Cleber Isaac Filho 

 

O cenário de um hotel abandonado, já inspirou alguns contos de terror, sendo o mais famoso o livro ” O Iluminado ” de Stephen King, que gerou o famoso filme com Jack Nicholson. 

 

Pelo menos no filme o hotel estava conservado, apenas fechado devido a baixa estação, mas corredores enormes vazios, estrutura de bar e restaurantes vazios á noite, geram emoções soturnas e calafrios. 

 

Agora imagine essas instalacoes abandonadas ainda em obras, e com a floresta atlantica e vento do mar invadindo suas estruturas por 10 anos ? Esse é o cenário do Warapuru – hotel que seria o primeiro 6 estrelas do Brasil. 

 

O contraste da beleza da praia da Engenhoca com as ruínas geram curiosidade, e cada vez mais versoes mitológicas, por isso me sinto na obrigacao de escrever sobre esse tema, por ter sido testemunha de uma história que influenciou a vida de milhares de pessoas e teria sido um marco positivo no turismo brasileiro. 

 

Ano 2003, um empresário portugues de bem com a vida, diretor de uma grande corporação lusitana (Somague) e com sede de empreender, contrata a HVS Consulting, uma das maiores empresas de consultoria hoteleiras do mundo para definir o melhor local no planeta para implantar um resort de alto padrão. 

 

A escolha não é fácil, considerando que não havia limitacao geográfica, hoje com as loucuras de Tesla e  Bezzos, em criar turismo espacial, talvez HVS colocasse marte como opção. 

 

A decisão resumidamente gerou o seguinte funil : 

 

  1. Sudoeste asiático – descartado por já ter bastante concorrência de redes consagradas ( Aman, Six Senses etc )

 

  1. Africa – descartado pela instabilidade geo politica

 

  1. Caribe – descartado por questões climáticas, naquele momento se entendia que furacões e ciclones iam se agravar com o aquecimento global

 

Na américa o foco ficou no Brasil pelas belezas naturais e perspectiva economica vibrante do momento. 

 

No Brasil a escolha recaiu sobre Nordeste pelo clima, e mais especificamente Sul da Bahia. 

 

A escolha final ficou entre Itacaré e Trancoso, mas o empresário se encantou com floresta atlântica única na costa nordestina e aqui decidiu implantar o primeiro hotel 6 estrelas do Brasil. 

 

Nesse momento eu o conheci, seu nome João Vaz Guedes.  

 

João chegou nessa capitania com a visão dos grandes navegadores portugueses e o bom humor dos melhores sambistas baianos, gente da melhor qualidade. 

 

Ele ainda estava a definir em que praia se instalaria, negociando com os proprietários, consultando ambientalistas e órgãos locais, enfim realizando estudos locacionais. 

 

Vibrava com tudo da Bahia, dizia que quando ia a praia em Itacaré ficava de costas para o mar, pois achava a floresta deslumbrante, que visitara a Amazonia mas que nem de longe se compara a biodiversidade de regiao com a outra. 

 

Ele  estava certo, na região da APA Itacaré Serra Grande, foi realizado estudo do Jardin Botanico de Nova York que comprova ser essa a região com maior diversidade de árvores por hectare do planeta.  

 

João fez logo amizade de forma natural com todos, pescadores, prefeito, até com o mais desconfiado dos proprietários de área de Itacaré, o mineiro Lucianinho que em 1993 comprara 10 km de praia (esse terá cronica só para ele claro). 

 

Pois com o mineiro ele fez negócio, e partiu para captacao de recursos, criando em Londres um fundo chamado Itacaré Capital Partners, algo surreal, Itacaré que até 1998 não tinha asfalto, iniciava 2005 dando nome para fundo de investimento em Londres. 

Aguardem os próximos capítulos dessa odisséia.