Colégios Universitários da UFSB ampliam acesso ao ensino superior
A Universidade Federal do Sul da Bahia implantou Colégios Universitários em Itabuna, Ilhéus, Coaraci, Ibicaraí, Porto Seguro, Santa Cruz Cabrália, Itamaraju e Teixeira de Freitas. São cerca de 330 vagas, com o primeiro ano focado de formação geral, um modelo pioneiro no Estado. Após esse período, o aluno terá acesso às Licenciaturas Interdisciplinares nas áreas de Artes, Ciência da Natureza, Ciência Humanas,, Linguagens e Códigos, Matemática e Computação.
Os Colégios Universitários estão sendo instalados em municípios com mais de 20 mil habitantes, facilitando a mobilidade dos alunos, já que nessa fase inicial eles não precisam sair de onde moram e só vão competir pelas vagas com colegas da localidade, melhorando o índice de acesso a UFSB.
“O modelo pedagógico é inovador e vai permitir que o estudante primeiro ingresse na universidade e faça disciplinas comuns e só depois de dois anos escolha a carreira na qual pretende se graduar. O sistema é conhecido como bacharelado interdisciplinar e já funciona em diversos países”, afirma o reitor da UFSB, Naomar Monteiro. A Universidade Federal do Sul da Bahia integra o Programa Educar para Transformar, lançado pelo Governo da Bahia.
Em Itabuna, o Colégio Universitário foi implantado num anexo do Colégio Amélia Amado, da rede estadual de ensino. O professor Rogério Gansi, com formação em Medicina Veterinária e doutorado em Biologia, oriundo da Universidade Federal Rural do Amazonas, destaca que “é uma experiência nova e desafiadora, porque rompe o sistema tradicional e proporciona maior interação com os alunos”. Segundo ele, “esse é um modelo que reforça o ensino universitário, ampliando os conhecimentos gerais, ao mesmo tempo em que mantem os estudantes próximos da comunidade”.
Já o professor Jomar Jardim, biológico com doutorado em Botânica, que veio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, entende que “os colégios universitários permitem a troca de conhecimentos. Não ficamos apenas nas especialidades, mas interagimos com várias áreas do conhecimento, ampliando o processo de formação”. Para Jomar, iniciativas como o Programa Educar para Transformar são importantes, “na medida em que buscam envolver toda a sociedade e as universidades públicas tem um papel importante nesse processo”.
ESTUDANTES APROVAM
Os estudantes aprovam o modelo dos colégios universitários e estão empolgados em fazer parte de um projeto que é pioneiro na Bahia. Lilian Nunes Lima, 31 anos, de Itabuna, pretende fazer licenciatura em Letras. Lilian afirma que “essa é uma oportunidade de adquirir conhecimentos em todas as áreas e criar uma base para a universidade”. Ela diz que pretende ser professora para contribuir com a formação das pessoas e ressalta que o Programa Educar para Transformar “é o caminho para criar oportunidades para todos, através de um ensino público universalizado e de qualidade”.
“O conteúdo pedagógico é excelente e há um envolvimento muito grande dos professores no processo de aprendizagem”, afirma o estudante Hugo Conceição Lessa, 23 anos, que mora em Ilhéus. Hugo pretende fazer a graduação na área de Exatas e atuar como professor apoia os investimentos na valorização da escola pública, “já que uma boa base no ensino fundamental e médio amplia o acesso a universidade”.
José Adelino, 52 anos, de Buerarema, quer se especializar em Engenharia Ambiental e acredita que “a convivência com professores de diversas áreas valoriza o processo de formação”. Ele entende que “a comunidade deve se envolver mais com a Educação, porque ela cobra muito dos órgãos públicos, quando deveria ser mais participativa”.
Gabriela Costa, de 23 anos, moradora de Camacan, que a exemplo de Lilian Nunes Lima, Hugo Conceição e José Adelino, sempre estudou em escolas públicas, e quer atuar área de Humanidades, diz que “ao longo do curso temos matérias com conhecimentos gerais, possibilitando definir com clareza a graduação com que nos identificamos mais. Essa tem sido uma experiência fascinante, porque fazemos parte de um projeto diferenciado no ensino universitário”.
INTEGRAÇÃO COM ENSINO MÉDIO
O Colégio Universitário tem servido como estímulo para os alunos do ensino médio do Colégio Amélia Amado, que também oferece o ensino fundamental, num total de 1800 estudantes. Pedro Lucas, 17 anos, do 3º. ano do ensino médio e quer cursar Engenharia Civil, afirma que “essa convivência nos incentiva a avançar nos estudos e chegar a universidade. Os próprios professores mostram que o Colégio Universitário é o nosso próximo passo, já que a educação é a base de tudo”. Karoline Dias, 19 anos, também do 3º. ano do ensino médio, ressalta que “o Colégio Universitário é a nossa porta de entrada para o ensino superior, além de permitir que a gente estude próximo de onde mora”. Karoline pretende cursar Educação Física e ser professora na rede pública.
Para o vice diretor do Colégio Amélia Amado, Daniel Damasceno Novais Filho, “o Colégio Universitário valoriza a escola e faz com que os nossos alunos tenham uma perspectiva de cursar o ensino superior, já que existem cotas para a rede pública”. Daniel diz ainda que “os professores universitários interagem com os educadores do Amélia Amado, numa troca de conhecimentos que contribuem com a qualidade do ensino”. Daniel também ressalta que “estamos todos comprometidos com esse Pacto pela Educação e queremos que toda a comunidade se envolva nesse processo que vai fortalecer o ensino público na Bahia em todos os níveis”.