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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

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:: ‘Paloma Amado’

Crônica de Domingo: Luís Fernando, o Joãozinho

Paloma Amado

 

Que notícia tão triste a deste sábado. Morreu Luís Fernando Veríssimo. Como tantos admiradores, fiquei desconsolada. Na verdade, me sinto mais do que uma simples admiradora, não tendo convivido com Lucia e Luís Fernando como desejaria, a imensa amizade de nossos pais nos unia de uma maneira quase familiar.

 

Papai e Érico foram amigos desde a juventude. Entre a Bahia, o Rio, a Europa do exílio e o Rio Grande do Sul não existia distância que o correio não atravessasse com a rapidez necessária para que os amigos soubessem de casamentos e nascimentos de filhos, conversassem sobre o fazer literário de ambos e dos de sua geração, se juntassem para combater as injustiças e as ditaduras (tantas) que viveram. Graças à dupla de escritores não foi concretizada a censura aos livros quase levada a cabo pelos militares de 64.

 

Hoje passei meu dia lendo as cartas trocadas por papai e Érico por mais de 50 anos. Foi um dia especial na minha vida, onde pude encontrar Luís Fernando, Lucia, e Fernanda, Clarissa como personagens de cartas de puro amor. Foi difícil respirar fundo e parar para escrever esta crônica, pois a emoção era intensa e quando pensava me sentar na frente do computador, a vontade era de fechar os olhos e sonhar. Assim fiz. Como escrever o que eu sinto? O melhor é seguir as cartas — que em breve virarão livro — e contar o que os missivistas falavam de Luís Fernando, o Joãozinho.

 

Joãozinho? Pois! Uma carta de 1936 desvenda essa charada. Papai foi visitar o recém-nascido, esteve com o menino, olhou bem sua carinha e decretou: “O Luís Fernando, Érico, tem cara de João, você não acha?” A partir daí, quando falavam do menino, o tratavam por Joãozinho. Quando, dez anos depois, nasceu meu irmão João Jorge, passaram a dizer: seu Joãozinho, meu Joãozinho… Como posso não me sentir da família?

 

Numa carta anterior, de 35, papai dava notícias de minha irmã Lila. ” Eulalia – Engorda e ri. Ri que parece meu pai (um sujeito risonho e gordo). Herdou o nariz chato do avô e a risada.” Lila se chamava Eulália Dalila Jorge, coitadinha, mas tinha um lindo apelido e se parecia com nosso avô João Amado. O João estava presente na vida de meu pai: era a cara de sua primeira filha, foi o nome de seu primeiro filho, e assim nomeou Luiz Fernado, filho de seu grande amigo. Preciso dizer que reler este trecho de carta me deixou muito emocionada. Papai sofria muito por sua morte pré-matura por Lupus, aos 15 anos, pouco antes de meu nascimento. Saber que ela também era uma “João” me trouxe ainda mais para perto de Luís Fernando.

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O cemitério de meu pai

Paloma Amado

Foi nos anos 90, ia ser concedido o Prêmio Camões em Lisboa, onde eu estava com meus pais, hospedados no hotel Tivoli. Havia muito rebuliço no dia da reunião do júri para a premiação. Estavam, vindos do Brasil, três membros da Academia Brasileira de Letras. Vinham com cartas já marcadas, precisavam derrotar Jorge Amado, candidato que os portugueses tinham escolhido. A reunião foi feia, foram os jurados portugueses que contaram o quanto aquela troika (no linguajar deles) fora determinada, a reunião não teria um final feliz, caso insistissem no nome do baiano. Outra pessoa ganhou. Logo depois, estávamos andando pelo saguão do hotel, quando o líder do grupo brasileiro veio em nossa direção de braços abertos, gritando:

— Jorge querido, que prazer encontrá-lo aqui!

Eu, que também o tinha na minha frente, desguiei para a esquerda e subi para o meu quarto, deixando seu Jorge sozinho para acolher a mão estendida do cidadão. Daqui a pouco papai chegou rindo, me perguntou se eu tinha saído de fininho porque ficava feio negar cumprimento. Confirmei e ele riu mais ainda. Virou para mamãe e disse:

— Paloma é igualzinha a mim…

Rebati que não era, eu nunca mais cumprimentaria aquele pulha, que sempre se fizera de tão amigo. Foi então que ele me falou pela primeira vez de seu cemitério. Disse mais ou menos assim:

— Minha filha, quando eu tinha a sua idade também saía de perto e negava cumprimento. Nunca fui de dizer desaforos, pois cada um age por sua cabeça, e se a criatura quer ser um safado sem carácter, é direito dele. Você está assim agora, eu já evolui, criei meu cemitério particular.

— Cemitério, pai?

— Sim, quando o amigo se mostra um filho da puta, injusto, sem carácter, eu simplesmente o enterro no meu cemitério particular e junto com ele todo o rancor, a raiva e os maus sentimentos que um canalha desses pode fazer brotar na gente. Assim fico livre dele e do mal que pensa que me está fazendo. Eu o encontro, vem sorridente, eu o cumprimento, mas ele não sabe que estou falando com um fantasma, alguém que já não existe, que não pode me fazer mais nenhum mal.

Desde então, já se passaram mais de 30 anos, eu tento colocar as pessoas que me ferem, os falsos amigos, num cemitério meu, mas o rancor é maior, e eu fico remoendo as coisas, sofrendo, doída. Fico não, ficava!
Semana passada tive muito aperreio, muita tristeza, via a aproximação de um desfecho triste para mim devido a pessoas a quem já amei com meu sangue. Chorei um dia inteiro, daqueles choros que a gente não controla, as lágrimas pulam longe, depois escorrem, a gente funga e se pergunta porque fizeram aquilo. Dormi. Meu pai veio. Nesses 24 anos de sua ausência física, ele sempre me socorreu nos momentos mais difíceis. Pois ele veio. No sonho sentamos em torno de uma mesa colocada no jardim do Rio Vermelho, bem junto ao muro que separa sua casa da casa que foi de João, meu irmão. De mãos dadas, desabei sobre ele todas as tristezas. Ele me disse em tom sério, de quem vem do lugar em que se consolida a sabedoria da vida:

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Paloma Amado e Daniel Thame debatem obra de Jorge Amado na Felita

daniel thame e páloma amado felita 1

No terceiro dia Feira Literária de Itabuna (FELITA), evento realizado pela Prefeitura de Itabuna, através da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC), a escritora Paloma Jorge Amado falou sobre a vida e a obra do seu pai, o escritor Jorge Amado, um dos mais importantes do Brasil e do mundo, natural de Itabuna. A participação de Paloma Jorge Amado, que aconteceu na manhã deste sábado (6), no foyer do Teatro Amélia Amado, inaugurou um dos momentos mais importantes da FELITA, o espaço “Bate Papo”, momento em que os leitores puderam estar perto dos escritores, numa “conversa informal”. Participou ainda do bate papo, o também escritor e jornalista Daniel Thame, autor do livro ´Jorge100anosAmado-Tributo a um eterno Menino Grapiuna`, publicado no centenário de nascimento do escritor.  A mediação foi feita pelo literato e cronista Antônio  Nunes.

 

Durante a conversa, Paloma falou sobre todos os livros escritos pelo seu pai, e deu ênfase às obras que tratam especificamente do Sul da Bahia e das cidades de Ilhéus e Itabuna. Ela explicou que a obra “O menino grapiúna”, é reconhecida na África como um dos melhores livros escritos por Jorge Amado. A escritora indica que a obra amadiana é uma das principais referências literárias daquele continente. E ratifica: “Em alguns países, a obra de ‘Papai’ transcende as dos escritores locais. É neste momento que se compreende que ‘Papai’ era um Cidadão do Mundo”.

 

Para Daniel Thame, Jorge Amado se apropriou das riquezas culturais da Bahia de um modo muito particular, “enaltecendo aquilo que, aos olhos de Jorge, tinha gosto, sabor, cheiro e som de ‘Livro’. E foi assim que os livros de Jorge se transformaram em retratos baianos, reais ou fictícios”.

 

O bate-papo com Paloma Amado encerrou sua participação na FELITA. A escritora lançou, nesta sexta-feira (4), o livro “A comida baiana de Jorge Amado”, obra através da qual rememora receitas e ingredientes de tudo o que alimentou (em termos de comida propriamente dita) o imaginário literário do escritor em todas as suas histórias. “É importante ressaltar que esse livro não fala só das comidas das quais os personagens de ‘Papai’ se alimentavam. Fala também da falta de comida. Muitos dos personagens criados por ele iniciaram suas trajetórias passando fome, e esse aspecto é uma das abordagens apresentadas na pesquisa que eu fiz”.

 

 

 

GLOBO REPORTER ETERNIZA O ETERNO JORGE AMADO

 

Simplesmente espetacular o  Globo Repórter que acaba de ser exibido pela Rede Globo em homenagem a Jorge Amado.

Um passeio pela vida e obra do escritor que conseguiu como ninguém sintetizar a magia de uma Bahia multifacetada, resultado da mistura harmônica de povos e raças.

O repórter José Raimundo, com a competência que lhe é peculiar, produziu um programa de antologia, digno dos 100 anos de Jorge, dosando na medida certa a emoção da filha Paloma Amado, o amor de Jorge pelas terras do cacau do Sul da Bahia e os personagens em que não se sabe onde começa (nem onde termina) a ficção e a realidade, que tanto podem estar nos romances como nas ruas de Ilhéus e Salvador.

Até a referência a Itabuna, onde Jorge nasceu, foi do tamanho da importância que a cidade (não) dá a seu filho mais ilustre.

Enfim, um Globo repórter pra eternizar o eterno Jorge Amado.

Globo Repórter faz homenagem ao centenário de Jorge Amado

No ‘Globo Repórter’ desta sexta-feira, dia 15, o telespectador vai mergulhar no universo de Jorge Amado,que faria cem anos de idade em 2012.  O programa mostra onde nasceram os personagens das obras do escritor que conquistou o Brasil e o mundo.
O apresentador Sérgio Chapelin vai à cidade cenográfica na Central Globo de Produção, no Rio de Janeiro, onde estão sendo gravadas as cenas da nova versão de ‘Gabriela,’ que estreia na próxima segunda-feira. Ele  mostra a fictícia Ilhéus do início do século XX, terra dos coronéis do cacau e de mulheres belas, onde os atores dão vida novamente a uma das principais obras de Jorge Amado, que já foi traduzida para mais de 30 idiomas ao redor do mundo.

Histórias repletas de magia, beleza, sensualidade e muita imaginação: “Dona Flor e seus dois Maridos”, “Tenda dos Milagres” e “A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água” são alguns dos outros títulos que seduziram os leitores e estão no imaginário do público até hoje. Para desvendar os mistérios do cenário que acolheu os personagens de Jorge Amado na ficção, o repórter José Raimundo desembarca na encantadora Baía de Todos os Santos. Em Salvador, ele conversa com Paloma Amado, filha do autor, que abre as portas da casa onde nasceram algumas das principais histórias e romances de seu pai. Paloma fala sobre a parceira artística entre Jorge Amado e Zélia Gattai e conta histórias inéditas dos mais de 50 anos que seus pais ficaram juntos.

O ‘Globo Repórter’ vai ao ar  logo após ‘Avenida Brasil’.

 

Paloma Amado e a culinária na obra Jorge

“A vida e a culinária na obra de Jorge Amado” foi o tema central da palestra proferida no centro cultural Bataclan, em Ilhéus,  por Paloma Amado, uma das filhas do escritor grapiúna. Antes, porém, aconteceu a apresentação do contador de histórias grapiúnas e ator José Delmo, que narrou por cerca de 20 minutos episódios de obras amadianas, seguida de receptivo de personagens de Jorge Amado, mesclando literatura e gastronomia, encerrando num bate-papo sobre culinária. O local foi o centro cultural Bataclan, localizado na avenida 2 de Julho, centro.

Para um público formado por jornalistas, apreciadores das obras do consagrado escritor mais traduzido do país e por estudantes do Instituto Nossa Senhora da Piedade, Paloma Amado contou que os seus trabalhos de pesquisa sempre foram baseados nos romances do pai que resultaram na publicação de dois livros de sua autoria sobre receitas da comida baiana. “Também este é um momento raro dentro da programação do centenário do nosso escritor grapiúna, que nesta região teve grandes amigos, dentre eles, Adonias Filho, Demónstenes Berbert de Castro e Raimundo Sá Barreto”, declarou.

Considerado um dos famosos cabarés e cassinos de Ilhéus frequentado por coronéis do cacau, o Bataclan entrou em decadência com a proibição do jogo no país. Reaberto em 2004, como centro cultural Bataclan, foi mantida a fachada e preservados os cenários do bordel, contado numa das obras do escritor Jorge Amado. O local que é administrado pela iniciativa privada e conta com espaço ocupado por restaurante, choparia, cybercafé, salão para exposições e apresentação de teatro e shows.

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