discorrer sobre a identidade sul baiana vem à nossa memória a figura humana Ruy Póvoas, que há mais de cinquenta anos, tem fincado contribuições para o pensamento sul baiano no fazer educacional. Não obstante, de forma significativa tem contribuído para a consolidação da religião de matriz africana, assim como buscado a proteção do direito de cada um professar a sua fé, cuja recompensa não podemos oferecer. Estes aportes possibilitaram que grupos se organizassem e defendessem seus valores, permitiu o culto ao sagrado e que as pessoas pudessem apresentar a sua identidade.
É perceptível que o professor Ruy Póvoas se municiou de uma das maiores arma – a sabedoria, aquilo que a academia, por vezes, prefere chamar de educação/escolarização, guardadas suas devidas particularidades. Sendo assim, ainda na década de setenta (1972) pela Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna concluiu a Graduação em Letras, posteriormente, cursou mestrado em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, titulando-se em 1983. No mestrado com sua dissertação fincava ainda mais seus estudos sobre o candomblé cuja dissertação teve o seguinte título: “A Linguagem do Candomblé: níveis sócio-lingúísticos de integração afro-portuguesa.”
- 1