Cuba investe na medicina preventiva e exporta médicos para mais de 60 países
(reportagem publicada em outubro de 2013, que vale a pena ler de novo, depois que, em mais uma agressão gratuita, Jair Bolsonaro qualificou parte dos médicos que atuaram no Brasil de ´terroristas` )
Daniel Thame
São sete horas em Remédios, cidadezinha histórica do interior de Cuba, numa manhã excepcionalmente chuvosa no final de verão caribenho, que costuma ostentar temperaturas acima de 35 graus. No hospital municipal, a Dra. Egley Turiño Camacho e o Dr. Camilo Ildez Gallo estão prontos para iniciar mais uma jornada de trabalho. As pessoas começam a chegar sem pressa, porque sabem que serão atendidas. A maioria delas realiza apenas procedimentos de rotina, já que o acompanhamento é feito no dia a dia, através do programa Médico da Família, que se estende por todas as partes de Cuba, das áreas rurais remotas à capital, Havana.
Saúde pública, em Cuba, é literalmente, uma questão de Estado. O serviço é totalmente gratuito em todos os seus níveis, da atenção básica à alta complexidade e a filosofia que impera é cuidar da saúde, em vez de tratar a doença. Todos os médicos tem formação generalista, com uma visão humanista da profissão.
A formação dos profissionais de medicina, cubanos ou estrangeiros, é gratuita, a despeito de todas as dificuldades econômicas do país, e a qualificação é uma necessidade, não apenas para cuidar da saúde dos milhões de cubanos, mas também para exportar médicos. Em Cuba, existem cerca de 12 mil unidades do Programa Médico da Família, para uma população de cerca de 11 milhões de habitantes. A média no país é de um médico para cada grupo de 183 habitantes.
Engana-se quem imagina que a principal fonte de receita de Cuba é o turismo. Ou mesmo o açúcar. Charutos e rum, produtos tradicionais, pouco pesam no PIB cubano. No topo da economia da ilha está a exportação de médicos, professores e engenheiros. A exportação de médicos rende a Cuba 5 bilhões de dólares por ano, o que representa 7% do PIB da ilha. E duas vezes o que Cuba arrecada com todas as suas exportações.
Médicos cubanos estão atuando, através de convênios como que foi feito pelo Brasil no Governo Dilma, em mais de 60 países, dos desenvolvidos Canadá, França, Itália e Alemanha, a nações paupérrimas da África e da Ásia, além de todos os países da América Latina. A Dra. Egley, que hoje atua em Remédios, trabalhou três anos na Somália, norte da África, depois que se formou na Universidade de Havana.
“A medicina não é apenas uma profissão que a gente tem pra ganhar dinheiro. Temos o compromisso de cuidar das pessoas, seja em Cuba, seja em áreas carentes de outros países que não dispõem de médicos”, afirma a Dra. Egley, com a concordância do Dr. Camilo, que atuou três anos na Bolívia.
UMA VISÃO HUMANISTA DA MEDICINA- Em meio à agitação de Habana Vieja, coração da capital cubana, tomada por turistas, a Dra. Blanca Rodrigues, especialista em angiologia, atende pacientes diabéticos numa das dezenas de clínicas espalhadas pela cidade. É ela quem, com a ajuda de um enfermeiro, avalia e massageia os pés de uma paciente com diabetes em estágio inicial. ”Trabalhamos muito com a prevenção, evitando que as doenças se agravem. É um prazer cuidar da saúde das pessoas”, afirma a Dra. Blanca, que já atuou no Equador e na Venezuela.
Um dos exemplos da preocupação do Governo de Cuba com a qualificação dos profissionais de saúde é o Instituto de Medicina Tropical Pedro Kouri (IPK). O IPK já preparou cerca de 45 mil médicos cubanos e 5 mil estrangeiros de 87 países, com especialização em doenças tropicais e enfermidades infecciosas, assim como na área assistencial e epidemiológica.
O instituto possui seis unidades nas Universidades de Havana, Las Villas, Camaguey e Santiago de Cuba. Além dos cursos de graduação, o IPK oferece Mestrado e Doutorado, através de convênios com Organização Panamericana de Saúde e a Organização Mundial de Saúde. De acordo com a Dra. Nereyda Cantelar, vice-diretora de docência “o IPK está autorizado a outorgar o certificado reconhecido pela Unesco, porque é reconhecida como centro de referência internacional em Medicina”.
“Os médicos de Cuba que foram enviados para atuar no Brasil estavam capacitados em doenças que ainda afetam a população das áreas mais carentes, como a dengue e enfermidades provocadas pelas precárias condições de vida e pela falta de ações de prevenção na área de saúde”, ressalta a Dra Nereyda.
UMA MÉDICA BRASILEIRA EM HAVANA- Cuba não apenas exporta médicos para várias partes do planeta, mas também recebe estudantes de quase meia centena de países em seus cursos de medicina. É o caso da brasileira Geisianne Oliveira de Almeida, baiana de Feira de Santana. Filha de um pequeno comerciante e uma dona de casa, ela acaba de receber o diploma de Medicina pela Universidade de Camaguey.
“Foram seis anos de universidade e desde o início do curso tivemos contatos com pacientes. A partir do terceiro ano, tivemos atividades em tempo integrar em hospitais e clinicas”, afirma Geisianne. Dois anos do curso são vividos em equipes do Programa Saúde da Família. “Os professores fazem questão de passar todos os conhecimentos, com aulas extras em currículos complementares como geriatria, oncologia, nutrição, cirurgias e outras áreas, já que temos uma formação generalista”, diz a médica. Os estudantes recebem gratuitamente todo o material de ensino e os instrumentos de trabalho.
“Meu projeto é chegar ao Brasil e começar a atuar em regiões carentes, que precisam de médicos. Saio de Cuba como uma profissional capacitada e também como uma pessoa com uma visão humanista profissão”, afirma.
Geisianne Oliveira de Almeida faz questão de exibir o diploma recém conquistado. Mais do que um pedaço de papel, é o registro de um compromisso. “O exercício da Medicina não é negócio, é principalmente cuidar da saúde das pessoas”, finaliza.
Em tempo: o povo cubano desconhecem a maneira hostil e até grosseira com seus compatriotas do programa Mais Médicos foram tratados por uma parte da mídia e entidades médicas do Brasil. Acreditam que eles foram recebidos de braços abertos, já que atuaram em regiões de extrema pobreza.
É melhor que pensem assim.
(o jornalista Daniel Thame viajou a Cuba a convite do governo cubano)
A formação médica dos cubanos nunca foi criticada pelos médicos brasileiros. O que se critica é a forma arbitrária que esses médicos tem sido empurrados para a população brasileira, sem que haja uma discussão prévia sobre os impactos sociais ou econômicos e éticos dessa ação, para tratar dos “mais pobres”. Mas tratar com o que? Com o simples toque? A visão humanitária ainda não trata hipertensão nem diabetes. Mais do que médicos, o Brasil precisa de um governo preocupado em cuidar da saúde do povo de uma forma “humanitária” adquirindo remédios básicos que tratam as principais morbidades, gerando mais leitos hospitalares, trazendo os exames complementares pra mais perto da população, e não de medidas eleitoreiras, que colocam a culpa de todos os males da saúde no médico “corporativista e desumano”. A vinda dos médicos cubanos ou de outros lugares do planeta em nada vai melhorar a saúde do povo.
Que ótimo que você não leu a vejaquelixo, os jornalões, não assistiu a globogolpe, SBT, BAND e outras mídias do mesmo quilate, não ficou sabendo do movimento desencadeado por parte dos valorosos médicos brasileiros( que se negam a praticar uma medicina mais humanizada para os pobres, é claro) essencialmente contra os médicos cubanos, da forma preconceituosa e fascista
como eles atuaram em todas as manifestações contra o Programa Mais Médicos, não deve saber também que por questões de elitismo, de corporativismo e por servir aos interesses da Indústria Farmacêutica e justamente por serem e alguns se sentirem parte da elite direitista deste País,eles não tem nenhum interesse em que qualquer projeto deste governo, que seja para melhorar as condições de vida da maioria da população, dê certo.Outra coisinha: Arbitrária é a elite golpista de nosso País, que tem síndrome de cachorro vira-lata.