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Daniel Thame, jornalista no Sul da Bahia, com experiência em radio, tevê, jornal, assessoria de imprensa e marketing político danielthame@gmail.com

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Amor é Resistência

Roque

Selma Aguiar

 

Roque era jovem, casado e tinha um casal de filhos ainda pequenos, quando partiu para o Orum.
Foi um excelente filho, profissional, pai, amigo, tudo o que se pode querer de um brasileiro do bem! Menino classe média criado com o que há de melhor!
O Coreógrafo e bailarino José Carlos Arandiba – conhecido no circuito artístico como Zebrinha -, e seu companheiro Stéphane, não mediam esforços quando o tema era Roque, o filho bem amado.

Roque foi adotado por eles. E eu lembro que naquela época, uns 30 anos atrás, não havia casamento gay.

Logo, dois homens juntos em situação marital era considerado um absurdo.

Interessante saber, que, eles feriram o preconceito de todos os modos que é possível ferir: José Carlos Arandiba, um homem negro, Baiano, Brasileiro. Stéphane, um homem branco francês. Roque, um menino negro adotado por eles, ganhou um lar e foi criado com rigor adstrito. A família se fez, ali, tendo como eixo o amor, a ética, a moral e os bons costumes.

Isso eu vi com meus próprios olhos. E todos os que, com eles conviveram, foram testemunhas.

Não é sobre família classe média medíocre moldada no ensejo de um capitalismo excludente e frio, que me refiro aqui. É sobre resistência! Estou falando de RESISTÊNCIA!!!

Uma tomada de atitude que iria revolucionar o modelo de família e criação de filhos a partir do amor, respeito, proteção e consciência étnica. Filhos pertencidos e não, simplesmente “aturados”!

O bailarino Zebrinha, o José Carlos Arandiba, homem integrado, articulado, vítima de uma sociedade machista, capitalista e racista, construiu um nome sólido deixando evidente a importância do pertencimento e da igualdade de direitos. Mostrou que o amor da família transforma e enobrece a alma. Amor é ação, é resistência, resiliência, transformação. Amor é também, respeito, foco, responsabilidade, objetivo, meta, realização.

A união de Zebrinha e Stéphane mudou o conceito de família. Dois homens e um filho também é família. Romperam o preconceito histórico de que, só há familia se existir um homem e uma mulher. Uma tradição desnecessária, quando o objetivo da união entre dois seres é amar e ser amado.

Eles permitiram à sociedade repensar um novo modelo familiar. E como consequência, a união estável, depois de anos de resistência, se fez realidade nos cartórios do país Brasil.

Zebrinha e Stéphane continuarão a marcha, com a autenticidade de quem está aqui para mudar!

Roque, razão da revolução do amor, símbolo de resistência e personagem principal dessa história linda, se tornou mais uma vítima do Covid.

Meus, sentimentos!

´´´´´´
Selma Aguiar  é Cantora/Compositora, graduada em Filosofia UESC/BA. Especialista em Gestão Cultural, com formação em Educação e Cultura Afro-brasileiras UESB/BA.

2 respostas para “Amor é Resistência”

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