Daniel Thame

Nesse processo de reconstrução da Central de Triagem da Associação dos Agentes Ambientais de Itabuna, após o terrível incêndio que destruiu equipamentos e queimou toneladas de material reciclado que estava pronto para comercialização, é preciso reconhecer publicamente a atuação de dois legítimos  grapiúnas.

Rosivaldo Pinheiro, secretário de Governo e idealizador do Projeto Recicla Itabuna, é uma das raras pessoas na administração municipal que compreendem a dimensão social e econômica de uma associação de catadores reconhecida nacionalmente e semi-ignorada localmente. Batalhador incansável em defesa dos catadores, foi igualmente incansável na hora da tragédia, atendendo as famílias que perderam renda e atuando rapidamente para que o trabalho não fosse interrompido.

Andréa Reis, assistente social da Defensoria Pública do Estado-Núcleo Itabuna, tem atuação marcante no projeto desde a retirada das famílias do lixão, a capacitação para atuarem como agentes ambientais e a busca de parcerias com instituições públicas e privadas que consolidaram a AACRI. Quando as chamas ainda ameaçavam a Central de Triagem, arriscou a própria saúde ao se juntar aos catadores para salvar o que ainda podia ser salvo do incêndio.

Numa terra em que, como diria o saudoso Helenilson Chaves, “o sujeito gasta dois reais para que o outro não ganhe um real”, Rosivaldo e Andréa são as chamas, não do fogo que destrói, mas da esperança de que há luz nesse chão grapiúna.