flica-1Ao longo de quatro dias, o Recôncavo Baiano recebe milhares de visitantes que chegam à região para participar da 6ª Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), lançada oficialmente nesta quinta-feira (13) e segue até domingo (dia 16). Vindo de diversos países e regiões brasileiras, o público estimado em mais de 20 mil pessoas contará com uma vasta programação voltada para a arte literária, e também outras manifestações artísticas.

O secretário de Cultura do Estado, Jorge Portugal, iniciou os trabalhos, no Claustro do Convento do Carmo, dando viva a Bob Dylan, vencedor do Nobel de Literatura, neste dia. “Tenho uma paixão natural pela Flica. Pessoalmente já estou nela há cinco anos seguidos. A festa é um paraíso pensado por aqueles que amam o conhecimento”, disse o secretário.

flica-3Jorge Portugal também falou sobre como o apoio do Governo do Estado impulsionou o evento. “A Flica consegue reunir pessoas em torno dessa grande celebração da literatura, do conhecimento, mas foi a assinatura do Governo, enquanto apoiador que fez esse evento ser consagrado como o segundo mais importante do País. Sem essa ajuda isso não seria possível. A festa, sem dúvida, projeta a nossa cultura para o País e para fora dele”, contou o secretário.

Portugal recebeu no palco o secretário estadual de Turismo, José Alves, antes de atuar como mediador da mesa de abertura da programação oficial, com a escritora Mary Del Priore,

flica-2Mapa da Palavra.BA – Antes da mesa com a autora e historiadora Mary Del Priore, Jorge Portugal, ao lado da diretora da Fundação Cultural do Estado (Funceb), Fernanda Tourinho, fez o lançamento do site e de publicações do Mapa da Palavra.BA, projeto de mapeamento da Coordenação de Literatura/Dirart da Funceb que objetiva incentivar a literatura na Bahia.

Composto por um site (mapadapalavra.ba.gov.br) e quatro publicações, que serão distribuídas gratuitamente durante a Flica. O projeto de mapeamento identificou artistas da palavra nos 27 territórios de identidade da Bahia, visando ajudar a divulgar suas produções. A partir do lançamento na Flica, já se tornou possível consultar o site, com o registro de 170 artistas da palavra. Destes, 32 têm textos publicados na revista CartoGRAFIAS, que teve quatro edições lançadas e distribuídas na Flica.

“No ano passado nós lançamos o mapa na Flica, uma ação da coordenação de Literatura da Funceb e agora apresentamos os primeiros resultados, o site e publicações do Mapa da Palavra.BA”, anunciou Fernanda Tourinho, destacando que o cadastro é um processo dinâmico, que terá outras etapas de inscrições, incluindo as diversas formas de expressão escrita.

De cabeça para baixo – A autora convidada falou sobre a temática Histórias da Gente Brasileira, homônima à obra em foco.“Resolvi fazer as pessoas contarem sobre a vida delas”, descreveu Mary Del Piore, sobre o método de trabalho adotado para escrever sua série de quatro volumes sobre o Brasil colônia. Assim, ao invés da busca por historiadores, a escritora buscou o registro memorial, colhendo depoimentos e montando um perfil pulsante da formação de um país.

Baseada em histórias reais, reunidas a partir de depoimentos de personalidades de várias partes do Brasil – na Bahia, os de Pedro Calmon, Hildegardes Viana, dentrre outros, Mary Del Priore desvendou um universo de informações que não estão na história oficial do Brasil. Virar “a sociedade brasileira de cabeça pra baixo” foi inspiração para a pesquisadora, que tratou, na mesa da Flica, de questões como sexualidade, comércio, remédios. “Na colônia, povos de várias partes do mundo viviam juntos, numa sinestesia”.

“Nós estamos acostumados a estudar história do Brasil através do plano geral. O que este livro nos traz é a câmera do detalhe. Destampa a panela para a gente sentir o cheiro, mostra o buraco da fechadura dos quartos dos nobres”, comentou divertido Jorge Portugal, admirador da série.

O Governo do Estado é um dos promotores da Flica, que tem sua a viabilização assegurada através dos incentivos do programa de renúncia fiscal FazCultura, uma parceria das secretarias estaduais de Cultura e da Fazenda. Desde 2015, o governo vem ampliando sua atuação na festa, com uma programação de atividades relacionadas às áreas de educação, cultura e turismo. A maior parte da programação acontece no Espaço Educar para Transformar, localizado em frente à Câmara Municipal de Cachoeira. Lá, o público pode conferir lançamento de livros, exposições, apresentações audiovisuais, contação de histórias e saraus, entre outros eventos.