:: 15/jul/2017 . 9:30
Bois, cacau e uma região de omissos
Helenilson Chaves
O Brasil assiste a um espetáculo vergonhoso, em que um grupo empresarial, movido a favores governamentais, concedidos em troca de propinas negociadas na calada da noite, que circulam em malas e através de outros artifícios, consegue amealhar um patrimônio na casa dos 16 bilhões de reais.
Mais do que isso, obtém o perdão ou a prorrogação, com prazos que atravessam décadas, de dividas com financiamentos públicos que igualmente são contabilizados em bilhões de reais, devidamente referendados pela mais alta corte do Judiciário.
A abertura dos segredos do grupo JBS, através da deleção de um de seus donos, expõe a maneira em que nossas principais autoridades, no Executivo e no Legislativo, atuam, privilegiando os interesses pessoais em detrimento dos interesses públicos.
A “generosidade” governamental com a JBS e outros grandes grupos empresariais nos remete à situação, completamente oposta, que aflige a nossa Região Cacaueira.
Há três décadas, o Sul da Bahia sofre com uma crise provocada por uma praga que dizimou a lavoura cacaueira, levou os produtores à lona e gerou milhares de desempregados no setor rural, afetando a nossa economia como um todo.
De maiores produtores de cacau do mundo, responsáveis por uma fatia considerável do PIB baiano, passamos a uma região que hoje precisa importar cacau para não perdeu o parque industrial e perder ainda mais empregos. Vivemos uma espécie de “crise dentro da crise”, com as consequências por demais conhecidas.
Nesses 30 anos, estamos sempre à espera de um apoio governamental que nunca chega.
Acreditamos em promessas que nunca se concretizam. Ou, pior, não nos damos conta da grave situação em que nos encontramos.
Nossa representação política é ineficiente, quando não é nula. A Ceplac, uma instituição que poderia contribuir para a retomada do desenvolvimento regional, definha e não se vê um mísero protesto.
Os bancos públicos apertam os produtores com a cobrança de dívidas impagáveis, assumidas por conta de projetos governamentais malogrados, é ninguém levanta a voz.
Sem reagir, sem exigir nossos direitos, omissos diante de tamanho descaso, nos comportamos feito cordeiros rumo ao sacrifício.
Ou numa analogia com a citada JBS, como bois a caminho do matadouro.
Leitura, missão para prefeitos
João Palma
Diante de tantos e tão graves problemas nacionais como o desemprego, salários baixos, poder de compra diminuído, taxas e tarifas elevadas, políticos aquém do desejado, governantes bem além dos pesadelos e imprensa sempre atrás do mais brutal homicídio parece brincadeira escrever que o que nos falta mesmo é leitura.
Falo daquela leitura que nos possibilita enxergar dentro dos discursos eloquentes; falo da leitura de mundo que nos dá compreensão do que somos e para onde queremos ir; da leitura que nos orienta a fazer boas escolhas e a manusear o controle remoto. Falo da leitura que nos tira do estado catatônico, idiotizado e vassalo e nos lança às lutas, às conquistas, ao possível.
Leitura se aprende na escola, mas é em casa que ela começa a fazer sentido quando as crianças misturam imaginação às historinhas contadas pela mãe, pelo pai, pelos avós. É assim que se começa a ler o mundo. É assim que nascem os desejos de aprender bem para conquistar mais.
Tenho insistido na necessidade de nos tornarmos uma Nação de leitores. Precisamos desesperadamente formar leitores em larga escala e essa tarefa, não fosse a montanha de outras responsabilidades, também cabe aos prefeitos. Sim, aos prefeitos e prefeitas dos mais de cinco mil municípios brasileiros.
Explico: no âmbito federal pululam programas que focam na compra de livros, porém, pouco ou quase nada incentivam a formação de leitores. É como se bastassem comprar livros e distribuí-los às escolas.
Se prefeitos e prefeitas compreenderem o quanto podem fazer e a diferença que efetivamente podem empreender incentivando a leitura em seus municípios daríamos passos largos na conquista de um país soberano, com políticos idôneos, governantes qualificados e povo desenvolvido.
Não é difícil. Basta querer. Não precisa nem mesmo mudar o discurso e as promessas feitas na campanha de melhorar a saúde, dar qualidade à educação, diminuir impostos, aumentar investimentos…
*João Palma é o idealizador da mobilização nacional pela leitura diadelertododia
Bahia e China assinam acordo de cooperação para desenvolvimento do Sul do estado
O governador Rui Costa recebeu uma comitiva chinesa no Palácio de Ondina, em Salvador, para tratar de relações comerciais, nesta sexta-feira (14). Durante a reunião, que foi o resultado da visita do governador à China, em 2016, foi assinado um memorando de cooperação entre a Free Trade Zone Tianjin e a ZPE de Ilhéus.
A reunião com os chineses teve ainda o objetivo de promover o intercâmbio de cooperação econômica e comercial visando a prosperidade e desenvolvimento comum, além de fortalecer laços de amizade e parcerias comerciais. Participaram também do jantar o vice-governador e secretário da infraestrutura, João Leão, e os secretários da Casa Civil, Bruno Dauster, e do Desenvolvimento Econômico, Jaques Wagner. (Fotos: Mateus Pereira/GOVBA)
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