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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

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Saudade de ontem

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Efson Lima

  

efson limaComeço com um pleonasmo para na sequência fazer uma das perguntas mais óbvias: quem já sentiu saudade? Foi humano, certamente, todos! Os bebês sentem logo, eles exprimem com o choro. Os animais não – humanos também sentem, os cachorros padecem das ausências de seus tutores  A sensação da saudade desafia a nossa caminhada.

 

A saudade mais óbvia pode ser aquela que sentimos das pessoas, mas sentimos saudade também do lugar que deixamos, dos acontecimentos, dos animais, da sombra da árvore. E daqueles brinquedos de nossa infância? E daquela festa? A saudade é reconstituída de acordo com a carga axiológica de cada pessoa diante do vivido e do experimentado.

 

ef 1Quem não sente saudade do programa de TV, daquele jogo bem jogado e da comida da vovó? E de nossas mães? Ouço lentamente as histórias contadas por minha mãe. Ela lentamente vai  destrinchando cada um dos acontecimentos de sua adolescência, da sua fase adulta. Narra pitorescamente os episódios, oferece pitadas. A saudade pode ser uma recordação de um fato positivo, mas também de fatos negativos. A saudade é a forma de reviver o ontem sem filtro. É a possibilidade de desenhar na memória o passado sem precisar de pincel e habilidade artística.

 

No Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, editado pela Academia Brasileira de Letras, saudade é uma palavra feminina. No Aurélio,  substantivo de dicionário, registra que é “ Lembrança nostálgica de pessoas ou coisas distantes ou extintas”.

 

E no  campo da literatura , quis um dos maiores poetas de todos os tempos, Fernando Pessoa, eternizar a saudade na sua poética, por meio de seu heterônimo Álvaro de Campos “(…) Só válida à emoção através da saudade futura,/Da saudade, esquecimento que se lembra,/Da saudade, engano que se deslembra da realidade,/Da saudade, remota sensação do incerto/Vago misterioso antepassado que fomos,/Renovação da vida antenatal,[…]/Absurdamente surgindo, estática e constelada/Do vácuo dinâmico do mundo.” Por sua vez, quem não se lembra do poema “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias?  Um canto à pátria, a saudade do lugar e de tudo que há nele. A súplica ao sagrado na espera de ser correspondido: “Não permita Deus que eu morra,/ Sem que volte para lá; /Sem que desfrute os primores/ Que não encontro por cá;/ Sem qu’inda aviste as palmeiras, /Onde canta o Sabiá.”

 

A saudade é tão forte, que no mundo das academias de letras, faz-se a sessão da saudade, para só então declarar vaga a cadeira ocupada pelo imortal que faleceu. Então, é momento de registrar os feitos, as contribuições do acadêmico e imortalizá-lo em definitivo. Surgem as recordações, comentam-se das obras.

No campo da música não faltam letras que reverenciam a saudade, sem falar nos ídolos que aqui não estão. E que cada partida deixa um vazio. Nas artes plásticas, a saudade também foi colocada à prova. Diversos artistas retrataram a saudade.

 

Saudade é referenciada como um dos termos mais complexos. É tida como a quarta mais difícil no planeta. Não existindo em nenhuma outra língua. Algumas outras línguas trazem palavras aproximadas para o sentimento saudade, ele não é traduzível para outra língua, entretanto, o seu senti é universal. E em tempos de pandemia, mais universalizado ficou o sentimento. No Brasil, depois de mais 500 mil mortes em decorrência da COVID-19, certamente, restam muito choro e muita saudade. Saudade misturada com profunda dor e desalento.

 

Senhores e senhoras, optei por não falar da saudade da pessoa amada. Perdoe-me! Penso que assim poupo o leitor.

 

Efson Lima – Doutor, mestre e bacharel em Direito/UFBA. Professor Universitário.

Escritor nas horas vagas. Das terras de Ilhéus/Itapé.

1 resposta para “Saudade de ontem”

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