gapO Grupo de Amigos da Praia de Ilhéus, vem atuando em prol dos afetados pelas chuvas e enchentes desde o dia 10 de dezembro de 2021. Foram inúmeras ações, desde a entrega de cestas básicas, quanto resgates, atendimento à saúde em áreas precárias e reconstrução de casas. Entre os donativos foram recolhidas toneladas de Roupas e Sapatos, além de colchões e móveis. Hoje, dia 25 de janeiro de 2022 acontecerá o 5o. azar Solidário no Bairro Basílio, Avenida Palmares, região na qual as marcas da chuva  estão presentes até hoje no barranco e na memória dos moradores.

 

A partir de 13 horas até às 19 horas, na Avenida Palmares, 268, Igreja da Graça Suprema, no alto do Basílio, as famílias de todo o bairro poderão escolher suas roupas.

 

Foi criada uma metodologia para realizar a entrega destas roupas de forma a garantir a dignidade de cada pessoa. Explicando melhor, é comum a doação de roupas de forma generalista, simplesmente entrega-se um pacote e quem recebeu vai verificar se aquela peça cabe ou não, ou repassar para outra pessoa, o que nem sempre é uma logística simples. Maria, que mora no Salobrinho, e foi beneficiada  pelo 4º bazar do GAP e prefere manter sigilo nos relatou:

“a gente precisa muito, por que não temos dinheiro para nada, aí a gente recebe um saco preto fechado, vem de tudo um pouco, às vezes vem roupa molhada, sapato quebrado, às vezes vem roupa de etiqueta, vem roupa de homem, mas na minha casa só tem mulher.. A gente sabe que a pessoa deu com coração grande e com boa vontade, a gente não reclama não, mas o jeito do GAP foi bem legal, por que eu escolhi  o que eu precisava de verdade, e deu pra todo mundo..”

 

 

Esse relato demonstra os princípios do GAP na preparação do BAZAR, primeiro que somos uma ONG ambiental e acreditamos que peças de segunda mão(second hand), são boas, deve ser ampliado seu tempo de vida útil e valorizado o COMPARTILHAMENTO. Quanto mais usamos peças de segunda mão, menos impacto ambiental na produção de novas roupas.

 

Segundo, que elas são uma porta de concretização da ajuda humanitária, pois as famílias perderam tudo mesmo, perderam copo, talher, panela, roupas, sapatos, documentos.

 

Terceiro e talvez o mais importante, o GAP acredita que não é só a mudança do Verbo Doar, para o verbo COMPARTILHAR, é uma mudança de paradigmas, acreditamos que cada pessoa deva exercer sua AUTONOMIA DE ESCOLHA, respeitando sua individualidade.

 

 

Como funciona esses princípios na prática:

 

–       Escolhemos um ponto comunitário, pode ser a casa de um morador que se torna um ponto focal, uma igreja, uma associação;

–       Pela manhã ou um dia antes distribuímos as fichas nas casas dos afetados, temos de lembrar que muitas pessoas, passados 30 dias, ainda estão desalojadas, ou seja, em casas de parentes e vizinhos e sem aluguel social;

–       Cada morador recebe 1 ficha que vale 5 peças. Cada mãe de família recebe o dobro.

–       No horário marcado, a lojinha do GAP está aberta com muitas roupas organizadas, sapatos em perfeito estado, roupas de cama, roupa infantil, etc;

–       Ao final as peças são contadas e embaladas em sacolas perfumadas;

 

 

Tudo acontece com o apoio dos voluntários do GAP, desde a triagem das roupas em nossa sede na Catedral de São Sebastião, por tamanho, tipo, estado de conservação, até a organização do espaço nas comunidades e o funcionamento da “lojinha”, o Voluntariado é o pilar da instituição.

 

Gabriel Macedo , presidente do GAP, quer ampliar as ações em outros municípios: “o mundo inteiro olhou para Ilhéus e enviou doações de roupas, turistas traziam malas de avião, de carro, lojas enviaram peças, foi um movimento marcante e histórico. O que precisávamos era humanizar este processo, tornando ele EFICAZ, igualitário, já que todos recebem as fichinhas para adquirir suas peças, de porta em porta, nenhuma casa afetada deixou de ser visitada in locu, e a Lojinha é o orgulho do GAP. A gente conversa com as pessoas, a gente vê o sorriso no rosto, em poder tomar suas decisões, como diz Paulo Freire, acreditamos num mundo onde a justiça social venha primeiro. O Compartilhamento destas roupas é uma demonstração que solidariedade não tem fronteiras. Ninguém foi sujeito passivo de só receber uma doação e ir embpra, foram cidadãos ativos, em fazer suas próprias escolhas.”