Nestor Amazonas

Todo fim de ano, uma sensação estranha me incomoda…a de que deveria estar em outro lugar, não importa onde esteja naquele momento.

No meu caso sempre imagino/desejo sentir o prazer de um lento e calmo mergulho no fim da tarde, no Porto da Barra, em Salvador, tendo o sol poente por testemunha.

Tem locais que se instalam dentro da alma da gente e nós, viajantes eternos em terras alheias, permitimos que uma geografia se aposse da nossa história.

Mesmo nascido no Recife, ter passado por Fortaleza, João Pessoa, Feira de Santana e ter sido adotado por Aracaju, flertei com Ilhéus, fui amante do Rio (antes do caos), casei-me com São Paulo, mas é em Salvador, no Porto da Barra, tal qual um novo e imodesto Tomé de Souza, que ancoro meus navios.
Finco minha bandeira na areia e contemplo o horizonte que se entende além da Baía de Todos os Santos.

Não importa onde esteja, todo ano, na minha mente, docemente mergulho nas águas mais amorosas e sensuais que conheço, puro prazer do corpo.

Longe de tudo, navego na memória submersa da distância e do tempo, mergulho de corpo e alma no meu Porto Eterno, da Barra.
Saudades.