Gerson Marques

gerson marquesAo divulgar “um acordo” com Moro, como motivo para sua indicação ao Supremo, Bolsonaro desmascara o juiz que fez política para fazer carreira ao arrepio da lei. Será o primeiro ministro do Supremo (se chegar lá), que não foi indicado pelo mérito do saber jurídico, mas por fruto de um acordo político.

 

 
Como todo acordo, as partes envolvidas deve ter algo a oferecer que interessa a outra parte, neste sentido, o que ofereceu Moro a Bolsonaro? Qual foi a moeda de troca tão valiosa para Bolsonaro pagar (tão caro), em duas prestações, com o ministério da justiça e depois uma vaga no Supremo?

 

 

 

É uma resposta que de tão óbvia parece auto explicativa, é visível a cabeça de Lula em uma bandeja de prata, até aí está fácil de entender, mas tem mais farinha no angu. O que fez Bolsonaro divulgar o acordo? E com tanta antecedência? Como diz o provérbio alemão do século passado “é nas entrelinhas do contrato que o diabo mora”.

 

 

Me arrisco a dizer que a divulgação do esquema, ou acordo como chamou Bolsonaro, desta vez não foi por diarreia verbal, típica do presidente, mas sim uma jogada bem pensada para amarrar de uma vez por todas o juiz de Curitiba ao seu governo.

 

 

Moro vem sendo cobrado por seus admiradores, inclusive na grande imprensa, sobre sua cumplicidade com as mazelas já expostas da família dos bolsonaros, o Queiroz, a intimidade com as milícias, o decreto das armas fragrantemente inconstitucional, e a retirada do Coaf de sua pasta, com aval de Bolsonaro no acordo com a bancada do centrão, é visível a inabilidade do ex-juiz para o tamanho do cargo.

 

 

Mas Moro é um homem cheio de ambições, no entanto é vazio de conhecimento e pobre de qualidades morais, capaz de fazer qualquer coisa para arrumar um lugar ao sol, neste acordo com Bolsonaro poderá até conseguir, mas será sempre visto como o personagem da famosa obra do escritor alemão Johann Wolfagang von Goethe, o clássico Fausto, sobre a figura de Dr. Fausto, homem que vendeu a alma ao diabo.