:: 5/nov/2023 . 10:37
Mano Brown: o doutor honoris causa da UFSB para o mundo e o dia da favela
Efson Lima
A Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) entregou na quarta-feira última, dia 01/11, o título de doutor honoris causa a Mano Brown. Para algumas pessoas “bem nascidas,” os títulos são uma questão de tempo, mas para os jovens periféricos brasileiros o grande título é o da sobrevivência. E a homenagem de doutor honoris causa para Pedro Paulo Soares Pereira confirma a sua sobrevivência e abre possibilidades de reflexões sobre a periferia brasileira, inclusive, ensejando reconfiguração do papel desse grupo social no desenvolvimento nacional.
O Mano Brown ao receber o título de doutor honoris causa pela UFSB significa que a ele se distinguiu pelo saber e/ou pela atuação, em prol do desenvolvimento das Ciências, das Letras, das Artes, da Educação, da Cultura, da Tecnologia e Inovação, das Políticas Públicas, dos Direitos Humanos, do Desenvolvimento Social ou do Meio Ambiente, cuja contribuição seja ou tenha sido de alta relevância para o País ou para a humanidade, conforme preceitua a Resolução da Universidade sobre a concessão de títulos honoríficos.
O laudeamento foi proposto pelo professor Richard Santos, um estudioso da cultura hip hop e, atualmente, pró-reitor de extensão e cultura na UFSB. O docente no memorial pormenoriza as contribuições de Mano Brown para a sociedade brasileira, especialmente, a periferia. Assim, o proponente foi entrelaçando as razões justificadoras para a concessão do título a Mano Brown, rapper e figura central do grupo de rap Racionais MC’s. O artista nasce em São Paulo, mas a sua mãe é natural de Riachão do Jacuípe, na Bahia, onde ainda moram tios e primos.
No farto memorial, as justificativas que levaram o Conselho Universitário à unanimidade aprovar a distinção para o principal representante do movimento hip hop nacional são percebidas: “Essas (…) informações sobre Pedro Paulo que darão conformidade a imagem de Mano Brown nos é importante para a compreensão de todo o processo formativo não apenas do cidadão que forjará o artista, mas, principalmente de sua rede de relações políticas, culturais e ancestrais que o farão o principal representante de uma juventude periférica racializada brasileira emergida da abertura democrática, da retomada da organização do movimento negro brasileiro em sua pluralidade e que resultará na luta por direitos cidadãos, antirracismo e insurgência,” sinaliza o propositor da homenagem, que foi reconhecida pelo professor Francisco de Assis, relator da homenagem.
Ontem, dia 04/11, comemorou-se o dia da favela, cujo termo foi utilizado pela primeira vez no ano de 1900, em um documento oficial, quando o delegado se referiu ao morro da Providência como “favela”. Favela é uma planta medicinal do semiárido brasileiro, especificamente, encontrada na caatinga baiana. O termo ganhou as páginas da imprensa brasileira por meio do jornal “ Estado de São Paulo”, sendo Euclides da Cunha o jornalista correspondente do massacre de Canudos a evidenciar o termo. Posteriormente, na obra “Os Sertões” do mesmo jornalista, o signo favela cada vez mais foi se afirmando no cenário nacional. Os símbolos e signos da solenidade não param por aí.
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