Estudantes de escolas públicas de Ilhéus, Itabuna, Uruçuca e Itacaré têm a oportunidade de assistir ao espetáculo ‘Um corpo de palavras’, escrito e dirigido pela multiartista baiana, Naiara Gramacho. A produção conta a história de Paula, cujo corpo se cobre de palavras sempre que escuta os adultos proferirem julgamentos sobre ela. O texto leva à reflexão sobre o poder das palavras-rótulos que são usadas desde a mais tenra infância, para julgar as crianças como “birrentas, chatas, teimosas, boas ou más”, que influenciam o olhar delas sobre elas mesmas durante toda a vida.

Naiara conta que busca levar o espetáculo e os questionamentos principalmente para as crianças que têm pouco acesso a espaços públicos de fruição cultural, como as residentes na zona rural das cidades. “O projeto tem percorrido, especialmente, escolas públicas da zona rural, levando o teatro especialmente para o público indígena e negro”.

As s apresentações acontecem no dia 13 de novembro, no Núcleo da Música (Itacaré), e no dia 16, no Auditório do CAIC (Itabuna). Já foram contempladas apresentações, em outubro, na Escola de Vila Juerana (zona norte de Ilhéus); na Escola Amotara (Olivença, Ilhéus); e no Auditório do CEMUR, com as escolas de Uruçuca.

“Um corpo de Palavras” nas escolas

O espetáculo ‘Um corpo de palavras’ estreou de forma on-line em 2021, devido à pandemia, e agora chega ao público presencial, nas escolas. “A ideia é gerar nas escolas um pensamento mais crítico sobre a forma como nos comunicamos com as crianças, a importância de prestar atenção nas palavras que costumamos direcionar para elas. É plantar uma transformação social nesse sentido e, por meio das palestras e dos bate-papos após as apresentações, podermos discutir como realizar essa mudança para uma comunicação mais saudável e respeitosa dos adultos para com as crianças e entre as próprias crianças, tendo em vista tantos casos de bullying”, conta Naiara.

A experiência na Escola Amotara foi compartilhada por Inaí Tupinambá, mãe de quatro estudantes que assistiram ao espetáculo e participaram da roda de conversa. “Em casa, procuramos não usar termos que deixem eles para baixo, mas, às vezes, outras pessoas podem falar. Eu tive uma infância em que ouvi muitos termos assim, e esta foi uma oportunidade de abrir mais a minha mente e passar a falar com eles: ‘erga a cabeça, não deixe que os outros falem de você, seja você sempre’, relata.

Atuante na mesma escola, a educadora Geisa Penna, destaca que o espetáculo toca nos gatilhos e traz a reflexão sobre como lidar com crianças. “No momento em que o espetáculo começa a falar, de forma lúdica, sobre o que as crianças escutam no cotidiano, isso mostra para os estudantes que o que importa é ser o que se é, entender o que sente, e não tomar para si aquilo que o outro diz”, comenta Geisa.

A produção é direcionada para todas as idades e tem 25 minutos de duração. O espetáculo também tem atuação e a manipulação de figuras de Driely Alves (proponente) e Mariana Cabral e é apresentado por meio da linguagem do teatro de sombras – teatro de animação – que conta com uso de retroprojetores que projetam as figuras – elaboradas pela artista plástica Olga Gómez – e cenários em uma tela, gerando interação dos atores com a projeção. Tudo permeado por dança e por uma trilha sonora assinada por Eli Arruda e Naiara. A produção executiva é de Pedro Albuquerque. Para mais informações, acompanhe a rede social @naiaragramacho.arte.

Este projeto foi contemplado pelo edital Diálogos Artísticos – Bicentenário da Independência na Bahia e tem apoio financeiro da Fundação Cultural do Estado da Bahia, unidade vinculada à Secretaria de Cultura (Funceb/SecultBa).