:: ‘Dedé do Amendoim’
Alambique dá posse a 1.776 imortais e 576 comendadores
A Academia de Letras, Artes, Música, Birita, Inutilidades, Quimeras, Utopias, Etc., a Alambique, que tem como patrono o célebre Caboco Alencar promoveu no final de semana em sua sede provisória (provisória há 7 anos!) no ABC da Noite, uma série de imortalizações, com a posse de novos acadêmicos.
O ex-jornalista em atividade e escritor extemporâneo Daniel Thame, presidente vitalício, imortalício e ditatorialício da nobre Casa das Letras e das Bebidas, designou para a imortalidade (ou imortaalcoolidade) um seletíssimo grupo de 1.776 pessoas, escolhidas por suas inegáveis virtudes literalícias e beberalícias, não necessariamente nessa ordem.
Entre os agraciados, gente de renome como o bancário Valter Moraes, o jornalista Joel Filho, o publicitário Kiko Assis e o radialistas Gilson Alves, além de anônimos como o trabalhador rural Zé da Roça, recém alfabetizado pelo Proeja, que acidentalmente parou no ABC perguntando onde ficava a farmácia mais próxima e saiu de lá sem precisar mais de remédios, posto que também se tornou imortal.
Durante o ágape, regado às igualmente imortais batidas do ABC da Noite, um também seletíssimo grupo de 576 pessoas recebeu a prestigiadíssima Comenda Dedé do Amendoim, criada pela Alambique em homenagem ao célebre Dorival Hygino da Silva, o saudoso Dedé.
Infelizmente, nem tudo foi festa. O dono de uma funerária, bolsonarista per supuesto, protestou contra o elevado número de agraciados (que diga-se não é privilégio da Alambique, mas também de suas coirmãs), alegando que com tanto imortal, vão sobrar caixões, velas e valas.
Serenados os ânimos, o dito cujo tomou três batidas de limão, duas de pitanga uma de gengibre e saiu do ABC satisfeito, mais morto que vivo.
(Ah, essa paixão dos pseudo-literatos como este que ora vos escreve pelos trocadilhos infames…).
Alvíssaras, amplexos e encômios aos novos e nobres imortais.
Dedé do Amendoim, vascaíno, petista. E eterno!
Após 46 anos percorrendo os bares de Itabuna com sua inseparável bicicleta, vendendo amendoim e ovo de codorna, Dorival Higino da Silva, também conhecido como Dedé do Amendoim ou, por motivos óbvios, Tesão, pendurou as chuteiras e os pedais em 2016.
Com oito filhos criados graças à sua labuta incansável, foi curtir a família e torcer/sofrer com o Vasco da Gama, seu time de coração, até ser acometido de uma enfermidade que o manteve recluso em casa.
Como Pelé, deixou sucessores na labuta para ganhar honestamente o suado pão de cada dia, mas não substitutos, porque Dedé era dessas figuras que mereceram o adjetivo “insubstituível”.
Dedé do Amendoim é, ao lado do Caboco Alencar, que teve que fechar o ABC da Noite por conta da pandemia e só agora promove uma reabertura gradual funcionando apenas aos sábados, é seguramente um dos personagens mais fascinantes da boemia itabunense, com histórias que dariam um livro.
Uma delas, ocorrida em meados dos anos 90, dá bem a dimensão do estilo Dedé. Vendia ele seus amendoins e seus ovos de codorna no Katiquero, vestindo com orgulho uma camisa do PT, quando um desses babacas que infelizmente poluem os bares perpetrou:
-Tira a essa camisa horrível que eu compro tudo…
Ao que Dedé respondeu na lata:
-Pois pra gente como você eu prefiro não vender nada…
E seguiu em frente, com sua bicicleta e sua dignidade.
Em 2022 Dedé foi vender seus ovos de codorna e seus amendonis lá no céu (fico aqui imaginando uma orgia angelical dados os efeitos propagados do amendoim).
Em tempo 2: O Katiquero reabriu com outro nome e outro proprietário . Ou seja, não reabriu…
Dedé do Amendoim pendura as chuteiras
Após 46 anos percorrendo os bares de Itabuna com sua inseparável bicicleta, vendendo amendoim e ovo de codorna, Dorival Higino da Silva, também conhecido como Dedé do Amendoim ou, por motivos óbvios, Tesão, pendurou as chuteiras.
Com oito filhos criados graças à sua labuta incansável, ele decidiu que era hora de parar, curtir a família e torcer/sofrer com o Vasco da Gama, seu time de coração.
Dedé do Amendoim é, ao lado do Caboco Alencar, que felizmente continua na ativa do ABC da Noite, um dos personagens mais fascinantes da boemia itabunense, com histórias que dariam um livro.
Uma delas, ocorrida em meados dos anos 90, dá bem a dimensão do estilo Dedé. Vendia ele seus amendoins e seus ovos de codorna no Katiquero, vestindo com orgulho uma camisa do PT, quando um desses babacas que infelizmente poluem os bares perpetrou:
-Tira a essa camisa horrível que eu compro tudo…
Ao que Dedé respondeu na lata:
-Pois pra gente como você eu prefiro não vender nada…
E seguiu em frente, com sua bicicleta e sua dignidade.
Em tempo: Dedé do Amendoim não quer, mas não escapará de uma merecida homenagem a ser realizada em maio no ABC da Noite.
DEDÉ DO AMENDOIM QUER LEVANTAR O MORAL DA CÂMARA DE ITABUNA
Conheci Dedé do Amendoim no Katiquero,em Itabuna. Vésperada eleição de 2000, disputa voto a voto entre Geraldo Simões e Fernando Gomes.
A bicicleta de Dedé tinha mais bandeiras do PT e adesivo de Geraldo do que amendoim e ovo de codorna, que eram o ganha pão do vendedor, com o qual ele criou e educou oito filhos.
E ainda dizem que o negócio só ficou duro depois da invenção do viagra! O amendoim não conta?
Pois bem, um sujeito metido a engraçado, vendo aquela profusão de PT e de Geraldo na bicicleta de Dodô falou para o bar todo ouvir:
-Se você tirar isso da bicicleta eu compro o estoque todo…
Ao que Dedé respondeu:
-Pois pra você não vendo nem todo e nem um saquinho de amendoim.
E seguiu sua jornada, com a altivez dos homens de bem.
No final de semana, cruzo com Dedé do Amendoim no mesmo Katiquero de sempre e eis que ele anuncia:
-Sou candidato a vereador pelo PT, só espero conseguir legenda.
Ta aí um sujeito que a despeito de sua ainda desconhecida potência (ops!) nas urnas, merece uma chance.
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