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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

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:: 12/abr/2010 . 17:15

Papo Cabeça


– Os traficantes aí de carro, de moto, na boa e a gente aqui fodido…
– Você é otário, que dá dinheiro pra eles…
– Então você também é otário, porque também compra as pedras na mão deles…

E os dois “otários” flagrados nessa conversa deitados numa calçada no centro de Itabuna, visivelmente sob o efeito do crack, foram vistos logo depois perambulando pelas ruas, como dois zumbis, pedindo alguns trocados a quem encontravam pela frente.

Um aparenta 12 anos, outro 14. Adolescentes, como dezenas de outros adolescentes que podem ser encontrados pelas ruas ou então reunidos numa área próxima ao Centro Comercial de Itabuna, muito apropriadamente apelidada de “Cracolândia”.

Obviamente que não se tratam de otários, mas de vitimas de uma droga relativamente barata, de efeito devastador, que se alastrou como uma praga incontrolável, a partir de São Paulo, para atingir grandes, médias e pequenas cidades Brasil afora e Brasil adentro.

Itabuna não é exceção.

Embora não se disponha de dados oficiais, o consumo de crack atinge nível alarmantes e é a base de uma infinidade de pequenos furtos e roubos, onde celulares, relógios, eletrodomésticos e roupas são levados para serem trocados por pedras de crack, uma pedra que “exige” sempre mais do seus usuários.

É o crack também a motivação para um sem número de assassinatos, geralmente consumidores que não conseguem pagar o débito com traficantes e morrem por causa de 5, 10, 15 reais.

É, além disso, uma das razões para que Itabuna seja considerada uma das cidades brasileiras em que os jovens estão expostos aos maiores riscos de violência. Uma reação de causa e efeito.

O crack é menos um problema de polícia e mais um problema social, que está a exigir uma ampla mobilização por parte das autoridades e da sociedade civil organizada.

Um problema que atingiu tamanhas dimensões que não se resolve apenas com repressão, embora ela seja necessária, especialmente no que concerne o combate ao tráfico, que muitas vezes é feito abertamente, diante de uma inacreditável cegueira policial.

É preciso que se realizem ações efetivas, que se criem oportunidades para que os jovens não adentrem o caminho sem volta das drogas e do tráfico, que se dote a periferia carente e abandonada de serviços públicos e programas de inclusão social.

E que o usuário de crack não seja tratado como infrator, mas como um doente que precisa de cuidado, atenção.

Porque otário mesmo é quem assiste à deterioração da juventude e permanece de braços cruzados.

Volta de apresentação

José Serra deixou o Governo de São Paulo.

Dilma Roussef deixou a Casa Civil do Governo Federal.

Embora ainda não sejam, oficialmente, candidatos à presidência da república, até as pedras que rolam encostas abaixo em cidades mal planejadas sabem que ambos são pretendentes a ocupar a cadeira do presidente Lula no Palácio do Planalto a partir de janeiro de 2011.

Nessa corrida que só termina em outubro e cuja largada será dada após as convenções partidárias que sacramentarão os nomes dos candidatos, eles estão na chamada volta de apresentação.

Desincompatibilizados de seus cargos, Serra e Dilma já estão liberados para alardear publicamente suas pretensões, embora tanto um como outro venham sendo acusados de fazê-lo enquanto estavam no Governo Paulista e no Planalto.

No Brasil, a impressão que se tem é que nossos políticos sempre estão em campanha.

O fato é que a partir de agora, José Serra e Dilma Roussef vão intensificar a exposição junto ao eleitorado, cada qual tentando mostrar que é o mais indicado para suceder Lula.

Serra com a missão de mostrar que pode melhorar o que Lula tem feito a partir de sua experiência em cargos públicos, já que falar em mudança pode significar um erro fatal, diante da aprovação popular do atual presidente.

Dilma, menos conhecida do eleitorado, tentará mostrar que se o país e a vida das pessoas melhoraram como a população avalia, nada melhor do que elegê-la, ungida que foi pelo presidente Lula para sucedê-lo. Ou seja, não há necessidade de mudar.

Serra já esteve bem na frente de Dilma, mas a ministra, que em principio parecia fadada à derrota, ganhou musculatura e nesse momento a distância entre eles é, digamos, visual.

O tucano já vê a petista pelo retrovisor e, quando a corrida começar para valer, o risco de ultrapassagem não deve ser descartado, principalmente se Lula conseguir transferir para Dilma parte de sua imensa popularidade, um combustível nada desprezível de votos.

Trata-se de uma corrida sui generis em que o principal piloto estará fora das pistas, por absoluta falta de possibilidades legais disputá-la, e que a depender da sua capacidade de “empurrar” seu representante no carro poderá levá-lo (levá-la) ao ponto mais alto do pódio.

Mas, antes disso, haverá muitas curvas, derrapagens, batidas e, porque não?, ultrapassagens, antes que o vencedor receba a bandeirada final e a faixa presidencial.

É a rima dos sonhos de Serra, Dilma e até dos “barrichelos” que entrarão na pista só para competir e mais nada.





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