:: 16/set/2010 . 8:49
ESTRELA CADENTE E SOLITÁRIA
A campanha eleitoral entra nas semanas finais e na Bahia, a se confirmar o que apontam as pesquisas de intenção de voto, Jaques Wagner deverá reeleger-se governador já no 1º. turno.
A cada vez mais provável vitória de Wagner (em eleição, é de bom alvitre esperar a abertura das urnas) confirmará uma situação que parecia impensável até quatro anos atrás: o encolhimento impressionante de um grupo que durante parte da segunda metade do século passado e o início deste século comandou a Bahia com mão de ferro, estendendo seus tentáculos para todas as áreas do estado, da polícia à economia, passando pelo comando quase absoluto das comunicações.
A reeleição de Jaques Wagner não se constituirá numa surpresa, em função dos avanços verificados nestes quatro anos, ainda que haja um imenso caminho a ser percorrido e setores que carecem de maiores investimentos, a exemplo da segurança pública.
A surpresa é a maneira como o candidato que representa o grupo outrora poderoso, denominado de “carlismo” por conta de seu mentor, executor e mandatário, Antonio Carlos Magalhães; vem encolhendo ao longo da campanha.
Paulo Souto, o ungido pelo carlismo para retomar o poder na Bahia, chegou à estar na frente ou empatado com Wagner em pesquisas de intenção de votos realizadas em 2009.
A partir do momento em que Wagner entrou em curva ascendente, Souto fez o caminho inverso e desceu vertiginosamente a ladeira da preferência do eleitorado.
Não se trata aqui de uma queda, mas um verdadeiro tombo. Souto, que já transitou na casa dos 35% das intenções de voto, hoje patina nos 15 pontos percentuais e pode ser ultrapassado por Geddel Vieira Lima, o candidato do PMDB, que parecia ter entrado na campanha apenas para fazer um contraponto entre Wagner e Souto e acomodar-se num honroso terceiro lugar.
Chama ainda mais atenção a adesão em massa de prefeitos antes ligados a ACM (e a quem nem se atreviam a contestar) rumo ao barco seguro de Jaques Wagner, deixando Paulo Souto, governador da Bahia em duas oportunidades, como uma espécie de estrela cadente e cada vez mais solitária.
Poucos são os aliados fiéis, aqueles que vão até o final, mesmo diante da débâcle inevitável.
O ocaso de Paulo Souto e do grupo que ele ora representa é uma lição tão óbvia quanto necessária de ser repetida: todo poder é passageiro, efêmero, por mais que pareça duradouro, eterno até.
Uma lição que vale para todos.
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