Cerca de 400 pessoas, entre lideranças, representações de comunidades aldeiadas e estudantes da etnia Tupinambá, ocuparam agora pela manhã o estacionamento do Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, para agradecer aos governos federal e estadual, à secretaria estadual da Saúde e à Fundação Estatal Saúde da Família (FESF SUS), pela luta em defesa da aprovação do Plano de Atenção Especializada aos Povos Originários (IAE-PI).

O HMIJS acaba de ser oficializado como a primeira unidade da Bahia como modelo de atendimento à população indígena do estado. A portaria que concedeu o incentivo foi assinada pela ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, na última segunda-feira (11) e dois dias depois publicada no Diário Oficial da União.

Reunidos em uma grande festa, os indígenas realizaram o tradicional “Porancy”, um ritual com dança e orações. O Cacique Gildo Amaral, um dos líderes da etnia, explica que este ritual geralmente ocorre durante momentos de reivindicações dos Tupinambá. “Mas desta vez decidimos realizar para agradecer. Muita gente pode até estar estranhando. Mas essa foi a nossa intenção e a nossa determinação de estar aqui. Acolhendo a quem nos acolhe todos os dias”, revelou.

Atendimento especializado

Com a aprovação do Plano pelo Ministério da Saúde, o Materno-Infantil passa a promover este atendimento no estado, onde existem 35 mil indígenas, de 20 etnias, distribuídos em mais de 130 aldeias. Juntos eles representam 0,5 por cento da população indígena do Brasil. A proposta do Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio é justamente pela acolhida e humanização durante o parto através do Sistema Único de Saúde (SUS), onde são incentivados os princípios da universalização, da eqüidade, da integralidade, da descentralização e da participação popular.

O Hospital Materno-Infantil iniciará, de imediato, a implantação das diretrizes gerais que norteiam o programa, que vão desde a melhoria no acesso das populações indígenas ao serviço especializado; adequação da ambiência de acordo com as especificidades culturais; e ajuste de dietas hospitalares considerando os hábitos alimentares de cada etnia. A iniciativa conta ainda com o acolhimento e humanização das práticas e processos de trabalho dos profissionais em relação aos indígenas e demais usuários do SUS, considerando a vulnerabilidade sociocultural e epidemiológica de alguns grupos.

Política grandiosa

 

Uma reunião com os líderes de diversas aldeias definiu as principais linhas de ação a partir desta aprovação do Plano. “Trata-se de uma política de grandiosidade imensa, graças à parceria que foi estabelecida entre governos, direção do hospital e da FESF com a comunidade indígena de todo o estado”, define o diretor-médico do HMIJS, Samuel Branco. A diretora-geral Domilene Borges disse estar emocionada com a homenagem à instituição e assegurou que os desafios não param mesmo diante da aprovação do plano. “É preciso avançar. E vamos avançar”, disse.

De acordo com o projeto, também estão previstos o estabelecimento de fluxo de comunicação entre o serviço especializado e a Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena, por meio das Casas de Saúde Indígena (CASAI) e a qualificação dos profissionais que atuam nos estabelecimentos que prestam assistência aos povos indígenas quanto a temas como interculturalidade.

Em todo o ano passado e mais janeiro deste ano, o HMIJS acolheu a população indígena com 661 atendimentos de emergência adulto: 468 Emergência Pediátrica; 28 internações no Centro de Parto Normal; 41 na pediatria; 67 na obstetrícia cirúrgica; 114 na obstetrícia clínica; 28 na obstetrícia de alto risco e 50 atendimentos no ambulatório.