:: 8/fev/2025 . 12:13
Gol do São Paulo
Daniel Thame
O ano era 1985. O São Paulo, treinado por Cilinho, decidia o Campeonato Paulista com a Portuguesa, no estádio do Morumbi.
Sãopaulino até a medula, fazia reportagem de campo para a Equipe Furacão de Esportes, comandada por Antonio Julio Baltazar, um gigante na história da comunicação da Grande São Paulo, que já partiu para a Eternidade, na Radio Difusora Oeste, emissora modesta, mas briosa, de Osasco.
O São Paulo tinha um timaço, com Falcão, Silas, Muller, Careca, Sidney e Cia, mas a Lusa endurecia o jogo.
E eu não sabia se reportava os lances ou se torcia. O São Paulo fez 1×0 no primeiro tempo com Careca e levava um sufoco até a metade do segundo tempo, quando Sidney fez 2×0.
A comemoração dos jogadores aconteceu ao lado do gramado, justamente onde eu estava. Foi quando minhas dúvidas acabaram.
Larguei o microfone no chão e fui comemorar com os jogadores. Quando o narrador pediu a descrição do lance, silêncio total.
De cara, cortaram a linha e passei o resto do jogo apenas assistindo, até invadir o gramado para comemorar, desta vez o título.
Como eram tempos românticos, levei apenas uma suspensão de três dias. Sem direito a filar a primorosa refeição no restaurante que Baltazar mantinha na avenida dos Autonomistas.
E, pior dos castigos, não me escalaram mais para os jogos do São Paulo.
Fernandas do Brasil – de Central a Eunice Paiva
Se a Academia reconhecer, ótimo. Se não, tá tudo bem. Esse patrimônio é nosso!

Fernanda Montenegro e Fernanda Torres Crédito: Divulgação/ Hick Duarte / Hering
Rogério Silva
Queria ter mais tempo pra escrever porque isso nos ajuda a conversar conosco. E a bofetada veio revendo Fernanda, a mãe, quase 30 anos depois.
Nesse misto de Oscar com Copa do Mundo que o Brasil vive, fui visitar uma velha amiga que vi envelhecer na televisão e no cinema. Convivi mais com Fernanda Montenegro do que com a minha avó. E por isso posso gozar de intimidade ao falar dela.
Central do Brasil é daquelas coisas necessárias para se experimentar na vida e reassistir de tempos em tempos tomando doses de realidade do nosso povo. Se hoje podemos desfrutar de áudios e emojis nas mensagens instantâneas que nos emburreceram na escrita, como era no passado de apenas 3 décadas quando tínhamos apenas papel, caneta e Correios?
Papel, caneta, Correios e a ignorância de não saber juntar as letras certinho na escrita a um parente distante, ao marido preso, ao filho que foi estudar longe, ao desumano que te enganou.
Fernanda, a mãe, estava lá em sua banca, na Central do Brasil, para ser o instrumento de conexão entre habitantes de um mundo nosso tão cruel e desigual chamado Brasil.
Tudo bem. É verdade que nem sempre a carta chegava ao seu destino. Mofava na gaveta do quartinho da velha senhora. Ela não era apenas a escrevedora das mensagens, mas também a justiceira que se negava a ser cúmplice das trapaças de larápios ou de vítimas que cairiam, inevitavelmente, nas mãos de seus algozes. Na maioria das vezes, companheiros violentos e agressores. Ainda tinha um viés de cambalacho, pois o engavetamento proposital das correspondências soava como “apenas metade do serviço prestado”.
Dora e Josué são um retrato do Brasil que assiste ao trem passar, numa Central em que deveríamos ser protagonistas, não coadjuvantes
1952- a maior vitória do futebol tricolor
Walmir Rosário
Um livro para ficar na história dos torcedores do Fluminense carioca, ou das Laranjeiras, como queiram, estará à disposição dos tricolores de todo o Brasil, contando a história da 2ª Copa Rio, conquistada pelo Fluminense, em 1952, data do seu cinquentenário. E a obra do escritor Tasso Castro – 1952, A maior conquista do futebol tricolor – será lançada nesta segunda-feira (10 de fevereiro), às 18h30min, no Shopping Jequitibá, em Itabuna.
De pronto, vale avisar aos tricolores mais moços, que a Copa Rio foi o primeiro Campeonato Mundial de Clubes, realizado pela então Confederação Brasileira de Desportos (CBD), a CBF da época, com licença da Federação Internacional de Futebol (Fifa). Os jogos eram realizados no Rio de Janeiro e São Paulo, por equipes da Europa e da América Latina, duas delas brasileiras.
E o texto cirúrgico e preciso é o resultado de pesquisa realizada por Tasso Castro, que conta em detalhes o futebol da época, ressaltando o grande feito do Fluminense, desde a participação do Campeonato Carioca de 1951, considerado um timinho pela mídia. Além de faturar o Carioca de 51, os dirigentes ainda convenceram a CBD e a Fifa a realizarem a Copa Rio um ano antes, já que seria realizada de dois em dois anos, portanto, em 1953.
No livro, o Autor também mostra que o Fluminense foi o primeiro time brasileiro a vingar a nossa derrota de 1950 para a Seleção do Uruguai, que ficou conhecida como o “Maracanazo”. Isto porque o Fluminense jogou contra o Peñarol e aplicou um “chocolate” de 3X0, e nem tomou conhecimento dos carrascos Ghiggia, Schiaffino, dentre outros. Obdúlio Varela não jogou por estar contundido.
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