:: ‘sistema Cabruca’
Simpósio Brasileiro em Ilhéus debate cacau, chocolate e sistema cabruca
Acontece no próximo dia 11 de julho, no auditório da Faculdade de Ihéus o I Simpósio Brasileiro de Cacau e Chocolate.
Promovido pela TVCacau/Rede Cacau e Comunicação e site Cacau&Chocolate, o evento tem o objetivo de amplias as bases de discussão e troca de experiência em torno da cadeia produtiva do cacau e do chocolate no Brasil.
O simpósio abordará temas como sistema cabruca, cacau e chocolate e entre os palestrantes já confirmados estão Dan Erico Lobão ( Conservação Produtiva), Henrique Almeida (Chocolates de Origem), Orlantildes Pereira (Soluções para cacauicultura), Jeandro Ribeiro (Políticas Públicas do Governo da Bahia para a Agricultura Familiar), Ivan Costa – (Alta Produtividade) Silvano Pinheiro (Armazéns Gerais), Cristiano Sant´Anna (Identificação Geográfica) e Gérson Marques (Turismo Rural)
O evento terá início às 9 horas da manhã e seguirá durante todo dia com mesas redondas, debates e palestras.
Inscrições podem ser feitas através dos sites
Geraldo Simões: “regulamentação da Cabruca é uma grande vitória dos produtores de cacau”
O deputado federal Geraldo Simões destacou, em pronunciamento no Congresso Nacional, a assinatura pelo governador Jaques Wagner de um decreto de regulamentação da Política Florestal do Estado da Bahia, publicado no Diário Oficial. Entre outras medidas propostas, o decreto trata do Sistema Agroflorestal denominado “Cabruca”. “Para quem não é da região, ou não conhece a cultura cacaueira, é preciso esclarecer que o Sistema Cabruca é um sistema de cultivo do cacau combinado com a manutenção de espécies da cobertura vegetal originária, para sombreamento. Este tipo de consórcio é responsável para manutenção das características da Mata Atlântica no Sul da Bahia”, disse o deputado.
Ao contrário do acontecido em outras regiões, onde a Mata Atlântica foi praticamente devastada, no Sul da Bahia, a introdução da cultura cacaueira, ainda que inicialmente afetou a floresta local, ao cuidar da preservação de espécie nativas para o sombreamento, possibilitou a sobrevivência da Mata, minimizando os efeitos da ocupação produtiva da região.
“Tenho a firme convicção que a melhor política agrícola adequada, em termos de sustentação ambiental é aquela que combina preservação e conservação, com desenvolvimento da agricultura e a ocupação econômica com características de diversificação e consórcio produtivo e que possa ser manejável de maneira sustentável”, afirmou Simões. O Sistema Cabruca, além de manter espécies originais, permite a manutenção do solo rico em matéria orgânica, conserva as nascentes e permite a continuidade da fauna e flora local, com impactos reduzidos. Tudo isto aliado à sustentabilidade econômica, não só pela produção cacaueira, mas pelo manejo florestal adequado.
“Em consonância com o exposto, em 2009 apresentei à Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 4.995, instituindo a política de conservação das áreas de cultivo tradicional de cacau no sistema Cabruca. Nele se define como Cabruca o sistema agrossilvicultural com densidade arbórea igual ou maior que 40 indivíduos de espécies nativas por hectare, que se fundamenta na implantação da cultura do cacau sob a proteção das árvores remanescentes da vegetação da Mata Atlântica, de forma descontinua e circundada por vegetação nativa”, ressaltou Gerado Simões.
Jaques Wagner destaca luta de Eduardo Salles ao assinar decreto que regulamenta gestão das florestas
“Essa luta foi iniciada pelo ex-secretário da Agricultura, Eduardo Salles, e hoje a Bahia, pela primeira vez, dispõe de um decreto que regulamenta a gestão das florestas”, destacou o governador Jaques Wagner, ao assinar na manhã desta segunda-feira (2), com o secretário do Meio Ambiente, Eugênio Spengler, o decreto que regulamenta a política florestal no Estado. Entre outras providências, o decreto permite a regularização de sistemas agroflorestais, inclusive a cabruca, viabilizando o manejo e a retirada de espécies exóticas e o desenvolvimento da economia florestal. “A Bahia dá exemplo para o Brasil”, afirmou Guilherme Lacerda, diretor da Área de Meio Ambiente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que também participou do ato.
Lembrando que durante os últimos dois anos a questão foi amplamente discutida entre a Secretaria da Agricultura (Seagri) e a Secretaria do Meio Ambiente (Sema), ação importante para consolidar a assinatura do decreto, o secretário Eugênio Spengler afirmou que “o governo do Estado, por meio dessa iniciativa, reafirma seu compromisso em incentivar à preservação e à recuperação ambiental, além de fazer com que a propriedade privada rural seja adequadamente utilizada, de modo a garantir a função social da propriedade”.
Para o ex-secretário Eduardo Salles, que foi coordenador do grupo de trabalho organizado pela Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), para elaborar proposta de governo para a agropecuária, além de definir metas de conservação de vegetação nativa, o regime de proteção aplicável das Áreas de Preservação Permanente, e a regularização da Reserva Legal, mediante compensação por servidão, o decreto ao permitir o manejo da cabruca garante a sustentabilidade da cacauicultura e a possibilidade de reativação de várias indústrias na região, inclusive a moveleira. “Se não houver sustentabilidade, não existe preservação do meio ambiente”, afirmou Salles.
Ao falar em nome dos produtores de cacau, o presidente do Instituto Cabruca, Durval Libânio, destacou e agradeceu a atuação de Eduardo Salles em defesa desta bandeira do manejo sustentável da cabruca. Salles, por sua vez, lembrou a importância da luta de todos, citando a Faeb e os sindicatos, a Associação dos Produtores de Cacau (APC), Instituto Pensar Cacau e Ceplac, homenageando a todos em nome de Fernando Botelho, precursor do cacau cabruca através da ação desenvolvida no Projeto Barro Preto. “Foram diversas reuniões ao longo desses anos, e todas entidades tiveram papel fundamental para a consolidação deste decreto”, disse Salles, parabenizando o secretário Eugênio Splengler e o governador Jaques Wagner, pela coragem e sensibilidade com uma região que vem sofrendo muito nas últimas décadas.
“O cacau cabruca foi e é o grande responsável pela conservação do que resta da Mata Atlântica na Bahia”, afirmou Salles. Segundo ele, o manejo sustentável vai permitir aos produtores continuar preservando, devido ao incremento da produtividade e de outras receitas, dando viabilidade econômica às propriedades.
A cabruca, tradicional sistema de produção de cacau no sul da Bahia, alia o cultivo intensivo à conservação ambiental. O manejo de cacau cabruca será fundamental para impulsionar a economia regional, através da comercialização de madeira. A classificação da cabruca como sistema agrossilvicultural vai permitir que o produtor realize manejo de sombra nas plantações, garantindo maior entrada de luz, ampliando a produtividade da lavoura cacaueira.
Cabruca será apresentada ao público na Fenagro
O Instituto Cabruca, em parceria com a Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) e a Empresa Brasileira de Bebidas e Alimentos (Ebba), vai participar da Fenagro (Feira Nacional da Agropecuária) com o stand Cadeia Produtiva do Cacau. Os visitantes poderão contemplar a exposição de árvores da cabruca em miniatura, como pau-ferro, vinhático e jequitibá e ter a possibilidade de entrar em uma representação da agroindústria de chocolate e conhecer como é o processo de produção da guloseima. O stand também concorrerá ao Prêmio Cadeia Produtiva, que vai eleger, por meio do voto do público, os cinco setores produtivos mais sustentáveis da Bahia.
O presidente do Instituto Cabruca, também presidente da Câmara Setorial do Cacau, Durval Libânio, afirma que a proposta é mostrar ao público, de forma detalhada, como funciona o sistema de produção “Cabruca”, caracterizado por ser uma alternativa de produção sustentável, uma vez que as grandes árvores da Mata Atlântica, que dão sombra aos cacaueiros, são mantidas – ao contrário da produção do cacau a pleno sol, quando a mata nativa é desmatada para que o fruto receba maior incidência de sol para colheita em menor tempo. “Com o Stand Cadeia Produtiva do Cacau nós vamos mostrar aos visitantes porque o “Cabruca” merece ganhar o título de setor produtivo mais sustentável da Bahia”, afirma.
O sistema agroflorestal Cacau-Cabruca é considerado conservacionista por manter as árvores nativas da Mata Atlântica, contribuir para a conservação da água e do solo, da biodiversidade, para o sequestro de carbono e para a conservação de importantes espécies do bioma. De acordo com informações da Câmara Setorial do Cacau, a Bahia tem 32 mil produtores, responsáveis por 70% da produção de cacau do Brasil. Apesar de ser nativo da Amazônia, foi com a sombra das árvores da Mata Atlântica na Bahia, que ele prosperou e se desenvolveu.
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