:: ‘Caboclo Alencar’
Tal qual a Fênix, ressurge o Beco do Fuxico
Walmir Rosário
É caso pra se pensar, mas não creio que tenha nada a ver com a mitologia grega. Acredito que seja apenas uma simples coincidência comparar a situação atual do Beco do Fuxico, em Itabuna, com o ressurgimento da Fênix, tal e qual as aparências. Não duvido que seja algum projeto saído da prancheta de algum conceituado marqueteiro, daqueles que têm o hábito de frequentar botecos.
O certo é que as mudanças foram profundas, bem fundadas e o “novo” Beco do Fuxico já pode ser considerado um perfeito case de sucesso. Há pouco tempo passava por uma crise interminável, daquelas que obrigaram o fechamento das portas dos bares, o fim do negócio, provocando um divórcio entre os donos dos botecos e os fidelíssimos clientes.
É que o peso da idade foi chegando como quem não queria nada, afastando alguns, de forma definitiva, aposentando outros, causando um prejuízo incalculável nos clientes, que mais do que de repente, ficaram solitários, perdendo seu personal boteco, e o segundo lar. E o mais grave: desagregando uma legião de amigos, irmãos, melhor dizendo.
Há anos que o Beco do Fuxico participa ativamente como personagem vivo e atuante da história de Itabuna. Deixou-nos Pedrão, Itiel, Dortas, Mota, Mário, Batutinha fechou as portas e guardou o saxofone, deixamos de sentar nos sacos de feijão, arroz e farinha de Alcides Rodrigues Roma, lamentávamos o fim do Quitandinha, e até a Confraria do Alto Beco do Fuxico foi fechada com a mudança de José D’Almeida Senna para Salvador.
Inauguração do Coreto do Caboclo celebra cultura e tradição em Itabuna
Acontece hoje a inauguração do Coreto do Caboclo no Beco do Fuxico, em Itabuna. O evento contará com apresentações especiais de Pierre Onassis, vocalista da banda Afrodisíaco, e do grupo Chicas e Franciscos, garantindo uma noite memorável de música e celebração.
O coreto é uma homenagem a José Pereira da Silva, o Caboclo Alencar, mestre das batidas imortais no ABC da Noite, o boteco símbolo do Beco do Fuxico. No dia 2 de fevereiro, Alencar completou 94 anos, recebendo homenagens de sua legião de abecezeiros.

Caboclo Alencar, o Rei do Beco do Fuxico
O Coreto do Caboclo é um espaço dedicado às manifestações artísticas, encontros comunitários e eventos culturais que resgatam a identidade e a tradição da cidade. Além disso, desempenhará um papel essencial na valorização da cultura popular e da música ao ar livre.
Aulas suspensas no ABC da Noite. Agora, só depois das eleições
Walmir Rosário
Do presidente da Academia de Letras, Artes, Música, Birita, Inutilidades, Quimeras, Utopias, Etc., (Alambique), o jornalista Daniel Thame, recebo a fatídica informação. Foi difícil acreditar, mas constatei que era verdade. Após a reabertura do ABC da Noite, recebida com festa em grandioso estilo, a diretoria resolveu dar mais um tempo e cerrar suas duas portas até passar as eleições de 2 de outubro.
A notícia pegou todos de surpresa, já que o professor Caboclo Alencar e sua inseparável companheira, dona Neusa, deliberaram, em sessão extraordinária, a suspensão da prestação dos serviços etílicos na sua sede, no Beco do Fuxico. Mas como não existe nada ruim que não possa piorar, como garante em sua tese o tal de Murphy, num conceito que se transformou em lei sem que fosse aprovada por parlamento algum.
Esse já é o segundo choque sentido pelos boêmios itabunenses, que ficaram órfãos das deliciosas batidas do Caboclo Alencar durante esses anos em que a pandemia resolveu assolar o Brasil e o mundo. A primeira decepção sentida foi a drástica redução nos dias de funcionamento, que caiu do tradicional segunda a sábado, em dois expedientes, e que passaria apenas aos sábados.
Pois bem, se não bastassem os torturantes 30 meses em que esteve fechado, o primeiro decreto editado pelo Caboclo Alencar e dona Neusa, restringiu a abertura, em desconformidade à placa de bronze afixada na parede proclama os horários de abertura e fechamento do régio expediente: De segunda a sexta-feira: das 11 às 12h30min e das 17 às 19 horas; aos sábados, das 11 às 12h30min; sem expediente aos domingos.
ABC da Grapiunidade

Caboco Alencar
Ernesto Marques
Quando começou o confinamento, nas conversas com Daniel Thame, logo me preocupei: e o Caboclo? Quem é papa-jaca não tem dúvidas, mas incautos de outras paragens talvez estejam em dúvida se me refiro àquele em cujos pés, na Bahia, se recomenda que desconsolados chorem suas mazelas no centro da Praça 2 de Julho, vulgo Campo Grande.
E, claro, se a preocupação era com a vida, esse Caboclo não é de outro mundo. Não é monumento, como o da praça, mas é uma entidade que se pode resumir em bom baianês como uma autarquia; um patrimônio material e imaterial, também!
Sim, porque tem uma dose de ancestralidade infundida em conhecimento tradicional, personificada numa figura em carne, osso e, sobretudo, alma.
Uma combinação genuinamente baiana, dessas que compõem um personagem idiossincrático, dono de um carisma improvável, capaz de cativar séquitos de seguidos engajados e orgânicos, muito antes das redes sociais.
Muito antes de um tal de Zuckerberg criar o Face, o Caboclo já tinha criado uma rede social poderosa no Planeta Cacau. Aonde! A rede do Caboclo existe é de hooooooje, muito antes até do Orkut! E nunca houve plataforma melhor pra fazer um network em Itabuna.
Eu, forasteiro que venho lá do sertão, na primeira passagem por Itabuna, em 2004, trabalhando numa campanha eleitoral, percebi isso logo na chegada, levado pelo companheiro Rui Correia, o “senador da Bahia livre”, e jamais eleito.
Voltemos a falar da entidade, o Caboclo – a maiúscula, ou caixa alta, como dizem os jornalistas das antigas, não é simples reverência. É respeito à lei que manda grafar substantivos próprios assim. É nome de gente de carne e osso, com nome e sobrenome, também: Caboclo Alencar. Criador e mantenedor do ABC da Noite, uma verdadeira catedral de duas portas estreitas onde se reúnem infiéis de vários credos, partidos, etnias e extratos sociais.
Esse tipo ecumenismo sócio-etílico-religioso só poderia ter como endereço o Beco do Fuxico, logradouro cujo nome oficial nem itabunense conhece. Se você chegar na Avenida Cinquentenário, centro comercial de Itabuna e perguntar onde é a Travessa Adolfo Leite, dificilmente alguém saberá responder. Mas se você estiver em Ilhéus e perguntar onde fica o Beco do Fuxico, com certeza qualquer um vai lhe dizer do Beco, cuja referência certeira é o ABC da Noite, do Caboclo Alencar.
Desencontros no ABC da Noite
Por Walmir Rosário
Cliente assíduo por mais de 40 anos do ABC da Noite, o jornalista canavieirense aposentado Tyrone Perrucho, passeando por Itabuna, resolveu dar as caras para tomar umas batidas e rever o amigo Caboclo Alencar. Flanou pelo centro da cidade olhando as vitrines das lojas da avenida do Cinquentenário e adjacências até que chegasse o horário do Caboclo abrir as portas, exatamente às 11 horas, como manda a tradição.
E às 10h55min se apresentou e postou-se em frente ao estabelecimento, como um daqueles alunos rebeldes, ausentes do ABC da Noite por anos a fio, esperando ser o primeiro a se apresentar ao Caboclo como um aluno repetente. Mas eis que nesta fatídica quarta-feira o Caboclo Alencar não cumpriu o prometido, conforme a placa afixada na parede com o horário de funcionamento.
Mas o velho aluno não se fez de rogado e continuou postado no passeio aguardando a abertura para ter a primazia de ser o primeiro a se deliciar com uma batida de tamarino ou gengibre – de acordo com a linha de produção do dia. Exatamente às 11h27min, olhou em sua volta e se deparou com outros fregueses, que assim como ele, aguardavam ansiosamente o horário de abertura.
Mas nada do Caboclo! Pelo olhar que dirigiam ao ABC da Noite – fechado –, pareciam crianças perdidas no meio da multidão à espera da mãe, que nunca aparecia. Eis que então, tomado por uma atitude impensada, dá mais uma olhada no aparelho celular para conferir o horário, confabula com os outros clientes rejeitados e toma a decisão de ir embora, sem voltar a se deliciar com as maravilhosas batidas do Caboclo Alencar.
Maravilhosas, deliciosas, apetitosas, tanto faz, e o desocupado Tyrone Perrucho, sentido o seu orgulho de cliente ferido, resolve ir embora, voltar para sua Canavieiras sem “molhar o bico” e tirar dois dedos de prosa com o Caboclo. Apesar da grande amizade que os une, Tyrone se sentiu traído, por sempre espalhar pelos quatro cantos do mundo a precisão britânica, guiada pelo relógio suíço de Caboclo Alencar, obediente aos horários de abertura e fechamento.
Antes de dar a meia volta e retornar a Canavieiras para dar expediente na Confraria d’O Berimbau, estabelecimento que não prestigia os horários, desde que cheguem após as 10h51min, fez questão de mirar seu celular para a frente do ABC da Noite e clicar uma foto. Da próxima vez que voltar a Itabuna irá exibi-la ao Caboclo com o olhar de reprovação pelo desleixo num dos costumes mais tradicionais da cidade.
Mas o jornalista não foi o primeiro a dar as caras nas portas fechadas do ABC da Noite em horário de pleno expediente, colegas frequentadores tantos já tiveram o mesmo dissabor ao não poder se deliciar das saborosas batidas antes do almoço. Chegam, se postam em frente do ABC e ficam esperando que, como num passe de mágica, o Caboclo Alencar apareça do nada para servir sua batida predileta.
Como um filhote de pássaro à espera da mãe para regurgitar o precioso alimento, olham para as portas esperando que se abram, olham para o relógio e não se conformam com o descumprimento do horário. Aos poucos outros vão chegando e se associando ao misterioso sumiço do Caboclo, que sem mais nem menos deixa os clientes como filhotes famintos abandonados no ninho.
Ia me esquecendo, e deixo aqui os devidos esclarecimento para os desavisados: Uma placa de bronze fixada na parede proclama os horários de abertura e fechamento do régio expediente: De segunda a sexta-feira: das 11 às 12h30min e das 17 às 19 horas; aos sábados, das 11 às 12h30min; sem expediente aos domingos. De minha parte, acho um exagero a atitude do exigente Tyrone Perrucho, afinal, aos 89 anos bem vividos, que mal faz o caboclo relaxar o horário de vez em quando?
Relaxado não é adjetivo para ser aplicado na impoluta figura do Caboclo Alencar, considerado uma autarquia nos meios em que frequenta. O Caboclo se encontrava no merecido período de férias, que gozava na aprazível capital alagoana – Maceió – com sua esposa, integrando uma caravana do não menos impoluto radialista itabunense Cacá Ferreira, o que justifica a ausência.
Tyrone Perrucho que marque outra viagem a Itabuna!
Caboclo Alencar, 88 anos do Rei das Batidas Imortais
Celina Santos, no Diário Bahia
O dois de fevereiro é bastante comentado em diversas partes do Brasil, porque é o Dia de Iemanjá. Mas em Itabuna o 1º de fevereiro deve ser, também, uma data simbólica. Afinal, há 88 anos nasceu Alencar Pereira, o tão querido Caboclo Alencar. Ele é responsável pelo ABC da Noite, boteco tombado como patrimônio cultural de Itabuna, servindo saborosas batidas e por onde já passaram muitas figuras famosas.
A receita da procurada bebida o “Cabôco” não revela a ninguém. Entre os “causos” grapiúnas, muito se diz que ele mantém secreta, como sempre foi a fórmula da Coca-Cola. De sabor em sabor, dá cara ao Beco do Fuxico, via que é ponto de referência no centro da cidade e atrai pessoas de vários municípios da região.
“Dia de Alencar”
Sabemos que o ABC da Noite abre, impreterivelmente, às 11 horas. Mas telefonamos, às 10h45min desta quinta-feira (31), para tentar falar com Alencar e ele já estava a postos. Parabenizamos antecipadamente pelos 88 anos, desejando saúde e alegria – as duas coisas que ele tem como prioridade. E uma longa vida, é claro. “Vamos enfrentar a luta (risos)”, respondeu ele, com toda serenidade.
O “Filósofo do Beco” é uma figura discreta, dono de um senso crítico que salta aos olhos e visivelmente avesso a qualquer manifestação do “Imperialismo”, do chamado “American Way Of Life”. Por tantas características peculiares, arregimenta um considerável número de fãs, das mais diversas classes sociais, idades e profissões. Por tudo isso, em mais um aniversário, parafraseamos versos bem baianos: “1º de fevereiro/ é dia de Alencar/ trago-te meu carinho/ homem raro de cá”.
Festa para o Rei do Beco do Fuxico

Alencar e dona Neusa: o casal simbolo do Beco do Fixo. Batidas de antologia com o amor na receita
Os 84 anos de Alencar Pereira da Silva, o Caboclo Alencar, foram comemorados com festa no ABC da Noite. Centenas de pessoas lotaram o Beco do Fuxico em Itabuna e além de abraçar o Caboclo Alencar, curtiram as marchinhas dos antigos carnavais, com a Banda Descarga Elétrica e artistas convidados.

Dia de festa e de coroação. Longa vida ao Rei do Beco
Na homenagem aos 84 anos do Caboclo Alencar, o ABC da Noite, tombado pelo Patrimônio Histórico de Itabuna, ganhou um novo painel na fachada, co os dizeres “ABC da Noite- Utilidade Pública”. Uma faixa homenageou o Caboclo com a frase Rei do Beco do Fuxico.
Coração mais do que justa a esse símbolo do lado bom de Itabuna.
Longa vida ao Rei!
Cessem os protestos: ABC da Noite reabre as portas
Aviso aos navegantes e beberantes, que quase bloquearam avenida do Cinquentenário em Itabuna em protesto por se depararem com as portas do ABC da Noite fechadas na sexta e no sábado.
O Caboclo Alencar deixou de cumprir o sagrado dever de nos brindar com suas inigualáveis batidas por conta de exames médicos de rotina, que atestaram sua excelente saúde.
Pois as portas do ABC da Noite reabrirão nesta semana, para entre outras coisas brindarmos a saúde do Caboclo Alencar.
Alvíssaras!
Festa para os 52 anos do ABC da Noite
Os 52 anos do ABC da Noite, o mais tradicional boteco do Sul da Bahia, serão comemorador no próximo sábado, dia 26 de julho, com uma festa em homenagem ao Caboclo Alencar, que a há mais de meio século brinda seus discípulos com batidas incomparáveis e frases de efeito que renderam até livro.
A festa dos 52 anos do ABC da Noite, além de comes e bebes terá as participações de Jaffet Ornelas, Carlos Santana e Duo Bem Ti Vi, que se apresentam a partir das 11 horas da manhã no palco armado em frente ao boteco.
Tombado pela Prefeitura em 2013, o prédio onde o ABC foi instalado, inicialmente um açougue providencialmente transformado em boteco, faz parte da história de Itabuna e além dos clientes fiéis, é parada obrigatória para quem visita a cidade.
A homenagem aos é organizada pela Associação Cultural Amigos do Teatro (ACATE), Associação dos Amigos do Caboclo Alencar (ACACAU) e pela Academia de Letras, Artes, Músiva, Birita, Inutilidades, Quimeras, Utopias, Etc. , a Alambique.