José Delmo

E então, que o Ano Novo (2024) venha ser de transformação em ritmo de verossímil evolução, capaz até de fazer o velho confiar no novo, não levando mais em conta o fato de que um dia ele fora jovem também, ou seja, também fora um inevitável babaca.

Ora, Ora, vejo só! Como bem se expressou o dramaturgo Nelson Rodrigues sobre essa fase de vida pelos que atingiram a proeza de chegar à maioridade: ‘Jovens, fiquem logo velhos e deixem de ser babacas’. Assim sendo, digo eu ‘cessem de fixarem seus olhares na ponta do dedo dos sábios e passem a mirar em direção para onde o dedo aponta: a lua.’ Melhor parar de falar, falar,… basta de tanto kkkkk… escutem mais, falem menos e se curvem diante do silêncio inteligente.

Sim, cultivem o hábito de ler bons livros, livros de história, poemas, filosofia… escutem boa música. Atentem que vocês estão sendo engravidados pela sedução da mediocridade, da intolerância e do desafeto. Não se tornem presas fáceis às mazelas dos fascistas (Leiam mais sobre o fascismo e descubra que são eles que comem criancinhas e não os comunistas).

Fechem seus corpos e corações aos Fake News, descubra *o caminho, a verdade e a vida*, sejam humanistas, amem a si mesmos, não caiam na lábia venenosa dos falsos pastores, aqueles que, em templos lúgubres pregam o medo aos fieis. Esses ditos cujos afirmam: “dízimo, dízimos, é a passagem para a salvação eterna”. Replico, o dízimo em sua maior parte só serve ao bem-estar dos Edis Macedos da vida e dos que se tornam pelo voto de cabresto políticos corruptos, verdadeiros malfeitores servos do Demo. Para esses abomináveis gestores da hipocrisia, do desamor, semeadores do ódio, melhor manter o povo longe do livre entendimento, isolados em seus temores para melhor se tornarem propensos a aceitarem mentira como verdade e a verdade como mentira.

Assim, diante de tal nua e crua realidade sou atiçado em pleno gozo de minha mente sã e corpo sano a se juntar aos que buscam construir uma sociedade mais justa, onde todos possam viver livres dos grilhões forjados na ardência do fogo do preconceito e da intolerância.

Sim, vamos lá, não vacilem, façamos disso uma missão prazerosa, sem tempo de esmorecer, ‘sem querer descanso nem dominical’, inda que em algum momento possa recair sobre todos nós a sensação que estamos dando murro em ponta de faca. Ânimo, vamos juntar as nossas aspirações às aspirações dos humanistas, ecólogos, educadores, historiadores, artistas, enfim, aos cultivadores e semeadores da excelsa filosofia da vida.

Lembremo-nos: homens e mulheres, seres humanos, é o que somos, não esqueçamos da máxima de Charles Chaplin: “Não sois máquina! Homens é que sois!…”.

Agora, para não alongar mais este sermão escrito no frescor de uma bela tarde deste final de dezembro de 2023, eu, cercado por serras, montes, montanhas e planícies, bem ao pé da Serra do Jequitibá, ainda tendo como cenário o verde da Mata Atlântica, recomendo aos jovens mais atenciosos a leitura de cinco livros, os quais creu eu, se bem interpretados e compreendidos servirão como base para uma virtuosa formação intelectual.

1. Utopia, de Thomas More;
2. Elogia da loucura, de Erasmo de Roterdão;
3. O banqueiro anarquista, de Fernando Pessoa;
4. A alma do homem sob o Socialismo, de Oscar Wilde;
5. Odisseia, de Homero.

José Delmo é ator, poeta e artista plástico .