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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

março 2025
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:: ‘Daniel Thame’

Radio Kardec

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alanRádio Difusora Oeste, Osasco (SP), início da década de 80. Nossa briosa equipe estava fazendo a cobertura da festa “Destaques do Esporte”, dessas que acontecem até hoje e que têm troféus pra todo mundo, do “Craque do Ano”, do futebol ao ´cuspe à distância`, até aquele empresário amigo que, coincidência é claro, patrocina o evento ou a equipe de esportes. Ou as duas coisas.

O fato é que naquele dia tinha troféu demais e, pra todo mundo que era anunciado, eu dizia “daqui a pouco vamos ouvir o homenageado”.

E lá ia eu ouvir o homenageado, que invariavelmente dizia chavões do tipo “estou feliz por essa homenagem”, “vou guardar o troféu com carinho”, “não esperava esse prêmio” (se não esperava, aquele cheque de ontem foi o que? Contribuição para alguma obra social?) e outras frases feitas.

 

Eu estava achando aquilo tudo uma baboseira interminável, ainda mais que como o sujeito da antológica música Trem das Onze (“não posso ficar nem mais um minuto com você…”), tinha que pegar o ônibus das 11, ou encarar a pé o caminho para onde morava, num bairro distante da periferia. Pobre, pero feliz e cumpridor.

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Luiz Viana Neto, TV Cabralia e um ´repirror´ em Ilhéus

dr luizDaniel Thame

dthameTV Cabrália, metade da década de 1990. Depois de implantar e consolidar a emissora como a imagem e a voz do Sul da Bahia, Nestor Amazonas partiu para encarar novos desafios. Ramiro Aquino ocupava a superintendência e eu comandava o departamento de Jornalismo.

 

A liberdade que o dono da emissora, o Dr. Luiz Viana Neto, que já partiu para a Eternidade, nos dava era tamanha que perdia-se o anunciante, tipo prefeitura ou supermercado, porque uma matéria-denuncia ia ao ar, para desespero do departamento comercial, então comandado por Rui Carvalho, hoje boss da RCM, uma das melhores agências de publicidade da Bahia.

 

No espectro político, a TV era quase um apêndice do PT e dos sindicatos, numa época em que PT e sindicatos não eram propriamente bem digeridos.

 

Mas o Dr. Luiz sabia disso e nunca partiu dele um único ato de censura.

 

Até um belo dia (sempre chega o belo dia,  e quase sempre prenuncio de tempestade), o Dr. Luiz convida Ramiro e a  mim para um ´rapirror´ no Hotel Jardim Atlântico, então o mais luxuoso de Ilhéus.

 

Uisque vai, uísque vem (eu odeio uísque, adoro é uma cachacinha, mas não ia fazer desfeita ao doutor Luiz), desce um camarão aqui, um peixinho ali. “Como vai a família?”, “O cacau ainda tem futuro?”, “O Rio Cachoeira está muito poluído?” e outras amenidades.

 

E  eu discretamente olho pra Ramiro como quem diz: “O Dr. Luiz não chamou a gente aqui pra comer e beber do bom e do melhor,  nem pra esse lenga-lenga”.

 

Não chamou  mesmo. Lá pelas tantas, as sutilezas foram jogadas ao mar.

 

Sem elevar o tom de voz, o Dr. Luiz se vira para mim e diz:

 

-Eu sei como você toca o Jornalismo da TV e  respeito suas posições políticas. Mas eu sou de direita e se você quiser continuar fazendo esse tipo de jornalismo compre uma televisão pra você.

 

Comprar uma televisão? Só se fosse um aparelho nas Casas Bahia (olha o jabazinho aí!) e ainda assim a perder de vista no  crediário.

 

Sejamos justos a esse extraordinário ser humano, que nem era tão de direita assim, mas um democrata conciliador que convivia bem com todas as tendências políticas.

 

O Dr. Luiz produziu uma frase de efeito, porque se dono ele era e as orientações eram claras, não foram poucas as vezes que essas ordens foram solenemente ignoradas e em vez de punição, recebi outra frase de efeito:

 

-Você tem um sério problema auditivo, só escuta o que é conveniente.

Em tempo: a TV Cabrália foi um divisor de águas na comunicação regional, mas até hoje o Dr. Luiz Viana Neto não teve o devido reconhecimento nessas quase plagas grapiunas.

 

Se eu tivesse comprado uma televisão…

Manoel Leal e o toca fitas

 

 

Daniel Thame

Essa aconteceu lá pelos idos de 1980 e poucos, nos tempos em que ainda existiam toca-fitas e que ainda dava pra amarrar cachorro com lingüiça.

O inesquecível Manoel Leal, diretor do jornal A Região (Itabuna) teve o seu toca fitas roubado, depois que o ladrão conseguiu abrir a porta do carro, que ele deixava quase sempre  sem trancar.

Leal estava  quase conformado com o roubo, quando ligaram da delegacia e avisaram que apreenderam um monte de toca fitas com um receptador.

Chegando no Complexo Policial, Leal se vê diante de uns 20 toca-fitas. O delegado perguntou:

-“Seu” Manoel, qual desses toca-fitas é o do senhor?

Manoel Leal, no melhor estilo Manoel Leal, respondeu:

-É um que a gente bota a fita  dentro e toca musica.

Dito isto, pegou o toca fitas de melhor aparência e saiu, sem que nada mais lhe fosse perguntado.

Ferreirinha, Jô Soares, Manoel Leal. Onze e Meia…

Ferreirinha

Ferreirinha

Daniel Thame

 

No início da década de 90, então no vigor dos seus 80 anos, Ferreirinha ficou mundialmente conhecido após se casar com a estudante Yolanda, nos seus tenros com 15 anos. Foi tema de reportagens em jornais de todo o planeta e concedeu uma entrevista antológica no programa Jô Onze e Meia, no SBT, onde foi triunfalmente apresentado por Jô Soares como o “Garanhão de Itabuna”.

 

A entrevista com Jô, que levou seu monumental talento para a eternidade, foi acertada após o envio de um exemplar do Jornal A Região por Manoel Leal à produção do programa. O jornal, à época vivendo seu auge, foi o responsável pela divulgação inicial da insólita união.

 

Como Ferreirinha, já passando os 80 anos e com Yolanda batendo o pé e se negando a acompanhar o esposo, coube a este ex-jornalista  em atividade  (então editor de A Região), levá-lo a São Paulo.

Jô Soares (foto Agência Brasil-EBC)

Jô Soares (foto Agência Brasil-EBC)

Antes de viajar, Leal comprou uma camisa florida (estilo Jorge Amado) para Ferreirinha usar no programa e orientou que se Jô Soares perguntasse o segredo da propalada potência sexual, a reposta era: “muito suco de cacau”.

 

 

Na viagem de avião, Ferreirinha foi me contando-repetindo todas as suas peripécias sexuais, a ponto de eu me perguntar se ele teria coragem de dizer tudo aquilo no programa.

 

Disse  e levou Jô Soares e a platéia (composta majoritariamente por estudantes) às gargalhadas, imitando o famoso gesto da posição “receba, galinha”, a sua preferida, antes das núpcias com Yolanda, bem entendido.

Manoel Leal

Manoel Leal

Diante de um Jô Soares surpreso com tanta desenvoltura e todos os presentes à gravação encantados com aquele senhor com jeito de menino sapeca, Ferreirinha confirmou que o segredo de levar a jovem esposa à exaustão a ponto de que era ela e não ele quem pedia para parar os arrufos na cama, era mesmo o tal suco de cacau.

Foi o suficiente para Jô Soares pedir: “atenção meus amigos do Sul da Bahia, me mandem vários pacotes de suco de cacau!”

 

Por obra e graça (coloca graça nisso!) de  Jô Soares,  Ferreirinha ficou conhecido como “O Garanhão de Itabuna”, título do qual se orgulhava e procurava manter, sempre se vangloriando de seus “dotes garanhísticos”, até falecer (lúcido e bem humorado), aos 99 anos, cercado pelo amor de Yolanda do dos familiares.

 

 

A entrevista foi um sucesso tão estrondoso que foi repetida entre as melhores do ano. Ferreirinha só não pode usar a camisa amadiana, porque como o voo atrasou, fomos levados diretamente para o estúdio. Durante a entrevista (sem imaginar que a gravação já estava valendo), Ferreirinha dizia a um Jô atônito que precisava vestir a camisa que Leal lhe deu.

 

 

Manoel Leal, Ferreirinha, Jô Soares. Deus deixam o céu mais habitável. E esse planetinha tão judiado pelo homo (sic) sapiens cada vez mais pobre de personagens dessa dimensão.           -.—-PS- Depois de me certificar de que Ferreirinha dormia o sono dos juntos, sai para tomar um chopp e comer um filé com fritas e agrião num boteco nas proximidades da esquina da Ipiranga com a avenida São João. E ali alguma coisas aconteceu em meu coração: me dei conta de que havia me tornado, definitivamente, um grapiuna das terras do cacau. E que São Paulo seria, como é, apenas um retrato amarelado na parede da memória.

O pastor, as ovelhas e ´el Mensajero del Diablo´…

 

Daniel Thame

 

1981, Radio Difusora Oeste, Osasco. Nas emissoras do interior, a Equipe de Esportes é uma espécie de faz tudo. Cobre de eleição a velório. Carnaval, então, é quase uma obrigação.

E lá estávamos nós cobrindo o Carnaval, que em São Paulo é (ou era) nos clubes e não ao ar livre, como na Bahia.

Se já é um porre cobrir carnaval de rua, imagine-se nos clubes fechados, transmitindo aquela barulheira insuportável e entrevistando bêbados que não diziam nada com nada.
A transmissão começava as 10 da noite, parava as 11 e retornava meia-noite, avançando pela madrugada.
A parada de uma hora nada tinha a ver com descanso. Naquela época, as igrejas evangélicas já viam no rádio um excelente veículo para difundir a fé cristã e aumentar o rebanho. E aquele horário era comprado por uma dessas igrejas.
Ocorre que, não contente em divulgar a palavra de Deus, o pastor simplesmente esculhambava a cobertura do carnaval, que por acaso era feita na mesma emissora em que ele estava falando.
O mínimo que dizia no ar era que a gente atuava como mensageiros do diabo. E, ao final do programa, ainda sugeria que as pessoas desligassem o rádio.
Eram cinco noites de carnaval, cinco noites de cobertura, detonando hectolítros de Fogo Paulista, uma mistura horrenda de pinga vagabunda com groselha, que era o que a nossa grana curta dava pra beber..
Na terceira noite, deu um problema no equipamento e fui até a sede da emissora fazer a substituição. Eis que, ao me dirigir à sala da técnica, que ficava nos fundos do prédio, deparo com o tal pastor encostado no muro, fazendo uma oração, digamos, mais íntima com uma de suas fiéis. Quase a tradução literal do “crescei-vos e multiplicai-vos”.
Uma chance daquelas, caída dos céus (ops!) não era para ser desperdiçada. E eu não desperdicei:
-Pastor, se nós somos mensageiros do diabo o senhor é o que, devorador de ovelhas?
Nos dias seguintes, se não fez elogios à nossa equipe pela brilhante cobertura da maior festa popular do Brasil (radialista adora uma frase pomposa!), o pastor pelo menos nos deixou em paz.
E certamente passou a ter mais cuidado em suas pegações, perdão, pregações para as ovelhinhas dadivosas.

Profissão Repórter-Memórias de um 22 de abril…

 

Daniel Thame

 

Entre as várias reportagens que diz ao longo desses mais de  46 anos de estrada, 37 deles no Sul da Bahia, nenhuma foi mais estressante do que a cobertura dos 500 anos do Brasil em Porto Seguro. O que seria uma comemoração, organizada a caráter para incensar Fernando Henrique Cardoso e ACM, se transformou num festival de pancadaria, perpetrada pela polícia baiana contra índios, negros,  sem-terras e estudantes.

Na véspera do fatídico 22 de abril, tive que optar entre ficar em Porto Seguro, onde a festa estava preparada, ou seguir para Coroa Vermelha, onde o clima estava pesado porque os movimentos sociais não se contentavam em fazer figuração no teatrinho armado pelo governo.

 

Não tive dúvidas: fui a Coroa Vermelha e ao lado da equipe da TV Cabrália, testemunhei uma demonstração de truculência e insanidade que repercutiu em todo mundo. Não perdi nenhuma festa, até porque festa não houve, para desalento do então Rei da Bahia, que ali viu desmoronar o seu sonho de se tornar o Rei do Brasil.

A reportagem foi publicada no jornal A Região. A foto é de Lula Marques.
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Polícia barra povo e FHC
faz festa vip dos 500 anos

 

Dois episódios ocorridos na tarde-noite de sexta-feira, dia 21 de abril de 2000, ajudam a entender o festival de selvageria em que se transformou a festa dos 500 anos do Brasil, exaustivamente preparada para coroar o Governo da Bahia e, principalmente, catapultar o senador Antonio Carlos Magalhães para a sucessão de Fernando Henrique Cardoso.

 

Por volta das 16 horas, policiais militares fortemente armados bloquearam a rodovia que liga Eunápolis a Porto Seguro. Eles alegavam cumprir ordens da Defesa Civil, já que a cidade não comportava mais ninguém. Tudo perfeito, à exceção de um mero detalhe: Porto Seguro não possui Defesa Civil. O objetivo era evitar que os sem-terra, acampados em Eunápolis, entrassem em Porto. O bloqueio foi estendido a turistas e até aos moradores das duas cidades. Um turista que veio de João Pessoa, na Paraíba, exibiu as reservas de hotel e afirmou que seu direito de ir e vir, garantido pela Constituição, estava sendo desrespeitado.

A resposta do policial merece entrar para os anais da história do Brasil:

-Aqui na Bahia quem manda é o Antonio Carlos Magalhães.

Ou seja, pega a Constituição e…

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Gol do São Paulo

 

Daniel Thame

O ano era 1985. O São Paulo, treinado por Cilinho, decidia o Campeonato Paulista com a Portuguesa, no estádio do Morumbi.

Sãopaulino até a medula, fazia reportagem de campo para  a Equipe Furacão de Esportes,  comandada  por Antonio Julio Baltazar, um gigante na história da comunicação da Grande São Paulo,  que já partiu para a Eternidade,  na Radio Difusora Oeste, emissora modesta, mas briosa, de Osasco.

O São Paulo tinha um timaço, com Falcão, Silas, Muller, Careca, Sidney e Cia, mas a Lusa endurecia o jogo.

E eu não sabia se reportava os lances ou se torcia. O São Paulo fez 1×0 no primeiro tempo com Careca e levava um sufoco até a metade do segundo tempo, quando Sidney fez 2×0.

A comemoração dos jogadores aconteceu ao lado do gramado, justamente onde eu estava. Foi quando minhas dúvidas acabaram.

Larguei o microfone no chão e fui comemorar com os jogadores. Quando o narrador pediu a descrição do lance, silêncio total.

De cara, cortaram a linha e passei o resto do jogo apenas assistindo, até invadir o gramado para comemorar, desta vez o título.

Como eram tempos românticos, levei apenas uma suspensão de três dias. Sem direito a filar a primorosa refeição no restaurante que Baltazar mantinha na avenida dos Autonomistas.

E, pior dos castigos, não me escalaram mais para os jogos do São Paulo.

Rádio Clube, o comentarista, o repórter e a reencarnação de Garrincha

Daniel Thame

Início de 1987. Recém chegado a Itabuna e já trabalhando no jornal A Região, contratado após uma frase típica da Manuel Leal ao saber de onde eu vinha (“se é  de São Paulo começa amanhã”, sem me pedir pra rabiscar um papel de embrulhar pão; como se vê sou de um tempo em que se embrulhava pão com papel).

 

Dito isto, e posto que em Osasco (SP) eu trabalhava como jornalista e radialista, bati às portas da Rádio Clube (depois Nacional) onde me apresentei e, ao contrário de Manuel Leal, fui recebido com desconfiança  por Son Gomes, filho do lendário Daniel Gomes, dono da emissora:

 

-Quem garante que você não vai usar o nome da rádio, dar uns golpes no comércio e se mandar?

 

Hoje parece grosseria, mas na época era quase praxe. O sujeito vinha atraído pela fama de cidade rica por conta do  cacau, conseguia emprego nas rádios e dava golpe mesmo.

 

Respondi com todo jeito possível:

 

-Son eu não vim  pra aventurar, vim pra fincar raízes aqui (como de fato finquei, grapiúna que me tornei)

Consegui o emprego na briosa equipe de esportes, que mesmo enfrentando a concorrência da estrelada Rádio Jornal, vinha dando conta do recado e conquistando audiência. Se em Osasco  eu era repórter de campo, em Itabuna fui contratado como comentarista.

 

Apesar do sotaque do interior paulista, carregado de erres que  mantenho até hoje,  ainda que falando um autêntico baianês, acabei escalado para os cobrir os jogos do Itabuna, que então tinha um time capaz de encarar Bahia e Vitória.

 

E chegamos aos finalmente, os motivos dessa croniqueta.

 

Num  dos primeiros jogos em que trabalhei, Itabuna x Leônico, se não me engano, com dez minutos de jogo o repórter tasca a pergunta:

 

-Daniel, o técnico não deveria ter escalado o Adailton  na ponta direita?

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Reeducandos do Conjunto Penal de Itabuna participam de Roda de Conversa sobre “Ainda Estou Aqui”

Após tomar conhecimento de que a biblioteca do Conjunto Penal de Itabuna já conta em seu acervo com mais de 20 exemplares do livro “Ainda Estou Aqui”, o escritor e jornalista Daniel Thame não pensou duas vezes: chegou a hora de um bate-papo com os reeducandos sobre literatura, leituras e novos caminhos na vida.

O bate-papo com os reeducandos era uma agenda de 2024 que teve que ser adiada, mas calhou de acontecer no momento em que o filme homônimo, estrelado por Fernanda Torres, numa interpretação magistral de Irene, a esposa de Rubens Paiva, que lhe valeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz, está fazendo sucesso em todo o mundo.

Discutir com pessoas privadas de liberdade um livro com essa importância histórica de um momento mais sombrios do país, poderia ser uma ação ousada demais, se fosse levada em conta a ideia que comumente se faz dos estabelecimentos penais como locais de segregação social pura e simples.

Daniel Thame, autor de livros como “Vassoura, o Apocalipse ao Gênesis da Civilização Cacaueira” e “Jorge100AnosAmado – Tributo a um Eterno Menino Grapiúna”, se mostrou impressionado com nível das discussões ao longo do bate-papo.

“A conversa se desenvolveu num nível elevadíssimo. As análises sobre liberdade física e liberdade mental, sobre o boicote das elites ao desenvolvimento das classes pobres por meio da negativa do acesso à educação, à leitura e à cultura como estratégia de subjugação dessas classes foram, sim, surpreendentes”, afirma Daniel Thame.

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Vitória da Conquista, TV Cabrália e os ´riconheiros´ intocáveis. Ou nem tanto…

 

 

Daniel Thame

Vitória da Conquista, final dos anos 80. A sucursal da TV Cabrália no Sudoeste Baiano dava os primeiros passos e lá estava eu, então gerente de jornalismo da emissora em Itabuna, na fase de ajustes da equipe local.

Tempos tão ´dinossauricos´ que as matérias eram enviadas de ônibus para Itabuna em fitas U Matic e editadas para entrarem nos telejornais.

Pré-histórico, mas ainda assim era inovador, porque a gente editava como se fosse ao vivo no Jornal do Meio Dia e no Repórter Regional.

Eis que num desses dias que em Conquista parece a Europa por causa do frio de congelar,  o repórter Junior Patente chega da rua com a reportagem da prisão de quatro jovens, com uma senhora quantidade de maconha.

Fita pronta pra ser enviada para Itabuna, o então editor de jornalismo, cujo nome não vem ao caso (gracias Moro!), me diz:

-Essa matéria não pode sair, porque é tudo filho de gente conhecida.

Por “conhecida”, entenda-se, gente com grana ou com poder político.

Fui na jugular:

-E se fosse gente pobre, poderia sair?

O silêncio ensurdecedor do editor foi a resposta que eu esperava.

A matéria saiu e o editor demitiu-se logo depois, embora os jovens nem chegaram a sentir o gostinho da cadeia.

Afinal, em qualquer tempo, certas coisas definitivamente ´não vem ao caso`…

 

 





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