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Após 46 anos percorrendo os bares de Itabuna com sua inseparável bicicleta, vendendo amendoim e ovo de codorna, Dorival Higino da Silva, também conhecido como Dedé do Amendoim ou, por motivos óbvios, Tesão, pendurou as chuteiras e os pedais em 2016.

Com oito filhos criados graças à sua labuta incansável, foi curtir a família e torcer/sofrer com o Vasco da Gama, seu time de coração, até ser acometido de uma enfermidade que o manteve recluso em casa.

dede do amendoimComo Pelé, deixou sucessores na labuta para ganhar honestamente o suado pão de cada dia, mas não substitutos, porque Dedé era dessas figuras que mereceram o adjetivo “insubstituível”.

Dedé do Amendoim é, ao lado do Caboco Alencar, que teve que fechar o ABC da Noite por conta da pandemia e só agora promove uma reabertura gradual funcionando apenas aos sábados, é seguramente um dos personagens mais fascinantes da boemia itabunense, com histórias que dariam um livro.

Uma delas, ocorrida em meados dos anos 90, dá bem a dimensão do estilo Dedé. Vendia ele seus amendoins e seus ovos de codorna no Katiquero, vestindo com orgulho uma camisa do PT, quando um desses babacas que infelizmente poluem os bares perpetrou:

-Tira a essa camisa horrível que eu compro tudo…

Ao que Dedé respondeu na lata:

-Pois pra gente como você eu prefiro não vender nada…

E seguiu em frente, com sua bicicleta e sua dignidade.

Em 2022 Dedé foi vender seus ovos de codorna e seus amendonis lá no céu (fico aqui imaginando uma orgia angelical dados os efeitos propagados do amendoim).

 

 

 

Em tempo  2: O Katiquero reabriu com outro nome e outro proprietário . Ou seja, não reabriu…