Todas as cores no ar
Daniel Thame
“Todas as cores no ar
Para anunciar uma nova estação…
Na vibração da Manchete o espaço
é da gente, uma nova emoção.
Sinta a cor da energia,
que se irradia na nova estação…
Chegou, chegou, chegou… a TV que você queria…
TV Cabrália – a imagem do Sul da Bahia.”
Todas as cores estavam mesmo no ar, anunciando uma nova estação. O Sul da Bahia ainda vivia os tempos em que nas duas pontes do arco-íris havia um pote de ouro, em forma de um fruto dourado, capaz de produzir riquezas inimagináveis e até desafiar a geografia, fazendo com que o Sul da Bahia fosse, na prática, uma espécie de enclave Rio/São Paulo, um oásis em meio ao Nordeste empobrecido e atrasado.
Era a Civilização Cacaueira, abençoada por um deus dourado chamado Cacau.
Estávamos no final dos anos 80, 1987 para ser mais preciso, e já havia uma bruxa à espreita e poucos se deram conta disso. E ela viria tão forte e tão intensa que em meros cinco anos o Sul da Bahia se renderia a Geografia e seria recolocado, a fórceps, no Mapa do Nordeste.
O deus não era tão divino assim, posto que sucumbiu a uma bruxaria que dizimou frutos, fortunas, vidas, empregos. Mas, isso é outro história, embora num certo momento vá se fundir e delinear uma história que começa com um sonoro:
“Porra!!!!!!!!”.
A TV Cabrália, a imagem do Sul da Bahia, estava no ar.
30 anos depois, o grito de Nestor Amazonas, naquele distante e inesquecível 12 de dezembro de 1987, ainda deve ecoar pelos corredores da TV Cabrália.
Certo, nossa história começa antes desse grito, mas ele significa o alivio de enfim, poder dizer que todas as cores estavam no ar.
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(trecho de abertura do livro sobre os 30 anos da TV Cabrália, que comecei a escrever e que só esse trapaceiro chamado de destino, que me deu a chance de ser protagonista nesse história, se se vai ser concluído. Mas, escrito ou não, esse é uma história que ninguém apaga)