Julio Gomes

julio gomesNesta semana do mês de março, no espaço de apenas 24 horas, ocorreram três mortes por Covid-19 que, pelo simbolismo que carregam, nos remetem a reflexões mais amplas sobre o que está acontecendo no Brasil atual.

Antes de entrar no tema principal deste texto, faço um esclarecimento necessário: lamento profunda e sinceramente os três falecimentos que comentarei, que ocorreram em famílias de pessoas que não conheço pessoalmente, mas que poderiam ter acontecido em minha própria família, e também por isso tratarei desta questão com o máximo respeito.

Vamos à necessária análise dos fatos.

Quarta-feira, dia 17/03/2021, à noite, um paciente é transferido, com urgência, de ambulância de uma cidade do interior de Goiás para um centro urbano maior, em busca de uma UTI, mas não resiste e falece durante o trajeto. Era ninguém menos do que o ex-governador do estado de Goiás, Helenês Cândido.

Quinta-feira, 18 de março. No final da tarde é divulgada a morte do senador pelo estado de São Paulo, Major Olímpio, o mais votado do Brasil nas eleições de 2018, com mais de nove milhões de votos.

Na mesma quinta-feira, à noite, corre a notícia do falecimento do prefeito reeleito de Vitória da Conquista, Herzem Gusmão, que estava internado desde dezembro no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

A Covid-19, definitivamente, não reconhece mais fronteiras de posição social, escolaridade ou renda. Ceifa vidas, em maior ou menor proporção, em todos os setores da sociedade.

Uma reflexão se impõe: se nesse Brasil de enormes desigualdades pessoas com as credenciais sociais acima estão sendo vítimas da pandemia, o que será de nós outros, pobres anônimos? O que será de qualquer ser humano que reside no Brasil?

É hora de estancar a sangria do morticínio sem controle, e só há duas maneiras de fazer isso, neste que é o pior momento da pandemia no Brasil, com quase três mil mortes registradas diariamente: uma seria a vacinação imediata e em massa da população, o que é impossível por conta de não haver vacinas para fazê-lo.

A outra alternativa – a única disponível de fato – é o fechamento mais radical das atividades econômicas que não sejam estritamente essenciais, que deveria vir acompanhado de ações políticas do Governo Federal para amparar economicamente aos trabalhadores e às empresas. Mas o que esperar do Governo Federal?

Que cada um faça o que está ao seu alcance neste momento, colocando a vida em primeiro lugar: nós, o povo, adotando ainda mais aquelas cautelas que todos já estamos cansados de saber quais são.

Quanto aos governantes que se importam com a vida, que tomem as medidas necessárias, mesmo que sejam duras, decretando o fechamento temporário, porém imprescindível neste momento, de tudo o que não seja estritamente, absolutamente essencial.

Não é o que gostaríamos, mas é, neste momento, simplesmente imprescindível.

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz.