Por Karen Póvoas

“Acredito que as temáticas abordadas precisam estar presentes na sala de aula e nas escolas.

Gostei muito dos vídeos e pergunto ao grupo qual a dificuldade em levar essa proposta para mais escolas? ”, indaga a professora de História, Thays Santos Costa, ao perceber a importância da Mostra Cineclubista.

 

A professora Thays atua no Colégio Modelo de Itabuna, onde a Mostra Cineclubista Cultural Território Litoral Sul – Cineclube Mocamba – Cinema Negro em Foco” encerrou as atividades no mês da Consciência Negra. O projeto gratuito e itinerante rodou os 3 colégios que fazem parte do Programa Escolas Culturais – os Colégios Modelo Luiz Eduardo Magalhães de Itabuna e Ilhéus, e o Colégio Polivalente de Itajuípe. Em cada instituição de ensino a Mostra Cultural ofereceu aos alunos e professores, sessões cineclubistas com debate e oficina de formação em audiovisual e cineclubismo.

O coordenador do projeto, Cláudio Lyrio, explicou que o “Cinema Negro em Foco” já esteve em outros colégios em diferentes anos, por meio do Cineclube Mocamba de Itabuna. Ele conta que ainda existem dificuldades em levar o projeto para uma grande quantidade de escolas, uma dessas barreiras é a falta da contrapartida das escolas, tendo em vista os custos com deslocamento de equipe e equipamentos. “A gente promove onde tem aceitação. As escolas têm dificuldade em fazer parceria. Muitas vezes é o diretor que não compreende o trabalho que vamos estar promovendo, cria barreiras e por isso, a gente aguarda o convite em vez de bater de porta em porta. Nós divulgamos o nosso trabalho, está aí o projeto circulando e convites podem aparecer. A gente precisa da contrapartida da escola, pois isso aqui se trata de um trabalho nosso. ”

O Colégio Modelo de Itabuna é parceiro do Cineclube Mocamba que já desenvolveu outras atividades na instituição em outras oportunidades. Dessa vez, as ações aconteceram no dia 16 de novembro e dois turnos. À tarde, os alunos assistiram à seis filmes, entre eles, ‘O Abebé Ancestral’, um documentário que aborda a cultura afrodescendente no século XIX, por meio da história de Mejigã, uma sacerdotisa nigeriana que foi escravizada no Engenho de Santana, em Ilhéus. O filme que é resultado da Oficina de Vídeo Educativo da UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz, em 2019, foi dirigido e produzido por Paulo Ferreira. Ele participou do debate encorajando os alunos a produzirem audiovisuais. “É um filme marcante porque vem da luta de fazer um cinema sem muitos recursos. Na época que fiz o filme eu não tinha equipamento próprio, então, tive que pegar emprestado ou alugava de colegas”, finaliza Paulo.

Os filmes abordaram diferentes temáticas que despertaram o interesse dos professores em promover momentos de reflexão e senso crítico na sala de aula, além de incentivarem a produção de audiovisual, através do curso técnico em áudio e vídeo do colégio. Os alunos tiveram ainda a oportunidade de ampliarem os conhecimentos durante a oficina de audiovisual e cineclubismo promovida no turno da noite pelo produtor cultural Sebáh Villas-Bôas. Para a professora do curso técnico, Karine Fênix, foi muito interessante ter a oficina. “Nunca na nossa história o audiovisual esteve tão presente nas nossas vidas e é hoje em qualquer área, um instrumento básico de educação que estimula a criatividade. Os alunos entenderam que eles podem se ver na tela, que eles podem contar a própria história deles e isso faz com que fiquemos felizes e com gás de querer produzir cada vez mais”. Conta Karine.

O Colégio Modelo de Itabuna foi o último a ser contemplado pela Mostra Cineclubista Cultural Território Litoral Sul – Cineclube Mocamba – Cinema Negro em Foco”, finalizando suas ações no dia 16 de novembro. O projeto teve início no dia 01 de novembro no Colégio Polivalente de Itajuípe e esteve também no Colégio Modelo de Ilhéus, nos dias 08 e 09.  A Mostra Cultural teve o objetivo de contribuir para a formação de plateia, criar espaços populares para exibições de audiovisuais, além de fortalecer e divulgar a cultura afro na região cacaueira, estimulando o senso crítico e despertando o interesse pela produção de materiais audiovisuais.

O projeto teve apoio financeiro do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura, Fundação Cultural do Estado da Bahia, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda. A partir do mês de janeiro de 2023, o Cineclube Mocamba estará com a agenda aberta para as escolas da Bahia interessadas em receber o projeto. Para mais informações, acesse o instagram @mostra_cinemanegro e fale com a coordenação.