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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

abril 2024
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:: ‘Amour’

Amour

 

                                                                                                                                                                                                                 

 Por Raquel Rocha

Anne (Emmanuelle Riva) e Georges (Jean-Louis Trintignant) são um casal de aposentados. De gosto erudito, conservam o hábito de frequentar teatros e óperas. A história começa justamente no teatro Campos Eliseos com a câmera de frente para uma grande plateia. As pessoas chegando, se sentando, assistindo a apresentação, e não vemos o palco, somente a plateia e o casal octogenário em meio a todas aquelas pessoas.

Eles têm uma filha, mas vivem sozinhos, são independentes e tem uma relação de intensa cumplicidade. Tudo corre bem na rotina deles, até que Anne sofre um AVC e precisa fazer uma cirurgia. Vários planos do apartamento vazio à noite mostram que a vida de ambos nunca mais será a mesma.

Ao voltar do hospital, ela está com a parte direita do corpo paralisada, mas tenta conservar sua autonomia, fazer suas coisas sozinha e repetir o tempo todo que não está inválida.  Tendo consciência de sua condição degenerativa ela faz um pedido um tanto cruel pro marido: ”Prometa-me uma coisa. Por favor, nunca me leve de volta ao hospital.”

A partir desse momento vemos a personagem definhar, corpo e mente. Seu orgulho sendo ferido a cada agravamento da doença, a perda da capacidade de cuidar de si mesma, de controlar suas funções fisiológicas.  Anne não quer viver assim, o desejo de morrer está estampado em seus olhos e em seus gestos. Depois de perder o controle sobre seus movimentos, Anne perde também a lucidez. A filha quer interná-la, levá-la para um lar de idosos, mas Georges não permite, ele respeita a vontade da esposa mesmo quando ela não tem mais vontade. O casal tem uma dignidade peculiar.

O filme é de uma sensibilidade poucas vezes vista. É uma história triste, mas sentir a morte chegar aos poucos também é triste. Tem muitos momentos de silêncio, mas às vezes simplesmente não há o que ser dito. Planos longos, sequências arrastadas, mas é assim a velhice, a doença… ao nos sentirmos impotentes parece que o tempo teima em não passar.

“A história que eu conto é uma forma estética de ver esta promessa de amor”, declarou Michael Haneke, que também dirigiu “A Fita Branca” (Das weiße Band) e sempre se recusou a explicar seus filmes. Em Amour as palavras são mesmo desnecessárias.

 Amour (em português Amor, tradução altamente desnecessária) é um filme velho, um filme angustiante, mas é verdadeiro, dolorosamente verdadeiro, um filme que nos faz pensar, nos faz sentir, nos ensina a amar. É uma obra-prima.

“As coisas vão continuar, e um dia tudo vai acabar.”

 

O filme concorre ao Oscar nas categorias de melhor direção, melhor filme, melhor filme estrangeiro, roteiro original e melhor atriz. Emmanuelle Riva é a atriz mais velha a ser indicada a estatueta. Ela tá realmente espetacular no filme, mas acho que a interpretação máxima de Amour  é a de Jean-Louis Trintignant. As vezes ver o outro sofrendo é pior que sentir a dor.

 

Trailer

 

 





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