:: ‘Ao Pé da Goaibeira’
Brasil tem maior concentração de renda do mundo
Quase 30% da renda do Brasil está nas mãos de apenas 1% dos seus habitantes – o que dá ao País a maior concentração do tipo no mundo. Quem o diz é a Pesquisa Desigualdade Mundial 2018, feita por centenas de estudiosos, sob a coordenação do economista francês Thomas Piketty – autor de O capital no séc. XXI, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos.
Enquanto isso, dentre as bobagens que o governo do Capitão B. tem anunciado (e registradas aqui pelo nosso querido chefe, o Barão), nenhuma contempla as pessoas mais pobres – até de reduzir aposentadorias a menos do salário mínimo se cogita, além da maldade mais recente, uma tal de “carteira verde-amarela” (aliás, a OAB já anunciou que pedirá ao STF que nos livre desta penúltima excrescência bolsonarista)
Trocando em miúdos: Jorge Paulo Lemann (da AB Inbev), Joseph Safra (Banco Safra), Marcel Hermmann Telles (AB Inbev), Carlos Alberto Sicupira (AB Inbev), Eduardo Saverin (Facebook) e Antônio Ermírio de Morais (Votorantim), as seis pessoas mais ricas do Brasil, têm o equivalente ao capital de uns 110 milhões de brasileiros, de acordo com a revista Forbes, especializada em medir fortunas.
O mais “pobre” do grupo é Ermírio de Morais, com “apenas” R$ 3,9 bilhões – muito longe do “riquinho” da turma, José Paulo Lemann, que fechou 2017 com um patrimônio de R$ 29 bilhões e uns quebrados.
Tal diferença se percebe também nos salários, com um cruel componente de racismo: os negros recebem salários menores do que os brancos (apesar de negros e pardos formarem mais de metade do total dos habitantes do País), independente da escolaridade e da experiência, evidenciando a prática discriminatória e racista presente em nossa sociedade. O estudo aponta para uma ferida crônica muito preocupante: a equiparação salarial, baseado nos registros das últimas décadas, ocorrerá somente em 2089, quando uma criança nascida hoje terá 70 anos – e, se ainda viva, estará à beira da aposentadoria, segundo as regras do Capitão B.
Destaca o estudo que “O Brasil tirou 28 milhões de pessoas da pobreza nos últimos 15 anos, mas os super-ricos continuam sendo os mais beneficiados: entre 2001 e 2015, o grupo dos 10% mais ricos abocanhou 61% do crescimento econômico
Acrescente-se à discriminação salarial um sistema tributário injusto, que pune os pobres e beneficia os ricos: o grupo dos 10% mais pobres gasta 32% da sua renda em impostos, enquanto os 10% mais ricos pagam 21%.”
Tem mais: “Nossa arrecadação fiscal – e, portanto, o orçamento federal – poderia aumentar em mais de R$ 60 bilhões ao ano, o equivalente a duas vezes o orçamento federal para o Programa Bolsa-Família, quase três vezes o orçamento federal para a educação básica e quase 60 vezes o que se aloca para a educação infantil, só com o fim da isenção de impostos a lucros e dividendos.” \quer dizer: se os rentistas, não apena os trabalhadores fossem taxados.
No Brasil, inverte-se a lógica social: contribuem mais os que têm menos, num sistema que cada vez mais identifica e distancia a casa grande e a senzala.
Recentemente, em Davos (aquele lugar onde o Brasil, pela voz aos solavancos do Capitão reformado, deu mais um vexame internacional), o Relatório “Bem Público ou Riqueza Privada?” mostrou que o patrimônio dos 26 bilionários mais ricos do mundo é igual ao dos 3,8 bilhões mais pobres. Cruel aritmética: 26= 3.800.000.
Voltando ao “Clube dos Seis” do Brasil, informar que Monsieur Piketty já fez o cálculo que os despeitados pobres gostariam de saber: como gastar tanto dinheiro? Os pobres, todo mundo sabe, adoram gastar dinheiro, se, por acaso, o têm: diz o relatório que “gastando R$ 1 milhão por dia, os seis maiores ricaços brasileiros, juntos, levariam 36 anos para esgotar todo seu estoque de reais.” É muito trabalho para esses sofridos bilionários. Ainda bem que o Capitão B. já se condoeu dessas pessoas e pretende “tirar o Estado de cima delas”, isto é, tratar de que os ricos fiquem cada vez mais ricos.
(Líliam Porcão, a Independente)

Na visão o cartunista Aroeira (“desenhado pra todo mundo entender”), o “gesto da arminha” (espécie de símbolo dos bolsonaristas) nos encaminha a tragédias como a de Suzano/SP.
A verdade vive escondida no fundo do poço
bddepd@gmail.com Barão de Pau d´Alho
Um dia, a Verdade e a Mentira se encontram. A Mentira diz à verdade: “Hoje está um dia maravilhoso”. A Verdade olha para o céu, desconfiada, suspira e concorda, pois o dia estava realmente lindo. Elas andam algum tempo juntas, chegando, finalmente, a um poço. A Mentira diz: “A água está muito boa! Vamos tomar um banho!” A Verdade, mais uma vez desconfiada, testa a água e confirma que, de fato, está ótima para o banho. Elas se despem e entram no poço. De repente, a Mentira sai da água, veste as roupas da Verdade e foge.
A Verdade, furiosa, sai o poço e, com um chicote, persegue a Mentira, para castigá-la e pegar as roupas de volta (v. quadro de Jean-Leon Gérôme “A verdade saindo do poço”, de 1896), mas ninguém colabora com ela nessa busca: as pessoas, vendo-a nua, desviam o olhar, com desprezo e raiva. A pobre Verdade volta ao poço e desaparece para sempre, escondendo ali sua vergonha. Desde então, a Mentira viaja pelo Mundo, vestida como a Verdade, satisfazendo a conveniência da sociedade, que não nutre o menor desejo de se deparar com a Verdade nua. (Trecho de um conto judaico – há versões ligeiramente diferentes desta)
O jornal The Washington Post assumiu, desde 20 de janeiro de 2017, uma estranha função: contabilizar as afirmações mentirosas do Topetudo presidente Donald Trump. Passados cerca de 420 dias da administração, o mentiródromo do jornal já crava, por dia, mais de 11 declarações falsas ou enganosas. No Brasil, o Capitão reformado segue o padrão do seu líder estadunidense desde a campanha, com invenções do tipo kit gay e uma tal mamadeira erótica, que a oposição usaria para perverter as crianças – o que, para além da mentira para convencer incautos, parece uma perversão sexual das mais abjetas. Freud, que muito sabia das aberrações humanas, botaria esse maluco no divã e só o tiraria de lá com a suave terapia da camisa de força.
O Barão se proclama ex-presidente do Brasil
Esta semana, vocês lembram, lançou-se aqui na resistente goiabeira danielina a feliz ideia de fazer este Barão presidente interino do Brasil. Tal providência era uma resposta ao ridículo de um cara ridicularmente chamado de Guaidó, e também ao clamor das ruas contra a pouca vergonha instalada em Brasília, num governo formado por paramilicianos, fundamentalistas religiosos, milicos aposentados e variados gêneros de malucos, tendo ao centro da pantomima o clã Bolsonaro. Eis que, horas depois, o ator José de Abreu (não por imitação, como querem meus puxa-sacos, mas por coincidência – não restou provado que ele seja leitor desta coluna) apresentou-se devidamente enfaixado presidente, dando entrevista e já com ministério escolhido. Até mesmo a divisa do novo presidente (ecologicamente correta!) coincide com a minha, conforme registro do jornalista (comunista, é óbvio!) Leonardo Attuch:
…Zé de Abreu já declarou que “nossa bandeira jamais será laranja” e prometeu acabar com aposentadorias e pensões especiais das mais variadas castas da sociedade – incluindo filhas casadas que fingem ser solteiras, como Maitê Proença. Também prometeu indultar o ex-presidente Lula, que, em condições democráticas normais, hoje seria presidente da República. Afinal, o país que prende opositores para impedi-los de disputar eleições é o Brasil – não a Venezuela.
A propósito, já hipotequei meu nobre e irrestrito apoio ao novo presidente da República do Brasil, abdicando do desonrado cargo e assumindo minha modesta condição de ex-presidente, candidato a administrar apenas o recém-criado IPAD – Instituto Pau d´Alho de Assuntos Difusos.
E mais não digo, a não ser que, do jeito que coisa anda, a moda pega e vamos ter muitos dirigentes autoproclamados. Por enquanto, além de Abreu (Brasil) e aquele Gauidó (venezuelano de enorme vocação para o patético – e que já está sendo “destituído” por Trump, pois prometeu levantar o povo da Venezuela e não conseguiu), são dados como certos o ator Alexandro Munhoz, autoproclamado presidente da Colômbia, já anunciado, e o Cacique Babau, prefeito de Buerarema – proposta ainda em análise no Conselho de Anciãos dos Tupinambás.
Em Itabuna, devido à fadiga do atual prefeito, os biriteiros do ABC da Noite pretendem que o município seja dirigido pelo Caboco Alencar, cidadão sabidamente acima de qualquer suspeita, mas a escolha é discutível: há quem diga que O Caboco, patrimônio da cidade, não dispõe de maldade suficiente para sobreviver no Centro Administrativo.
(As diatribes do Barão e sua equipe são publicadas às terças e sextas, quer chova, quer faça sol)
PERFIL DO BARÃO
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