:: 1/mar/2025 . 16:24
Governo do Estado garante sustentabilidade e acolhimento para catadores com Projeto Ecofolia Solidária
O projeto Ecofolia Solidária, desenvolvido pela Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), em parceria com outros órgãos estaduais, visa garantir condições dignas de trabalho para catadores e catadoras durante o Carnaval. São 3.300 catadores cooperados e autônomos beneficiados este ano com equipamentos de proteção individual, composto por fardamentos, botas, luvas, protetor auricular e uma estrutura de apoio para comercialização do material recolhido.
Os coletores cooperativados já integrados ao projeto definem a ação como de grande avanço na história da ecoreciclagem na Bahia. Michele Almeida, catadora e vice-presidente da cooperativa Cama Pet, narra um pouco da história: “ A gente faz diferencial na vida dos catadores autônomos, trazendo essa dignidade. A gente iniciou projeto muito pequeno, na época poucos catadores ainda conheciam a ação. Agora em 2025 já tem um diferencial que é uma bonificação pelo plástico coletado, que alguns anos atrás a gente não tinha esse trabalho”. A coordenadora também ressaltou: “E esse ano também a gente já tem os espaço que as mulheres possam fazer seu descanso, sua massagem, sua ioga para trabalhar relaxadamente”, referindo-se aos Espaços de Convivência ‘Cuidar de Quem Cuida’ que oferecem estrutura para descanso e bem-estar.
Ferreirinha, Jô Soares, Manoel Leal. Onze e Meia…
Daniel Thame
No início da década de 90, então no vigor dos seus 80 anos, Ferreirinha ficou mundialmente conhecido após se casar com a estudante Yolanda, nos seus tenros com 15 anos. Foi tema de reportagens em jornais de todo o planeta e concedeu uma entrevista antológica no programa Jô Onze e Meia, no SBT, onde foi triunfalmente apresentado por Jô Soares como o “Garanhão de Itabuna”.
A entrevista com Jô, que levou seu monumental talento para a eternidade, foi acertada após o envio de um exemplar do Jornal A Região por Manoel Leal à produção do programa. O jornal, à época vivendo seu auge, foi o responsável pela divulgação inicial da insólita união.
Como Ferreirinha, já passando os 80 anos e com Yolanda batendo o pé e se negando a acompanhar o esposo, coube a este ex-jornalista em atividade (então editor de A Região), levá-lo a São Paulo.
Antes de viajar, Leal comprou uma camisa florida (estilo Jorge Amado) para Ferreirinha usar no programa e orientou que se Jô Soares perguntasse o segredo da propalada potência sexual, a reposta era: “muito suco de cacau”.
Na viagem de avião, Ferreirinha foi me contando-repetindo todas as suas peripécias sexuais, a ponto de eu me perguntar se ele teria coragem de dizer tudo aquilo no programa.
Disse e levou Jô Soares e a platéia (composta majoritariamente por estudantes) às gargalhadas, imitando o famoso gesto da posição “receba, galinha”, a sua preferida, antes das núpcias com Yolanda, bem entendido.
Diante de um Jô Soares surpreso com tanta desenvoltura e todos os presentes à gravação encantados com aquele senhor com jeito de menino sapeca, Ferreirinha confirmou que o segredo de levar a jovem esposa à exaustão a ponto de que era ela e não ele quem pedia para parar os arrufos na cama, era mesmo o tal suco de cacau.
Foi o suficiente para Jô Soares pedir: “atenção meus amigos do Sul da Bahia, me mandem vários pacotes de suco de cacau!”
Por obra e graça (coloca graça nisso!) de Jô Soares, Ferreirinha ficou conhecido como “O Garanhão de Itabuna”, título do qual se orgulhava e procurava manter, sempre se vangloriando de seus “dotes garanhísticos”, até falecer (lúcido e bem humorado), aos 99 anos, cercado pelo amor de Yolanda do dos familiares.
A entrevista foi um sucesso tão estrondoso que foi repetida entre as melhores do ano. Ferreirinha só não pode usar a camisa amadiana, porque como o voo atrasou, fomos levados diretamente para o estúdio. Durante a entrevista (sem imaginar que a gravação já estava valendo), Ferreirinha dizia a um Jô atônito que precisava vestir a camisa que Leal lhe deu.
Manoel Leal, Ferreirinha, Jô Soares. Deus deixam o céu mais habitável. E esse planetinha tão judiado pelo homo (sic) sapiens cada vez mais pobre de personagens dessa dimensão. -.—-PS- Depois de me certificar de que Ferreirinha dormia o sono dos juntos, sai para tomar um chopp e comer um filé com fritas e agrião num boteco nas proximidades da esquina da Ipiranga com a avenida São João. E ali alguma coisas aconteceu em meu coração: me dei conta de que havia me tornado, definitivamente, um grapiuna das terras do cacau. E que São Paulo seria, como é, apenas um retrato amarelado na parede da memória.
Mazé Torquato entrevista Altina Ribeiro
A franco-portuguesa Altina Ribeiro está lançando « (IL)Légitime », “(I)legítima” em português, um novo romance inspirado em fatos reais. A obra traça o retrato de uma mulher ao mesmo tempo comum e singular, denunciando a violência contra crianças e mulheres.
O livro está disponível em Portugal na Editora Alma Letra: https://www.almaletra.pt/produtos?sea... e em Paris: https://librairie-portugaise.com/?s=a...
Veja a entrevista concedida a Mazé Torquato, em Paris.
Paz e Bem
Iva Santos Guimarães
No silêncio do amanhecer, há um canto,
Que ecoa na vastidão do coração.
É o hino da paz, um suave encanto,
Que traz a harmonia e a reflexão.
Na simplicidade de um gesto sereno,
Encontra-se a beleza do bem.
No olhar que acolhe, no abraço pleno,
Há a luz que ilumina o além.
Paz é o sonho que nos guia e acalma,
É a brisa leve que acaricia o ser.
Bem é a semente que enche a alma,
Com o amor que nos faz renascer.
Que em cada dia, ao dar o primeiro passo,
Busquemos no outro o espelho do afeto.
Pois é na bondade e no abraço,
Que se constrói um mundo mais perfeito.
Que a paz e o bem sejam nossa estrada,
Em cada escolha, em cada intenção.
E que, ao fim de nossa jornada,
Encontremos um mundo de união.
Firmino Rocha, o orgulho da poesia itabunense
Walmir Rosário
Embora nunca tenhamos marcado qualquer encontro, religiosamente nos víamos, e sempre ao cair da tarde. Posso afirmar que nossos hábitos eram bem distintos em variados aspectos. Assim que terminava o expediente, eu o famoso operador de som da antiga Rádio Clube de Itabuna, Eliezer Ribeiro (Corpinho de Leão), nos dirigíamos ao Ita Bar para tomarmos um (uns) aperitivo(s).
Aos poucos, vislumbrávamos a figura do nosso personagem cruzar a rua que separava a praça Olinto Leone, onde morava, e embocar no beco em direção ao Ita Bar. Passava rente ao saudoso castelinho, com sua pasta de couro, daquelas que os vendedores viajantes utilizavam àquela época. No interior da pasta, nada de talões de pedidos ou prospectos de publicidades. Só poesias.
Pelo caminho o ritual diário era o mesmo: cumprimentava a todos com sorrisos, algumas frases de elogios, especialmente flores para as mulheres. Essa distinção era rotineira. As pessoas que ainda não o conheciam geralmente olhavam aquela figura com desconfiança, até serem informados e certificados que se tratava de Firmino Rocha, poeta, pessoa de bem, e para alguns com a cabeça nas nuvens.
A indumentária era a mesma: um terno surrado, voltado para a cor cinza, às vezes com gravata, bem frouxa no pescoço e a cabeça protegida por um chapéu de baeta. Sempre com um sorriso nos lábios. Se houvesse oportunidade, abriria a maleta e pegaria os papéis soltos ou o caderno e os mostraria, declamando uma das dezenas de poesias.
Ao chegar ao Ita, sentava-se num banco junto ao balcão ou à mesa diante dos convites. Luzia, a garçonete com anos de experiência e conhecimento dos fregueses, lhe servia uma cachacinha pura ou o famoso “leite de onça”, aperitivo da casa. Engrenava a conversa, apresentava seus novos trabalhos, desfiava versos de seus novos poemas.
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