:: ‘acesso à leitura’
Eleições municipais, literatura e acesso à leitura
Efson Lima
Estamos em um ano eleitoral atípico, é verdade, mas é 2020. Estamos em novembro mesmo e as eleições serão nesse dia 15 de novembro de 2020. Dia da Proclamação da República. Os candidatos se lançaram aos processos eleitorais e elaboraram seus programas de governo, os quais foram submetidos à apreciação do eleitor. Muito bem! Nas democracias representativas os procedimentos são esses.
Muitos devem estar se perguntando, que diacho tem literatura com eleições, acesso à leitura? Tem muito a ver. Primeiro, as vitórias e as derrotas eleitorais são contadas sob as diferentes óticas.
Vamos falar muito da pandemia enquanto circunstância que definiu o resultado de muitas eleições em 2020. Certa vez, em outro pequeno artiguete, tive a oportunidade de defender que a literatura nasce na imaginação e movimenta uma cadeia produtiva de uma sociedade ao possibilitar uma “fábrica criativa de escritores” ao serem publicados, tem – se os vídeos, os áudios. Temos também os diagramadores, os revisores, os designers… que vão aumentando o rol de trabalhadores no mundo da produção literária. Literatura é fator de desenvolvimento econômico em um país. Em uma República de Leitores o exercício da cidadania não será de qualquer jeito.
Mas para além do trabalho, literatura também é lazer. É meio civilizacional de uma sociedade, de um grupo. Portanto, a literatura deve ser compreendida como um processo possibilitador de reflexões sobre ontem, hoje e o amanhã. É meio para a libertação de um povo. É caminho para a afirmação de um Estado Democrático de Direito. É “o sonho acordado da civilização” como afirmou Antonio Candido.
Não é possível pensar uma gestão municipal sem colocar o campo da educação, especialmente, de parte do ensino infantil e fundamental na ordem do dia. O município não alcançará uma qualidade no ensino sem a alfabetização das crianças e da juventude. Infelizmente, o jovem e o idoso precisam ser alfabetizados. O “infelizmente” adotado não é porque são jovens e idosos, mas porque a alfabetização deve ocorrer ainda na infância. E no Brasil continuamos a alfabetizar jovens e adultos, pois, não estamos cumprindo com o nosso dever na infância.
Na segunda semana do mês de setembro deste ano, o Instituto Pró-Livro divulgou a pesquisa sobre leitura no Brasil – “5ª. Edição da Retratos da Leitura no Brasil”. Entre as constatações, sabemos que o número de leitores no Brasil diminuiu, a redução foi de 4.6 milhões de pessoas; temos 29% da população sendo considerada analfabeta funcional no país. Entre os que frequentam as bibliotecas, 17% avaliam como bons os serviços e 43% dizem não encontrar os livros pelos quais estão interessados. Triste sina!
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